7 de julho de 2007

 

Presidente nacional do PT critica linchamento da mídia contra prefeito de Camaçari

Em entrevista concedida ao site “Portal do PT”, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Ricardo Berzoini, critica o linchamento moral das pessoas com base numa simples investigação. Ele se referia, especificamente, ao caso Luiz Carlos Caetano, prefeito de Camaçari. Preso algemado, a mídia deu manchetes. Provada a inocência a mídia se calou.

LEIA PERGUNTA E RESPOSTA SOBRE O CASO:

PORTAL DO PT - Após ser exposto a críticas e condenações na mídia, o prefeito petista de Camaçari (BA), Luiz Caetano, está fora da lista dos suspeitos da Operação Navalha. Na sua opinião, a imprensa não deveria dar o mesmo tratamento noticioso quando do surgimento da denúncia?

RICARDO BERZOINI - Esta notícia revela, em primeiro lugar, que precisa-se tomar muito cuidado antes de promover o linchamento moral das pessoas publicamente com base numa simples investigação. A nossa Constituição prevê que ninguém é culpado antes de um julgamento, e as pessoas que têm qualquer tipo de investigação, que é natural na democracia, deve ter a sua imagem preservada ao máximo possível.

E eu creio que a imprensa, como em outros casos, prefere divulgar a foto do cidadão algemado, injustamente algemado, e não divulgar quando a própria ministra do STJ exclui Camaçari do inquérito e determina que a Justiça estadual investigue eventuais problemas na prefeitura, que muito provavelmente não ocorreram na gestão do Luiz Caetano.

E mesmo que tivesse ocorrido, não é possível fazer o nexo de responsabilidade imediata com o prefeito se tiver ocorrido algo em escalão inferior que ele possa não ter conhecimento. Mas eu creio que esta notícia mostra que as investigações são importantes.

O Brasil precisa ampliar o combate à corrupção, como tem ampliado no governo Lula, mas é preciso tomar cuidado com a imagem das pessoas, porque nada paga depois o trauma da família, dos amigos ou mesmo dos correligionários do partido.

 

Prefeito de Camaçari prova inocência e cobra tratamento igual da mídia

Praticamente todos os jornais deram manchetes escandalosas sobre a prisão absurda do prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT. Provada sua inocência, praticamente nenhum jornal deu importância à notícia.

Desde que a Polícia Federal deflagrou a Operação Navalha, em 17 de maio deste ano, visando desmantelar uma quadrilha responsável por inúmeras fraudes em licitações de obras públicas, o prefeito de Camaçari (BA), Luiz Carlos Caetano, do PT, vem lutando para demonstrar que a sua prisão não passou de um grande equívoco cometido pela PF e AMPLIFICADO pelos meios de comunicação.

Preso pela operação — apesar de não haver nenhum indício de qualquer envolvimento seu com a Gautama, já que nenhuma obra foi construída em Camaçari pela empresa do chefe do esquema de fraudes, o empreiteiro Zuleido Veras —, ele teve a sua imagem exposta pela mídia e a sua vida pessoal e pública devastada. Mas ele jamais perdeu a esperança de poder provar a sua inocência, o que começou a fazer assim que deixou a PF, através de habeas corpus do STF.

A LUTA JUSTA do prefeito petista da segunda cidade mais importante da Bahia ganhou mais FORÇA ainda com a DECISÃO da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de acatar o parecer do Ministério Público Federal e EXCLUIR do processo principal da Operação Navalha os fatos relativos a Camaçari, principalmente no que se refere ao prefeito Luiz Caetano. A decisão teve por base o fato de nunca ter havido licitação com a participação da Gautama e tampouco contrato entre a prefeitura com a construtora ou qualquer pagamento a ela.

Na decisão, a ministra afirma que "não houve incorporação de verba federal ao patrimônio municipal (...) e que "não houve consumação de dano aos cofres públicos, eis que, embora formalizado o convênio, não se completou sequer o procedimento licitatório para a escolha da empresa que realizaria as obras".

Mas, apesar de ter a seu favor diversas comprovações emitidas por órgãos governamentais e da Justiça, ele reclama da ação da mídia que, ao contrário do estardalhaço promovido quando da sua prisão, praticamente ignorou a decisão do STJ a seu favor.

Em entrevista ao Portal do PT, Luiz Caetano, com confiança na Justiça, defende as ações da Polícia Federal contra o crime organizado e diz que a sua maior ansiedade no momento é poder restituir a verdade e provar, em definitivo, à população de Camaçari, da Bahia e do Brasil, que a sua prisão foi um ato de injustiça.

Leia na íntegra a entrevista do prefeito Luiz Carlos Caetano, de Camaçari (BA).
O blog BAHIA DE FATO desde o início vinha alertando para a absurda prisão.


Como o senhor se sentiu com a decisão da ministra Eliana Calmon do Superior Tribunal de Justiça que excluiu o seu nome do processo principal da Operação Navalha?

Na prática, está se corrigindo uma injustiça que fizeram comigo. Desde o momento em que fui preso, eu disse que não tinha nada a ver com a Gautama e com a Operação Navalha, mesmo porque os fundamentos dessa operação não se aplicavam e não se aplicam a Camaçari. E essa decisão da ministra do STJ me dá um alento, uma perspectiva de poder restituir a verdade para a Bahia e o Brasil.

Daqui para a frente como fica o processo que foi enviado para o Tribunal de Justiça da Bahia? O senhor acredita que o processo será arquivado, diante dos próprios argumentos da ministra sobre a falta de comprovação de qualquer envolvimento da prefeitura de Camaçari com a Gautama?

Eu creio que sim, porque não tem obra, não tem pagamento, não teve licitação feita por nós. A licitação foi feita pelo governo passado, que nós cancelamos. Não teve nenhuma ordem de serviço. Portanto, como diz o próprio despacho da ministra e o parecer do Ministério Público Federal, não tem incorporação de verba federal ao patrimônio do município. Na minha opinião, não tem nenhum sentido dar continuidade a esse processo.

O anúncio da exclusão do seu nome do processo principal não foi divulgado de forma ampla na mídia nacional, como foi o da sua prisão. Como o senhor avalia o papel da mídia nesse episódio?

Realmente, pouquíssimos veículos divulgaram o fato e mesmo assim em rodapés. Isso é uma coisa muito maléfica, muito ruim para a democracia. A mídia, de certa forma, só divulga fatos com a intenção de provocar estardalhaço. Por exemplo, teve uma emissora de televisão que sobrevoou Camaçari para dizer que "a obra" tinha características técnicas equivocadas, errada, mal feitas, sendo que não havia obra nenhuma aqui. O jornal A Tarde, aqui da Bahia, colocou uma foto e divulgou uma matéria dizendo que a União vai investigar a obra em Camaçari, mesmo o jornal já sabendo que não existe obra alguma, conhecendo o parecer da ministra e do Ministério Público Federal. Então, passei um constrangimento muito grande, ficando vários dias preso, tendo a minha imagem exposta na televisão, sendo preso pela Operação Navalha, e consciente de que não tinha nada a ver com aquilo, mas estava incomunicável e não podia dar a minha versão. E aí saiu a notícia da minha prisão em toda a mídia nacional, escrita, radiofônica e televisiva, até o dia 20 (de maio). Agora, depois que a ministra acatou o parecer do Ministério Público, que denunciou o pessoal do Maranhão, denunciou o Zuleido, mas não me denunciou, afirmando que não tem indício nenhum de crime em Camaçari, aí a mídia nacional não noticia nada.

Qual a sua avaliação do trabalho da Polícia Federal neste caso? O senhor já tomou ou pretende tomar alguma medida para reparar os danos sofridos pela sua imagem durante o episódio?

Eu acho que a Polícia Federal deve continuar agindo para coibir o crime. Eu disse em todas as minhas entrevistas que concordo com as ações realizadas pela Polícia Federal, mas acho que ela deve ter o cuidado para evitar os excessos, como os que ocorreram comigo. Não tomei nenhuma medida ainda. Sabe qual é a minha ansiedade agora? É mostrar em definitivo que sou inocente e estamos mostrando isso. Primeiro, houve o habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, depois uma entrevista do ministro Jorge Hage (da Controladoria Geral da União), dizendo que em Camaçari não existia obra feita pela Gautama e que a licitação ganha pela empresa foi feita em 1999, ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso, na gestão do então prefeito Tude (José Eudoro Reis Tude, do PFL), mas que acabou cancelada e a obra não chegou a ser executada. Depois, nós conseguimos uma certidão do Tribunal de Contas da Bahia dizendo que não teve obra aqui em Camaçari, envolvendo a Gautama, durante os dois anos e meio da minha gestão. E agora essa decisão da ministra do STJ e o parecer do Ministério Público Federal. Então, são cinco atos da Justiça e de pessoas ligadas à Justiça reafirmando tudo o que eu dizia desde o início, que não havia cometido nenhuma ilegalidade, nenhum crime.

Durante todo este período em que tem trabalhado para provar a sua inocência, o senhor recebeu o apoio da maioria do povo de Camaçari?

Recebi, sim, um apoio muito grande por parte da população desde que eu retornei. Mas é óbvio que a população quer conhecer a verdade, quer ver a questão totalmente esclarecida. Porque fica uma preocupação na cabeça das pessoas, assim: "Se ele não tem nada a ver, por que então foi preso pela Polícia Federal?" Trata-se do prefeito da cidade economicamente mais importante da Bahia, depois de Salvador, uma grande cidade e um pólo industrial. Mas a mídia não está me ajudando muito, não fala a verdade, não diz para a população de maneira clara que tudo não passou de um equívoco. Ainda mais por eu ser um prefeito do PT, da Bahia, uma cidade do interior, então eles aproveitam para bater no prefeito e bater no partido.

É a primeira vez que o PT governa Camaçari. Qual a avaliação que o senhor faz da sua administração neste período de dois anos e meio de governo? O que o senhor destacaria alguma realização importante do seu governo?

Em dois anos e meio, nós conseguimos fazer por Camaçari mais do que foi feito pelos outros gestores nos últimos oito anos. Nós implantamos aqui, por exemplo, um projeto que está tendo uma grande repercussão em todo o estado da Bahia, que é o "Cidade do Saber". É um mix de educação, cultura, esporte e lazer, que funciona em dois grandes prédios, com um teatro de 600 lugares, vários auditórios para qualificação permanente de professores, várias salas para oficinas, sala de dança, lan houses, bibliotecas, videotecas, sala de contar de histórias e diversos equipamentos para a prática de esportes. Enfim, é um projeto de inclusão social para a busca do conhecimento. Temos já mais de 300 crianças da periferia participando de balé clássico e de outros cursos. É um projeto de grande repercussão, sendo visitado por várias prefeituras e delegações estrangeiras, e que está dentro de um processo de mudanças que a gente tem na educação, saúde e infra-estrutura, além de investimentos na geração de empregos, onde já inserimos mais de dez mil pessoas no mercado de trabalho desde que assumimos a prefeitura. Então é uma gestão que tem se pautado por promover transformações nos vários aspectos de administração do município e que está muito bem avaliada em várias pesquisas de opinião. Temos também boas parcerias governamentais, tanto na esfera federal, dentro das ações previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), como também com o governo estadual, com o companheiro Jaques Wagner, que ainda está no início do seu governo, num processo de planejamento e arrumação da casa, mas já há iniciativas importantes por parte do seu governo.

O PT de Camaçari já está aprofundando as discussões em torno das eleições municipais de 2008? O senhor pretende se candidatar à reeleição?

Bem, isso já vem sendo discutido internamente. Obviamente que o partido defende que eu seja candidato à reeleição e outras forças políticas também defendem. Mas nós estamos em um processo de avaliação e de discussão, para que até o final deste ano possamos definir.

Leia também:
Em entrevista, Berzoini comenta o caso do prefeito de Camaçari.
Geraldo Magela Ferreira, do Portal do PT

 

Direita baiana mente sobre Hospital Aristides Maltez

A oposição, na Assembléia Legislativa da Bahia, vem tentando se aproveitar da crise vivida pelo Hospital Aristides Maltez (HAM), de Salvador, para tentar responsabilizar o Governo do Estado. O deputado Waldenor Pereira (PT) desmascarou a estratégia.

Em plenário, ele informou: o contrato mantido com a instituição especializada no tratamento do câncer é com o município de Salvador e não com o estado. Desde fevereiro de 2006, quando o município de Salvador implantou a gestão plena de saúde, o SUS repassa os recursos através do Fundo Municipal de Saúde.

A dívida reclamada pelo Hospital Aristides Maltez diz respeito a procedimentos realizados em janeiro e fevereiro de 2006, quando o estado mantinha um convênio de R$ 100 mil por mês de ajuda ao hospital, mas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2006 o então governador Paulo Souto (ex-PFL atual DEM) e o seu secretário de Saúde não repassaram ao Hospital Aristides de Maltez os recursos correspondentes. Os deputados soutistas na Assembléia têm uma grande cara-de-pau.

O Governo Wagner já reconheceu dívidas na saúde que somam R$ 125 milhões, e, considerando o que resta a pagar, ultrapassam R$ 200 milhões. Parece que Paulo Souto (DEM) não dava muita importância ao combate ao câncer, especialidade do Hospital Aristides Maltez. Se dava, por que deixou acumular uma dívida tão alta?

 

Santo Amaro está perto de se livrar da herança maldita

Caetano Veloso chegou a cantar que sua Santo Amaro da Purificação iria “mandar os malditos embora”. Demorou. A herança maldita deixada pela Cobrac/Peñarroya – milhares de toneladas de escória de chumbo – será reprocessada pela empresa argentina Bolland, especializada em tratamento de resíduos industriais. Das montanhas de escória a empresa vai reaproveitar os óxidos de ferro, zinco e chumbo para venda ao setor industrial. A Bolland vai investir R$ 20 milhões, gerar 90 empregos e extrair 190 mil toneladas de matérias-primas, em três anos.

Santo Amaro é considerada por organizações ambientais internacionais como a cidade mais poluída por chumbo do mundo. Desde 1960 a metalurgia de chumbo acumulou 500 mil toneladas de escória amontoadas em plena cidade. O minério vinha de Boquira, município do interior da Bahia, transportado em caçambas até Santo Amaro e transformado em lingotes de chumbo.

A indústria funcionou até 1993 quando foi fechada com base nas novas legislações ambientais. O refugo contaminado chegou a servir de reboco para residências, usado para pavimentação urbana e boa parte escorreu para o rio Subaé, indo poluir as águas da Baía de Todos os Santos. Daí Caetano desejar mandar os malditos embora.

É uma vitória do Governo Jaques Wagner (PT).

Segundo informa a Gazeta Mercantil (sexta-feira, 6 e 7 de julho de 2007), todo o processo de escolha da metodologia para o reprocessamento da escória foi coordenado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação (Secti). O CRA já concedeu a licença ambiental.

A Bolland vai tratar a escória a partir da hidrometalurgia, um processo de tecnologia limpa. A escória será misturada com uma solução de ácido clorídrico e água, para que os metais possam ser dissolvidos. É um sistema fechado onde o material circula até ficar saturado.

Desta vez, o refugo que não for reaproveitado será levado para uma unidade de tratamento de resíduos da Cetrel, no Pólo Petroquímico de Camaçari. Do reprocessamento vai sair o óxido de ferro, usado na fabricação de tintas, o óxido de sinco que tem aplicações industriais e o chumbo metálico, usado na indústria de baterias de veículos.

É uma derrota histórica para o carlismo – leia-se ACM, César Borges e Paulo Souto.

Durante décadas parte da população atingida por doenças vinha se mobilizando por uma intervenção do Estado. Santo Amaro já recebeu visita de parlamentares verdes como Fernando Gabeira e do movimento negro, como Luis Alberto (PT).

Há pouco tempo recebeu uma delegação de jornalistas franceses a convite do ministro Gilberto Gil. Os jornalistas foram acompanhados pelo então deputado estadual da Bahia, jornalista e escritor Emiliano José (PT). Um bom clipping está no site do ex-deputado (www.emilianojose.com.br). Acadêmicos da Universidade Federal da Bahia e de universidades paulistas pesquisam há anos a saúde da população atingida.

Pessoalmente, vi slides de um médico local, documentando as dezenas de casos de crianças nascidas sem cérebro. Visitei casas de trabalhadores aposentados e fui levado à sede da Associação das Vítimas da Contaminação por Chumbo, Cádmio, Mercúrio e Outros Elementos Químicos (Avvica), liderada pelo “d. Quixote de La Mancha”, Adailson Pereira Moura.

Também acompanhei os jornalistas franceses na visita a Santo Amaro. Tivemos que arrebentar os cadeados dos portões para entrar na antiga fábrica, com uma liminar judicial e apoio da Polícia Militar.

É uma lástima que o carlismo tenha lavado as mãos. Muitas vidas teriam sido poupadas. Muito metal pesado teria deixado de contaminar as águas da Baía de Todos os Santos. O saturnismo, o câncer, a leucopenia, que acometem antigos trabalhadores poderiam ter feito menos estrago.

Sexta-feira vou subir a Colina Sagrada, à Igreja do Senhor do Bonfim, agradecer a Oxalá pela vitória de Jaques Wagner e pedir mais sabedoria política para a cúpula sindical que diz representar os professores da Bahia.

 

Senador do DEM é vergonha para o Congresso Nacional

O senador Demóstenes Torres, ex-PFL, atual DEM de Goiás, é uma vergonha para o Congresso Nacional. Não deveria estar no Senado, nem mesmo neste cenário de desmoralização parlamentar. Ele acha que agredir pessoalmente o ministro Waldir Pires é fazer oposição. Se fosse comigo dava-lhe uns dois tabefes na cara, mas, Waldir Pires tem compostura.

Na linha do achincalhe, o senador do DEM, relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, ousou chamar o ministro da Defesa de “banana”. Não é uma crítica, é uma agressão pessoal, típica dos desclassificados que ocupam atualmente o Parlamento Brasileiro. Deve ter recebido instruções dos senadores baianos.

Como pode um incompetente chamar alguém de incompetente? Quando um parlamentar é competente e responsável sabe que um ministro de Estado deve sempre preocupar-se com o interesse público e o bem-estar dos cidadãos, mas somente agir de acordo com atribuições e competências que a lei lhe dá, ensina o elegante ministro Waldir Pires, em nota à imprensa.

Acho que Waldir Pires está perdendo seu tempo. Demóstenes Torres não tem inteligência para absorver o ensinamento. Não sabe nem quer saber que aviação civil é competência da Aeronáutica.

Leia a nota na íntegra:

"MINISTERIO DA DEFESA
ASSESSORIA DE IMPRENSA

Nota à Imprensa

Em relação às declarações sobre o papel do Ministério da Defesa na gestão da aviação civil, publicadas hoje (5/7) na imprensa, o Ministério da Defesa esclarece:

- O Ministro da Defesa, Waldir Pires, entende que quando o parlamentar é competente e é responsável, sabe que um Ministro de Estado, como qualquer servidor ou autoridade pública, deve sempre preocupar-se com o interesse público e o bem-estar dos cidadãos, mas somente agir de acordo com as atribuições e competências que a lei lhe dá. Por isso, o Ministro sugere que qualquer crítico tenha o trabalho de ler a Lei Complementar nº 97, de 1999, em especial o parágrafo único do artigo 18, onde estão definidas as atribuições relativas à aviação civil.

Assessoria de Imprensa
Ministério da Defesa"

6 de julho de 2007

 

PCdoB e a ética na política

Estou consternado. O episódio da incompreensível greve de 55 dias dos professores da Bahia me deixou assim. Há professores que estão descobrindo que a APLB/Sindicato não informava direitinho à categoria o que estava acontecendo. No caminho, muitos foram voltando às aulas. A greve passou, mas deixou destroços. Como entender que um pedaço do PCdoB desfilava com o governo levando vaias, e outro pedaço do PCdoB se postava nas calçadas vestido de preto vaiando os “companheiros”?

Descubro agora que até os bancários estão sendo mal informados sobre a greve dos professores. O jornal O Bancário, controlado pelo PCdoB, escreveu que o governador Wagner imprimiu um ritmo acelerado ao desfile do 2 de Julho para fugir das vaias. “Não parou em trecho nenhum”. Como não parou em trecho nenhum? E as paradas para aplaudir as residências bem decoradas? E a parada para ouvir o recital na Casa do Benin? E a parada para entrar na Igreja Rosário dos Pretos?

Não deve ser fácil a vida dos deputados baianos do PCdoB, Álvaro Gomes e Javier Alfaya. Como ser ao mesmo tempo situação e oposição?

5 de julho de 2007

 

Mesma juíza que mandou prender prefeito Caetano, de Camaçari, afirma agora que ele nada tem a ver com Operação Navalha

Atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, a ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal Federal de Justiça (STJ), decidiu EXCLUIR da lista do processo principal da Operação Navalha os fatos ligados a Camaçari, principalmente no que se refere ao prefeito Luiz Carlos Caetano (PT), e resolveu que o caso seja apreciado pelo Tribunal de Justiça da Bahia. Na decisão, a ministra considerou e comprovou o que sempre foi dito, pelo prefeito e pelo Blog Bahia de Fato: que, em Camaçari, nunca houve licitação, ordem de serviço ou qualquer pagamento à empreiteira Gautama. Ela afirmou também que “não houve incorporação de verba federal ao patrimônio municipal”.

Quer dizer que era tudo um engano?

Quem vai se responsabilizar então pela agressiva e absurda prisão do prefeito Luiz Carlos Caetano?

Com exceção do jornal Tribuna da Bahia, que deu manchete de primeira página sobre a reparação da juíza Eliana Calmon, o resto da imprensa noticiou o NOVO FATO como aquelas letrinhas miúdas de contrato lesivo ou nada noticiou.

Que imprensa é essa minha gente!!!

 

NOTA PÚBLICA do Partido dos Trabalhadores sobre a greve dos professores e a traição do PCdoB/APLB

O governo Jaques Wagner, eleito em primeiro turno pelo povo baiano, concedeu em apenas cinco meses um dos três maiores reajustes salariais do Brasil ao servidor público estadual – entre 4,5% e 17,28%. Deu preferência, como seria natural num governo que pretende fazer justiça social, àqueles que ganham menos, aos mais pobres dentre os servidores públicos estaduais.

Fez isso, apesar das evidentes dificuldades, das dívidas herdadas do governo anterior. São cerca de R$ 800 milhões em débitos, organizações falidas e contratos sob suspeita. Era natural a revolta do funcionalismo por anos de abandono e ausência de diálogo. O governo não hesitou em começar a enfrentar o problema: todas as categorias foram chamadas à participação.

Foi criado o Sistema Estadual de Negociação Permanente para discutir de forma coletiva cada problema e procurar a solução. A esmagadora maioria do funcionalismo compreendeu isso. De forma estranha, avessa à pratica de um sindicalismo maduro e contra os princípios democráticos, a APLB Sindicato, representante dos professores da educação básica, abandonou o diálogo e deflagrou greve, antes mesmo de se esgotarem as possibilidades de negociação.

Essa condução da direção da APLB que transforma um Governo popular em adversário constitui grave erro histórico. Dá oportunidade aos mesmos que massacraram os servidores públicos estaduais por 16 anos de posar de vestais da moralidade. Alegar um compromisso com os servidores que nunca tiveram. Foi o governo Wagner que honrou o compromisso de campanha de garantir que ninguém ganharia menos do que o mínimo no salário base, que era o grande escândalo dos governos da oligarquia derrotada nas últimas eleições. Transformar os algozes de ontem em parceiros de hoje é política que ninguém consegue entender.

Este governo foi eleito por uma composição de nove partidos – PT, PMDB, PC do B, PSB, PMN, PTB, PV, PPS e PRB –, e contou com o esforço de amplos setores da sociedade organizada, principalmente dos movimentos populares. A nova gestão escolheu como prioridade Educação, Saúde e Geração de Renda. Rompeu com o autoritarismo, abriu as contas, estabeleceu o diálogo como caminho.

É inadmissível que companheiros que ajudaram a desenhar esse novo cenário político, histórica oportunidade de mudança, agora prefiram aliar-se ao que há de pior na política baiana, voltar-se para o passado, ao invés de compreender e participar da caminhada desse novo tempo.

O direito á greve é inalienável, mas, deve ser a última saída e não utilizada enquanto há diálogo. Existe e sempre houve, da parte do Governo, disposição ao diálogo. O governo fez inúmeras tentativas e propostas para a retomada das negociações.

A direção da APLB não cedeu, manteve-se sempre intransigente. Ignorou, desprezou a idéia de que o direito à educação é essencial e manteve a greve que já dura 45 dias, prejudicando conscientemente milhões de pessoas, estudantes, mães e pais de família. Sabemos o que é a agonia de alunos sem aula, de pais angustiados vendo os filhos perdendo tempo. A decisão de uma parcela de uma categoria não pode sobrepor-se ao interesse legítimo da maioria da população.

Diante disso, o PT, partido que sempre lutou e luta pelos trabalhadores, vem a público apelar aos profissionais da educação na Bahia para que voltem às aulas. Não é justo continuar a penalizar os alunos, a causar sofrimentos a mães e pais de família. O governo está cumprindo o que prometeu e continuará a fazê-lo. Não pode, como é óbvio, fazer tudo de vez, como se pudesse promover a passagem do inferno para o céu num passe de mágica.

O PT continuará a lutar para a melhoria das condições de trabalho e de salário do funcionalismo e dos professores em particular, mas considera, antes de tudo, que o direito à educação é algo sagrado, que não pode ser negado ao povo.


Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores - PT - Bahia

 

História fuzilada - 1

O leitor da revista CartaCapital, Nunes Pereira, de Vitória da Conquista, Bahia, enviou o seguinte texto para a seção de Cartas dos Leitores comentando a matéria sobre o capitão Carlos Lamarca, publicada na edição 450:

“Sempre que posso, leio a revista CartaCapital, que tem feito jornalismo com responsabilidade. Aproveito a oportunidade para parabenizar o jornalista Sérgio Lírio pela excelente matéria sobre Carlos Lamarca. O livro citado no texto, “Lamarca, O Capitão da Guerrilha”, de Emiliano José e Oldack de Miranda, mostra a covardia e o absurdo envolvidos na morte de Lamarca. Historicamente, o guerrilheiro teve as suas razões para tomar atitudes em prol dos menos favorecidos. Isso, para mim, é ato de coragem e de protesto contra tanta impunidade e tortura que se seguiram ao golpe militar em 1964”. (Nunes Pereira, Vitória da Conquista, BA).

 

História fuzilada - 2

O leitor da revista CartaCapital, Paulo César, de Ouro Fino, Minas Gerais, enviou uma carta à revista comentando a matéria sobre Lamarca, publicada na edição 450:

“A indignação tomou conta de mim quanto li nas páginas de Carta Capital qual foi a reação do Estadão, da Folha de S. Paulo e de Veja em relação à justa e merecida indenização ao capitão Lamarca. Não estranho o comportamento dos grandes jornais, pois eles têm no DNA o apego por regimes totalitários. Não à repressão. Parabéns a CartaCapital por não subverter a história”. (Paulo César Araújo da Silva, Ouro Fino, Minas Gerais).

 

História fuzilada - 3

O leitor Márcio Antônio enviou o seguinte comentário à revista CartaCapital a respeito da matéria sobre Carlos Lamarca, publicada na edição 450:

A classificação de Carlos Lamarca como terrorista é esperada por uma mídia que se tenta promover como imparcial, mas que, como os estudiosos da indústria cultural e os filósofos da Escola de Frankfurt explicitam, são entidades econômicas que agem de acordo com seus interesses econômicos, que estão pouco associados a informar imparcialmente e muito associados a selecionar a informação para tentar transformar a opinião em fato.

Lamarca deve ser analisado na conjuntura histórica em que estava inserido, sem idealizações. Ele foi uma resposta à opressão instalada e patrocinada pelos interesses da elite econômica – desde sempre predatória e excludente – com o suporte decisivo da grande mídia na manipulação das emoções e da conservadora classe média brasileira. Tratá-lo como desertor seria o mesmo que acusar de traidor algum eventual soldado que tenha se recusado a cumprir a insana ordem de acender uma câmara de gás para matar judeus. (Márcio Antônio Estrela, Brasília, DF).

 

História fuzilada - 4

A revista CartaCapital fez uma enquete em seu site e 1996 leitores responderam. CartaCapital perguntou: Carlos Lamarca era 1) Um desertor do Exército e um bandido comum. Com essa pergunta 20,29% concordaram. 2) Lamarca era fruto da ditadura e representante da resistência. A essa pergunta 79,71% concordaram. Não só a revista CartaCapital é inteligente, também seus leitores o são.

4 de julho de 2007

 

Liberdade de expressão foi marca das comemorações do 2 de Julho

Liberdade. Essa foi a mensagem das manifestações populares de carinho e protesto durante a primeira parte das comemorações deste 2 de julho, em Salvador. Os festejos tiveram início com o desfile que saiu do Largo da Lapinha, percorreu as ruas do Centro Histórico de Salvador, até chegar à Praça Municipal.

Todo o trajeto foi acompanhado por milhares de baianos que fazem questão de homenagear os heróis da Independência, conscientes de que foi a Bahia que derramou o sangue para tornar o Brasil um País livre do domínio português.

O cortejo, como sempre, foi liderado pelas principais autoridades baianas, a exemplo do governador Jaques Wagner, do prefeito de Salvador, João Henrique, e do presidente da Câmara Municipal, Valdenor Cardoso.

Além deles, outras autoridades, como ministros, deputados federais e estaduais, secretários estaduais e municipais, vereadores, seguiram o carro dos Caboclos, símbolos da resistência, até à Praça Municipal, onde foi encerrada a primeira parte dos festejos do dia da Independência da Bahia.

Para Wagner, a participação popular demonstra o carinho da população baiana com a data, símbolo de cidadania, coragem, liberdade e justiça social. “Este é um 2 de julho diferente, as manifestações de reivindicação são normais e querem dizer que esta é a primeira vez na história da Bahia em que há a total liberdade de expressão”, afirmou. Ele disse que a data é importante não somente para a Bahia, mas para o Brasil, pois, destacou Wagner, a verdadeira independência se deu aqui.

O press release acima, da Assessoria Geral de Comunicação – Agecom, do governo da Bahia, foi muito feliz em destacar o clima de liberdade de expressão que reinou durante o desfile do 2 de Julho.

Caberia apenas uma “pequena” retificação. Não foi um “pequeno” grupo de professores que protestava. Foi gente pra cacete.

Generoso e democrático, o governador Jaques Wagner pode não ter se incomodado e absorvido com naturalidade as vaias.

Mas eu não. Os professores estão em greve há mais de 50 dias. O governo Wagner não completou um semestre. A pequena cúpula sindical manipula a categoria, instala o impasse, prejudica os alunos e deixa de cabelo-em-pé os pais-de-família. É uma insanidade. Querem receber sem trabalhar. Querem um aumento que o Tesouro não tem condições de absorver.

O protesto dos professores me incomodou, e muito. Afinal, é o PCdoB que controla a APLB-Sindicato. Mas, o PCdoB desfilava ao lado de Wagner no 2 de Julho. Que partido político é esse? Deve estar em frangalhos. Não se pode recuperar todo o prejuízo acumulado em anos de arrocho salarial em apenas seis meses. Wagner concedeu aos servidores o maior reajuste em todo o Brasil. Eles sabem, mas estão querendo é criar caso. Desgastam o PT enquanto mamam nas tetas do governo. É típico.

3 de julho de 2007

 

Paulo Souto e ACM Neto vaiados no desfile do Dois de Julho

O pessoal do PFL (DEM) bem que tentou embarcar na querela APLB versus Governo da Bahia. Não deu, enfrentaram - depois de 20 anos - o final da fila do desfile da Independência da Bahia e ainda levaram uma bruta vaia quando chegaram ao Terreiro de Jesus, bem na esquina da Cantina da Lua. A beleza da festa foi embaçada pelas vaias dos professores arrebanhados pelo presidente da APLB, Rui Oliveira, militante do PCdoB. Foi inusitado, o PCdoB da APLB vaiava o PCdoB que desfilava junto ao governador Jaques Wagner.

O Dois de Julho é um desfile cívico, civil e popular, ao contrário do Sete de Setembro que não passa de uma demonstração militarista. Neste ano, a participação popular chamou a atenção, das sacadas moradores e visitantes aplaudiam fanfarras colegiais, grupos de samba, capoeira e autoridades. O Centro Histórico se engalanou para o desfile. Como sempre, políticos participaram da festa. É uma tradição. A imprensa sempre trata a presença dos políticos com certo ranço, um equívoco.

A jornalista do jornal A Tarde escreveu que, em certo pontos, o grupo petista era vaiado “por pessoas que acompanhavam o desfile”. Na verdade, todos foram vaiados pelos professores que entraram em greve e querem receber sem trabalhar. Alguns vaiaram o PT, outros vaiaram o PMDB. Os que desfilavam respondiam as vaias com aplausos, palmas. No tempo do PFL, Paulo Souto, ACM e o resto da malta as vaias eram tratadas com empurrões e ameaças. Wagner suportou bem a armação do PCdoB classista.

O jornal A Tarde registrou bem: Na Praça Thomé de Souza (Praça Municipal), no Centro Histórico, um grupo de pais e estudantes de colégios públicos reclamava da greve dos professores, que dura mais de 50 dias. Com faixas e cartazes, protestaram em frente à sede da Prefeitura. “Nosso direito constitucional está sendo aviltado. Queremos que o impasse entre governo e professores seja resolvido para que as aulas sejam retomadas o mais rápido possível”, afirmou o líder comunitário Domingos Araújo, pai de três jovens que estudam na rede pública de ensino.

O Dois de Julho na Bahia é democrático. Há protestos de todo tipo. A ex-senadora Heloisa Helena, embora sem o brilho de outrora, criticava Lula. O ex-tudo Cristovam Buarque falou as bobagens de sempre sobre educação. Torcedores do Bahia Futebol Clube pediam Diretas Já. O pessoal do Greenpeace distribuía folhetos e até um grupinho fora-do-lugar dizia não à transposição das águas do rio São Francisco.

Participei do desfile, ao lado de Wagner, logo, também fui vaiado pelos professores que querem receber sem trabalhar. É tudo muito estranho. Depois de décadas a esquerda e democratas de verdade chegam ao poder na Bahia e professores abrem dissidência por causa do umbigo. Pararam de trabalhar porque pedem um aumento que não cabe nas contas do governo do Estado. Aquela turma vestida de preto me lembrava mais os fascistas de Mussolini. Sindicato manipulado é perigoso.

1 de julho de 2007

 

CARTA CAPITAL explica porque grande imprensa combate Lula

Fonte:Blog CONVERSA AFIADA, de Paulo Henrique Amorim

A revista Carta Capital desta semana (01/07/07) publica uma reportagem que trata do “estrondoso silêncio” com que a mídia acolheu a pesquisa Doxa (Iuperj) sobre o comportamento da mídia nas eleições presidenciais de 2006.

E já que a mídia não tratou da pesquisa que mostra que Estadão e O Globo são os veículos de comunicação mais anti-Lula Carta Capital publicou quatro opiniões sobre a pesquisa do Doxa: dos cientistas políticos Wanderley Guilherme dos Santos e Marcus Figueiredo, do sociólogo Marcos Coimbra e do antropólogo Otavio Velho.

Marcos Coimbra disse que “a chamada ‘grande imprensa’ sofreu dois tipos de derrota em 2006”. A primeira derrota foi da imprensa de direita, na luta ideológica. A outra derrota foi a sobrevivência de Lula ao chamado escândalo do mensalão.

Para Wanderley Guilherme dos Santos, “Lula jamais será confiável às elites tradicionais brasileiras”.

Marcus Figueiredo disse que “a elite brasileira não agüenta ver um nordestino retirante, metalúrgico, de esquerda, ser presidente e ter o sucesso político que Lula tem”.

Otávio Velho destacou “a prepotência da chamada ‘grande imprensa’ na defesa de interesses de classe”.

LEIA REPORTAGEM DA REVISTA CARTA CAPITAL

Como queríamos demonstrar
por Redação

O ESTRONDOSO SILÊNCIO de sempre acolhe a pesquisa Doxa sobre a atuação da mídia no pleito de 2006. Mas tudo isso coincide com a previsão dos analistas
A imprensa reagiu com o silêncio aos resultados do estudo realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião, o Doxa, sobre o desempenho dos meios de comunicação na campanha das eleições presidenciais de 2006.

Divulgado por CartaCapital (edição 450), o trabalho focalizou, principalmente, os jornais O Globo, do Rio, e os paulistas Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. O resultado da avaliação foi “predominantemente negativo para o presidente/candidato Lula” e, tomados em conjunto, os jornais “dedicam mais espaço positivo para Geraldo Alckmin”.

O silêncio, provocado pela constatação de um anti-lulismo que, pela unanimidade, comprometeu a pluralidade “fundamental para a saúde da democracia”, não surpreendeu os autores do trabalho coordenado pelo professor Marcus Figueiredo. O próprio estudo previa, de uma certa maneira, a reação ao registrar que “há uma certa resistência, da parte dos jornalistas, em admitir a legitimidade da análise da mídia”.

CartaCapital colheu depoimentos sobre o trabalho do Doxa. Abaixo, as análises dos cientistas políticos Wanderley Guilherme dos Santos e Marcus Figueiredo, do sociólogo Marcos Coimbra e do antropólogo Otavio Velho.

WANDERLEY GUILHERME DOS SANTOS:
“A resposta é tão simples que alguns vão achar simplória. Lula jamais será confiável às elites tradicionais brasileiras e nem mesmo às elites modernas beneficiadas, agora, pela política econômica do governo. Pesquisa como essa sempre provocará controvérsias, pela subjetividade de algumas questões. Não importa. Ela coloca elementos sérios, concretos, sobre o comportamento da imprensa brasileira. Por isso, pensando na imprensa como empresa, é o caso de se perguntar: o que ela ganha com o anti-lulismo? Eu me refiro à relação do risco jornalístico com o benefício do negócio”.

MARCUS FIGUEIREDO:
“É difícil demonstrar, mas, pela opção sistemática entre um e outro assunto que vai para a primeira página, algo me diz que a elite brasileira não agüenta ver um nordestino retirante, metalúrgico, de esquerda, ser presidente e ter o sucesso político que Lula tem”.

MARCOS COIMBRA:
“A chamada ‘grande imprensa’ sofreu dois tipos de derrota em 2006. A primeira e mais óbvia foi a da imprensa de direita, como a revista Veja. Perder e ganhar, no entanto, é parte do jogo político que ela faz. Na luta ideológica, ela ganha um dia, na defesa das armas de fogo, e perde outro, com a vitória de Lula. Ossos do ofício. A outra derrota começou em 2005 e muitos a sofreram. Perdeu, por exemplo, quem tinha entendido, na época do dito mensalão, ser o santo combate contra o mal. Com ingenuidade angelical, ruborizada pelo ‘escândalo’, muita gente boa entrou nessa, com sinceridade. Outros sabiam perfeitamente que era conversa fiada, mas usaram os episódios para externar velhas simpatias e antipatias. Para muitos, era apenas competição profissional, saber quem dava o maior furo. Uma coisa puxa a outra e, dali a pouco, qualquer jornalista que se prezasse tinha de ter ‘investigado’ alguma falcatrua do PT. A sobrevivência de Lula tornou-se uma afronta para quem achava que a imprensa havia tido papel exemplar em 2005. Assim, jornalistas e veículos, não necessariamente conservadores, acabaram ficando parecidos”.

OTÁVIO VELHO:
“Creio que o mais importante é constatar mais uma vez, e de forma particularmente bem comprovada, a prepotência da chamada ‘grande imprensa’ na defesa de interesses de classe e de discriminação que se torna especialmente chocante num momento em que tanto se brada contra supostas ameaças à sua liberdade. É urgente partir para uma ampla discussão das condições necessárias para que efetivamente se tenha entre nós uma liberdade de imprensa socialmente responsável, que não reforce e busque legitimar os mecanismos de exclusão já existentes na sociedade. É óbvio que nem todos os jornalistas são prepotentes e irresponsáveis. Creio, portanto, que devem se examinar razões complementares para explicar esse comportamento. Uma hipótese que faço é de que a nossa imprensa (e não só ela) em grande parte opera com uma visão do Brasil e do mundo ultrapassada”.

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