22 de dezembro de 2007

 

Os padres mentem no atacado e no varejo sobre o São Francisco

Sem o argumento de que o rio vai secar, os padres passaram a argumentar que há um outro projeto, o Atlas do Nordeste, elaborado pela ANA, mais barato, custando apenas R$ 3,6 bilhões, metade do custo do São Francisco, e beneficiando três vezes mais gente, 44 milhões. É tudo falso, no atacado e no varejo.

Ou um “equívoco”, como diz educadamente o presidente da ANA, José Machado: “Em primeiro lugar o Átlas não pode ser considerado um programa ou projeto. É, na verdade, um portfólio de eficientes soluções técnicas para serem eventualmente financiadas. Não visou equacionar o problema da segurança hídrica do Nordeste, uma vez que não se tratou do atendimento de usos múltiplos da água, como a produção de alimentos e irrigação.

Também não foi considerado o abastecimento das sedes municipais com menos de cinco mil habitantes, dos distritos, vilas e núcleos rurais. Por outro lado, o projeto de Integração do São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um projeto de desenvolvimento regional com perspectiva de conseguir benefícios que se estendam para além de 2025.

O Atlas e o PISF são, pois, iniciativas distintas, em sua gênese, seus objetivos e em sua área de abrangência. Não são conflitantes”.

Apenas um quinto dessas soluções técnicas já tinha projetos, mesmo assim abandonados. O Atlas é um mapeamento do que prefeitos deveriam ter feito e não fizeram. Mostra que é assustador o número de municípios com mais de cinco mil habitantes em situação crítica de abastecimento de água: 90% deles em Alagoas, 81% no Ceará, 65% no Rio Grande do Norte e assim por diante.

O motivo é simples: é o controle da maioria dessas prefeituras por grupos locais de interesse, fazendeiros e forças conservadores ou prefeitos corruptos. Além disso, abarca apenas metade dos 2116 municípios dos dez Estados analisados, os que têm mais de cinco mil habitantes.

Portanto, é o oposto do argumento dos bispos, de que suas soluções atendem aos pequenos, enquanto a transposição atende aos grandes.

É falso também que beneficiariam 44 milhões de habitantes. Essa é população total da região e não a população específica dos municípios mapeados.

Trecho do artigo O Natal da Discórdia, de Bernardo Kucinski

 

De que lado está o autoritarismo?

Os padres também alegam que o projeto é pleno de ilegalidades. É bem o contrário. Seus opositores é que vêm se valendo de truques legalísticos, para obstar projetos que passaram por todos os crivos técnicos das agências reguladoras e todos as votações de comitês de bacias. Entram na Justiça com pedidos de liminares, sabendo que justiça vai demorar anos para entrar no mérito. Sempre que o mérito é julgado, o projeto é aprovado. Além disso, ambientalistas têm impedido o fechamento de atas de audiências públicas à força. Várias das audiências do São Francisco foram interrompidas à força. Eu pergunto: de que lado está o autoritarismo?

Trecho do artigo O Natal da Discórdia, de Bernardo Kucinski

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É mais uma falácia dizer que governo favorece empreiteiras no projeto do São Francisco

Outro argumento falacioso é o de que o governo preferiu o grande para favorecer as empreiteiras e, por isso, abandonou o projeto das cisternas. Trata-se da falácia da falsa premissa. Não é verdade que o governo preteriu o projeto das cisternas.

O governo apoiou com entusiasmo desde o início a proposta da Articulação do Semi-árido, que reúne 700 ONGs, incluindo-a no seu programa de Combate à Fome. Foi criada uma entidade especial para gerir o programa, que recebe recursos do governo e de empresas privadas.

Lula inaugurou a primeira cisterna, justamente para dar força ao projeto. Trata-se de um projeto sofisticado, em que os moradores mesmo constroem as cisternas, recebendo treinamento e suporte de uma rede de ONGs. Quando as ONGs, para as quais foram repassados os recursos, se revelaram vagarosas demais, o governo entrou de sola para acelerar o programa, e no último mês de julho o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançou o edital 13/07, oferecendo mais R$ 10 milhões a entidades que queiram entrar no programa.

A meta de construir um milhão de cisternas está em pé. Já foram construídas 220 mil.

Cada cisterna consegue armazenar pelo menos 10.500 litros de água, o suficiente para necessidades básicas de uma família de cinco pessoas. Mas não o bastante para uso agrícola, mesmo no caso da agricultura de subsistência.

As cisternas são a solução para água de beber, de banho, de cozinhar e lavar em residências isoladas, esparsas, na área rural, onde os sistemas municipais de abastecimento não chegam. Não podem ser construídas nas cidades. Um projeto complementa de forma ideal o outro.

Trecho do artigo O Natal da Discórdia, de Bernardo Kucinski

 

As falácias da CPT contra o projeto da transposição do São Francisco

A adutora não foi feita para abastecer nenhum projeto especifico de agrobusiness ou industrial; ela reforça as adutoras e açudes já existentes, dando ao Nordeste uma perspectiva de longo prazo de desenvolvimento econômico, urbano, agrícola.

O bispo não menciona quais seriam esses projetos gigantes. Procurei exaustivamente e acabei encontrando a origem da desinformação: um documento da Comissão Pastoral da Terra, hoje a principal produtora de falácias contra o projeto, ao ponto de desbancar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), que não admitia perder uma gota do rio que aciona seus geradores em Paulo Afonso.

A CPT alega que a adutora “vai servir para a siderúrgica do Pecém, vai servir para a agroindústria do Apodi”. Ora, a siderurgia do Pecém fica próxima ao litoral, no Ceará, distante centenas de quilômetros do ramo Norte do projeto, que mal entra no Ceará, desviando-se em direção à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, depois de reforçar o Riacho dos Porcos. Desse riacho até Pecém são centenas de quilômetros de rios que até mudam de nome e passam por açudes diversos. Não tem nada a ver com a siderúrgica, que já tem abastecimento local assegurado de 2 metros cúbicos por segundo, para um consumo de apenas 1,73 metros cúbicos por segundo.

Esses dados foram admitidos pela Agência Brasil de Fato, do MST (www.brasildefato.com.br). Como contradizem o argumento da CPT, a agência alega que, no futuro, quando outras indústrias forem atraídas pela siderúrgica, “caso o complexo prospere, a demanda de água superará a oferta atual”.

Notem o ato falho na utilização da palavra “prospere”. Eles não querem que nada prospere. Também omitem que a siderúrgica vai produzir placas grossas, para exportação, e não as placas finas que atrairiam empresas metalúrgicas de processamento.

Mais FALACIOSO ainda é chamar a agricultura de Apodi de agrobusiness, ao modo de um palavrão que desclassifica tudo. Apodi é uma história de sucesso e exuberância agrícola e grande diversidade de produção e formas de propriedade.

Ali cresce, graças à Embrapa, a mais produtiva variedade de acerola.

Ali o governo federal está implantando um projeto específico de financiamento da agricultura familiar.

Ali existem seis assentamentos agrícolas e três cooperativas de produtores.

Ali o governo instalou também um projeto de três minifábricas familiares para o processamento da castanha do caju, e um outro que vai beneficiar 400 pequenos produtores de mel. Um único projeto de irrigação em andamento no Apodi, com água pressurizada, vai atender a mais de 200 agricultores.

Todas essas FALÁCIAS e mais algumas foram inventadas pela CPT depois que se desmoralizou o argumento principal anterior de que a adutora ia secar o Rio São Francisco. Ocorre que, em julho de 2004, depois de intensos debates técnicos, o governo inverteu a lógica do antigo projeto pelo qual as águas do São Francisco seriam transpostas para os sistemas do semi-árido sempre que seus açudes estivessem baixos, sem levar em conta o nível da represa de Sobradinho. Ficou decidido que será retirada uma quantidade mínima para garantir o consumo humano, e só quando Sobradinho tiver excesso de água, a captação será maior.

Na sua nova formulação são retirados 26,4 metros cúbicos por segundo, cerca de 1% da vazão no local da captação, e somente quando Sobradinho estiver vertendo, ou seja, botando fora excesso de água, a captação pode aumentar, mesmo assim até o limite de 87,9 metros cúbicos. O Rima estima que, na média anual, a perda do rio vai ficar em 65 metros cúbicos por segundo.

Trecho do artigo O Natal da Discórdia, de Bernardo Kucinski

 

O bispo dom Cappio cita números errados sobre projeto da transposição do São Francisco

O bispo escreve e repete que 70% da água transposta vai para uso industrial, 26% para uso agrícola e 4% para a população difusa. Isso provaria que o projeto foi feito para servir grandes empreendimentos agropecuários e industriais.

Mas a verdade é que as águas vão perenizar os mesmos rios e abastecer exatamente os mesmos sistemas municipais, açudes e sabespes, atualmente em operação, e que já sofrem crises periódicas de abastecimento mesmo na ausência de secas.

Não encontrei no Relatório de Impacto Ambiental (Rima) os números do bispo, por mais que procurasse. Encontrei, sim, este trecho: “A demanda urbana das áreas que serão beneficiadas pelo empreendimento foi avaliada em aproximadamente 38 metros cúbicos por segundo no ano de 2025. Desse total, cerca de 24 metros cúbicos por segundo correspondem ao consumo humano e 14 metros cúbicos à demanda industrial”.

Portanto, pelo menos em relação à proporção demanda humana-demanda industrial, o bispo está errado. Diz ainda o Rima: “o projeto foi planejado procurando atender o maior número de pessoas possível”.

Trecho do artigo O Natal da Discórdia de Bernardo Kucinski

http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3793

 

As críticas dos bispos ao projeto do São Francisco resvalam para a demagogia

Há restrições e críticas sérias ao projeto, mas as dos bispos são inconsistentes, resvalando para o demagógico.

O bispo começa pelo argumento de que Lula não tinha mandato para tocar esse projeto porque evitou discuti-lo durante a campanha eleitoral. Disso conclui que Lula governa autoritariamente, que Lula e não ele é o inimigo da democracia. “Vivêssemos numa democracia republicana, real e substantiva, não teria que fazer o que estou fazendo”, escreve Dom Luiz. Outro bispo, Dom Tomás Balduíno, em artigo no Estadão, vai além: diz que “quem dividiu o país, e até a Igreja, foi Lula e não Dom Luiz Cappio”.

Vamos perdoar a menção a uma “democracia republicana” por parte de uma Igreja que se opõe ao divórcio e ao uso da camisinha. Digamos que foi um erro de digitação. Esses bispos se esquecem que depois de Lula ser eleito, a história seguiu seu curso e ele também foi reeleito, numa segunda campanha em que a prioridade dada ao projeto já era notória.

E mais: o presidente recebeu votação esmagadora na reeleição exatamente nos Estados do Nordeste, onde vai se dar essa importante intervenção.

Lembro ainda que, por ordem do presidente, o ministro Ciro Gomes agendou uma rodada de discussões com Dom Luiz , como parte do acordo para acabar com sua primeira greve de fome. Mas Dom Luiz não compareceu. Foi ele que não quis discutir.

Trecho do artigo O Natal da Discórdia de Bernardo Kucinski

 

Certos ambientalistas não lutam pelas necessidades básicas da população

Divirjo também da doutrina de muitos movimentos ambientalistas. Quando fui procurado pelo Greenpeace para participar de sua fundação no Brasil, lá pelos anos 80, instintivamente recusei. Digo instintivamente porque somente há poucos meses topei com a teoria da minha recusa. Num pequeno artigo no Jornal do Brasil, Emir Sader dizia ser impossível tratar temas como a economia, sem considerar conceitos básicos da economia política, entre os quais o conceito de “imperialismo”.

É isso. Uma coisa é uma agenda ambientalista endógena, concebida por nós, que considere nosso estágio de desenvolvimento, nossas necessidades básicas e nossa correlação interna de forças. Outra coisa é aceitar acriticamente a agenda que vem de fora. Ou não perceber que também na luta ambientalista incidem o fator de classe e o fator imperialismo.

O Norte com renda per capita de 30 mil dólares pode propugnar até mesmo crescimento zero ou de emissão zero de CO2. O Sul com renda per capita de 3 mil dólares tem que se orientar necessariamente pelo conceito do desenvolvimento sustentado, aquele que preserva o meio ambiente e os recursos naturais, mas garantindo as necessidades básicas da população presente.

Trecho do artigo O Natal da Discórdia de Bernardo Kucinski

 

É um governo de merda, mas é nosso governo

Agora, que o bispo explicitou seus argumentos, é possível refutá-los. Mas antes, quero falar de minhas divergências mais gerais. A primeira é em relação ao lugar do governo Lula na nossa história. C

Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições. Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior.

Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da Alca e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública.

Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso “mudará o Brasil”. Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger. Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: “É um governo de merda, mas é o nosso governo de merda.”

Trecho do artigo O Natal da Discórdia de Bernardo Kucinski

 

Governo vai explicar transposição na mídia

A greve do bispo não deu em nada. Praticamente nada. Uma consequência é que o Governo Federal decidiu fazer campanha na mídia sobre sobre o projeto de integração das bacias do nordeste setentrional. O povo brasileiro está recebendo mais contra-informação pela mídia que esclarecimento propriamente.

A população vai ficar sabendo quais são os benefícios do projeto para os 12 milhões de pessoas na região Nordeste. Apesar do bispo de Barra, dom Cappio, não gostar de conversar com o governo, o diálogo com a CNBB vai continuar.

Dos oito pontos apresentados por dom Cappio em documento, há seis que o governo pode atender, como a elaboração de um Plano Sócio-ambiental para o Desenvolvimento do Semi-árido. Também a aceleração de 530 obras defendidas pela Agência Nacional de Águas (ANA) pode ser feita. Elas reduzem a escassez de água no interior nordestino.

De fato, o governo Lula precisa divulgar mais o que está fazendo no rio São Francisco. Há milhões em obras de revitalização.

Duas exigências do bispo que queria morrer não serão atendidas: a paralisação das obras de transposição e a redução de 28 para 9 metros cúbicos por segundo do volume de água desviado para o oeste de Pernambuco e Paraíba. Essa última exigência é contraditória. Ao propor a redução do volume de água, implicitamente o bispo admite as obras de transposição.

Ou seja, ele admite retirar água do rio São Francisco, mas não na quantidade que o nordeste precisa.

A transposição das águas do rio São Francisco precisa de um PAC. Quanto mais rápido o projeto avançar mais chances na vida terão os pobres de Pernambuco e Paraíba. É uma questão humanitária.

 

Transposição é segurança hídrica para o Nordeste

Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, defende o Projeto de Integração das Bacias do Nordeste Setentrional, ou seja, a transposição das águas do rio São Francisco. Depois de muito estudar o projeto, ele concluiu que o volume de água a ser desviado para outras bacias não representa risco, já que corresponde a apenas 1.5% da vazão de água do rio. Uma quantidade irrisória. Se fôssemos para a beira do rio e ligássemos as bombas para captar água quem estivesse olhando sequer iria perceber a diferença. O mais importante, segundo ele, é que a transposição vai aumentar a segurança hídrica de parte da região do semi-árido nordestino. As bacias beneficiadas terão mais garantia de água, já que o rio São Francisco nasce no Sudeste onde há mais estabilidade no regime de chuvas. O que é necessário é discutir políticas públicas que permitam que a água gere riqueza, renda e emprego para a região.

21 de dezembro de 2007

 

A bela não fala com a fera sobre transposição do rio São Francisco

Seguindo a escola do autismo político, inaugurada pelo bispo dom Luiz Flávio Cappio, a atriz global Letícia Sabatella não tem agenda para um encontro com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. É uma maneira torta de dizer que não quer conversar com o governo sobre as obras de transposição do rio São Francisco.

É paradoxal, porque uma das queixas do bispo e seus amigos é a de que o governo não debate o suficiente com a população.

A atriz da ong Humanos Direitos segue, assim, as lições de dom Cappio. Quando o bispo de Barra cometeu a primeira greve de fome, o presidente Lula despachou o então ministro Ciro Gomes para conversar. Duas reuniões foram feitas com a CNBB. Cappio foi especialmente convidado e recusou-se a comparecer. À audiência com o presidente Lula ele compareceu. Entrou calado e calado. E para a imprensa declarou que não estava interessado em discutir o projeto. Durma-se com um barulho desse.

Ele sempre tem uma desculpa pronta na ponta da língua. E quando a imprensa se aproxima ele repete a ladainha de que o governo não quer debater, divulgar, conversar. Conversar como se o bispo escorrega? Conversar como se a bela atriz não tem agenda?

Letícia Sabatella sempre vai a Brasília. Tem tempo para tudo, menos para dialogar com o governo. Não pode, portanto, cobrar diálogo.

O último episódio do não-diálogo, do autismo político, deu-se agora nas conversações da CNBB com o governo. Oito itens foram propostos pela CNBB. O governo não concordou com dois deles. Mas Lula fez uma proposta incrivelmente democrática: que o bispo acompanhasse um plano de revitalização do rio São Francisco. Ainda assim ele disse não.

Agora, derrotado, depois de encerrar a greve de fome e comprometer a imagem de Deus, porque ele dizia que falava em Seu nome, avisa ao mundo, humilde na aparência, arrogante na mensagem, que vai lutar pela revitalização do rio São Francisco. Ora, não precisa lutar. Basta trabalhar com o governo Lula.

 

Águas republicanas

Artigo - Fernando de Barros e Silva
Folha de S. Paulo - 21/12/2007

Não consigo ter simpatia pela greve de fome de d. Luiz Cappio. Sua atitude, de quem se submete à privação e ao martírio, pondo em risco a própria vida em nome de uma causa superior, parece-me uma manifestação extrema do masoquismo católico -um dos traços definidores dessa religião.

Associado à sorte dos pobres, em nome de quem sempre falou, o sofrimento que o bispo se auto-infligiu teve o efeito de provocar uma corrente de identificação e solidariedade pelo país. O engajamento de artistas na luta em "defesa do rio" acabou por converter a transposição num caso de grande apelo emocional, um drama mexicano.
Está fora de dúvida que sejam pessoas de boa-fé, ou movidas por bons sentimentos.

Mas emoção e desinformação andam de mãos dadas -e neste caso certamente não são boas companhias. Pareceria até cômico, não fosse antes trágico, que uma liderança religiosa se torne o ponto de referência da discussão de um tema que exige a mobilização de tantos conhecimentos técnicos.

O maniqueísmo católico não costuma ser amigo do pensamento. E a igreja, lembre-se, é uma das grandes responsáveis pelo lobby obscurantista em relação ao aborto, além de sustentar posição criminosa ao proibir o uso da camisinha. Não sei o que Cappio diria a respeito.

A obra do São Francisco consta do programa de governo de Lula. Foi discutida em audiências públicas. Obteve a licença ambiental e removeu todos os entraves legais. É controvertida? Não há dúvida.

Há quem considere seus efeitos socialmente escassos ou muito duvidosos diante de investimento tão faraônico. O grande beneficiário, diz-se, seria o agronegócio. Há ainda quem veja na transposição uma mina de ouro para o financiamento de futuras campanhas. É, de fato, a maior obra do PAC, injeção bilionária de dinheiro do Orçamento no cofre das empreiteiras.

O governo fez sua escolha e tem seus argumentos. O país é laico e o regime, republicano. Melhor assim.

 

Finalmente, dom Cappio desistiu da insana greve de fome

A razão prevaleceu sobre o fundamentalismo religioso. O bispo de Barra divulgou carta (20/12/07) comunicando o encerramento de seu protesto radical. É, naturalmente, uma carta religiosa, com fundamentos religiosos. Ele faz lá a pregação à qual tem todo direito.

Mas a carta deixa a Conferência Nacional dos Bispo do Brasil (CNBB) muito mal. Ele afirma que "através do posicionamento corajoso, a CNBB nos devolveu a esperança de vê-la voltar a ser o que sempre foi em seus tempos áureos: fiel a Jesus e seu Evangelho, uma instituição voltada ás grandes causas do Brasil e do seu povo (...)

Esperança de VOLTAR a ser o que sempre foi? Quer dizer que para o bispo dom Cappio a CNBB estava desviada do Evangelho? Não estava mais fiel a Jesus e seu Evangelho? Não estava mais voltada às grandes causas do Brasil e de seu povo? Quer dizer que dom Cappio considerava que a CNBB não estava mais do lado dos pobres e marginalizados?

Dom Cappio devia mais é respeitar a CNBB. Arrogância mesmo é imaginar que ele tem mais razão, mais fé, mais compromisso com os pobres, que todos os demais bispos da CNBB.

No final, dom Luiz Cappio faz uma nova ameaça. Encerra o jejum, mas não a "luta para derrotarmos este projeto de morte". Que Deus o ilumine em suas novas maquinações.

 

Carta a Letícia Sabatella

O deputado federal Ciro Gomes escreveu carta, publicada no jornal O Globo, à doce e bela atriz Letícia Sabatella, sua amiga, que faz marketing em favor da greve de fome do bispo de Barra, que asim se manifesta contra as obras da transposição das águas do rio São Francisco. Alguém precisava dizer a verdade sobre o bispo dom Luiz Flávio Cappio, por quem a atriz verte lágrimas sentidas.

LEIA NA ÍNTEGRA:

“Letícia, ando meio quieto por estes tempos, mas, ao ver você visitando o bispo em greve de fome no interior da Bahia, pensei que você deveria considerar algumas informações e reflexões. Poderia começar lhe falando de República, democracia, personalismo, messianismo... Mas, sendo você a pessoa especial que é, desnecessário.

O projeto de integração de bacias do Rio São Francisco aos rios secos do Nordeste setentrional atingiu, depois de muitos debates e alguns aperfeiçoamentos, uma forma em que é possível afirmar que, ao beneficiar 12 milhões de pessoas da região mais pobre do país, não prejudicará rigorosamente nenhuma pessoa, qualquer que seja o ponto de vista que se queira considerar.

Séria e bem intencionada como você é, Letícia, além de grande artista, peço-lhe paciência para ler os seguintes números: o Rio São Francisco tem uma vazão média de 3.850 metros cúbicos por SEGUNDO (!) e sua vazão mínima é de 1.850 metros cúbicos por SEGUNDO (!). Isto mesmo, a cada segundo de relógio, o Rio despeja no mar este imenso volume de água.

O projeto de integração de bacia, equivocadamente chamado de transposição, pretende retirar do Rio no máximo 63 metros cúbicos por segundo. Na verdade, só se retirará este volume se o rio estiver botando uma cheia, o que acontece numa média de cada cinco anos. Este pequeno volume é suficiente para garantia do abastecimento humano de 12 milhões de pessoas.

O rio tem sido agredido há 500 anos. Só agora começou o programa de sua revitalização, e é o único rio brasileiro com um programa como este graças ao pacto político necessário para viabilizar o projeto de integração.

No semi-árido do Nordeste setentrional, onde fui criado, a disponibilidade segura de água hoje é de apenas cerca de 550 metros cúbicos por pessoa, por ANO (!). E a sustentabilidade da vida humana pelos padrões da ONU é de que cada ser humano precisa de, no mínimo, 1.500 metros cúbicos de água por ano. Nosso povo lá, portanto, dispõe de apenas um terço da quantidade de água mínima necessária para sobreviver.

Não por acaso, creia, Letícia, é nesta região o endereço de origem de milhões de famílias partidas pela migração.

Converse com os garçons, serventes de pedreiros ou com a maioria dos favelados do Rio e de São Paulo. Eles lhe darão testemunhos muito mais comoventes que o meu.

Tudo que estou lhe dizendo foi apurado em 4 anos de debates populares e discussões técnicas. Só na CNBB fui duas vezes debater o projeto. Apesar de convidado especialmente, o bispo Cappio não foi. Noutro debate por ele solicitado, depois da primeira greve de fome, no palácio do Planalto, ele também não foi. E, numa audiência com o presidente Lula, ele foi, mas disse ao presidente, depois de eu ter apresentado o projeto por mais de uma hora (ele calado o tempo inteiro), que não estava interessado em discutir o projeto, mas "um plano completo para o semi-árido".

As coisas em relação a este assunto estão assim: muitos milhões de pessoas no semi-árido (vá lá ver agora o auge da estiagem) desejam ardorosamente este projeto, esperam por ele há séculos. Alguns poucos milhões concentrados nos estados ribeirinhos ao Rio não o querem. A maioria de muitos milhões de brasileiros fora da região está entre a perplexidade e a desinformação pura e simples. Como se deve proceder numa democracia republicana num caso como este?

O conflito de interesses é inerente a uma sociedade tão brutalmente desigual quanto a nossa. Só o amor aos ritos democráticos, a compaixão genuína para entender e respeitar as demandas de todos e procurar equacioná-las com inteligência, respeito, tolerância, diálogo e respeito às instituições coletivas nos salvarão da selvageria que já é grande demais entre nós.

Por mais nobres que sejam seus motivos - e são, no mínimo, equivocados -, o bispo Cappio não tem direito de fazer a Nação de refém de sua ameaça de suicídio. Qualquer vida é preciosa demais para ser usada como termo autoritário, personalista e messiânico de constrangimento à República e a suas legítimas instituições.

Proponho a você, se posso, Letícia: vá ao bispo Cappio, rogue a ele que suspenda seu ato unilateral e que venha, ou mande aquele que lhe aconselha no assunto, fazer um debate num local público do Rio ou de São Paulo. Imagine se um bispo a favor do projeto resolver entrar em greve de fome exigindo a pronta realização do projeto.
Quem nós escolheríamos para morrer? Isto evidencia a necessidade urgente deste debate fraterno e respeitoso.

Manda um abraço para os extraordinários e queridos Osmar Prado e Wagner Moura e, por favor, partilhe com eles esta cartinha. Patrícia tem meus telefones.

Um beijo fraterno do Ciro Gomes”

 

16 anos de ladroagem na Bahia

Em entrevista ao programa Balanço Geral (TV Record), com Raimundo Varela, o governador Jaques Wagner (PT) afirmou que o erário estadual foi “roubado” nos últimos 16 anos, período em que Salvador foi administrado pelo antigo PFL (hoje Democratas), por meio de licitações públicas. Para bom entendedor leia-se: governos de Paulo Souto, César Borges e Antônio Imbassahy, todos da antiga quadrilha do falecido ACM.

Mais especificamente, o governador se referia ao G-8, aquele grupo de empresários acusado de fraudar licitações na Bahia. Wagner disse ainda que todas as informações referentes aos contratos fraudulentos que roubavam do erário público há 16 anos foram encaminhadas ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal (PF) para que contribua na investigação que ocasionou na “Operação Jaleco Branco”, da PF. Sem citar nomes, Wagner comentou que tem gente que ficou milionário em dois, três anos...um mistério.

 

As Mariposa, de Adoniran Barbosa, e a rebelião da língua escravizada

Outro dia estava relendo "A Linguagem Escravizada: Língua, História, Poder e Luta de Classes", de Florence Carboni e Mário Maestri. Os autores apresentam seus artigos em abordagens marxistas sobre cultura e linguagem, como os estudos de Gramsci e o de Mikail Baktin de "Marxismo e Filosofia da Linguagem". A idéia é discutir o caráter classista do ato de compreender e impor a língua das elites como único código lingüístico nacional, bem como expor o padrão culto das elites a uma crítica e a uma prática que permitam o desvelamento e a superação de sua essência de classe.

Toda vez que FHC e/ou qualquer outro idiota político tentam desmoralizar a linguagem popular do presidente Lula, eu meu lembro de Adoniran Barbosa, com sua letra de 1964 chamada As Mariposa. Adoniran Barbosa é gênio na música. Lula é gênio na comunicação de massa.

As Mariposa

As mariposa quando chega o frio
Fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si esquentá
Elas roda, roda, roda, dispois si senta
Em cima do prato da lâmpida pra discansá

Eu sou a lâmpida
E as muié é as mariposa
Que fica dando vorta em vorta de mim
Todas as noite, só pra mi beijá.

- Boa noite, lâmpida!
- Boa noite, mariposa!
- Pelmita-me oscular-lhe as alfácias?
- Pois não, mas rápido porque daqui a pouco eles mi apaga.

Em Demônio da Garoa – Trem das Onze, Chancecler, 1964.

20 de dezembro de 2007

 

Concorrência definiu consórcio que vai executar obras de transposição do São Francisco

O Ministério da Integração Nacional publicou no Diário Oficial da União de hoje (20) o resultado da concorrência para execução das obras do Lote 1 do Projeto de Integração do São Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional. O vencedor foi o Consórcio Águas do São Franscisco, formado pelas empresas Carioca S.A., Paulista e Serveng.

O valor global do lote é de R$ 238,8 milhões. O consórcio será responsável pela execução das obras civis de instalação, montagem, testes e comissionamento dos equipamentos mecânicos e elétricos. Serão abrangidos municípios localizados nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

O contrato entre o consórcio vencedor e o Ministério da Integração Nacional será assinado nos próximos dias, de acordo com a assessoria de imprensa do órgão. A partir daí será possível estipular o prazo para o início das obras. (Agência Brasil).

Sem comentários.

 

Paraibano inicia greve de fome pela transposição

Fonte: Blog do Alê

Agência Nordeste - O projeto de integração das bacias do São Francisco com as do Nordeste Setentrional é o estopim de mais uma greve de fome. Só que desta vez, o motivo é outro. Um paraibano iniciou ontem um protesto contra a paralisação das obras de transposição. Sentado em um banco da Praça dos Três Poderes, em João Pessoa, o enfermeiro João Carlos Filho diz que só volta a comer após a retomada das obras. O manifestante, natural da cidade de Sousa, tomou a decisão em protesto contra o bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, que está em greve de fome há 22 dias, contra a transposição. "Um homem que diz temer a Deus, que ama ao próximo, não pode ser contra um projeto que traz água para garantir a subsistência da população", disse João Carlos, que trabalha como agente comunitário.

Leia mais no blog do Alê

19 de dezembro de 2007

 

Bernardo Kucinski desmascara padres que mentem sobre a transposição do São Francisco

Impossível não ler com entusiasmo o texto "O Natal da Discórdia", de autoria do jornalista e professor Bernardo Kucinski. Ele desmistifica as falsidades do bispo dom Luiz Flávio Cappio contra a transposição do rio São Francisco, identifica onde os padres mentem. Revela os limites da luta ambientalista no Brasil conforme ongs estrangeiras propõem. Acaba sendo um movimento que prega o imobilismo e atraso. Os ambientalistas por serem formados na cultura do NÃO são contra tudo e todos. Mostra como há traços de fundamentalismo desde que a Igreja se meteu nessa história. Sobretudo, os padres e a CPT mentem quando criticam as obras da transposição. Também desmascara o bispo da greve de fome que sempre se recusou a comparecer aos debates. Outra mentira é dizer que o governo abandonou o projeto da construção de um milhão de cisternas. Kucinski desmonta todas as falácias divulgadas pelos padres, CPT, bispos e assessores. Imperdível a leitura para quem quer saber a verdade sobre a transposição do rio São Francisco.

O NATAL DA DISCÓRDIA

Texto publicado em 18 de dezembro no site da Agência Carta Maior
Os intertítulos são da autoria do blog BAHIA DE FATO.

Minha crítica à greve de fome de Dom Luís ofendeu leitores e constrangeu Carta Maior. A direção segurou o texto por dois dias e quando o publicou, dele se dissociou: “Posições oficiais da Carta são assinadas por mim, Editor Chefe, pelo seu diretor-presidente, Joaquim Ernesto Palhares, ou por ambos”. Assinado: Flávio Wolf de Aguiar, Editor Chefe. Leitores em penca reclamaram indignados contra sua publicação.

Já havia sentido a rejeição de muitos leitores ao modo irônico ou à crítica ao movimento ambientalista. Desta vez, parece que mexi num vespeiro. Levei o maior cacete. De fato, meu texto chega ao limite do sarcasmo porque fiquei revoltado com a distorção de informações sobre o projeto do São Francisco. Era preciso chocar para romper o emparedamento do debate. Mesmo porque está em jogo um divisor de águas no campo progressista que vai muito além do Rio São Francisco. Apesar de fugir ao meu estilo analítico costumeiro, adotando uma retórica dramática, eu tinha a boa informação.

Gostei do novo estilo. A maioria dos leitores, não. Vários me acusaram de desqualificar o bispo em vez de discutir seus argumentos. Quando enviei o artigo à redação, no domingo, dia 9, (com data para o dia 10), o bispo não havia explicitado seus argumentos em texto assinado. Só fez isso na Folha de S. Paulo do dia 12. Meu objetivo, que muitos leitores não captaram, era decifrar as razões da segunda greve de fome, já que, ao contrário da primeira, não a movia o motivo clássico desse gesto, que é forçar uma negociação.

A partir dos pressupostos de que um governo democrático não poderia ceder à chantagem e o bispo, como um general da Igreja, sabia disso conclui que o Dom Luís queria mesmo era morrer. Foi ele quem se desqualificou. Eu apenas matei a charada, como diz um dos raros leitores que me apoiaram.

AGORA QUE O BISPO EXPLICITOU SEUS ARGUMENTOS É POSSÍVEL REFUTÁ-LOS

Agora, que o bispo explicitou seus argumentos, é possível refutá-los. Mas antes, quero falar de minhas divergências mais gerais. A primeira é em relação ao lugar do governo Lula na nossa história. Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições.

Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior. Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa-Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da ALCA e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública.

Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso “mudará o Brasil”. Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger . Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: “É um governo de merda mas é o nosso governo de merda.”

DIVERGÊNCIAS NO CONCEITO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE

Minha segunda divergência diz respeito à dimensão política da luta pela defesa do meio ambiente. Uma coisa é levar essa luta debaixo do tacão de um regime militar, outra coisa é no interior de um governo democrático, sensível às demandas populares e sobre o qual temos enorme influência, em especial nos aparelhos de Estado que cuidam do meio ambiente e dos programas sociais.

Divirjo também da doutrina de muitos movimentos ambientalistas. Quando fui procurado pelo Greenpeace, para participar de sua fundação no Brasil, lá pelos anos 80, instintivamente recusei. Digo instintivamente porque somente há poucos meses topei com a teoria da minha recusa. Num pequeno artigo no Jornal do Brasil, Emir Sader dizia ser impossível tratar temas como a economia, sem considerar conceitos básicos da economia política, entre os quais o conceito de “imperialismo.”

É isso. Uma coisa é uma agenda ambientalista endógena, concebida por nós, que considere nosso estágio de desenvolvimento, nossas necessidades básicas e nossa correlação interna de forças. Outra coisa é aceitar acriticamente a agenda que vem de fora. Ou não perceber que também na luta ambientalista, incidem o fator de classe e o fator imperialismo. O Norte com renda per capita de 30 mil dólares pode propugnar até mesmo crescimento zero ou de emissão zero de CO2. O Sul com renda per capita de três mil dólares tem que se orientar necessariamente pelo conceito do desenvolvimento sustentado, aquele que preserva o meio ambiente e os recursos naturais, mas garantindo as necessidades básicas da população presente.

Uma parte do movimento ambientalista brasileiro não se orienta pelo conceito do desenvolvimento sustentado e sim por um paradigma criado por sociedades já bem abastecidas em tudo, e que preferem atribuir ao nosso território o papel de uma gigantesca reserva florestal, indígena e de biodiversidade do planeta Terra. Não estão nem aí para as necessidades básicas da população brasileira.

OS AMBIENTALISTAS SÃO FORMADOS PELA CULTURA DO NÃO

Para atender essas necessidades e nos tornarmos uma sociedade minimamente civilizada, precisamos construir cinco milhões de moradias, e levar a elas água, eletricidade e esgoto. Precisamos criar pelo menos trinta milhões de empregos. Erguer dezenas de escolas, hospitais e postos do Ibama e da Polícia Federal. Implantar vastas redes de transporte de massa, metrôs, hidrovias e ferrovias, tudo isso obedecendo padrões avançados de controle ambiental.

Os números são todos grandes. Mas temos recursos para isso. Nunca se ganhou tanto dinheiro no país com as exportações.

É preciso lutar por políticas públicas que aloquem esses recursos em benefício da população, Mas os ambientalistas foram tomados pela cultura do não. Nada pode ser feito e, se for grande, é ainda mais condenável. Temos uma frente nacional “contra” os transgênicos, outra contra o projeto do São Francisco, e logo logo teremos, se é que já não temos, a frente nacional contra as barragens, contra o uso de células tronco e contra as estradas de integração continental. É o autismo frente às carências do povão, o fundamentalismo na luta pelo meio ambiente, e o ludismo na reação contra os avanços da biotecnologia.

Deveríamos ter, isso sim, uma frente nacional pelo zoneamento agrícola, outra pelo imposto sobre a exportação de commodities, e mais outra pela atualização dos índices de produtividade agrícola (sem o que é impossível a desapropriação para fins de reforma agrária). Uma frente nacional pela ocupação ordenada da Amazônia, outra pela integração continental. Tínhamos que pressionar pela recuperação das pequenas hidrelétricas, desativadas pelo regime militar e lutar ao mesmo tempo pela construção das de maior porte, por gerarem energia limpa, renovável e barata, a um baixo custo social.

HÁ TRAÇOS DE FUNDAMENTALISMO QUANDO A IGREJA SE METEU NA HISTÓRIA

Na oposição ao projeto da adutora do São Francisco, os traços de fundamentalismo se adensaram perigosamente, quando a Igreja se meteu na história. Leiam de novo a mensagem de apoio de Leonardo Boff a Dom Luiz, enviada por um dos leitores indignados com meu artigo.

O mesmo Leonardo Boff que observou dias atrás ser incorreto discutir a existência de Deus à luz da ciência, porque a fé é uma questão de imaginação e espiritualidade, agora convoca a fé para combater um projeto terreno de captação de águas de um rio. “Acompanho com respeito e sustento com todo o coração sua decisão de doar a vida para que haja mais vida para os pobres e para o rio São Francisco... Sua opção não é a de um suicida mas de um homem livre, capaz de amar até o fim, amparado no Deus de Jesus ...” E vai por aí a fora, citando passagens da escritura e invocando repetidamente o nome de Deus.

Lembrei-me do segundo mandamento: “Não invocarás o nome de Deus em vão”. E também do oitavo: “Não levantarás falso testemunho.” Isso porque são falsos os argumentos de Dom Luiz, da CPT e da CNBB contra o projeto. Há restrições e críticas sérias ao projeto, mas as dos bispos são inconsistentes, resvalando para o demagógico.

O bispo começa pelo argumento de que Lula não tinha mandato para tocar esse projeto porque evitou discuti-lo durante a campanha eleitoral. Disso conclui que Lula governa autoritariamente, que Lula e não ele é o inimigo da democracia. “Vivêssemos numa democracia republicana, real e substantiva, não teria que fazer o que estou fazendo,” escreve Dom Luís. Outro bispo, Dom Tomás Balduíno, em artigo no Estadão, vai além: diz que “quem dividiu o país, e até a Igreja, foi Lula e não Dom Luís Cappio.”

A VERDADE É QUE DOM LUIZ SEMPRE SE RECUSOU A COMPARECER AOS DEBATES

Vamos perdoar a menção a uma “democracia republicana” por parte de uma Igreja que se opõe ao divórcio e ao uso da camisinha. Digamos que foi um erro de digitação. Esses bispos se esquecem que depois de Lula ser eleito, a história seguiu seu curso e ele também foi re-eleito, numa segunda campanha em que a prioridade dada ao projeto já era notória. E mais: o presidente recebeu votação esmagadora na re-eleição exatamente nos Estados do Nordeste, onde vai se dar essa importante intervenção.

Lembro ainda que, por ordem do presidente, o ministro Ciro Gomes agendou uma rodada de discussões com Dom Luiz , como parte do acordo para acabar com sua primeira greve de fome. Mas Dom Luís não compareceu. Foi ele que não quis discutir.
O bispo escreve e repete que 70% da água transposta vai para uso industrial, 26% para uso agrícola e 4% para a população difusa. Isso provaria que o projeto foi feito para servir grandes empreendimentos agro-pecuários e industriais.

Mas a verdade é que as águas vão perenizar os mesmos rios e abastecer exatamente os mesmos sistemas municipais, açudes e sabespes, atualmente em operação, e que já sofrem crises periódicas de abastecimento mesmo na ausência de secas.

Não encontrei no Relatório de Impacto Ambiental, (RIMA) os números do bispo, por mais que procurasse. Encontrei sim este trecho: “A demanda urbana das áreas que serão beneficiadas pelo empreendimento foi avaliada em aproximadamente 38 metros cúbicos por segundo no ano de 2025. Desse total, cerca de 24 metros cúbicos por segundo correspondem ao consumo humano e 14 metros cúbicos à demanda industrial”. Portanto, pelo menos em relação à proporção demanda humana-demanda industrial, o bispo está errado. Diz ainda o RIMA: “o projeto foi planejado procurando atender o maior número de pessoas possível.”

Confira em www.mi.gov.br/saofrancisco/integracao.rima.asp.

O BISPO E A CPT MENTEM SOBRE O PROJETO DA TRANSPOSIÇÃO

A adutora não foi feita para abastecer nenhum projeto especifico de agro-business ou industrial; ela reforça as adutoras e açudes já existentes, dando ao Nordeste uma perspectiva de longo prazo de desenvolvimento econômico, urbano, agrícola. O bispo não menciona quais seriam esses projetos gigantes.

Procurei exaustivamente e acabei encontrando a origem da desinformação: um documento da Comissão Pastoral da Terra, hoje a principal produtora de falácias contra o projeto ao ponto de desbancar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) que não admitia perder uma gota do rio que aciona seus geradores em Paulo Afonso.

A CPT alega que a adutora “vai servir para a siderúrgica do Pecém, vai servir para a agroindústria do Apodi.”. Ora, a siderurgia do Pecém fica próxima ao litoral, no Ceará, distante centenas de quilômetros do ramo Norte do projeto, que mal entra no Ceará, desviando-se em direção à Paraíba e Rio Grande do Norte, depois de reforçar o Riacho dos Porcos. Desse riacho até Pecém são centenas de quilômetros de rios que até mudam de nome e passam por açudes diversos. Não tem nada a ver com a siderúrgica, que já tem abastecimento local assegurado de 2 metros cúbicos por segundo, para um consumo de apenas 1,73 metros cúbicos por segundo.

Esses dados foram admitidos pela Agência Brasil, do MST ( www.brasildefato.com.br) Como contradizem o argumento da CPT, a agência alega que no futuro, quando outras indústrias forem atraídas pela siderúrgica, “caso o complexo prospere, a demanda de água superará a oferta atual”. Notem o ato falho na utilização da palavra “prospere”. Eles não querem que nada prospere. Também omitem que a siderúrgica vai produzir placas grossas, para exportação, e não as placas finas que atrairiam empresas metalúrgicas de processamento.

CHAMAR PROJETO DO APODI DE AGRONEGÓCIO É COISA DE MÁ FÉ

Mais falacioso ainda é chamar a agricultura de Apodi de agro-business, ao modo de um palavrão que desclassifica tudo. Apodi é uma história de sucesso e exuberância agrícola e grande diversidade de produção e formas de propriedade. Ali cresce, graças à Embrapa, a mais produtiva variedade de acerola.

Ali o governo federal está implantando um projeto específico de financiamento da agricultura familiar. Ali existem seis assentamentos agrícolas e três cooperativas de produtores. Ali o governo instalou também um projeto de três mini-fábricas familiares para o processamento da castanha do caju, e um outro que vai beneficiar 400 pequenos produtores de mel. Um único projeto de irrigação em andamento no Apodi, com água pressurizada, vai atender mais de 200 agricultores.

Todas essas falácias e mais algumas foram inventadas pela CPT depois que se desmoralizou o argumento principal anterior de que a adutora ia secar o Rio São Francisco. Ocorre que em julho de 2004, depois de intensos debates técnicos, o governo inverteu a lógica do antigo projeto pelo qual as águas do São Francisco seriam transpostas para os sistemas do semi-árido sempre que seus açudes estivessem baixos, sem levar em conta o nível da represa de Sobradinho.

Ficou decidido que será retirada uma quantidade mínima para garantir o consumo humano, e só quando Sobradinho tiver excesso de água, a captação será maior. Na sua nova formulação são retirados 26,4 metros cúbicos por segundo, cerca de 1% da vazão no local da captação, e somente quando Sobradinho estiver vertendo, ou seja, botando fora excesso de água, a captação pode aumentar, mesmo assim até o limite de 87,9 metros cúbicos. O RIMA estima que na média anual, a perda do rio vai ficar em 65 metros cúbicos por segundo.

OS PADRES INVENTARAM QUE HÁ OUTRO PROJETO PARA O NORDESTE

Mas no sertão beneficiado o ganho é muito maior porque ao eliminar a insegurança a adutora diminui a necessidades de armazenamento dos açudes existentes, reduzindo as perdas por evaporação de seus espelhos de água em 22,5 metros cúbicos por segundo. É um efeito de “sinergismo, que segundo o RIMA, nunca existiu antes em projetos de adutoras. Por tudo isso, a nota técnica 492 da Agência Nacional de Águas (ANA) de setembro de 2004 avalizou o projeto.(www.ana.gov.br). Um ano depois a ANA concedeu ao Ministério da Integração a outorga definitiva para o uso dessas quantidades, através das resoluções 411 e 412. Está tudo na internet. Aliás, o portal do Ministério do Meio Ambiente, que abriga a maioria dessas informações, é muito abrangente.

Sem o argumento de que o rio vai secar, os padres passaram a argumentar que há um outro projeto, o Atlas do Nordeste, elaborado pela ANA, mais barato, custando apenas R$ 3,6 bilhões, metade do custo do São Francisco, e beneficiando três vezes mais gente, 44 milhões. É tudo falso, no atacado e no varejo. Ou um “equívoco”, como diz educadamente o presidente da ANA, José Machado: “Em primeiro lugar o Atlas não pode ser considerado um programa ou projeto. É na verdade, um portfolio de eficientes soluções técnicas para serem eventualmente financiadas. Não visou equacionar o problema da segurança hídrica do Nordeste, uma vez que não se tratou do atendimento de usos múltiplos da água, como a produção de alimentos e irrigação.

Também não foi considerado o abastecimento das sedes municipais com menos de cinco mil habitantes, dos distritos, vilas e núcleos rurais. Por outro lado, o projeto de Integração do São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um projeto de desenvolvimento regional com perspectiva de conseguir benefícios que se estendam para além de 2025. O Atlas e o PISF são, pois, iniciativas distintas, em sua gênese, seus objetivos e em sua área de abrangência. Não são conflitantes”.

Apenas um quinto dessas soluções técnicas já tinha projetos, mesmo assim abandonados. O Atlas é um mapeamento do que prefeitos deveriam ter feito e não fizeram. Mostra que é assustador o número de municípios com mais de cinco mil habitantes em situação critica de abastecimento de água: 90% deles em Alagoas, 81% no Ceará, 65% no Rio Grande do Norte e assim por diante.

O motivo é simples: é o controle da maioria dessas prefeituras por grupos locais de interesse, fazendeiros e forças conservadores ou prefeitos corruptos. Além disso, abarca apenas metade dos 2116 municípios dos dez estados analisados, os que tem mais de cinco mil habitantes. Portanto é o oposto do argumento dos bispos, de que suas soluções atendem os pequenos enquanto a transposição atende os grandes. É falso também que beneficiariam 44 milhões de habitantes. Essa é população total da região e não a população específica dos municípios mapeados.

OS PADRES MENTEM QUANDO DIZEM QUE GOVERNO ABANDONOU PROJETO DAS CISTERNAS

Outro argumento falacioso é o de que o governo preferiu o grande para favorecer as empreiteiras e por isso abandonou o projeto das cisternas. Trata-se da falácia da falsa premissa. Não é verdade que o governo preteriu o projeto das cisternas. O governo apoiou com entusiasmo desde o início a proposta da Articulação do Semi Árido , que reúne 700 ONGs, incluindo-a no seu programa de Combate à Fome.

Foi criada uma entidade especial para gerir o programa, que recebe recursos do governo e de empresas privadas. Lula inaugurou a primeira cisterna, justamente para dar força ao projeto. Trata-se de um projeto sofisticado, em que os moradores mesmo constroem as cisternas recebendo treinamento e suporte de uma rede de ONGs.

Quando as ONGs, para as quais foram repassados os recursos se revelaram vagarosas demais, o governo entrou de sola para acelerar o programa e no último mês de julho o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançou o edital 13/07, oferecendo mais R$ 10 milhões a entidades que queiram entrar no programa.

A meta de construir um milhão de cisternas está de pé. Já foram construídas 220 mil. Cada cisterna consegue armazenar pelo menos 10.500 litros de água, o suficiente para necessidades básicas de uma família de cinco pessoas. Mas não o bastante para uso agrícola, mesmo no caso da agricultura de subsistência. As cisternas são a solução para água de beber, de banho, de cozinhar e lavar em residências isoladas, esparsas, na área rural, onde os sistemas municipais de abastecimento não chegam. Não podem ser construídas nas cidades. Um projeto complementa de forma ideal o outro.

Nos últimos documentos da CNBB, em textos de Frei Betto, de Leonardo Bosff e outros, surgiu um novo argumento, o de que o projeto “não vai levar água aos índios e quilombolas”. Tanto quilombos quanto aldeamentos indígenas por definição se situam em regiões isoladas mas com boa oferta de água. Foram os locais onde se fixaram, fugindo dos bandeirantes assassinos e capitães de mato. A esses locais o Luz para Todos está levando eletricidade, que não havia. Mas água já tem.

OS PADRES INVENTARAM ILEGALIDADES INEXISTENTES PARA O PROJETO DA TRANSPOSIÇÃO

Os padres também alegam que o projeto é pleno de ilegalidades. É bem o contrário. Seus opositores é que vem se valendo de truques legalísticos, para obstar projetos que passaram por todos os crivos técnicos das agencias reguladores e todos as votações de comitês de bacias. Entram na justiça com pedidos de liminares, sabendo que justiça vai demorar anos para entrar no mérito. Sempre que o mérito é julgado, o projeto é aprovado. Além disso, ambientalistas tem impedido o fechamento de atas de audiências públicas à força. Várias das audiências do São Francisco foram interrompidas à força.

Eu pergunto: de que lado está o autoritarismo?

Termino perguntando: Será que por trás dessa campanha contra a adutora do São Francisco não está o ressentimento pela perda do rebanho dos pobres, que hoje tem um cartão Bolsa-Família? Ou dos pobres que se libertariam da opressão da falta de água no Nordeste? Ou será que estamos testemunhando o enquadramento da Igreja de Libertação na encíclica Spe Salvi , lançada pelo papa e ex-corregedor da fé, Ratzinger, o mesmo que pediu a expulsão de Leonardo Boff da Igreja?

Essa encíclica reafirma a renúncia à libertação terrena em nome de uma salvação na dor e na morte. Além de lembrar vivamente a tragédia de Dom Luís, é imobilista e reacionária. Deixa o campo da história para as forças conservadoras deitarem e rolarem, impedindo a Igreja de Libertação de disputá-lo com um projeto secular de transformação social.

Bernardo Kucinski é jornalista.

 

Escola da Fonte Nova, mesmo antes da tragédia, apresentava sérios problemas

A Revista Nova Escola Online, do Grupo Abril, a mesma máfia midiática que edita a revista Veja, publicou reportagem assinada por Juan Torres sobre o Colégio da Fonte Nova, que foi interditado após o acidente que matou sete torcedores do Bahia.

A reportagem tem uma tese e o autor (não sei se é jornalista pois não faz referência ao registro profissional) pretende demonstrar que a escola já apresentava problemas e estava necessitando de reformas. Com certeza a situação já era ruim antes do acidente.

Os oito anos de governo Paulo Souto (ex-PFL, atual DEM) deixaram as escolas em petição de miséria.

Embora seja evidente que a degradação das instalações tenha ocorrido bem antes do governo Wagner, a reportagem caminha sempre para responsabilizar ou sugerir a responsabilidade do atual governo. O autor mesmo informa que são 1753 prédios escolares a serem vistoriados, reformados ou reconstruídos.

Há de convir que a herança é maldita.

A reportagem cita um fato interessante: a decisão de deslocar a escola para o ICEIA foi tomada por alunos, professores e pais de alunos. Caro Juan Torres, a escola de jornalismo do Grupo Abril é a pior possível. Os editores partem do dogma que o governo é culpado e, se o governo é do PT, nem se fala.

VALE A PENA LER A REPORTAGEM NA ÍNTEGRA

 

Justiça feita. STF libera obras de transposição do rio São Francisco.

O Supremo Tribunal Federal (STF) acaba de liberar as obras de transposição do rio São Francisco. O bispo de Barra, dom Luiz Flávio Cappio, desmaiou de susto ao saber da notícia. Em greve de fome há 22 dias, ele alimentava a ilusão do STF suspender as obras, "já que não contava mais em negociar com o Executivo", de acordo com seus assessores.

Neste momento, o religioso está redigindo um documento para comentar a decisão do STF. O bispo já perdeu no Poder Legislativo, que autorizou as obras ao aprovar verbas no Orçamento da União. Já perdeu para o Executivo, que não admitia prejudicar o Nordeste e suspender as obras. Perdeu agora no Judiciário com a decisão da instância máxima.

Se insistir nesta greve de fome isolada e sem respaldo na sociedade vai acabar perdendo também na Igreja, porque tudo tem limite.

 

Lula, democrata, negocia com bispo fanático

Contra minha vontade, representantes do Governo Federal e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se reuniram para discutir a transposição do Rio São Francisco e a greve de fome do bispo de Barra, dom Luiz Cappio.

Após três horas, chegaram a uma proposta intermediária que será levada ao Planalto e ao religioso. Alguns dos pontos prevêem a paralisação das obras de transposição por dois meses e a realização de debates públicos nesse período para explicar melhor para a população o que significa a obra do São Francisco.

Acho perda de tempo. Mas o presidente Lula é um democrata e aceita negociar. É de sua formação política.

Das oito condições exigidas pelo bispo para encerrar a greve de fome há seis que podem ser atendidas. Entre os pontos de convergência estão a implementação das medidas previstas pela Agência Nacional de Águas para equilibrar o abastecimento hídrico no Nordeste e a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Sócio-ambiental Sustentável para todo o semi-árido brasileiro. Lula aceita construir um milhão de cisternas.

Mas, dois pontos separam o governo do bispo fanático. Primeiro, não há acordo com a idéia de suspensão por tempo indeterminado das obras de transposição e retirada imediata das tropas do Exército. Segundo, o governo não aceita a proposta de redução de 28 para 9 metros cúbicos por segundo do volume de água a ser direcionado para o oeste de Pernambuco e Paraíba, áreas com maior carência de água.

Ainda assim o bispo fanático está calado.

Talvez ele queira assumir a presidência da República.

 

A estranha greve de fome do bispo baiano

A jovem Juliana Weis tem um blog. Nele, comenta " a estranha greve de fome do bispo baiano". O título do artigo é "O pecado franciscano". Com lucidez, ela afirma que a greve de fome do bispo não é problema do estado, critica os políticos de esquerda que botam fogo na fogueira e artistas globais que querem aparecer. Parece até um milagre como o bispo que passou tantos dias sem comer celebra missas, atende romeiros, posa para fotos. Correm boatos na região que o bispo come melancias na madrugada. Pode ser só maledicência, mas é um mistério como o bispo não emagrece e continua lúcido e bem-disposto, o que não é comum em pessoas que fazem greve de fome. O texto de Juliana Weis termina chamando de chantagem o protesto do bispo.

LEIA NA ÍNTEGRA

 

Leonardo Boff pode salvar a vida de dom Luiz Cappio

Transposição da maldição. Esse é o título do artigo do ex-padre Leonardo Boff. Pelo título já dá para perceber que o admirável Boff mistura religião com administração pública. Discordo do ex-frei Leonardo Boff. Não é o governo o responsável pelo bispo de Barra, dom Luiz Flávio Cappio, que insiste em colocar a própria vida em perigo num ato extremo de protesto político.

Alertar o poder público para que não permita a morte do bispo? Não é o poder público que está colocando em risco a vida do bispo. É Leonardo Boff, o guru do bispo, é a CNBB ao vacilar em orientar seu pastor, é o PSOL e o DEM, ao fazerem exploração política da greve de fome irracional.

Boff não tem como afirmar que o Governo Lula não está com os pobres. Estão aí os programas Bolsa Família e de redistribuição de renda que a direita no Senado tentou inviabilizar com o fim da CPMF. Não passarão.

Essa teologia que "amaldiçoa" o agronegócio é de uma estupidez sem limite. Não há saída para a agricultura, dos grandes e dos pequenos, sem o agronegócio. A teologia dos padres condena à eterna pobreza a agricultura familiar.

Boff também fala de "insensibilidade" dos meios de comunicação com a greve de fome do bispo. Boff não lê jornais e não vê televisão. No Brasil é só o que dá. Um exagero de cobertura. Não há maldição nenhuma no projeto de integração das bacias do Nordeste setentrional. É uma proposta de governo. Tem gente contra. Tem muita gente a favor. Só que os que estão a favor não estão fazendo greve de fome e ganhando as páginas dos jornais. Boff não precisa mentir.

Chega a ser piada. Boff afirma ser emocional o argumento de Lula de que não se pode negar uma caneca de água a 12 milhões de pessoas. E não é emocional uma greve de fome contra uma obra pública? Boff escolhe técnicos de renome para dar substância aos seus argumentos. Mas também há técnicos de renome para defender a obra.

Leonardo Boff vai me desculpar, mas, com todo respeito, fico com a obra de transposição das águas do rio São Francisco. O Nordeste precisa de água. E vai ter água. Não será um homem só que vai impedir isso. Que merda de democracia é essa? Boff precisa fazer o bispo voltar à razão. Será o maior responsável pela morte do padre que se recusa a comer.

 

Apuração final confirma reeleição de Berzoini com 61,41% dos votos válidos

O resultado final da apuração do segundo turno do Processo de Eleições Diretas (PED) 2007 confirmou a reeleição de Ricardo Barzoini para a presidência do PT no biênio 2008/2009, com 61,41% dos votos válidos.

Também confirmou a rejeição dos militantes aos ataques da revista Veja, dos jornalões, da TV domesticada, da mídia fascista. Um segmento de homens livres.

Foram computados 202.022 votos de 2.493 municípios. Destes, 116.909 foram para Berzoini, da chapa Construindo um Novo Brasil, e 73.475 (38,59% dos válidos) para Jilmar Tatto, da chapa Partido é Pra Lutar. Brancos e nulos somaram 11.638.

O total de votantes no segundo turno equivale a 62% do número de petistas filiados que compareceram às urnas no primeiro (cerca de 326 mil).

Os resultados, que foram divulgados às 15h desta terça-feira (18) pela Secretaria Nacional de Organização do PT, ainda poderão sofrer pequenas alterações após a conferência dos números com as atas oficiais.

Mas nada vai alterar o fato de que o PT é um fenômeno partidário no Brasil e no mundo. Os demais partidos políticos deveriam seguir o exemplo do PT. Eleições diretas para escolher seus dirigentes. Partido político não deveria ter dono.

 

Alguém já viu secretário de Educação ser aplaudido de pé? Eu vi, Adeum Sauer, da Bahia

Deveria ser a imprensa a nos informar ou a comunicação de governo. Mas, o relato profundo e emocionado do que realmente foi a I Conferência Estadual de Educação da Bahia coube à professora Tânia Miranda.

Preocupada em registrar vaias, nossa imprensa "se esqueceu" de registrar a explosão de aplausos, de pé, ao secretário de Educação, Adeum Sauer e ao governador Wagner, por mais de duas mil pessoas.

Relatórios contundentes sobre a realidade da educação, pronunciamentos fortes. Articulações, conchavos, rachas, alianças, bate-boca, vaias, protestos, choros, teve de tudo. O professorado nunca tinha antes participado de um evento desse tipo.

Pela primeira vez quebrou-se a hegemonia dos professores da capital com a forte presença dos delegados de comunidades indígenas, escolas rurais, e do interior em geral. Os militantes do PT deixaram de lado suas diferenças em plena disputa eleitoral interna e trabalharam pelo sucesso da conferência.

Foi um final apoteótico, informa a professora, travestida de repórter em seu e-mail que circula pela Internet. "Alguém já viu um secretário, ainda por cima de Educação, ser ovacionado, de pé? Eu vi, Adeum Sauer" testemunha ela.

LEIA A ÍNTEGRA DO E-MAIL REPORTAGEM:

I CONFERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

Na abertura, o secretário Adeum Sauer e o governador Jaques Wagner foram aplaudidos de pé por uma platéia de duas mil pessoas

Entre 13 e 15 de dezembro numa escola pública no bairro de Caixa D´ Água - Escola Parque - ocorreu a I Conferência Estadual de Educação coordenada pela Secretaria da Educação do Estado. Foram credenciados 1.500 delegados e 600 observadores. No final registrou-se a presença de quase 2.500 pessoas.

Na abertura, muita emoção. A nova equipe da SEC derrama lágrimas. Só nós sabemos o que foi 2007. Falta de recursos, falta de pessoal, estrutura travada, burocracia enraizada, greves, rede destruída. O Secretário Adeum Sauer e o governador Jacques Wagner aplaudidos de pé por uma platéia de 2 mil pessoas.

O vice-ministro da Educação falou sobre as políticas públicas do MEC. O Secretário da Educação fez um forte e contundente pronunciamento. Escolheu o pedagógico como eixo de sua fala e anunciou ações já realizadas e outras planejadas para 2008, que reforçam as DIREC - Diretorias Regionais - espalhadas pelo interior e que estavam praticamente desativadas - bem como a prioridade para a formação de professores, gestores e servidores.

O Governador se superou. Optou por uma prestação de contas. Anunciou que em 25 anos a UNEB zera suas dívidas, assim como todas as outras Universidades estaduais que receberam juntas 23 milhões nesse final de ano. Fruto de acordo com o Banco do Brasil, que agora tem a conta do Estado, serão destinados 53 milhões exclusivamente para recuperação de escolas completamente depredadas.

Capacitação dos pré-candidatos a diretores de escolas, criação de um amplo colegiado para eleger, no final de 2008, os novos gestores. A convocação dos 800 pedagogos aprovados em concurso - parte deles para reforçar o quadro de servidores da SEC e das DIREC, absolutamente insuficiente para atender a uma demanda reprimida de várias décadas - já havia sido anunciada pelo Secretário Adeum.

Mas, um anúncio do governador surpreendeu e levantou a platéia. O colegiado formado por professores, funcionários, alunos, pais e mães e que escolherá os diretores das escolas, também REBATIZARÁ O NOME DAS ESCOLAS, se assim o desejar.

Os debates se deram em alto nível. Professores das diversas universidades, representantes de ONGs, enfim a sociedade civil organizada se fez presente. A Conferência Estadual foi antecedida por 33 conferências regionais. O próprio Secretário além de superintendentes, diretores, assessores, coordenadores e servidores marcaram presença. Grande mobilização tomou conta do interior nos dois últimos meses, marcando o início da virada.

Uma grande conquista. A hegemonia política do professorado da capital foi quebrada com a participação nos debates e pela acirrada disputa no momento da indicação de delegados para a II Conferência Nacional. Articulações, conchavos, rachas, alianças, bate-boca, vaias, protestos, choros. Teve de tudo. E de uma forma absolutamente saudável.

Trata-se da PRIMEIRA vez que o professorado da rede pública participa de um evento deste. A comunidade escolar indígena, os professores de assentamentos, de escolas rurais e do campo, que atendem alunos com deficiência, que trabalham com jovens e adultos analfabetos, universitários, educadores da rede privada de ensino, gestores municipais e estaduais, disputaram as poucas vagas. Todos foram representados.

Os militantes do PT brilharam. Deixando em casa suas divergências e suas tendências, mantiveram-se unidos para garantir o sucesso da Conferência. Nem o clima do disputadíssimo segundo turno do PED conseguiu desarticular uma forte corrente petista sintonizada com o Governo e com o Secretário.

O Secretário Adeum permaneceu no evento todo o tempo e foi submetido a inúmeras seções de fotos. Todos e todas queriam levar uma foto com o Secretário "para o meu interior". Superintendentes, diretores, assessores, e coordenadores, TODOS trabalhando onde fosse necessário.

O encerramento foi apoteótico. Alguém já viu um secretário de Estado - e de Educação! - ser ovacionado? Eu vi. Adeum Sauer.

Por fim, o cantor FAGNER, deu a nota com um grande show. De cortesia.

Tânia Miranda
16/12/2007.

18 de dezembro de 2007

 

Tortura nas prisões é o câncer do Brasil

Por iniciativa do Governo Lula, o Grupo de Trabalho Interministerial, criado em maio de 2007 para elaborar propostas de reformulação do sistema prisional feminino (muito antes, portanto, do caso da menina presa e estuprada por bandidos no Pará), concluiu relatório preliminar afirmando que as prisões do país violam direitos fundamentais de forma generalizada.

As mulheres presas têm sido submetidas a maus tratos, torturas, tratamento cruéis e degradantes, incluindo violências sexuais. O país tem 25.909 mulheres encarceradas e apenas 55 unidades prisionais femininas.

O fato é que as prisões do país violam os direitos fundamentais dos homens e mulheres encarcerados. Não garantem a vida, a integridade física, psíquica e moral dos presos. O quadro é dramático e chocante, conforme as conclusões do relatório preliminar do Grupo de Trabalho Interministerial.

O relatório não toca no assunto. Mas a mídia é responsável também pela perpetuação das atrocidades. Toda vez que um preso qualquer é bem tratado, surge uma reportagem "denunciando" a boa vida do prisioneiro. Como se alguém prisioneiro pudesse realmente usufruir alguma boa vida. Mídia, TV, jornal, eles querem mesmo é vender seus produtos e para isso precisam de audiência. Vale tudo.

Formado por representantes da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria Especial de Direitos Humanos, dos ministérios do Trabalho, da Saúde, da Educação, do Desenvolvimento Social, da Cultura, dos Esportes, da Secretaria Nacional Antidrogas e da Secretaria Nacional da Juventude, o Grupo de Trabalho propôe a construção de estabelecimentos com características específicas para as mulheres. As detentas precisam de berçário e creche, de cuidados ginocológicos, de programas educacionais e de qualificação profissional.

O GTI propõe também a formulação de regras para regulamentar a situação de presas que são mães e seus filhos. Hoje, cada Estado decide quanto tempo as crianças podem conviver com as mães na cadeia. Não se pode mais ver o sistema penitenciário como um instrumento para punir, um depósito de gente, mas para cuidar e ressocializar. Ou o Brasil muda o paradigma ou não vai ter cadeia para todo mundo.

O Governo Lula vai procurar os governos estaduais e fechar parcerias. Lula vai liberar recursos. Os estados serão responsáveis pelo pessoal e pela operação dos projetos. Diversos ministérios preparam ações voltadas para os homens e mulheres presos e suas famílias. Serão anunciados programas de educação, saúde e inserção no mercado de trabalho.

Essa gente que anda por aí fazendo greve de fome "simbólica" em apoio ao bispo fanático devia mesmo é se preocupar com as mulheres presas, e as torturas que são o câncer do Brasil.

 

Jonas Paulo é o novo presidente do PT da Bahia

O PT optou pela renovação. Jonas Paulo ganhou do atual presidente do PT, Marcelino Galo, por 294 votos. Nas próximas horas a Comissão Estadual Eleitoral do PED vai julgar os recursos impetrados. São cerca de 40 recursos contra a chapa de Jonas Paulo e 20 recursos contra a chapa de Marcelino Galo. Não há histórico eleitoral que possa advinhar o resultado disso. O único fato real é que Jonas Paulo ganhou.

Vânia Galvão é presidente do PT de Salvador.

Jonas Paulo é presidente estadual do PT da Bahia.

O resto é fofoca de blogueiros e "formadores de opinião", mensageiros de causas inconfessáveis.

O PT da Bahia está em festa.

 

Os adeptos do bispo que endoideceu

Cerca de 50 integrantes de 18 movimentos sociais fizeram jejum coletivo de 12 horas, em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio, em apoio à greve de fome de dom frei Luiz Cappio, bispo da Diocese da Barra, na Bahia. É pouco. Fica parecendo oportunismo político, hipocrisia.

Se querem aderir que o façam para valer. Nada de "simbolismo". Os 50 fiéis cariocas devem mesmo, depois de sair da praia de Copacabana, é jejuar no natal e nas festas do Ano Novo e entrar 2008 jejuando. Isso sim é que é apoio.

Um maluquete do MST, Léo não-sei-do-que afirmou que o bispo fanático está em greve há 20 dias e "isso não sai na imprensa". Endoideceu de vez. É só o que a imprensa faz para vender jornal. Daí o jejum coletivo, para dar "visibilidade" ao ato extremado do bispo fanático do sertão.

Na verdade, essa gente atende aos apelos da CNBB que andou botando fogo na greve de fome. A CNBB, o PSOL, o MST e algumas entidades desconhecidas são os responsáveis pela vida do bispo que não anda muito bem da cabeça não.

O Vaticano não tem responsabilidade mais. Tirou o seu da reta ao enviar carta ao bispo e à CNBB. Dei muita risada com o slogan dos 50 do jejum simbólico: "Rio pela vida de dom Cappio". Eu rio mesmo disso tudo.

Estou pensando aqui que quando tudo iso acabar, e o bispo voltar à lucidez com ajuda de algum anti-depressivo, esse pessoal vai ficar quebrando a cabeça para descobrir a troco de quê será a próxima greve de fome do bispo que endoideceu.

 

É Lula de novo, com a força do povo

Terceiro mandato para Lula é o povo no poder

Democracia é o povo decidir se quer Lula outra vez

Lula, lá

Tá pensando o quê?

Só estou aqui buscando um slogan para a próxima campanha presidencial.

Isso é ou não é uma democracia?

E ditadura é a mãe.

 

Lula, democrata, faz proposta ao bispo fanático

Lula autorizou seu Chefe de Gabinete, Gilberto Carvalho, a sugerir ao bispo dom Luiz Cappio o fim do inusitado protesto famélico. Lula quer que o bispo acompanhe as ações de revitalização do rio São Francisco e aceita o compromisso de construir um milhão de cisternas no semi-árido. O bispo calado.

O Vaticano, que na doutrina católica é o representante de Deus na Terra, enviou carta ao bispo aconselhando o fim do jejum político. O bispo calado.

A CNBB, com o pedido do Vaticano, mudou sua posição e quer o fim do protesto. O bispo calado.

No momento, as obras de transposição das águas estão paralisadas por força de liminar da Justiça Federal. O bispo calado.

O governo democrático dos trabalhadores brasileiros não vai se curvar ao bispo. A transposição do rio São Francisco será feita. Mas o governo quer diálogo e negociação.

Vocês ainda acham que eu é que sou radical?

Católico praticante, com sua carreira política construída a partir da igreja e de suas pastorais, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, afirmou que o bispo tem sido ''intransigente'' e que a linha de sua greve de fome é um extremo ''inaceitável''. ''É inaceitável ir ao extremo'', disse o ministro que antes havia participado de uma missa ao lado de amigos da CNBB.

E sabem mais o que eu acho? O PSOL está pondo fogo na greve de fome do bispo. Tudo o que o PSOL apóia dá errado.

 

Tem partido político que devia calar a boca

A Folha de S. Paulo põe em manchete que o segundo turno do PT teve "baixo quorum". A jornaiada segue atrás sem pensar. Isso porque no primeiro turno 326 mil militantes votaram e no segundo mais de 150 mil votaram. O PCdoB também deu isso no título da matéria no site Vermelho.

A Folha, como boletim político do PSDB de José Serra, tudo bem, está explicado. Mas, o DEM tem que calar a boca. Menos de dez lideranças escolhem os dirigentes. No PSDB, apenas três escolhem a cúpula (FHC, Serra e Aécio, o resto é figurante). No PTB, cruz credo, até Roberto Jefferson vota com mais quatro proprietários da legenda. O PPS nem fala nada porque o dono é um só. Até o PSB que teoricamente é um partido de esquerda tem dono, não precisa convocar nem mesmo assembléia para compor a cúpula.

Resta o PCdoB. Como é mesmo o processo de escolha dos dirigentes no PCdoB? Uma verdadeira caixa-preta. Os capa-preta decidem as direções entre si e comunicam às bases em assembléia formais.

Apenas o PT no Brasil escolhe suas direções em voto universal, eleições diretas em todos os níveis. No primeiro turno, 326 mil compareceram porque era uma disputa nos três níveis, municipal, estadual e nacional. No segundo turno, se "apenas" 150 mil militantes comparecem ainda assim é um grande fenômeno. Mas, para alguns não passa de "baixo quorum". Baixo quorum em relação a que cara-pálida? Aos 326 mil do primeiro turno ou aos três do PSDB?

 

A disputa do PT de Salvador descambou para a baixaria

O secretário de Comunicação do PT da Bahia, Ivan Alex, descambou para a baixaria ao declarar que a turma contrária ao seu candidato, Edísio Nunes, quer levar o partido para as páginas policiais.

A última pessoa a parar nas páginas policiais seria Vânia Galvão. A vereadora, líder dos trabalhadores da UFBA, tem uma bela biografia, um extenso currículo de luta. Nela, a baixaria de Ivan Alex não pega.

A vereadora venceu por um voto a disputa pela presidência do PT de Salvador. Esse fato não está sendo assimilado por Ivan Alex. Daí as agressões verbais generalizadas.
A propósito, Vânia Galvão desmentiu boatos de que tenha havido duas recontagens durante as apurações. A eleição foi apurada em todas as zonas, as atas assinadas pelos mesários das duas chapas sem registro de contestações. Ao término da apuração o candidato adversário, Edísio Nunes, concordou com o resultado, mas, surpreendentemente, mudou de idéia e passou a questionar o resultado. Edísio Nunes está contestando o resultado antes mesmo da Comissão Eleitoral anunciar oficialmente o resultado.

A contestação é legítima, Edísio Nunes tem direito de contestar, mas, ao término da apuração. Como é que pode uma chapa contestar o resultado se nem sequer a Comissão Eleitoral anunciou o resultado?

Edísio Nunes precisa esperar o resultado oficial e somente depois contestar. A suspeita é a de que os perdedores querem tumultuar o processo. Afinal, é duro perder por um voto. Vânia obteve 962 e Edísio Nunes obteve 961. É um fato.

Mas o cenário é ótimo para quem quer bagunçar o coreto.

17 de dezembro de 2007

 

Em Salvador, perdedores do PT querem virar a mesa

A carta divulgada pela chapa “A Esperança é Vermelha” de Edísio Nunes, à presidência do PT de Salvador, é lamentável. É típica do choro de perdedores. Anuncia que quer recontagem dos votos e ao mesmo tempo reclama de faixas eleitorais que teriam sido arrancadas. Também mistura paixões e violência que eram estranhas às disputas internas do PT.

O fato é que Vânia Galvão ganhou por um voto. Vânia obteve 962 e Edício Nunes obteve 961 votos. Os perdedores têm direito ao choro. E também têm direito a pedir recontagem de votos. Mas para isso precisam da aprovação da Comissão Eleitoral Estadual, que se reúne nesta terça-feira (18). Se esta comissão decidir que não há necessidade, acabou o choro. Vânia é presidente do PT de Salvador.

É bom que Vânia Galvão tenha levado. Primeiro, porque é importante que o PT seja comandado por uma mulher. Segundo, o PT de Salvador vai andar mais afinado com o presidente nacional vitorioso, Ricardo Berzoini. Para completar só falta Jonas Paulo Ganhar na eleição regional.

 

Vânia Galvão ganhou disputa do PT de Salvador

Na madrugada de domingo para segunda-feira (17) o PT de Salvador encerrou sua eleição interna. Edísio Nunes, elegantemente, chegou a saudar Vânia Galvão como vencedora. Mas, no decorrer da madrugada, as coisas se envenenaram. Vânia Galvão ganhou por um voto. Ela obteve 962 votos contra 961 de Edísio Nunes. Os partidários de Edísio Nunes, inconformados, decidiram pedir recontagem geral de votos. Isso só é posível em grau de recurso à Comissão Eleitoral Estadual. É uma tentativa de melar o resultado eleitoral. Muito feio para a turma de Nelson Pelegrino que apóia Edísio Nunes.

O PT não merece.

 

O Blog oficial da Folha de S. Paulo não está feliz

O título da matéria do blog de Josias de Souza, intérprete oficial do jornalão Folha de S. Paulo, não deixa dúvida. "PT renova sua direção nacional optando pelo velho", é o título inconformado salpicado de adjetivo.

Para o blogueiro editorialista de seus patrões conservadores os militantes optaram pelo velho. As mentes lúcidas do PT não ouviram a xaropada da Folha de S. Paulo e dos grandes jornalões do Brasil. Tais blogs e jornais não são a consciência da Nação, nem sequer são o locus do debate tal é sua contaminação ideológica e sujeira de jabás subterrâneos.

O tom de Josias de Souza é de lamento, porque considera Ricardo Berzoini virtualmente eleito. Confirmando-se a tendência a nova direção vai tocar o PT para a frente, tendo rejeitado os ataques, as calúnias e reportagens cheias de armadilha da Folha de S. Paulo e congêneres.

Não passa de conversa fiada essa história de vincular Ricardo Berzoini à historinha ficcional da quadrilha dos 40 do mensalão, símbolo de uma crise forjada. José Eduardo Cardoso não ganhou poeque os militantes não o escolheram. Jilmar Tatto pode não ganhar, confirmada a tendência, porque os militantes não o escolheram. Caberá a Ricardo berzoini conduzir o PT por novos caminhos.

O programa político é que define o velho e o novo não a pessoa. Daí ser verborragia inútil e desprovida de sentido essa do blog da consciência da Nação, ao dizer que o PT escolheu o velho.

O editorialista, digo blogueiro da Folha, Josias de Souza, está tão deprimido com o resultado das eleições internas do PT que não esconde o desapontamento. Vê-se obrigado pelos fatos a admitir a popularidade de Lula, um eleitor fundamental na sucessão presidencial. Resta, finaliza um tristonho Josias de Souza, ao PT encontrar um candidato à altura do grande eleitor Lula. Segundo ele, os nomes estão na vitrine - Dilma Roussef, Jaques Wagner e Patrus Ananias - que "amargam" na linguagem obtusa dele, índices de intenção de voto de 2% para baixo. Assim, nem milagre, encerra.

Essa história de índice de pesquisa Wagner destruiu (sem milagre) quando ganhou as eleições na Bahia contra todos os institutos de opinião, esqueceu de dizer o Josias...

 

Eleições não surpreendem militantes lúcidos do PT

O segundo turno do Processo de Eleições Internas (PED) do Partido dos Trabalhadores não está apresentando surpresas. O PT não se curvou à ofensiva da mídia de direita com a história do suposto mensalão em 2005. Os candidatos que adotaram por oportunismo eleitoral ese discurso se deram mal. No segundo boletim parcial (22h30 de domingo, 16) das apurações, com 106.252, Ricardo Berzoini manteve a vantagem com 61,8% dos votos sobre Jilmar Tatto (38.316), na disputa pela presidência nacional do PT.

O terceiro boletim parcial sai daqui a pouco, às 11h desta segunda-feira (17).

 

Sobre a CPMF e a greve de fome do bispo Magda Rego escreveu:

"Querido Oldack. "Lula recebeu a notícia de maneira serena. É um democrata". Só este enunciado já é para deixar muita gente pê da vida, porque se trata de uma finalização perfeita para sua matéria sobre a CPMF.

Bom, o que eu queria mesmo, querido autor do BAHIA DE FATO, é cumprimentá-lo pela oportuna ironia sobre o mais novo candidato a mártir da Santa Madre. O cidadão utiliza o hábito franciscano para declarar sua posição autoritária maior que o fanatismo - ao meu ver - e recebe a global ( diga-se de passagem, uma mulher que acho muito bonita e não precisaria deslocar-se para as barrancas do São Francisco com a finalidade de anunciar o tal fruto proibido.

A Igreja já foi uma Entidade que, no Brasil, diferenciou-se do resto da América Latina pela sua grandeza junto às verdadeiras vítimas . Sendo assim, não é agora, quando um presidente , como você mesmo declara, eleito com mais de 60% dos votos dos brasileiros, que um cidadão, muito provavelmente necessitado de alguma dose de fluorexitina, irá com uma chantagem um tanto medieval , no meu parecer, mobilizar a opinião pública que, a se dar algum crédito por parte de alguma autoridade, poderá transformar em falácia um recurso- a greve de fome-, utilizado em útima instância, qdo a tortura corria solta nos quartéis.

Os "cristãos" que o seguem na sua cruzada de exibição famélica precisam de uma reflexão mais acurada porque podem desavisadamente estar desmoralizando uma história que prova o exercício da fraternidade dos padres da Igreja Católica, construída em cárceres da ditadura militar...

Li o cordel, mas acho que o BAHIADEFATO deveria ser mais cuidadoso com a divulgação dos versos também banalizantes do evento. Tudo bem que seu blog deve ter a fala múltipla, mas sugiro que você peça a algum integrante da Igreja para proferir seu manifesto aqui.

De qualquer forma, querido Oldack, quero deixar claro que amo seu blog e dou muita risada porque tem mesmo a sua cara. Bjo de sempre, Magdinha".

16 de dezembro de 2007

 

O presente de Natal dos ricos e sonegadores

Os ricos e os sonegadores do país receberam o maior de todos os presentes de Natal: o PFL( atual DEM) e o PSDB, liderados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo senador Arthur Virgílio e pelo presidente da FIESP, Paulo Skaff, representante de Geraldo Alckmin, lideraram a batalha da oposição contra o Governo Lula e saquearam R$ 40 bilhões dos brasileiros mais pobres para dar aos ricos e sonegadores do Brasil. Até outubro deste ano foram arrecadados pelo Governo Federal cerca de R$ 31 bilhões provenientes da CPMF. R$ 15,7 bilhões, ou seja, 51% do valor total arrecadado foram para a saúde.

LEIA NA ÍNTEGRA

 

A revista Veja publicou dossiê falso contra Lula

A mídia desmente a mídia. A Folha de S. Paulo acaba de publicar matéria intitulada “PF indicia Dantas sob acusação de calúnia” informando que inquérito da Polícia Federal concluiu que era pura armação o dossiê que acusava autoridades brasileiras de manter contas bancárias vultosas no exterior. Foram acusados o Presidente Lula, Antônio palocci, Márcio Thomas Bastos, Luiz Gushiken, José Dirceu, senador Romeu Tuma e o ex-diretor da PF, Paulo Lacerda. Era tudo mentira.

Ao fechar o inquérito relacionado ao caso, a PF indiciou sob a acusação de crime de calúnia, enquadrado na Lei de Imprensa, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e o executivo Frank Holder, ex-diretor da Kroll, multinacional que atua na área de investigação. Cabe agora ao Ministério Público decidir se denuncia Dantas e Holder à Justiça.

O grave é que a investigação foi aberta por conta de reportagem publicada na revista Veja em maio de 2006, na qual foram reproduzidas partes de documentos que listavam autoridades, suas supostas contas bancárias e saldos de que dispunham.

Será que a Veja, que irresponsavelmente deu destaque em suas páginas ao falso dossiê, vai publicar com o mesmo destaque a noticia da Folha? Pelo jeito, não. Na edição que chega às bancas hoje (16 de dezembro), a golpista revista Veja não traz nenhuma linha sobre esse lamentável episódio.

FOI PURA VINGANÇA

No caso de Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, e de Paulo Lacerda, uma possível vingança pela Operação Chacal, investigação da PF que levou Dantas a responder a ação penal, na qual hoje defende-se pela suposta prática dos crimes de violação de sigilo e corrupção.

Quanto às demais autoridades, teriam sido incluídas no dossiê como forma de pressioná-las, já que, na ocasião, Dantas, pelo Opportunity, disputava o controle da Brasil Telecom com o Citibank, fundos de pensão, cujos diretores são nomeados pelo governo, e a Telecom Italia.

É pra isso que serve a revista Veja?

E não venham me dizer que isso é liberdade de imprensa etc e tal. Isso é banditismo. A investigação revelou que o dossiê, com o indicativo das contas, tinha pelo menos três versões, que chegaram ao conhecimento da Veja.

Tenho cada vez mais muita pena dos leitores da revista Veja.

 

Senadores têm fabuloso plano de saúde privado pago pelo Senado

Os senadores baianos César Borges e ACM Júnior não usam o SUS. Eles votaram contra a CPMF que garantia R$ 21 bilhões para a saúde dos pobres do Brasil (e da Bahia). Para a saúde pública. Mas eles não precisam se preocupar. Eles usufruem de um FABULOSO Plano de Saúde privado que o Senado lhes oferece, com nosso dinheiro. O Plano de Saúde do Senado garante cirurgias plásticas e tratamento no exterior. Não é à-toa que os 81 senadores custam R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos. No caso de ACM Júnior a coisa é mais grave. Nunca recebeu um voto sequer porque herdou o mandato do falecido ACM. E ainda assim tem a coragem de votar contra a CPMF, contra o SUS, contra o Bolsa Família, a favor dos sonegadores de impostos.

 

Revista Caros Amigos entrevista Jaques Wagner

Com belíssimas fotos de Eduardo Zappia, a revista Caros Amigos (dezembro) que está nas bancas entrevista o governador da Bahia, Jaques Wagner, o militante que enterrou o carlismo na Bahia. Os entrevistadores foram os jornalistas Emiliano José, Michaella Pivetti, Palmério Dória, Ricardo Kotscho, João de Barros, Marcos Zibordi, Mylton Severiano, Thiago Domenici e Sérgio de Souza. Um time de primeira. A entrevista foi feita antes do acidente da Fonte Nova. Wagner fala dos planos para a economia, política, cultura, e lembra de uma conversa com o presidente Lula, quando anunciou que ia não somente disputar o governo da Bahia como iria ganhar a eleição. E ganhou. Wagner responde até a perguntas do tipo: vai ser candidato a presidente da República? Uma entrevista sem censura.

 

Não dou a mínima para a greve de fome do bispo

A chantagem da inusitada greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, contra as obras da transposição das águas do rio São Francisco, não está funcionando. O presidente Lula, eleito por mais de 60% dos votos dos brasileiros, não pode se curvar à vontade de um homem só. Não aceito a convocação dos padres da CNBB. Não vou me unir a este ato de fanatismo religioso. Quando estávamos presos por fazer oposição à ditadura militar, fizemos greve de fome contra a tortura, a ameaça à vida de companheiros, à censura dos cárceres que nos queria calar. Fizemos greve de fome, mas estávamos presos, não havia alternativas. Não aceito a banalização de uma forma de luta tão importante. Neste domingo, vou procurar o restaurante mais caro da Bahia, vou convidar meus amigos, filhos e netos, vou dar um banquete. Vou comemorar a posição firme do presidente Lula, mas, antes, vou passar pela Orla Marítima e visitar a Feira da Economia Solidária, organizada com apoio do governo Wagner e do Governo Lula. Não dou a mínima para a greve de fome deste padre fanático.

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