11 de março de 2011

 

Carnaval de Salvador: retrato em negro e branco na ótica de um juiz de Direito

O juiz de Direito Gerivaldo Neiva, titular da Comarca de Conceição do Coité, cidade situada no semiárido baiano, postou em seu blog um artigo intitulado “Carnaval de Salvador: retrato em negro e branco”. O artigo foi postado em fevereiro de 2010, há um ano. Ele voltou a editar o artigo em seu blog. É atualíssimo e descreve o carnaval com mais realismo que o de qualquer reportagem da imprensa. Ele viu contradições, exotismos e bizarrices. Nada mudou.

CARNAVAL DE SALVADOR: RETRATO EM NEGRO E BRANCO

“O carnaval de Salvador é colorido e tem bom aroma quando visto pela TV.

Visto de perto e ao vivo, no entanto, o carnaval de Salvador é um mar de contradição de negros e brancos e não tem um bom aroma, principalmente nos becos e locais mais escuros. Um mistura de suor, cerveja e urina.

Eu posso contar porque vi de perto o carnaval de Salvador.

Vi um cordão de negros, de moças e rapazes, os tais cordeiros, segurando uma corda para proteger moças e rapazes brancos se divertindo em um bloco. Aliás, na maioria dos blocos, os cordeiros eram quase todos negros e os foliões quase todos brancos.

Em outro instante, vi novamente um cordão de cordeiros negros protegendo outros negros se divertindo em outro bloco. Certamente, negros pobres ganhando R$ 28,00 por diária para proteger negros ricos ou menos pobres.

Vi uma cordeira negra não suportar o calor e desmaiar, sendo levada por seguranças para o interior do carro de apoio ao Trio Elétrico.

Em outro instante, sob o mesmo sol, vi uma menina negra da Banda Didá tocando um tambor com toda sua força para homenagear outro negro, o Neguinho do Samba.

Espremida nas calçadas, vi uma multidão de “pipocas”, os sem-blocos, negros e brancos, empurrados e agredidos por cordeiros quase todos negros.

De súbito, vi muitos, muitos soldados, quase todos negros, com capacetes brancos, descendo o cassetete em foliões quase todos negros e sem-blocos.

Vi, também, uma patrulha inteira conduzindo um casal de idosos pelo meio da multidão. Não importa a cor da pele dos idosos, agora importa a ação positiva.

Vi, sobre o Trio Elétrico, músicos percursionistas, quase todos negros, tocando tambores e atabaques com energia sobrenatural.

Vi cantores e cantoras, negros e brancos, cantando axé e pagode. Rimas pobres, poucos acordes e refrões repetidos à exaustão dos ouvidos mais apurados.

Vi homens, brancos e negros, vestidos de mulheres como se tivessem deixado a fantasia no armário.

Vi de tudo e muito mais.

No final, quando não queria ver mais nada, vi homens, mulheres e crianças, quase todos negros, catando latinhas de cerveja pelas ruas.

E vi, perto do monumento ao dois de julho, a data de independência da Bahia, no Campo Grande, um homem negro, de olhos arregalados, catando latinhas de cerveja e, antes de jogá-las em um saco, balançava em busca de algum líquido em seu interior.

Na maioria das vezes, bebia com prazer o resto da cerveja que alguém deixou na latinha, seja resto de branco ou negro, pobre ou rico.

Do alto, em camarotes, agora quase todos brancos, sem cordas e bem protegidos, celebridades e famosos posavam para fotos e se fartavam de boa comida e bebida.

O carnaval de Salvador é assim: um mar de contradição de negro e branco".

Fonte: Gerinaldo Neiva – Juiz de Direito

 

Leia “Lições das multidões árabes” no portal BAHIA TODA HORA

O escritor, jornalista e deputado federal Emiliano José (PT-BA) assina o artigo “As lições das multidões árabes”.

LEIA NO PORTAL BAHIA TODA HORA

 

Aécio Neves quer acabar com o Bolsa-família, entregando o dinheiro na mão de coronéis políticos: um retrocesso absurdo

Em termos de futuro, esta foi a pior proposta surgida até agora. O senador demo-tucano Aécio Neves, numa clara tentativa de ganhar a simpatia eleitoral de prefeitos, defende acabar com o atual formato do vitorioso programa Bolsa Família, restabelecendo uma intermediação com os chefes políticos locais. Um terrível retrocesso.

A proposta de Aécio Neves (PSDB-MG) pode ser “esperta” para quem pretende ser candidato a presidente da República, mas seria um desastre para o Bolsa Família e acarretaria um aumento imensurável de trabalho para a Polícia Federal e para a Controladoria-Geral da União (CGU. Seria uma fonte inesgotável de escândalos por corrupção com as verbas federais repassadas aos coronéis políticos.

Na prática, seria um absurdo retrocesso. O senador demo-tucano está regredindo ao tempo dos coronéis políticos, que submetiam o povo a passar fome, e confundiam, de propósito, direitos do cidadão com favores materiais em troca de voto. Os coronéis pegavam dinheiro público para distribuir cestas básicas, colchões, cadeiras de roda e coisas do gênero, escolhendo a dedo quem receberia, sem regras claras, em troca de votos.

Os desonestos davam sumiço, pelo menos em parte, no dinheiro. Os honestos, ainda assim, não conseguiam fazer chegar a todos que precisavam, nem a tempo de não passarem fome. E ainda criavam uma relação de dependência material em troca de votos, em vez da situação de altivez do cidadão, atualmente, que porta um cartão do Bolsa-família porque tem direito a ele, e não por favor de ninguém.

O sucesso e os bons resultados do Bolsa-família, reconhecidos mundialmente, está justamente em entregar o dinheiro diretamente na mão da cada família (geralmente para a mãe), sem intermediários e sem desvios. Os prefeitos já tem um papel importante nesse processo: fazer e manter o cadastro dos beneficiários que vivem em sua cidade. Ainda assim, os casos de fraudes estão ligadas à inclusão de parentes e vereadores nestas listagens.

Prefeito coerente tem coisas muito mais importantes a fazer, reivindicar na área social e não estragar um programa exemplar. Eles podem providenciar terrenos seguros e bem localizados para a baixa renda no "Minha Casa, Minha Vida", apresentar projetos de saneamento básico, comprar merenda escolar da agricultura familiar, contratar cooperativas de catadores para recolher e reciclar o lixo, em vez de só contratar grandes empreiteiras, fazer projetos de creches, UPA's, escolas técnicas, cidades digitais para banda larga, melhorar aplicação de verbas e salários dos professores na educação municipal, combater desvios e desperdícios no SUS e na educação, etc, etc, etc...

Com informações do blog Os Amigos do Presidente Lula – 8 de março

10 de março de 2011

 

ACM Neto (DEM) na Playboy: “no interior (da Bahia), elas pegam na minha bunda e me dão beliscão”

Em entrevista à revista Playboy de março, o deputado federal ACM Neto (DEM) presta profundo depoimento. No campo pessoal, ele conta que é muito querido pelos gays e perde a compostura: “Não gosto de disputar eleição nenhuma para perder, nem que seja a de político mais sexy do Miss Brasil”.

Sobre as viagens ao interior da Bahia, o deputado revela curiosidades, como a tietagem do público feminino, semelhante ao tratamento dado aos astros da música e sem cerimônia: “No interior, pegam na bunda, dão beliscão”, disse. “Em Capim Grosso tinha duas meninas escondidas no porta-malas do carro. Elas me pegaram por trás e eu gritei: “Peraí!”.

Profundo, muito profundo.

 

Colunistas do PIG fizeram papel de informantes dos EUA

Está tudo no wikileaks. O jornalista Rodrigo Viana, do blog Escrevinhador, descobriu que os jornalistas Merval Pereira (jornal O Globo) e Diogo Mainardi (revista Veja) além de se colocarem abertamente a serviço da campanha eleitoral do candidato derrotado José Serra (PSDB), ao qual tinham acesso privilegiado, também cumpriam um papel nada patriota, pois serviam de correia de transmissão entre o candidato tucano e os EUA. Em outros tempos isso se chamaria de traição nacional.

Os textos do wikileaks revelando a ligação entre os colunistas do PIG, o candidato Serra (PSDB) e o Consulado dos EUA no Rio de Janeiro foram publicados pelos blogueiros Maria Frô e Miguel do Rosário no blog Gonzum. O mais desmoralizante é que os colunistas do PIG induziram a erro os informantes dos EUA com suas previsões equivocadas.

O jornalista Paulo Henrique Amorim, do portal CONVERSA AFIADA cai de pau nos funcionários do PIG. Primeiro eles diziam que Marina Silva iria ser vice do candidato tucano derrotado, depois que Aécio Neves aceitaria ser vice de Serra.

As previsões erradas dos colunistas do PIG desmoralizaram os relatórios dos diplomatas norte-americanos que se reuniam com eles. Ainda há incautos que lêem as colunas desses caras.

 

No site Carta Capital, deputado Emiliano (PT-BA) escreve sobre as “Lições das multidões árabes”

“Quando tínhamos todas as respostas, mudaram as perguntas”, escreveu Eduardo Galeano em seu livro “Palavras Andantes”. Vale tanto para a esquerda quanto para a direita. Não há determinismo histórico e também a história não acabou. As insurreições árabes revelam a vontade política das massas e não apenas o admirável mundo novo das tecnologias.

O que está em jogo nessa movimentação, que não é apenas árabe, é um desejo muito mais profundo de participação dos povos no destino de suas nações e no destino do mundo. Não se queira tolher participações populares. É inútil. Há uma torrente globalizada, de uma sociedade em rede, de pobres que se articulam, de multidões que não se conformam mais em ficar à margem do destino do território onde vivem, em ficar à margem da história.

As multidões se movimentam. No mundo e no Brasil. As lições do Oriente estão quentes. Os que governam, os que estão no Legislativo, no Executivo, no Judiciário não devem perder isso de vista. Não podem se isolar em seus gabinetes. Têm de escutar o clamor das multidões, mesmo quando o barulho não seja tão grande. Escutar a voz das ruas é um conselho sábio, e que vem de tempos imemoriais.

A reforma política, ora em andamento no Congresso Nacional, deveria levar em conta com muito carinho a questão da participação popular, quem sabe aperfeiçoando e radicalizando aspectos da participação direta da população. Cada vez mais, é necessário encarar essa participação como um aspecto essencial da democracia contemporânea.

Ela pode oxigenar a vida democrática, torná-la mais de acordo com os tempos que vivemos, nos quais o protagonismo do povo cresce, o papel das multidões torna-se cada vez mais decisivo. Ignorar isso é pecado mortal. É trabalhar contra a democracia, que não pode ser mais apenas e tão somente o regime de eleições formais, tal e qual nos acostumamos. É preciso dar outros passos. Para assegurar, usemos uma palavra da moda, a sustentabilidade democrática.

LEIA NA ÍNTEGRA EM CARTA CAPITAL

 

Juízes fascistas ameaçam aplicação da Lei Maria da Penha

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) iniciou no 8 de março, Dia Internacional da Mulher, campanha de divulgação da Lei Maria da Penha na TV Justiça, na TV Senado e na TV Câmara. Estão sendo veiculados quatro vídeos, cada um com um minuto, que mostram a situação das mulheres agredidas, bem como a aplicabilidade da lei e a punição aos agressores.

A exibição dos vídeos serve de partida para a preparação, pelo Conselho Nacional de Justiça, da quinta edição da Jornada Maria da Penha, que será realizada no dia 25 de março, em Brasília.

Em entrevista no site da Agência Brasil, a ministra Iriny Lopes, da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, apontou como AMEAÇA REAL às recentes conquistas femininas o questionamento de comarcas e tribunais sobre a constitucionalidade da Lei Maria da Penha.

Um juiz chegou a classificar como “diabólica” a lei Maria da Penda, que prevê punição para a violência praticada contra as mulheres. E ministros de tribunais superiores vem questionando o artigo que protege a vítima de qualquer coação para retirar a denúncia.

Para a ministra Iriny Lopes, está havendo “intolerância e preconceito” diante da lei.

8 de março de 2011

 

Governo Wagner beneficia catadores de latinha durante o Carnaval de Salvador

É emocionante ver no meio da multidão em festa o trabalho dos catadores de latinha. São trabalhadores autônomos organizados em cooperativas de reciclagem trabalhando em boas condições por causa do apoio do Governo Wagner (PT).

A Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) disponibilizou um empréstimo de R$ 105 mil, carência de dois meses, com pagamento em três parcelas. Capitalizadas, as cooperativas deixam de entregar o resultado do trabalho da coleta para comerciantes intermediários e vendem as latinhas e garrafas PET a preços reais de mercado após o Carnaval.

Além do empréstimo da Desenbahia, o Governo Wagner (PT) oferece aos catadores alimentação, fardamento, equipamentos individuais de segurança e água. Além do “kit” de trabalho, composto por calça, camisa, luvas de PVC e protetores auriculares, os catadores recebem assessoria técnica, materiais de consumo e veículos de apoio para deslocamento.

Ao todo, são cinco centrais de apoio no circuito do Carnaval. Na Barra, Ondina, Dois de Julho, Politeama e Ladeira da Montanha. O apoio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE) consiste no fornecimento de 5.294 calças e camisas, 50.000 garrafas de água de 500ml, 2.647 protetores auriculares, 2.647 botas e 2.647 luvas. É a campanha “O trabalho decente preserva o meio ambiente” em pleno Carnaval da Bahia.

Este é o modo petista de governar, que o mais doente reacionário não tem como desqualificar.

 

Erradicar a pobreza é proteger mulheres e crianças, afirma presidenta Dilma

“No Brasil, a pobreza tem cara: ela é muito feminina, está ligada às mulheres. Quanto mais pobre a família, maior a chance de que ela seja chefiada por uma mulher”, afirmou a presidenta da República, Dilma Rousseff, em nota divulgada nesta terça-feira (8), em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Ela reafirma assim que a política de erradicação da pobreza vai se centrar na mulher e na criança.

LEIA A NOTA DA PRESIDENTA

Mensagem da presidenta Dilma Rousseff
por ocasião do Dia Internacional da Mulher


"Meu objetivo fundamental, como Presidenta da República, é a erradicação da pobreza extrema. No Brasil, a pobreza tem cara: ela é muito feminina, está ligada às mulheres. Quanto mais pobre a família, maior a chance de que ela seja chefiada por uma mulher.

Estou convencida de que uma política bem-sucedida de eliminação da miséria deve ser focada na mulher e na criança. Programas como o Minha Casa Minha Vida, o PRONAF Mulher ou o Bolsa Família – que acaba de ser reajustado em até 45,5% e que terá impacto proporcional à quantidade de filhos da família beneficiada – são eficientes porque privilegiam as mulheres.

"No Dia Internacional da Mulher, quero ressaltar que a eliminação da discriminação de gênero e a valorização das mulheres e das meninas são estratégias indispensáveis para alcançarmos êxito em nossa luta contra a pobreza. Com base em iniciativas como a Lei Maria da Penha, temos alcançado progresso no combate à violência contra as mulheres, mas ainda há muito por fazer.

Temos o compromisso sagrado de enfrentar essa questão, intensificando e ampliando as medidas adotadas no governo passado. O Brasil que queremos, e que vamos ter, é um país sem violência. É um país com água, com luz, com saneamento, com educação de qualidade e emprego digno para todos. É um país rico, em que as mulheres e os homens têm as mesmas oportunidades e privilégios, contribuindo juntos para o desenvolvimento e o criando seus filhos com dignidade e com orgulho."

Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil

 

Vereador propõe criação do Museu Anízio Carvalho em Salvador

O site especializado em segurança À Queima Roupa, editado pela jornalista Jaciara Santos, informa que o vereador de Salvador, Alan Sanches (PTN), propôs a criação do Museu Anízio Carvalho, em homenagem ao repórter fotográfico Anízio Circuncisão Carvalho, um dos maiores profissionais do jornalismo fotográfico da história da Bahia.

“Às vésperas de completar 81 anos (nasceu em 23 de fevereiro de 1930), o velho Anízio contabiliza mais de meio século de profissão e possui um acervo que conta a história dos últimos 56 anos de Salvador. São quase 60 anos em imagens, uma relíquia que, em qualquer lugar do mundo, seria cercada de mimos e cuidados, mas que aqui, na terra do axé e do eterno Carnaval, corre o risco de ser destruída pelas intempéries”, registra Jaciara Santos.

Se a Câmara Municipal de Salvador aprovar a proposta vai prestar um grande serviço à memória da não só de Salvador mas da Bahia.

Fonte: Site À Queima Roupa – Jaciara Santos

 

BAHIA DE FATO presta homenagem à mulher brasileira

Em celebração ao Dia Internacional de Luta da Mulher, neste 8 de março, o blog BAHIA DE FATO elegeu três lutadoras. Homenageando as três, homenageamos simbolicamente as mulheres do Brasil.

A primeira é a vereadora Maria Madalena, Leninha, do PT de Valente, que se dedica à luta dos trabalhadores e trabalhadoras do semiárido baiano. Ex-presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (STRAF), ex-dirigente da CUT, FETAG, Escola Sindical CUT Nordeste, fundadora do Movimento Cidadania, do Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Rurais e da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar.

A segunda é a escritora e blogueira Glória Leite, que comanda o blog BRASIL, MOSTRA A TUA CARA lá da Alemanha. Foi o primeiro blog a compartilhar assuntos com o BAHIA DE FATO desde 2006. Glória Leite é autora de vários romances, entre eles “Que Verme”, em português e alemão. Defendeu a campanha da presidenta Dilma Rousseff, desmascarando as trucagens eleitorais de Serra (PSDB) para o internauta brasileiro e alemão.

A terceira é a professora de economia da Universidade Federal de Pernambuco, Tânia Bacelar, que, com sua lucidez, decifra o Nordeste como ninguém. Nas últimas eleições apoiou a campanha da presidenta Dilma Rousseff, prestando demolidores depoimentos contra a elite paulista e até hoje desmonta as fraudes midiáticas do PIG que tenta desqualificar o crescimento do Nordeste. “Eu estudo a economia do Nordeste desde 1960 e nunca vi o Nordeste melhor” declarou, desmentindo reportagem da Rede Globo.

Todas são dignas representantes da Mulher Brasileira.

7 de março de 2011

 

Em São Paulo, o Dia Internacional de Luta das Mulheres será celebrado dia 12

Como este ano a data oficial (8 de março) caiu em pleno Carnaval, o ato de celebração do “Dia Internacional de Luta das Mulheres” foi transferido para o dia 12 de março. A concentração terá início às 9h30 no Centro Informação Mulher, na Praça Roosevelt (R.Consolação, 605). De lá, as mulheres caminharão pelo centro da cidade, encerrando o ato na Praça da Sé.

Entretanto, no próprio dia 8 de março, o bloco “Adeus, Amélia!” levará a mensagem das feministas à população paulista. A concentração terá início às 14h, no final do elevado Presidente Artur da Costa e Silva, o Minhocão (próximo à Avenida Francisco Matarazzo).

Reconhecendo os avanços conquistados pela luta das mulheres e a importância histórica da eleição da primeira mulher para a Presidência da República, as feministas sairão às ruas para dizer que isso apenas não basta para mudar a vida das mulheres.

“Estamos em luta diária contra a violência sexista, pela descriminalização e legalização do aborto, valorização do nosso trabalho, educação de qualidade para todos e solidárias às lutas anti-capitalistas travadas no Brasil e no mundo”, afirmam as quase cem organizações que convocam o ato do dia 12.

As feministas querem chamar a atenção da população para os principais problemas que enfrentam. Entre eles, a tentativa, por parte do STF, de supressão de medidas jurídicas criadas com a Lei Maria da Penha; a falta de investimento por parte do governo estadual na ampliação das delegacias da mulher e casas abrigos; o déficit de vagas em creches e na educação infantil de São Paulo; o crescimento da intolerância e do conservadorismo, com manifestações de violência contra lésbicas, homossexuais e transexuais na cidade; o desrespeito a direitos trabalhistas das mulheres; o descaso do poder público com a reforma urbana e agrária; e a mercantilização do corpo da mulher nos meios de comunicação, entre outros.

Mais informações para a imprensa: Comissão de Comunicação do 8 de Março, com Bia Barbosa (11 8151-0046); Camila Furchi (11 76655537 e 38193876) e Luka Franca (11 8752-2369). Fonte: site Marcha Mundial das Mulheres.

 

Mulheres formam bloco “Adeus, Amélia” para protestar no Carnaval

Militantes de várias organizações, ligadas à Marcha Mundial das Mulheres e à Central Única dos Trabalhadores, prepararam protestos para esta terça-feira de carnaval, 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

A maioria dos atos programados para assinalar a data foi adiada para o dia 12, mas parte da militância vai aproveitar o carnaval para reclamar da desigualdade no trabalho e da violência sofridas pelas mulheres. Em São Paulo, as mulheres se reunirão às 14h de terça-feira (8)no bloco ADEUS AMÉLIA.

Estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sobre a diferença de oportunidades entre homens e mulheres, mostra o Brasil na 80.ª posição em um ranking de 138 países. A mudança desse cenário de desigualdade, dizem os movimentos sociais, passa pela valorização do salário mínimo e pela manutenção da política que reajusta o valor anualmente, já que, mesmo com um tempo maior de estudo, as mulheres formam maioria entre os que ganham o mínimo: uma em cada 10 recebe esse valor, enquanto para os homens a proporção é de um em cada 20, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.

Os movimentos querem ainda maior investimento em creches públicas e educação infantil em tempo integral, visto que a responsabilidade pela criação dos filhos, na esmagadora maioria das vezes, cabe às mães, que precisam deixar o trabalho para cuidar deles. O próprio Ministério da Educação afirma que o número de creches atende somente 11% do total de crianças brasileiras com menos de três anos de idade.

Além disso, a Lei Maria da Penha, apesar de vigorar há cinco anos para coibir a violência, principalmente doméstica, ainda não está consolidada. Em janeiro, a 6ª turma do Superior Tribunal da Justiça decidiu que a lei pode passar a ser ignorada no julgamento de casos de violência doméstica e familiar quando os crimes forem considerados de menor potencial ofensivo, cujas penas são inferiores a um ano de reclusão. Os processos poderão ser suspensos de acordo com o comportamento do réu. Dessa forma, o STJ altera a proibição da suspensão de processos mesmo contra o desejo da vítima de agressão.

AMÉLIA ACHAVA BONITO NÃO TER O QUE COMER. A-CHA-VA, NÃO ACHA MAIS.

 

Mulheres poderão tirar CPF de graça entre os dias 9 e 11 de março

A Caixa Econômica Federal vai oferecer às mulheres, no período de 9 a 11 de março, o serviço de inscrição gratuita no Cadastro de Pessoa Física (CPF), em todas as agências do banco. O intuito da iniciativa é comemorar o Dia Internacional da Mulher (8 de março).

Segundo a Caixa, o objetivo é possibilitar o acesso das mulheres às políticas públicas do governo federal: Programa Fome Zero, Bolsa Família e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), além de facilitar o acesso à inclusão bancária e ao microcrédito.

 

Mulheres fizeram o Bolsa Família dar certo

A presidenta Dilma Roussef fez uma homenagem antecipada ao Dia Internacional da Mulher. Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela comentou o aumento médio de 19,4% no benefício do Programa Bolsa Família e afirmou que sem a participação ativa das mulheres, a iniciativa não seria capaz de reduzir a pobreza no país.

Dilma destacou que dos 13 milhões de benefícios distribuídos anualmente, 93% são destinados a mães de família. “Com esse dinheiro, a mãe de família compra alimentos, compra os produtos de higiene e compra todos os produtos de primeira necessidade, inclusive material escolar. E aí gera renda também para o dono do mercadinho, da lojinha, da farmácia, fazendo então a roda da economia girar, gerando emprego e aumentando a riqueza de todos”, explicou.

De acordo com a presidenta, até o momento, os resultados proporcionados pelo programa na área de sáude incluem a queda da desnutrição infantil. Para ela, esse talvez seja o maior benefício do Bolsa Família. “Imagino como é difícil para uma mãe ouvir um filho pedir comida e não ter para dar”, disse.

Na educação, os avanços incluem o aumento de crianças na escola, já que o abandono escolar é menor entre benefíciários. Manter os filhos na escola é uma das condicionalidades do programa para que a família receba a transferência de renda. (Agência Brasil).

 

Fundação Perseu Abramo divulga pesquisa sobre mulher brasileira

A pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, por meio de seu Núcleo de Opinião Pública, e em parceria com o SESC, apresenta a evolução do pensamento e do papel das mulheres brasileiras na sociedade. Entre os temas abordados no estudo estão: Percepção de Ser Mulher: Feminismo e Machismo; Divisão Sexual do Trabalho e Tempo Livre; Corpo, Mídia e Sexualidade; Saúde Reprodutiva e Aborto; Violência Doméstica e Democracia, Mulher e Política.

A introdução do recorte de gênero é a grande inovação deste estudo que, desta vez, ouviu mulheres e homens sobre a situação da mulher brasileira. Os resultados podem ser comparados aos do estudo realizado pela FPA em 2001. Essa comparação aponta melhorias na situação da mulher, mas também comprova que há um LONGO caminho a percorrer na valorização e na inserção da mulher na sociedade.

PESQUISA NACIONAL

A pesquisa foi realizada em agosto de 2010 e ouviu a opinião de 2.365 mulheres e 1.181 homens, com mais de 15 anos de idade, de 25 unidades da federação, cobrindo as áreas urbanas e rurais de todas as macrorregiões do país. O levantamento envolve a inclusão de 176 municípios na amostra feminina e 104 na masculina. A margem de erro da pesquisa é entre 2 e 4 pontos percentuais para mulheres e entre 3 e 4 pontos para os homens, em ambos o intervalo de confiança é de 95%.

VIOLÊNCIA E ABORTO

Entre os temas abordados, a violência é o que chama mais atenção na comparação com a pesquisa anterior. Com relação à violência doméstica, em 2001, foram 12 modalidades abordadas; em 2010, foram 20. O tema Aborto foi mais aprofundado, entre os dados, estão os motivos que levaram muitas mulheres a terem abortado, como a falta de condições econômicas para ter um (ou mais de um) filho e a falta de uma relação estável e apoio do homem de quem engravidaram.

LIVRO E SEMINÁRIOS

A pesquisa será divulgada por meio de seminários presenciais e da publicação de livro com análises sobre dos resultados. Estão programados 10 seminários a serem realizados em dez capitais, contemplando todas as regiões brasileiras, entre os meses de abril e junho. O livro apresentará um extrato dos resultados e análises de especialistas, seguindo sistemática adotada nas demais pesquisas realizadas pela FPA - Juventude, Racismo, Homofobia e Mulheres. A FPA e o SESC estimam que a publicação seja viabilizada em 2011.

 

Você tem idéia do que significa democratizar a mídia?

O deputado federal Emiliano José (PT-BA) afia a espada para enfrentar a batalha pela democratização da mídia. Indicado pelo PT, ele integra como titular a Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados. Ele sabe do tamanho do problema, tanto que, em seu primeiro pronunciamento sobre o assunto, foi logo avisando: “a luta pela democratização da mídia passa pela participação popular”. Um passo importante será a criação da Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação. Você tem idéia do problemão que significa democratizar a mídia? O Editorial do blog “Fazendo Media” dá uma idéia.

EDITORIAL BLOG FAZENDO MEDIA

Quando quatro corporações (Viacom, Disney, AOL Time-Warner e Rupert Murdoch) concentram 90% da produção de jornais, rádios, televisão, teatro e cinema, fica descaracterizada qualquer possibilidade de democracia nos meios de comunicação.

No Brasil, seis grupos controlam 667 estações de rádio e televisão. A informação produzida por este oligopólio é manipulada e envenenada de acordo com interesses outros que não os da sociedade.

Os veículos de comunicação da grande mídia limitam-se a transmitir as informações de maneira a agradar a elite político-econômica que a controla.

Para isso, distorce fatos, fabrica versões, descontextualiza acontecimentos e omite detalhes. Espalha o conformismo.

Dessa forma, molda percepções e define estilos de vida. Constrói e sustenta os paradigmas que permitem a manutenção do status quo.

Assim, observa-se uma grave distorção de valores. Em lugar da comunicação ética, voltada para o desenvolvimento social, tem-se uma comunicação voltada única e exclusivamente para o lucro, embora muitas vezes dissimulada por campanhas superficiais, que estimulam o mais baixo tipo de caridade – aquela que meramente consola, conforma e humilha, sem nunca questionar a crescente desigualdade social.

Por isso, perdemos a confiança na grande mídia.

O papel dos meios de comunicação deveria ser democratizar o saber, educar, investigar e denunciar a corrupção. Entretanto, hoje em dia está cada vez mais difícil encontrar tais qualidades numa redação – entregue aos desmandos de empresas que insistem em colocar o lucro acima da vida.

Por isso tudo, desenvolveremos nosso trabalho a partir de duas linhas de ação conjuntas:

> Atuar junto aos que absorvem a informação sem qualquer tipo de questionamento, revelando os interesses político-econômicos que levam à publicação de determinadas notícias, sob determinados ângulos;

> Fornecer informações aos leitores que não são encontradas na grande mídia, fazendo uso de pesquisa e de reportagens com recursos próprios.

LEIA NO ORIGINAL

 

Folha reporta revolução econômica de Lula no Nordeste, sem citar Lula

Com o título FOLHA: UM FENÔMENO DO REBOLADO a agência Carta Maior destaca a reportagem da Folha de S. Paulo (domingo,6) sobre a revolução econômica em marcha no Nordeste. Em nenhuma linha a reportagem informa sobre a origem da revolução econômica em curso: os dois governos Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

FOLHA: UM FENÔMENO DO REBOLADO

Neste domingo de Momo (06/03), o jornal da família Frias brindou os leitores com uma detalhada reportagem de duas páginas sobre a revolução econômica em marcha no Nordeste brasileiro, mais especificamente em Pernambuco.

Um ciclo de redenção econômica e social, atesta a matéria, acontece nesse momento na região mais pobre do país puxado por uma "injeção de R$ 46 bilhões em investimentos públicos e privados previstos até 2014... (o conjunto está fazendo de ) "...Pernambuco, a nova locomotiva do Nordeste (e)... tem mudado não só a vida dos 8,7 milhões de pernambucanos, mas sobretudo permitido a volta dos retirantes que um dia caíram no mundo atrás de uma vida melhor (...)", continua a reportagem, que aponta: "No interior, duas obras gigantes (a transposição do rio São Francisco e a construção da Ferrovia Transnordestina) ajudam a desenhar uma nova paisagem na vida do morador do agreste e do sertão..."

Perfeito. Exceto por um detalhe: o diário da família Frias e o ilustre repórter Agnaldo Brito conseguiram documentar uma revolução sem perguntar a sua causa e informar a sua origem. Ao longo de densas duas páginas não se menciona uma única vez o governo Lula, tampouco o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento --
que o candidato do jornal à sucessão de Lula dizia ser uma ficção.

Vê-se, agora, que era na verdade um impulso transformador inédito naquele pedaço do país . Por essas, e tantas outras, Otavinho e Agnaldo levam o estandarte de ouro deste entrudo. No quesito contorcionismo não tem para ninguém, eles rebolam mais que a Mangueira inteirinha.

Fonte: (Carta Maior; Domingo, 06/03/2011)

6 de março de 2011

 

No Carnaval da Bahia, mesmo explorado, o povo se diverte

ARTIGO: CARNAVAL DE SALVADOR - MITO E VERDADE

O carnavalesco Geraldo Galindo, chicleteiro, timbaleiro e dirigente do PCdoB, polemiza sobre o Carnaval de Salvador. Ele discorda do historiador Milton Moura, da UFBA, que não vê mais espontaneidade nas ruas. E cita o diagnóstico sobre o Carnaval escrito pelo jornalista e deputado federal Emiliano José (PT) em artigo publicado no jornal A Tarde e que fala em vários apartheids.


SEGUE O TEXTO:


“Vai compreender que o baiano é, um povo a mais de mil, ele tem deus no seu coração e o diabo no quadril” (Nizan Guanaes)

Antes, durante e depois da maior festa popular do mundo, surgem os debates sobre o que é o evento e como deveria ser. Uma quantidade enorme de artigos é publicada em jornais e na internet trazendo polêmicas opiniões, que no geral, passam uma imagem/ deturpada do que realmente ocorre nos seis dias de folia.

Costumo dizer que se uma pessoa que mora fora da Bahia ler os textos dos sociólogos, antropólogos e jornalistas que circulam em profusão vai chegar à conclusão de que o que aqui acontece seria uma situação absolutamente deprimente, um festival em que o povo só participa para ser humilhado e espezinhado, enquanto uma pequena parcela de endinheirados se diverte com e em tal cenário. Nada mais falso.

Registro antes de prosseguir que, no geral, os acadêmicos que defendem essas teses são pessoas bem intencionadas, generosas. A Revista Muito do dia 27/02 trouxe a seguinte declaração de Milton Moura: "Eu continuo indo, mas a verdade é que não existe mais a espontaneidade, as pessoas não pulam mais. Nem dentro, nem fora do bloco".

Arriscaria eu a convidar o ilustre historiador para uma rápida vistoria no circuito para que ela perceba quão improcedente é a tal afirmação.

O jornalista e deputado Emiliano José, homem íntegro, que comprova que na política tem gente séria e honesta, produziu um belo artigo sobre o carnaval no A Tarde dia 28/02. Concordo com quase tudo que ele disse, especialmente com o que ele chama de "vários apartheids originados na organização do carnaval".

É por aí que polemizo todos os anos com os críticos da festa momesca. Digo, caricaturando, que eles pensam em resolver os problemas do capitalismo no carnaval e isso não é possível. Todas as contradições que existem nesse tipo de sociedade, de exploração do homem pelo homem, aparecem neste momento com bastante nitidez.

E é isso que Emiliano critica duramente. Os ricaços nos camarotes, a classe média nos blocos e os pobres segurando cordas e servindo as bebidas e quitutes. A sociedade onde vivemos é exatamente assim: os ricaços nos condomínios de luxo, e os pobres, moradores da periferia, na segurança e no humilhante serviço doméstico.

No futebol, outra paixão nacional ocorre situação semelhante. A imensa maioria do povo não pode pagar os caríssimos ingressos e dentro dos estádios fica tudo separadinho, cada faixa social ocupando espaços distintos.

O diagnóstico de Emiliano é preciso, mas essa constatação não deve levar necessariamente a conclusão de que temos um modelo de festa em que o povo não seja protagonista. E ele próprio afirma em tom de tristeza: "E lá embaixo (dos camarotes) os pobres pulam, e se divertem, e se envolvem numa alegria extraordinária, apesar de tudo".

Eis aí uma opinião com a qual compartilho e onde reside minha principal divergência com outras análises. O povo, o povo pobre, sofrido, trabalhador, ocupa os espaços aos milhões, e se diverte, se diverte muito. O carnaval de Salvador não se resume ao rega-bofe dos afortunados nos camarotes e nem a meia dúzia de blocos das grandes bandas onde saem os turistas em sua maior parte. Numa festa onde se calcula a presença de dois milhões de seres vivos o percentual desse grupo citado chega a ser irrisório.

No carnaval de 2008 fui criticado por um professor da UFBa com a seguinte argumentação: se dependesse de pessoas como eu, as baleias estariam extintas e a escravidão ainda existiria, numa linha de que eu estaria conformado com o modelo da festa. Longe de mim isso. Mas é curioso o fato de muitos dos que se preocupam com os negros e pobres durante a festa adorar os ambientes refinados dos frenéticos burguesinhos. Digo que é curioso, mas nada contra.

Um dos argumentos mais fortes utilizados, inclusive por Emiliano, para fazer restrições à organização da festa é o caso dos cordeiros, pobres e negros, que seguram as cordas para proteger os brancos ricos (lembro que existem blocos de menos abastados e negros com cordeiros também negros).

Nós, progressistas, devemos lutar incansavelmente contra toda e qualquer forma de exploração do homem pelo homem, e isso não será resolvido no capitalismo e muito menos no carnaval. Então, se os cordeiros existem enquanto profissão temporária, a luta é para que eles tenham as melhores condições de trabalho e salariais.
Ano passado fiz uma experiência de sair como cordeiro na Timbalada e constatei o que já percebia. Aqueles trabalhadores em sua maioria curtem e se esbaldam ao som do trio ( ver artigo “ Um dia de cordeiro na Timbalada http://galinhapulando.blogspot.com/2009/03/um-dia-de-cordeiro-na-timbalada.html)

Os críticos do carnaval soteropolitano concentram suas atenções na situação dramática dos cordeiros, mas é bom lembrar que durante a festa existem outros trabalhadores sendo explorados, em grau igual ou menor. Pensemos nos músicos de percussão que carregam aqueles instrumentos por cinco, seis horas; nos motoristas de trios e carros de apoio, nos garçons, cozinheiras, policiais etc.

Por fim leitor, encerro com uma frase de uma bela música da Banda Mel, que virou hino do carnaval “Eu queria, que essa fantasia fosse eterna, quem sabe um dia a paz vença a guerra e viver será só festejar”.

(*) Geraldo Galindo é chicleteiro e timbaleiro

Fonte: VERMELHO

 

O empresário ACM Júnior (DEM) foi senador sem voto. Isso é lá democracia?

O povo baiano votou no senador ACM. O senador ACM morreu. O suplente que tomou posse foi seu filho ACM Júnior, que virou senador da República sem ter tido um voto na vida. Isso é certo? Suplência de senador é patrimônio privado ou familiar?

Este assunto espinhoso – suplência de senador – deve mobilizar o primeiro debate da reforma política. O assunto será debatido no próximo dia 15 de abril na Comissão de Reforma Política, conforme cronograma aprovado pelos senadores.

O modelo atualmente em vigor tem recebido críticas até de suspeitos senadores. Chega a ser constrangedor o eleitorado votar num senador e depois ver um suplente, quase sempre desconhecido, assumir o lugar daquele que recebeu os votos. Na Legislatura passada o "senador sem voto" chegou a representar 20% do Senado. Atualmente são dez os suplentes que exercem mandato na Casa.

De acordo com a Constituição Federal, cada senador é eleito com dois suplentes, que poderão assumir o mandato quando o titular se afastar para ser ministro, secretário de estado ou de prefeitura de capital, ou chefe de missão diplomática temporária; renunciar para assumir o mandato de presidente, governador, prefeito ou seus respectivos vices. O suplente também assume o mandato nos casos de renúncia, morte ou de cassação do titular. Também é prevista a substituição quando o senador se licenciar por mais de 120 dias.

E se o cargo de senador ficar vago e não houver suplente, a Constituição determina a realização de eleição para preencher o posto se faltarem mais de 15 meses para o término do mandato.

No pior dos casos, o suplente que foi o financiador da campanha assume o mandato. Isso é lá democracia?

 

Revista "Muito" do jornal A Tarde ainda vai virar dissertação de Mestrado

A revista Muito, encartada aos domingos no jornal A Tarde, inevitavelmente vai virar dissertação de Mestrado ou tese de Doutorado. É com certeza o que há de mais contemporâneo e oxigenado em termos editoriais, na forma e no conteúdo. Está anos luz distante do velho jornal. Pela excelência de suas reportagens, consolidou-se junto ao público mais esclarecido que ainda compra jornal. Tem sido recomendada aos alunos por muitos professores de Comunicação. Lembro-me que há pouco tempo (11/2010) foi tema de debate no I Encontro de Comunicação do Vale, realizado no campus da UNEB em Juazeiro.

A revista Muito sempre surpreende seus leitores aos domingos. Guardei um exemplar com reportagem sobre opositores da ditadura militar de 1964, presos durante anos na Penitenciária Lemos Brito, antes de sua demolição, entre eles o hoje deputado federal Emiliano José (PT), o publicitário Carlos Sarno, o economista José Carlos Zanetti e o juiz federal Theodomiro Romeiro dos Santos, único militante condenado à morte pelos psicopatas militares.

Também guardei o exemplar (2010) da entrevista com a antropóloga Débora Diniz, diretora do documentário “Uma história Severina”, que narra a terrível trajetória de uma mulher grávida de um bebê anencéfalo, no Brasil. A antropóloga, que já foi demitida da Universidade Católica de Brasília por defender a causa do aborto, falou do tema pouco antes das eleições de 2010, quando essa grave questão de saúde pública foi achincalhada pela campanha eleitoral irresponsável de José Serra (PSDB).

Quem não se lembra da mulher de Serra, Mônica, bradando pela mídia que Dilma Rousseff era a favor de “matar criancinha?”. Quem não se lembra do silêncio da mídia depois que uma ex-aluna de Mônica Serra divulgou que a professora tinha confidenciado em sala de aula que já havia, ela própria, feito aborto? Hipócrita.

A posição de Débora Diniz sobre o aborto é lúcida. Não é uma questão religiosa ou moral. É uma questão de Direito da mulher e uma grave questão de saúde pública. É matéria de ética privada. As mulheres devem ser protegidas pelo Estado para não abortar e para abortar. Talvez o pior desserviço que a Igreja Católica presta ao Brasil seja carimbar pessoas de “abortistas” e “não abortistas”, uma verdadeira desgraça, comparável à queima de mulheres nas fogueiras da Inquisição. Jornalistas e seus patrões precisam fazer um exame de consciência por estigmatizar mulheres que fizeram, fazem aborto, e silenciam quando estupradas.

Tudo isso que falei foi para chegar à entrevista no exemplar de 27 de fevereiro. O conteúdo mais importante não é a reportagem de capa sobre o “Carnaval, festa de milhões”. O mais importante está na entrevista do médico baiano mastologista Ézio Novais, sobre a evolução do tratamento do câncer de mama que continua sendo a neoplasia que mais mata mulheres no Brasil e no mundo. No Brasil são 50 mil novos casos por ano e que levam 11 mil mulheres à morte. O médico relativiza o autoexame e defende a garantia pelo SUS da mamografia periódica a partir dos 40 anos. O câncer de mama cresce entre mulheres mais jovens. Uma leitura essencial. Também guardei este exemplar.

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