14 de outubro de 2006

 

Revista revela conspiração da imprensa para prejudicar Lula e o PT

Reportagem de capa da revista Carta Capital desta semana revela o submundo da trama armada por um delegado da Polícia Federal, em conluio com alguns dos principais veículos de comunicação do país – entre eles a TV Globo e os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo – para prejudicar o PT e a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às vésperas do primeiro turno.

A revista conta em detalhes como os meios de comunicação omitiram as informações de como o delegado Edmilson Pereira Bruno obteve e repassou, aos próprios jornalistas, as fotos do dinheiro apreendido com duas pessoas ligadas ao PT num hotel de São Paulo. Bruno chegou a confessar sua ação criminosa aos repórteres, afirmando que irá forjar um roubo para justificar o fato de a imprensa estar de posse das imagens.

Embora a confissão tenha sido gravada em áudio, sem que ele soubesse, nenhum veículo a publicou. Alguns – como a Folha e o Estadão – ainda produziram textos procurando inocentá-lo pelo vazamento das fotografias.

Leia abaixo os trechos iniciais da matéria, transcritos pelo site do PT. A reportagem completa está na revista que começou a chegar nesta sexta-feira (13) às bancas;


OS FATOS OCULTOS

A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno

Por Raimundo Rodrigues Pereira

Pode-se começar a contar a história do famoso dossiê que os petistas teriam tentado comprar para incriminar os candidatos do PSDB José Serra e Geraldo Alckmin pela sexta-feira 15 de setembro, diante do prédio da Polícia Federal, em São Paulo. É uma construção pesada, com cerca de dez pavimentos, de cor cinza-escuro e como que decorada com uma espécie de coluna falsa, um revestimento de ladrilho azul brilhante, que vai do pé ao alto do edifício, à direita da grande porta de entrada. Dentro do prédio estão presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, ligados ao Partido dos Trabalhadores e com os quais foi encontrado cerca de 1,7 milhão de reais, em notas de real e dólar, para comprar o tal dossiê. Mas essa notícia é ainda praticamente desconhecida do grande público.

É por volta das 5 da tarde. A essa altura, mais ou menos à frente do prédio, que fica na rua Hugo Dantola, perto da Ponte do Piqueri, na Marginal do rio Tietê, na altura da Lapa de Baixo, estaciona uma perua da Rede Globo. Ela pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra. Com o tempo vão chegando jornalistas de outras empresas: da CBN, da Folha, da TV Bandeirantes. E a presença das equipes de Serra e Alckmin provoca comentários. Que a Rede Globo fosse a primeira a chegar, tudo bem: ela tem uma enorme estrutura com esse objetivo. Mas como o pessoal do marketing político chegou antes? Cada uma das duas equipes tem meia dúzia de pessoas. A de Serra é chefiada por um homem e a de Alckmin, por uma mulher. As duas pertencem à GW, produtora de marketing político. Seus donos foram jornalistas: o G é de Luiz Gonzales, ex-TV Globo, e o W vem de Woile Guimarães, secretário de redação da famosa revista Realidade, do fim dos anos 1960. Entre os jornalistas, logo se sabe que foi Gonzales quem ligou para a Globo, avisando do que se passava na PF. E quem avisou Gonzales? Foi alguém da Polícia Federal? Foi alguém do Ministério Público, de Cuiabá, de onde veio o pedido para a ação da PF? Uma fonte no Ministério da Justiça disse a Carta Capital que as equipes da GW chegaram à PF antes dos presos, que foram detidos no Hotel Ibis Congonhas por volta da 6 da manhã do dia 15 e demoraram a chegar à sede da polícia. Gente da equipe da GW diz que a empresa soube da história através de Cláudio Humberto, o ex-secretário de imprensa do ex-presidente Collor, que tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet e que teria sido o primeiro a anunciar a prisão dos petistas. Pode ser que sim, o que apenas leva à pergunta mais para a frente: quem avisou Cláudio Humberto? Mesmo sem ter a resposta, continuemos a pesquisar nessa mesma direção: a de procurar saber a quem interessava a divulgação da história do dossiê e como essa divulgação foi feita. Para isso, voltemos à região do prédio da PF duas semanas depois.

É 29 de setembro, vésperas da eleição presidencial, por volta das 10h30 da manhã. Sai do prédio da PF na Lapa de Baixo o delegado Edmilson Pereira Bruno,m 43 anos, que estava de plantão no dia 15 e foi o autor da prisão de Valdebran e Gedimar. Ele convida quatro jornalistas para uma conversa: Lílian Cristofoletti, da Folha de S.Paulo, Paulo Baraldi, de O Estado de S.Paulo, Tatiana Farah, do jornal O Globo, e André Guilherme, da rádio Jovem Pan. Bruno quer uma conversa reservada e propõe que ela seja feita a cerca de um quarteirão dali, na Bovinu’s, uma churrascaria. Um dos jornalistas argumenta que ali “só tem policial”. O grupo acaba conversando perto da Faculdade Rio Branco, que não se avista da frente da PF, mas é também ali por perto. Ficam na rua mesmo. O delegado não sabe, mas sua conversa está sendo gravada.

Bruno diz que quer passar para os jornalistas cópia das fotos do dinheiro apreendido com os petistas, que estavam sendo procuradas há muito, por muita gente. Leva um CD com as imagens; 23 fotos; e três CDs em branco para que eles copiem as imagens de modo a que cada um tenha uma cópia. Fala que eles devem dizer “alguém roubou e deu para vocês”, para explicar o aparecimento das fotos. Diz que ele próprio vai dizer coisa parecida a seus chefes na PF, que os jornalista é que roubaram: “Doutor, me furtaram. Sabe como é que é, não dá para confiar em repórter”. Recomenda que as fotos sejam editadas em computador com o programa Photoshop para tirar detalhes, como o nome da empresa na qual as cédulas foram fotografadas,a fim de despistar a origem do material.

Algumas pessoas têm a fita de áudio com a conversa do delegado Bruno com os quatro repórteres. Mais pessoas ainda a ouviram. Uma delas é o repórter Luiz Carlos Azenha, que tornou público vários de seus trechos no seu site pessoal na internet “Vi o mundo, o que nunca você pode ver na tevê” (http://viomundo.globo.com/). Azenha, que é repórter da TV Globo, não quis dar entrevista a Carta Capital. Pediu para que se procurasse a emissora. Para o que mais interessa ao desenrolar da nossa história, dos trechos da fita, deve-se destacar a preocupação de Bruno em fazer com que as fotos chegassem no dia ao Jornal Nacional. “Tem alguém da Globo aí?”, pergunta ele. Um dos quatro responde: “Não é o Tralli? O Tralli está muito visado”, Bruno diz, referindo-se a César Tralli e ao incidente, conhecido de muitos, de esse repórter da TV Globo ter podido acompanhar, praticamente disfarçado de Polícia Federal, a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf.

Mas a preocupação principal de Bruno é a que ele reitera nesse trecho: “Tem de sair hoje à noite na TV. Tem de sair no Jornal Nacional”.

As fotos são divulgadas, como veremos no capítulo seguinte, com imenso destaque, no dia 29, vésperas das eleições, repita-se, no JN. Mas não apenas no JN. Veja-se a Folha de S.Paulo, por exemplo, Lá também a divulgação foi, pelo menos na opinião de alguns, espetacular: “Que primeira página mais linda, a de 30/9. É por isso que eu não consigo me separar da Folha”, escreveu o leitor Euclides Araújo, no dia seguinte. “A glosa, a irreverência, a fina ironia falaram mais alto, mostrando aquela montanha de dinheiro em cima e, embaixo, Lula, sendo abraçado por uma mão morena e cobrindo o rosto, como se fosse um meliante, conduzido ao distrito, tentando esconder a identidade. O que eles querem, o Pravda ou o Granma? Valeu, Folha!”

A Folha publicou, com grande destaque na primeira página, a foto na qual o dinheiro está empilhado de forma que as notas apareçam com a frente voltada para cima, que é a que mais dá a impressão da “montanha de dinheiro” citada pelo admirador do jornal. E não divulgou que as fotos lhe tinham sido passadas por um policial visivelmente emprenhado em fazer com que elas tivessem um uso político claro, de interferir no pleito de 1º de outubro.

A Folha também tinha a fita de áudio, que foi levada por sua repórter. A editora-executiva do jornal, Eleonora de Lucena, não quis responder por que omitiu as informações dessa fita, a nosso ver tão relevantes. Alguns dos quatro repórteres que receberam as fotos do delegado Bruno, ouvidos para esta matéria, disseram em defesa da tese de que o áudio não deveria ser divulgado, com o argumento de que o jornalista deve preservar o sigilo da fonte, com o que concordamos. Mas perguntamos a Eleonora: por que ela não deu a informação de que se tratava de uma intervenção política no processo eleitoral, publicando os trechos da fita de áudio, que tornam isso explícito, mas sem citar o nome da fonte?

O mais curioso, para dizer o mínimo, é que a Folha publica, junto com as fotos do dinheiro, uma matéria (“Imagens foram passadas em sigilo à imprensa”) na qual conta o que o delegado Bruno disse depois, na tarde do mesmo dia 29, ao conjunto de jornalistas, na frente da PF. No texto, assinado pela repórter do jornal que recebeu as fotos de Bruno pela manhã, se diz: “O delegado Bruno disse, ontem, em coletiva à imprensa, q2ue o CD com as fotos havia sido furtado de sua sala, na PF – e que ele estava sendo injustamente acusado de ter repassado o material aos jornalistas”. Pergunta-se: qual é o sentido de publicar uma informação que a jornalista sabia que é evidentemente mentirosa e, no caso, ainda ajudava o policial a tentar enganar a própria imprensa?

O Estado de S.Paulo do dia 30 publica a mesma foto, das notas em posição de sentido. E com um texto, assinado por Fausto Macedo e Paulo Baraldi, ainda mais incrível, também para dizer o mínimo. O texto é praticamente uma diatribe contra o PT e em defesa de José Serra. Diz que a publicação das fotos é a abertura “de um segredo que o governo Lula mantinha a sete chaves”. Diz que o dinheiro vinha de quem “pretendia jogar Serra na lama dos sanguessugas”. É também uma espécie de defesa do delgado Bruno, em favor do qual são ditas algumas mentiras. O texto diz que as fotos foram feitas por “um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin)”, na sexta-feira dia 15 de setembro. E que o delegado Bruno comandou uma perícia nas notas, a serviço da Polícia Federal, na sala da Protege AS, Proteção de Transporte de Valores, em São Paulo. De fato, como se saberia no mesmo dia 30 em que o texto de Macedo e Baraldi sai publicado, as fotos foram feitas pelo próprio delegado Bruno, depois de enganar os peritos que analisavam as notas, dizendo-se autorizado pelo comando da PF. Pela infração, o delegado está sendo investigado por seus pares.

Tanto o Estado como a Folha dividem a primeira página do dia 30 entre a notícia das fotos do dinheiro e uma outra informação espetacular: a da queda do Boeing de passageiros da Gol com 154 pessoas, depois de um choque com o Legacy da Embraer, o jatinho executivo a serviço de empresários americanos. No dia 29, no Jornal Nacional, da Globo, no entanto, não há espaço para mais nada: a tragédia do avião da Gol não entra; o noticiário eleitoral, com destaque para a foto do dinheiro dos petistas, é praticamente o único assunto.

É uma omissão incrível. O Boeing partiu de Manaus às 15h35, hora de Brasília. Deveria ter chegado a Brasília às 18h12. Quando o JN começou, a notícia do desastre já corria o mundo. No site Terra, por exemplo, às 20h10 uma extensa matéria já noticiava que o avião da Gol havia desaparecido nas imediações de São Félix do Araguaia, na floresta amazônica; e a causa apontada era o choque com o avião da Embraer.

Qual a razão da omissão do JN? A emissora levou um furo, como se diz no jargão jornalístico, ou decidiu concentrar seus esforços no que lhe pareceu mais importante?

Qualquer que seja o motivo, o certo é que a questão da divulgação das fotos mobilizou a cúpula do jornalismo da tevê dos Marinho. Como vimos, Bruno fora informado pelos jornalistas que Bocardi, da TV Globo, estava entre os jornalistas diante da PF no dia 29. Bocardi é Rodrigo Bocardi, repórter da TV Globo, que atendeu Carta Capital com muita má vontade. Disse que a matéria acabara sendo apresentada por César Tralli e não por ele; e não quis dar mais informações. De alguma forma, no entanto, tanto a fita de áudio como a conversa de Bruno com os jornalistas quanto ao CD com imagens do dinheiro foram passados à chefia de jornalismo do JN em São Paulo e de lá foram levadas a Ali Kamel, no Rio.

Kamel é uma espécie de guardião da doutrina da fé, o Raztinger da Globo, como dizem ironicamente pessoas da organização dos Marinho, que criticam o excesso de zelo deste que é um editor em última instância de todo o noticiário político da emissora carioca. A crítica lembra o papel do cardeal Joseph Raztinger, atualmente papa Bento XVI, no papado de João Paulo II.

Compreende-se por que a decisão sobre o que fazer com o áudio e com as fotos tivesse de ser tomada pelas mais altas autoridades da emissora. Se divulgasse o conteúdo exato das duas informações, a Globo estaria mostrando que o delegado queria usar a emissora para os claros fins políticos que manifesta e que a emissora tinha feito a sua parte nesse projeto. A saída de Kamel – aparentemente, segundo relato de terceiros, ouvidos por Carta Capital, já que ele mesmo não quis se manifestar – foi a de omitir qualquer referência à existência do áudio: “Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos, não a temos”, teria dito Kamel. A informação complicava a Globo. A informação sumiu.

Mais informações na revista Carta Capital desta semana.

 

A imprensa que aceita mentir

A reportagem de capa da revista Carta Capital desta semana aponta como "a mídia, em especial a Rede Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa (presidencial) ao segundo turno".

São inúmeras perguntas não respondidas sobre a operação, e muitos os fatos relevantes a que a emissora e também os jornais Folha e Estadão tiveram acesso, mas preferiram não levar a seus leitores.Entre elas, a decisão da mídia de acobertar a ação do delegado da PF, Edmilson Pereira Bruno, que reuniu quatro repórteres, às vésperas da eleição, para divulgar as fotos do dinheiro apreendido com os petistas e atribuir o vazamento das imagens a um falso roubo. A conversa foi gravada.

Na ocasião, diz a revista, Bruno ainda fez questão de ressaltar: "Tem de sair hoje à noite na tevê. Tem de sair no Jornal Nacional". Os jornalistas – citados nominalmente na reportagem – levam as imagens às redações, onde as chefias aceitam publicá-las e, mais ainda, corroborar a falsa versão combinada com o delegado, com matérias construídas na pura e completa fantasia.

Afirma a Carta Capital:

"No texto, assinado pela repórter do jornal que recebeu as fotos de Bruno pela manhã, se diz: 'O delegado Bruno disse, ontem, em coletiva à imprensa, que o CD com as fotos havia sido furtado de sua sala, na PF – e que ele estava sendo injustamente acusado de ter repasso o material aos jornalistas.'

Pergunta-se:

Qual é o sentido de publicar uma informação que a jornalista sabia que é evidentemente mentirosa e, no caso, ainda ajudava o policial a tentar enganar a própria imprensa?"

No Estadão, deu-se o mesmo. "O Estado de S.Paulo publica a mesma foto, das notas em posição de sentido. E com um texto, assinado por Fausto Macedo e Paulo Baraldi, ainda mais incrível, também para dizer o mínimo.

O texto é praticamente uma diatribe contra o PT e em defesa de José Serra. (...) É também uma espécie de defesa do delegado Bruno, em favor do qual são ditas algumas mentiras."Há outras questões levantadas pela Carta Capital.

Por exemplo: por que a Rede Globo produziu e editou uma reportagem sobre o empresário Abel Pereira, ligado a Barjas Negri, secretário de Serra no Ministério da Saúde e também ex-titular da pasta, mas optou por não levá-la ao ar? Ou, no primeiro lance dessa operação, no dia 15 de setembro, quem avisou as equipes de tevê da campanha de Alckmin e de Serra, as primeiras, seguidas da perua da Rede Globo, a chegar ao prédio da PF, em São Paulo, onde estavam detidos Valdebran Padilha e Gedimar Passos?

Segundo a revista, Luiz Gonzales, um dos sócios da GW, produtora de marketing político, a serviço da campanha tucana, avisou à Globo. Mas quem avisou a ele? Fontes informaram à Carta Capital que a GW chegou à PF antes mesmo dos presos.

Também sobre o "modus operandi" do procurador Mário Lúcio Avelar, outro personagem questionado na reportagem, a imprensa se faz de morta (se é que não está mesmo).

Certa está Marilena Chauí que, em entrevista recente, declarou-se de prontidão para qualquer ataque bárbaro dos meios de comunicação. "Eu estou de armadura e lança em punho, porque estou esperando todas essas barbaridades".

Fonte: Blog do Zé Dirceuu

13 de outubro de 2006

 

Dois projetos de Brasil estão em disputa

Estão em jogo dois projetos de Brasil, e o de Lula é melhor. Leonardo Boff, escritor e teólogo, publicou este artigo, "O poder e os sem-poder", na IstoÉ desta semana:"A atual campanha para a Presidência se reveste de certa dramaticidade. É mais do que escolher um político para ocupar o centro do poder estatal.

O que está em jogo são dois projetos de Brasil.

Um representa o projeto dos detentores do poder, do ter, do saber e da comunicação. Seus atores ocupam há séculos o espaço público e o Estado. Construíram um Brasil para si, de costas para o povo do qual, no fundo, sentem vergonha, pois o consideram ignorante, atrasado e 'religioso'.

O outro projeto é dos sem-poder, dos destituídos de cidadania e excluídos dos benefícios sociais. Historicamente, resistiram e se rebelaram, mas sempre foram derrotados. Entretanto, conseguiram se organizar e criar um contrapoder com capacidade de disputar o mais alto cargo da Nação.

Geraldo Alckmin representa o projeto das classes dominantes. Na verdade, elas não possuem um projeto-Brasil, pois o consideram ultrapassado. Agora, vigora o projeto-mundo no qual o Brasil deve se inserir mesmo como sócio menor. Seguem as receitas do neoliberalismo que implicam o enfeudamento da política pela economia, aprofundando as desigualdades sociais. Esse projeto foi implantado durante o governo FHC. Se vitorioso, Alckmin o retomará com fervor.

Lula representa o projeto alternativo. Cansado das elites, o povo votou em si mesmo elegendo Lula como presidente. Carismático, tentou, com relativo sucesso, fazer uma transição: de um Estado elitista e neoliberal para um Estado republicano e social.

Para salvar o Titanic que ameaçava afundar, teve que fazer concessões à macroeconomia de viés neoliberal, mas deu, como nenhum governo antes, centralidade ao social com programas que beneficiaram cerca de 40 milhões de pessoas.

Desta opção pelo social pode nascer um outro tipo de Brasil, com uma democracia inclusiva que resgate a dignidade de milhões de excluídos e marginalizados. O significado histórico de reeleger Lula é permitir-lhe acabar esse começo de construção de um outro Brasil possível."

12 de outubro de 2006

 

Marilena Chaui está de armadura em punho

Marilena Chauí: "Estou de armadura e lança em punho"

É preciso ficar atento à cobertura eleitoral da TV Globo, alerta Marilena Chauí em entrevista ao repórter André Cintra, do Portal Vermelho (www.vermelho.org.br), do PCdoB. A filósofa da Universidade de São Paulo (USP) declarou-se especialmente preocupada com o último debate entre os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), que a emissora carioca promove em 27 de outubro.

Marilena, uma das principais apoiadoras de Lula entre os intelectuais, evoca a manipulação da TV Globo nas eleições presidenciais de 1989, e diz temer que o mesmo possa ocorrer agora.

“Eu estou de armadura e lança em punho, porque estou esperando todas essas barbaridades”, afirma.

Ela acredita que os jornais intensificarão, neste segundo turno, a campanha anti-Lula, radicalizando as diferenças entre direita e esquerda. A isso se soma, segundo Marilena, a ação "repressiva e policialesca" do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Leia a entrevista:

Neste segundo turno, a mídia tende a radicalizar ainda mais o discurso anti-Lula e a pregação conservadora?

Eu acho que sim. Tudo se torna mais acirrado, e a distinção esquerda-direita fica mais acirrada também. A mídia ganha os contornos que teve na eleição do Collor. Estou só esperando o momento em que vai haver o debate na Rede Globo - e a Rede Globo vai editar, transmitir uma edição do debate. Vocês eram muito jovens. Vocês não se lembram, vocês não sabem o que foi feito naquela ocasião.

Sabemos, sim (risos). Eu estou de armadura e lança em punho, porque estou esperando todas essas barbaridades.

Esta campanha não lhe pareceu extremamente concentrada na televisão, a ponto de impossibilitar o debate de propostas?

O que eu acho é que, como o TSE passou a exercer uma atitude verdadeiramente repressiva e policialesca, o número de debates se reduziu muito - a discussão de idéias na rua, a presença da eleição no espaço público. No Brasil inteiro, com tanto receio de que houvesse uma repressão por partes dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) e do TSE, houve uma espécie de grande silêncio. Afora a televisão, nada mais acontecia. Penso que, nos próximos dias, essa situação poderá sofrer uma alteração, com a presença de uma militância mais aguerrida nas ruas. Eu fui informada, por dois colegas, das agressões que os petistas estão recebendo.

Aqui em São Paulo?

Aqui em São Paulo, na Avenida Paulista. Uma menina que tinha o adesivo do Lula no carro foi apedrejada. Um rapaz que estava usando um distintivo levou soco na cara e no estômago. Foi assim na eleição do Collor. A gente saía e levava pancada. Riscavam o carro da gente, quebravam a janela, batiam nas portas das casas. Foi uma coisa terrível. Vocês são muito jovens e não sabem como foi. Mas foi assim.

 

Ziraldo vai votar em Lula e explica porque

Jornal O Tempo - Minas Gerais

Ziraldo conta que mineiro é assim: quando um político diz para o outro na Rodoviária que vai para Manhuaçu, é para o outro pensar que ele vai para Manhumirim, mas, na verdade, ele vai é para Manhuaçu mesmo. É como Aécio Neves. Está dizendo para o povo votar em Alckmin, mas é para votar mesmo é em Lula. Minas não popde errar duas vezes. Errou quando criou a figura de FHC e agora não pode errar de novo e votar em Alckmin.

LEIA O ARTIGO DE ZIRALDO

Segundo o Mauro Santayana, que não nasceu em Minas – como o Itamar, que nasceu no mar –, mas é uma instituição mineira, a gente tem que ter muito cuidado com paulista.
É claro que estou tratando a coisa como uma brincadeira, somos todos brasileiros (meus seis netos nasceram em São Paulo, a esposa do meu filho e os maridos de minhas filhas são paulistas e estou muito feliz com essa arrumação).

Como em nossa História, porém, nós, mineiros, andamos de pinimba revolucionária com a paulistada, as lendas correm soltas. Os cariocas diziam que mineiros compravam bondes.
Compravam, sim, confirmam alguns mineiros mais espertos; mas pra vender pra paulistas. Conta-se também que mineiros nunca se importavam de ver seus times sempre perdendo para os times paulistas.

E explicavam: “Futebol nós perde; o que nós num perde é revolução.” Segundo o Mauro, que explica como a frase que vou citar surgiu – história da qual me esqueci –, a rapaziada de Minas mais próxima da fronteira com São Paulo avisa pro resto da mineirada: “Paulista, nem à prazo nem à vista!”

Taí o Fernando Henrique Cardoso que não deixa a mineirada mentir, não é mesmo, Itamar? Bem, depois de ler esta introdução e ver lá em cima o título do artigo, os mineiros que me leêm neste instante e para quem um pingo é letra já perceberam onde quero chegar.

Pra simplificar, antes de entrar em considerações é só lembrar ao meu povo – mineiro, como vocês sabem, chama o povo lá de casa de povo – que nós, o Brasil inteiro, ficamos, a esta altura, entregues a duas possibilidades paulistas: ou entra o Álckmin (cujo sobrenome é um desrespeito a Minas, terra dos alquimíns de Bocaiuva) ou entra o Lula que, no fundo, é um metalúrgico paulista que venceu na vida.

Nunca podemos nos esquecer de que, quando FHC assumiu, o projeto deles era o de ficar 20 anos no poder. Dentro do plano, tiveram a cachimônia (adoro esta palavra!) de inventar o acontecimento mais antiético da história da República brasileira: a reeleição.

Ela foi um sujo golpe às instituições, uma medida que nem os militares da ditadura tiveram a coragem de perpetrar, realizada em causa própria – com o principal beneficiário no poder – e conseguida da maneira mais desonesta de que se tem notícia: comprando, por preço nunca sabido, o voto dos deputados que, sem que a imprensa brasileira se escandalizasse ao nível do que se escandaliza hoje, começavam a desmoralizar mais ainda o nosso tão desmoralizado Congresso. Tudo começou com essa gente. E eles querem voltar ao poder.

“Non pasarán!” – os mineiros têm a obrigação de dizer. A trajetória política do Lula serviu para provar que a alma humana é que atrapalha todos os mais nobres planos de salvação de um povo. A verdade é que ninguém, mas ninguém mesmo, ama o povo. É tudo conversa.

As pessoas se movem em torno do poder e só depois é que descobrem uma causa para justificar sua luta por ele (o poder). Enquanto o ser humano, como indivíduo, mover-se em função do rancor, da carência afetiva e da inveja, não haverá possibilidade de êxito para qualquer causa coletiva.

Mas isso é outra história. O Luis Fernando Veríssimo descobriu a pólvora: Lula é o sertão – vejam sua vitória no Norte e Nordeste; na alma do povo ele é mais de lá do que de São Bernardo
– e o Alckmin é da Daslu.

Delenda Daslu! Não é possível que nós, mineiros – depois de termos cometido o erro que o Itamar cometeu, este de inventar essa deletéria figura do Fernando Henrique – vamos agora eleger o Alckmin.

“Um erro, nós admitimos, dois, não.” – como diria o macaco que não devolveu o troco a mais na primeira compra e exigiu o troco a menos na segunda.

Tenho certeza de que o Aécio está no palanque apoiando o Alckmin por uma questão de lealdade ao seu partido – onde ele me parece um estranho no ninho, mas já que está lá... – e não por convicção.

Ele sabe que Lula tem que ganhar disparado em Minas neste segundo turno para evitar que Alckmin assuma a presidência e mele o projeto nacional de ter o Aécio como presidente do Brasil no próximo pleito.

Então, é isto: o Aécio está falando que é pra gente de Minas votar no Alckmin. Mas, todo mineiro sabe que isto é como aquela velha anedota da rodoviária: “Ocê tá dizendo que vai pra Manhuaçu pra eu achar que ocê vai pra Manhumirim, mas, ocê vai é pra Manhuaçu, mesmo”.

Ou seja, ele tá dizendo pra nós votá no Geraldo, mas é pra nós votá no Lula, mesmo. Para aplacar a consciência dos possíveis eleitores do Lula que não votarão nele com muita alegria, prestem atenção: independente das razões que dei até agora pra nós, mineiros, votarmos no Lula, tenho outras razões mais consistentes.

Todo mundo fala do escândalo da corrupção no governo Lula. É realmente assustador, nunca vimos pessoal mais incompetente, mais desastrado, mais canhestro e – vamos lá – mais desonesto.

Quer dizer, mais desonestos já vimos, sim. É só lembrar que a maioria dos escândalos que são atribuídos a estes melancólicos sindicalistas da tropa do Lula, esses peleguinhos de quinta ordem, sempre foram frequentes em administrações anteriores, só não tiveram tanta visibilidade como têm agora.

Muitos dos escândalos que se creditam à administração Lula começaram no governo anterior, como o escândalo dos sanguessugas – cujo teor de gravidade pode ser medido pelo valor atribuído ao dossiê que o denuncia – e a fabulosa aventura do Marcos Valério.

Agora tudo se denuncia, tudo se apura, ainda que tudo vá ficar por isso mesmo, mas vejam um detalhe: a turminha do Lula, meus amigos, é descartável! Eles são ladrõezinhos de m. dos quais o país pode se livrar com um peteleco. Vai ser fácil ficar livre deles.

O que nós nunca conseguiremos é livrarmo-nos da oligarquia brasileira, dos bornhauses da vida, dos jereissatis, dos ACMs, dos ricos paulistas que já tiveram a coragem de confessar: “Somos todos corruptos!”

É essa gente que herdou as capitanias hereditárias e que está montada no povo desde que os portugueses chegaram aqui. É essa gente que construiu a parte indecente da história do nosso país. É essa gente que fala em ética, mas acha que aceitar voto de qualquer um é correto.

É essa gente farisaica que pensa que é melhor do que o povo do Lula. Mas, não é. Temos que dar mais uma chance a este segmento da sociedade que chegou ao poder com o Lula.

Eles estão sendo minados o tempo todo, mas, pelo menos, são outra gente. Não quero de volta os hipócritas da paulicéia desvairada. Prefiro o messianismo sertanejo do Lula.

11 de outubro de 2006

 

Jornalista da Veja foge da CPi do Cacau pela segunda vez

A revista Veja está fugindo de suas responsabilidades. O jornalista Policarpo Júnior assinou duas matérias na revista Veja sobre a suposta sabotagem contra a cultura do cacau da Bahia. A denúncia gerou uma CPI do Cacau na Assembléia Legislativa da Bahia. Já é a segunda vez que o jornalista não comparece à CPI do Cacau. Sugiro que a CPI do Cacau processe o jornalista e o faça comparecer algemado para prestar depoimento. Afinal, suas denúncias foram muito graves. Os produtores de cacau estão começando a se dar conta da fraude midiática de que foram vítimas.

O jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja, foi o responsável pelas denúncias da suposta sabotagem com a introdução da praga da vassoura-de-bruxa que destruiu a lavoura do cacau. Por que o jornalista está fugindo? Se fosse outro profissional a revista Veja estaria dando manchete escandalosa, se fosse do PT então nem se fala.

Para o vice-presidente da CPI, o deputado estadual Valmir Assunção (PT), é preciso que o jornalista venha depor para que a comissão possa fazer uma apuração correta dos dados. “Estamos reafirmando nossa obrigação com todas as partes envolvidas nesse caso. Essa comissão quer chegar a um resultado. O jornalista tem que depor”.

Todos nós (deputados) fizemos campanha durante a CPI e nem por isso fugimos da nossa obrigação. Queremos ele aqui, nem que seja algemado”, afirmou o deputado sendo aplaudido pelos cacauicultores presentes na sessão.

O deputado estadual Zé Neto (PT) reiterou o comparecimento do repórter. “É preciso que se busquem os encaminhamentos judiciais necessários (pela 3ª vez). Esse terceiro requerimento tem que ser mais robusto. Tem que abordar o compromisso do meio de comunicação e da responsabilidade do jornalista com a sociedade”, disse o deputado.

A próxima reunião da CPI está marcada para a próxima terça-feira (17/10) às 10horas. A comissão espera mais uma vez o jornalista Policárpio Junior e o ex-funcionário da SEPLAC, Antonio Emanuel Gonçalves.

O jornalista Policarpo Júnior e a revista Veja devem comparecer à CPI do Cacau, ou então estarão fortalecendo a tese da farsa midiática (antigamente chamava-se imprensa marrom), o que caracteriza um crime. Terão a revista e o jornalista inventado as duas matérias? Se inventaram, estavam a serviço de quem? Se estavam a serviço de alguém quanto receberam? Quem pagou pelo trabalho sujo? Os deputados da Bahia, que têm responsabilidades junto aos produtores de cacau, precisam convocar a sério os responsáveis da revista Veja pelas reportagens sobre a vassoura-de-bruxa – a praga que dizimou o cacau baiano.

Vitorioso nas urnas, Geraldo Simões, eleito deputado federal do PT, a grande vítima deste crime praticado pela revista Veja e seu jornalista mercenário, deve estar dando muita, mas muita risada!!!

10 de outubro de 2006

 

Analisando o debate...Lula venceu

De posse das repercussões do debate, é válido agora fazermos uma pós-análise do debate, projetando luz dessa vez não apenas na perfomance dos oponentes, mas na maneira como as pessoas reagiram.Essa minha pós-análise é favorável a Lula.

Eu tinha imaginado que a agressividade e a boa dicção de Alckmin, em oposição a uma atitude mais suave de Lula, poderiam reverter em favor do candidato do PSDB.Entretanto, o que se viu foi uma reação bastante negativa aos canhestros ataques de Alckmin, uns óbvios e oportunistas - como no caso do dossiê - e outros apenas inócuos e vazios, como no caso do Aerolula.

Lula respondeu com suavidade, mas respondeu bem. O caso do dossiê apenas prejudicou a candidatura dele, e beneficiou a de Alckmin.

É ponto quase consensual também que Lula foi crescendo no debate. Esse crescer deverá prosseguir nos próximos encontros, com o presidente mais preparado para o que virá.

Alckmin conseguiu seu apogeu logo no início, falando grosso e alto e usando o tema do dossiê, hiper-requentado pela mídia, para debilitar o adversário. Lula é um sujeito bem sensível à questão ética. Está sempre preocupado em não falar leviandades nesse tema, à diferença do adversário, para quem seu governo nunca cometeu e nunca cometerá erros.

A arrogância de Alckmin foi notada por todos. Arrogância, prepotência e grosseria daqueles que estavam acostumados a mandar no país. Lula demonstrou humildade do sertanejo, que sabe falar com modéstia, mas está seguro de sua peixeira pendurada na cintura.

Em certos momentos, soube usar argumentar com muita propriedade, comparando a situação do país em 2002 e a de hoje.Enfim, acho que, em face dessa repercussão, a perfomance de Lula se mostrou convincente, autêntica, humilde e carismática, enquanto a Alckmin desfiou clichês, grosserias e empáfia.

WAGNER INTREPRETA

Jacques Wagner, governador eleito da Bahia, deu uma dica sobre a razão do nervosismo de Lula. É uma coisa que eu também tinha imaginado quando o vi tão tenso. Lula não é frio, não é de gelo, é feito da mesma têmpera de um Getúlio Vargas, que se suicidou em 1954 devido às fortes pressões emocionais que sofreu na mídia. Lula não se mataria, mas continua abatido com os ataques que sofre diariamente.

Mais uma razão para o povo brasileiro vingar Lula e impor uma derrota acachapante a essa direita retrógrada, pedófila, corrupta, hipócrita e genocida.

***
Resolvi rever a entrevista, que está disponível na internet (aqui), e fiquei mais seguro de que Lula foi mais substantivo, respondeu cabalmente todas as questões, mesmo as mais difíceis, e soube apontar, também, muito bem os problemas causados ao país pelo PSDB.

Escrito por Miguel do Rosário Segunda-feira, Outubro 09, 2006
http://oleododiabo.blogspot.com/

 

Mais mentiras. Alckmin é um mentiroso compulsivo.

Alckmin mentiu descaradamente sobre os aviões dos presidentes europeus e do Papa.
Do site http://www.nelsonperez.blogspot.com

Desmentindo o insolente Geraldo Alckmin:

Disse o insolente: "O presidente da Inglaterra (ops) não tem avião, o da França não tem avião, o Papa não tem avião, o Lula tem quatro (ops). Eu quero dizer que vou vender estes aviões e construir cinco hospitais (ops)".

A verdade é que o governo francês faz uso de um grupo de aeronaves para seu transporte, o ETEC (da sigla em francês, Esquadrão de Treino, Transporte e Calibragem).

O esquadrão é composto por seis jatos Falcon 900 D¿Assault para uso em viagens curtas e dois Airbus A319 para viagens mais longas.

Antigamente, os papas costumavam usar um avião especial fretado da Alitalia. Hoje em dia o Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, viaja a bordo de um Airbus A321 da Lufthansa, apelidado de Regensburg, nome da cidade natal do pontífice.

Já os chefes de Estado e membros da família real inglesa usam aviões de um esquadrão das forças armadas (RAF), o Esquadrão 32. Cinco aeronaves BAe 125 CC.3s adaptadas ao uso civil são usadas pelo esquadrão, além de três helicópteros Augusta Westland.

O Brasil nunca fez investimento nessa área. O apelido do avião presidencial era "sucatão".
(Ops) :
1- A Inglaterra não tem presidente
2- Lula poderá levar para casa ao fim do mandato seus aviões?
3 - Uma autêntica bravata. O alquimista mal-educado e boquirroto limitou-se a macaquear o comportamento do imprensalão e a vociferar agressões contra o Presidente Lula e o PT.

Desrespeitou o Presidente da República, demonstrando com seu tratamento ao adversário que não possui o mínimo de compostura para o cargo que pretende de mandatário do país. Isso foi notado e comentado pelo radialista da BAND. Além de mentir descaradamente e omitir-se nos fatos comprovados de corrupção em seu governo, falou bobagens como esta que foi citada no blog "bué de bocas".

9 de outubro de 2006

 

Alckmin mentiu sobre existência de escolas de lata

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, mentiu neste domingo, no debate da Bandeirantes ao afirmar que não existem mais escolas de lata no Estado. A própria secretaria Estadual da Educação afirmou em março que ainda existem 76 escolas do tipo.

Segundo a Folha de S.Paulo de 30 de março de 2006, as 76 escolas estão espalhadas pela Grande São Paulo e pelo interior, mas a maioria se encontra na capital. São 40 na cidade, 19 na região metropolitana e 17 no interior.

Acabar com as escolas de lata no Estado era uma das promessas de campanha de Geraldo Alckmin na última eleição.Para fingir que não mais existem escolas de lata, Alckmin e sua equipe afirmam que as escolas ainda existentes são construídas no “padrão Nakamura”, negando que sejam escolas de latinha, ainda que o latão seja o principal material usado nessas obras.

Somente na Zona Sul da capital paulista e em Guarulhos (Grande SP), existem pelo menos 27 escolas de lata, de acordo com uma lista fornecida pela Apeoesp (Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo) à reportagem de Linha Direta, publicação do PT-SP.

As escolas feitas de lata causam malefícios diários aos seus alunos. Excesso de calor ou de frio, dependendo do clima, e barulho que não permite aos alunos assistirem direito às aulas são somente alguns dos problemas enfrentados.

A reportagem de Linha Direta esteve e, agosto no bairro Recreio São Jorge, em Guarulhos, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Bom Pastor, toda feita de latão, no melhor “padrão Nakamura”.

Muitos alunos passam mal com o calor e não conseguem estudar direito.A estudante Thainá (foto abaixo), de 10 anos, diz que é “muito quente” sua escola e que quem sente mais calor são as crianças do andar de cima. Nos dias frios, “de manhã, a gente tem que vir com duas blusas”, reclama a menina.

“E a gente tem que brincar de pega-pega no recreio para poder esquentar”, conta. Em todo o Estado, são 215 as escolas do tipo, causando transtornos a pelo menos 172 mil estudantes A mãe de Thainá, Luzia da Costa, diz que se queixou à direção da escola. “Ninguém resolve nada”, lamenta. “Eles prometeram mudar a escola, mas até agora nada aconteceu”, diz.“Já fiquei com dor de cabeça um monte de vezes”, conta Bruna, 14 anos, que cursa a 8ª série. “Aí eu desço para a diretoria, no térreo, e fico sentada, esperando passar”, diz. “Outro dia meu irmão começou a vomitar por causa do calor e teve que ir para casa”, conta Jéssica, 10 anos, aluna da 4ª série.

A precariedade das escolas de lata faz com que os estudantes fiquem até mesmo sem aulas quando chove. A explicação é simples. Como o barulho da chuva é muito forte, o professor tem que escolher se grita ou espera a chuva passar. Outras vezes, são os próprios alunos que não suportam a temperatura e vão embora para casa, o que é mais freqüente à tarde, quando o calor muitas vezes é mais intenso. Interrupções menores, nas classes do piso térreo, também ocorrem. “A gente escuta quando alguém caminha em cima”, diz Ana Paula, do terceiro ano do ensino médio. “A criançada sabe disso e bate o pé para fazer bagunça”, conta.

Taxa de aprovação

A política do governo tucano na área da educação pode ser sentida na taxa de aprovação do ensino médio de São Paulo. A taxa tem queda quase contínua desde 1997 e caiu sucessivamente nos últimos 3 anos.

Em 1997, 83,6% dos estudantes do ensino médio obtiveram aprovação. O valor foi diminui do, com alguma oscilação, até 2003, quando atingiu 78,97%. No ano seguinte, a taxa foi para 78,3% e, em 2005, atingiu 77,4%.

Outros resultados depõem contra o governo Alckmin. Dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) para São Paulo demonstram que o aprendizado oferecido em 1995 no Estado, embora crítico, era melhor que o apresentado no ano de 2003. Na avaliação do último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), dentre os Estados da federação, São Paulo ficou em nono lugar.
Do Portal do PT-SP (www.pt-sp.org.br)

 

Lula vence com propostas o debate da Band

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o grande vencedor do debate promovido ontem à noite pela TV Bandeirantes, diante do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Esta é a avaliação da campanha de Lula à reeleição.

O presidente não fugiu de nenhum tema, falou sobre os avanços que o país conquistou nos últimos anos e o que pretende fazer para ampliar o ritmo de crescimento nos próximos quatro anos.

Já Alckmin não apresentou propostas para o país, não explicou porque barrou 69 CPIs na Assembléia Legislativa de São Paulo e não respondeu o que o governo paulista fez para impedir a ação da organização criminosa PCC.

A sua única intenção, evidente para quem assistiu ao debate, foi ofender e agredir o presidente.Lula lembrou que, ao contrário do que acontecia no passado,hoje se apura e se investiga tudo, “doa a quem doer”. O presidente também apontou outras diferenças entre o seu governo e o de tucanos.

Entre elas, a geração de empregos (mais de 7 milhões em quatro anos, contra apenas 1 milhão em oito anos de FHC), a redução da desigualdade social, o fim do apagão, o controle da inflação e o aumento do poder de compra da população.

No final, Lula lembrou que os tucanos privatizaram dezenas de empresas, vendendo um patrimônio que era de todos os brasileiros apenas para cobrir dívidas de governo. E desafiou Alckmin a reconhecer que, nesses quatro anos, a vida do brasileiro melhorou.

Alckmin fugiu do assunto, porque sabe: não há como negar que, com Lula, o Brasil avançou no campo social e econômico.“Para quem assistiu, ficou a certeza: é Lula de novo com a força do povo”, conclui a avaliação.

 

Alckmin se comportou como delegado de porta de cadeia...

ANDREZA MATAIS da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva --candidato do PT à reeleição-- disse nesta segunda-feira que ontem foi o dia mais triste da sua vida política, em referência ao debate com o seu adversário no segundo turno, o tucano Geraldo Alckmin, promovido pela TV Bandeirantes.

Lula disse que Alckmin, a quem chamou de "cidadão do samba de uma nota só", se comportou como um "delegado de porta de cadeia" e destacou que este foi o pior nível de debate que participou em sua vida política, indicando que Alckmin não tem qualificação para enfrentá-lo.

"Eu já debati com Ulisses Guimarães, [Leonel] Brizola, Mário Covas, Aureliano Chaves, Afif Domingos, [Fernando] Collor, Ciro Gomes, [Anthony] Garotinho, com o Jânio Quadros e o Franco Montoro. Tinha um nível político assimilado no debate. Ontem, eu pensei que não estava na frente de um candidato, eu pensei que estava na frente de um delegado de porta de cadeia. Confesso a vocês que foi triste para mim e para a minha mulher", afirmou Lula.

ARROGÂNCIA

Lula disse que seu adversário se comportou como "arrogante, pedante, que fala com o nariz em pé, como se tivesse mais autoridade que os outros". "Espero que tenha muito mais debate para que a gente possa evoluir", rogou.

O presidente, que hoje recebeu no Palácio da Alvorada o apoio de cantores gospel, entre eles Mara Maravilha e Wanderley Cardoso, disse que esperava um debate de idéias no debate de ontem. "O povo não quer um candidato xingando o outro, quer saber o que será feito para melhorar sua vida", disse o presidente.

PUNIÇÕES

O presidente respondeu as críticas dos tucanos e pefelistas de que ele não tomou atitudes contra os envolvidos no seu governo em irregularidades. "O presidente da República não pune, ele exonera, quem tem que punir é a Justiça", disse. Lula comparou Alckmin a uma "velha sanfona quebrada que só faz o mesmo som", ao referir-se à insistência do tucano no debate em temas de corrupção.

ELITE

O presidente acusou Alckmin de ser o candidato das elites e se comparou aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, que, segundo Lula, foram perseguidos porque trabalharam para os mais pobres. "Ontem, vocês viram um pouco da elite política. Ela é implacável. Não se meta em fazer coisas para os pobres que você vai pagar o preço", disse."Para eles, pobre tem que ser coadjuvante, tem que bater palma. Nós colocamos pobre no palanque", acrescentou.Lula disse que seu adversário não tem programa para o país e que, por isso, "pegou tudo o que é matéria de jornal e tentou transformar no programa dele".

 

Equilíbrio do debate favoreceu Lula

Por Adalberto Monteiro*

Lula versus Alckmin. Não há como escapar à metáfora do boxe. Quem venceu? Quem perdeu? Não houve um grande vencedor, não houve "nocaute" e, ao conquistar um resultado equilibrado, Lula sai com vantagem desse debate. Por quê?

Porque Alckmin subiu ao "ringue" com a obrigação maior do que seu adversário: tinha de conquistar uma grande vitória para começar a quebrar o favoritismo de Lula. Afinal, Alckmin começou mal o segundo turno, haja vista os conflitos na sua base de apoio e a pesquisa do Datafolha confirmando que Lula continua à sua frente, com mais de 7 milhões de votos.

A responsabilidade de Lula não era menor. A vitória no primeiro turno escapou-lhe das mãos pela intensa exploração e manipulação por parte da midia e da oposição acerca da irresponsabilidade dos "aloprados" e, segundo, alguns, pela sua ausência no último debate televisivo.

Todavia, estando em vantagem, e em se tratando do primeiro debate, um desempenho de razoável para bom seria o bastante para Lula. Era preciso tomar cuidado para não cometer nenhum grave deslize e, ao mesmo tempo, começar também a "sangrar" Alckmin.

Foi um debate "quente". Alckmin, com a derrota mordendo-lhe os calcanhares, partiu para o "tudo ou nada". Tática de quem não tem nada a perder. Do primeiro ao último bloco, atacou com o tema que julga a ser sua única esperança a esta altura: a ética. "Qual a origem do dinheiro sujo para a compra do dossiê?" Essa pergunta foi repetida por ele talvez uma dúzia de vezes.

Lula procurou enfrentar frontalmente a questão, afirmando que a Polícia Federal, que no seu governo atua com liberdade, vai esclarecer cabalmente o episódio do dossiê.

Ao tentar sufocar Lula com o tema da corrupção, a um só tempo Alckmin pretendia desmoralizar o presidente e impedir com esse assunto único a polêmica sobre o ponto que é o calcanhar-de-Aquiles da campanha tucana: programa de governo e comparação entre as realizações do governo Lula e do governo FHC. Mas o tucano não conseguiu esse intento.

Orientado pelos seus marqueteiros, no primeiro e segundo blocos Alckmin buscou impor uma tática agressiva para minar a "autoridade moral" e política de Lula. Sentindo o golpe, o presidente reagiu a tempo, usando sua estatura política.

Em tom de advertência, aconselhou o tucano "a não ir com tanta sede ao pote" e disse a Alckmin em tom imperativo: "Não seja leviano". Partindo para ofensiva, perguntou: "Por que vocês não trouxeram o Fernando Henrique (ao auditório)? Vocês estão com vergonha dele?". Essa atitude firme de Lula conteve a agressividade do tucano, e o debate adquiriu outra dinâmica.

O candidato tucano disparou todo seu arsenal. Usou toda munição disponível. E Lula se defendeu com a qualidade suficiente para neutralizar o bombardeio recebido e desferiu ataques que começaram a descontruir a imagem falsa de um Alckmin "imaculado". Lula denunciou a 69 CPIs arquivadas em São Paulo, esclareceu que as máfias dos sanguessugas e dos vampiros nasceram na gestão tucana. Disse que na República a novidade não é ministro envolvido em atos ilícitos; a novidade é que, no governo dele, ministros envolvidos em irregularidades são afastados de suas funções e investigados pela Polícia Federal.

Do ponto de vista político e programático, Lula conseguiu colocar alguns importantes golpes contra o tucano: "vocês só sabem privatizar e aumentar impostos". Por isso, a Petrobras corre risco, sim. Desmoralizou o mito da competência dos tucanos, ao sublinhar o apagão da segurança pública e da energia elétrica. Mesmo contra a vontade do seu concorrente, mostrou o quanto o seu governo foi melhor na esfera da educação, da saúde, do emprego e da economia.

Se Alckmin ambicionava reverter a desvantagem que ameaça derrotá-lo, não conseguiu. Lula, por sua vez, preservou nesse confronto suas reais chances de vitórias. Mas o segundo turno está apenas começando.

* Adalberto Monteiro é secretário de Formação e Propaganda do PCdoB

http://www.vermelho.org.br/

 

Agressividade artificial fará Alckmin perder votos

Jacques Wagner: agressividade artificial fará Alckmin perder votos

O governador eleito da Bahia e um dos coordenadores da campanha de Lula, Jaques Wagner, elogiou o desempenho do presidente Lula no debate da TV Bandeirantes e avaliou que a “agressividade artificial” e a insistência no tema da corrupção farão o presidenciável do PSDB perder votos.

Na opinião de Jaques Wagner, o debate de ontem da TV Bandeirantes agradou a Lula e seus estrategistas. “Voltei no avião com Lula para Brasília e o presidente está muito satisfeito e disposto para outros debates. Mas ele teve uma decepção”, afirmou Wagner, para em seguida ressaltar que Geraldo Alckmin surpreendeu Lula com o tom artificialmente agressivo e com o que chamou de “pegadinhas do Faustão” para tentar acuar o presidente.

''Ele (Lula) sempre teve a expectativa de um debate esclarecedor, mas, infelizmente, Alckmin só queria perguntar onde está o dinheiro'', acrescentou, referindo-se à insistente questão do tucano sobre a origem do equivalente a 1,7 milhão em reais e dólares apreendidos com petistas presos tentando comprar o dossiê dos sanguessugas.

''Nós achávamos que Alckmin viria com alguma argumentação consistente. Mas tudo que ele tinha eram pegadinhas, pegadinhas do Faustão'', prosseguiu Wagner, criticando as perguntas de Alckmin sobre o Aerolula (novo avião presidencial) e os gastos do governo com viagens e diárias de funcionários.

''Francamente, acho que o Alckmin perdeu votos na classe média, com sua agressividade encomendada. É muito difícil achar que é coisa séria o que ele falou de Aerolula e das viagens do presidente'', acrescentou. ''Aquilo não e sério, é ma visão pequena.''

De acordo com o governador eleito, o presidente Lula comentou a estratégia do adversário durante o vôo de São Paulo para Brasília depois do debate. ''Já entendi, a única coisa que eles querem é isso, então vamos ter de nos preparar para isso'', disse Lula, segundo relato do ex-ministro.

Para Wagner, Alckmin não contará mais com o ''elemento surpresa'' nos próximos debates, depois de admitir que as primeiras perguntas do tucano, sobre corrupção, podem ter irritado Lula.

''O presidente está apanhando há um ano e tanto (...) é natural que na primeira e na segunda resposta essa carga de emoção estivesse presente'', comentou o ex-ministro. ''Depois ele conseguiu retomar e não caiu no jogo, especialmente no segundo e no terceiro blocos''.

Wagner afirmou ainda que Lula quer participar de novos debates ''para aprofundar o contraste entre o seu projeto e o governo passado, que representa o atraso''.

Jaques Wagner fez questão de desmentir idéias transmitidas ontem por Geraldo Alckmin, como a de que o governo federal não colocou “nenhum tostão” nas obras do Rodoanel de São Paulo e a acusação de que Lula loteou cargos de comissão entre petistas: “O governo federal está impedido pelo Tribunal de Contas da União porque há uma investigação sobre a primeira parte do Rodoanel. E o número de cargos de comissão é o mesmo do governo Fernando Henrique Cardoso”.

Questionado sobre porque Lula não citou tais argumentos no debate, Jaques Wagner disse que nem sempre é possível ter todos os dados à mão, e que nos próximos debates os tucanos não ficarão sem respostas.

O governador eleito disse que Lula não mudará a estratégia de procurar debater projetos em vez de partir para a agressão, e voltou a minimizar os impactos das acusações. “Se eles escolherem o caminho da agressão, prevejo que teremos vantagem maior no 2º turno. O povo não se ilude mais com esse tipo de coisa. Há um ano eles batem nessa tecla”, repetiu.

Depois, o petista acrescentou que “o PSDB não é uma escola de idoneidade moral”, e que o PFL, partido saudosista da ditadura militar, se fortalecerá num eventual governo Alckmin. Apesar da ênfase no tom propositivo, Wagner deu a entender que Lula continuará usando o argumento do viés privatista dos governos tucanos. Wagner insistiu que a intenção de Fernando Henrique Cardoso era privatizar a Petrobrás: ''Tudo o que foi feito na Petrobrás durante a gestão FHC, foi para preparar para a privatização. Impediam, por exemplo, a prospecção de novos campos. Isso é como assassinar a empresa. Sei do que estou falando, eu sou dessa área''.

Fonte: Último Segundo

 

Governador eleito, Wagner, recomeça campanha de Lula pelo interior da Bahia

O governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), recomeça a caminhada pelo interior do Estado nesta sexta-feira. 13, reunindo-se com prefeitos do Extremo-sul que manifestam apoio à reeleição do presidente Lula. Às 9h da manhã, reúne-se com prefeitos e às 10h sai em carreata com as forças coligadas e os novos apoiadores. Neste mesmo dia, às 13h reúne-se com prefeitos da região Sul, em Ilhéus, e às 15h em Itabuna, saindo a partir de 16 horas em carreata.

A campanha prossegue no sábado, 14, com reunião semelhante com prefeitos do Sudoeste, às 9h da manhã, seguida de carreata, em Vitória da Conquista e às 14h em Jequié. Dia 15, domingo, o governador eleito se locomove para Itaberaba onde, às 9h, se reúne com prefeitos da região, saindo às 11h em carreata pela cidade. Ninguém segura Wagner e o PT. Os militantes do PT e da coligação no interior baiano estão sendo bastante elogiados porque estão, eles próprios, trabalhando pela ampliação dos apoios de prefeitos, muitos deles adversários locais. É a união da Bahia pela reeleição de Lula.

 

No debate, Lula desmascarou o tucano

20h33min - PRIMEIRO BLOCO

A primeira pergunta de Ricardo Boechat, mediador do debate é:

- O senhor concorda em fazer cortes no orçamento, em especial na Previdência, para fazer o Brasil crescer?Alckmin, partindo para o ataque e mostrando-se grosseiro:

– Eu vou cortar gastos, sim, mas não na Previdência Social. Vou cortar gastos na ineficiência, vou cortar gastos nos comissionados, nos companheiros de partido.

Lula responde à altura e dá o troco:

– A impressão que tenho é que o meu adversário decora alguns chavões para participar de debates. A única coisa que sabem fazer é cortar gastos onde não se deve cortar, no salário dos trabalhadores. Parece-me que o governador não estava no Brasil em 2003. Se estivesse, começaria esse debate me agradecendo.

Alckmin, ainda grosseiro, pergunta a Lula:

- De onde veio o dinheiro sujo, R$ 1,7 milhão para comprar um dossiê fajuto?

Lula enfatiza a autoria tucana no caso do dossiê e responde:

- Eu quero saber mais: quem foi que arquitetou esse plano maquiavélico? A única ganhadora nesse trambique todo foi a campanha do meu adversário.

Réplica de Alckmin, querendo saber o que ainda está sendo investigado:

- Olhe nos olhos do povo brasileiro e responda de onde veio o dinheiro?

Tréplica de Lula, com posição de estadista e com respeito às instituições democráticas:

- Provavelmente o governador tenha saudade da ditadura. Uma investigação séria é demorada.

20:56min - SEGUNDO BLOCO

Lula, entrando no campo das maracutaias tucanas pergunta:

- O senhor sabia ou não sabia das transações de Barjas Negri (ministro da Saúde no governo FHC envolvido com a Máfia dos Sanguessugas)?

Alckmin esquece que é tucano, não responde e esquiva-se, tentando se descolar de FHC e Serra e esquece das 69 CPI’s engavetadas e diz:

- Não meça as pessoas pela sua régua. Eu não tenho ministro condenado, indiciado pela polícia, assessor meu denunciado pelo Procurador da República. No meu governo não tem absolutamente nada. Se há alguém que não tem moral para falar de ética é o governo Lula.

Réplica de Lula, aproveitando-se da oportunidade do tucano afirmar que nada havia no seu governo:

- 69 CPI's foram engavetadas (Em São Paulo, com Alckmin governador ). A que preço eu não sei. Eu não movi um dedo para impedir CPI's.

Tréplica de Alckmin, com a mesma grosseria do início, mostrando-se não possuir postura de estadista:

- Quanta mentira. Como Lula mudou. As CPI's (no governo Lula) só saíram porque o Roberto Jefferson contou a verdade para o Brasil.

Lula mostra a diferença entre a corrupção tucana e a efetividade do seu governo no combate à corrupção tucana, perguntando:

- A obrigação de um governante é mandar apurar toda a denúncia que recebe. Foi o que fiz. Quando era governador o senhor ficou sabendo de fatos graves e evitou que fossem apurados. Por que nenhuma das 69 CPI’s foi implantada?

Alckmin, sem argumentos, remete a culpa à Assembléia Paulista, como se ele não estivesse no governo do estado por quase 12 anos:

- Quem escreveu aí esqueceu de dizer quando que na Assembléia Legislativa de SP, desde 1998, o regimento estabeleceu que é preciso votar em plenário pedido de CPI.

Lula, sobre obras em São Paulo e sobre a política social:

- Eu gostaria de comparar (os governos). Provavelmente não colocamos um centavo no Rodoanel. É verdade, mas é verdade também que quem cuida das políticas sociais nos estados somos nós.

Alckmin, tentando passar a falsa beatitude (nos lembra a Opus Dei):

- A primeira diferença é de caráter. Eu não me omito, não jogo nas costas dos amigos os problemas do governo e pergunta se o senhor não sabia sobre os cinco ministros do governo envolvidos em denúncias de corrupção:

Lula, sobre as privatizações de FHC e cumplicidade do governo de São Paulo no combate à corrupção:

- O PSDB jogava escândalos para debaixo do tapete para não discutir as privatizações que ninguém sabe para onde foi tanto dinheiro e que ele cortou na própria carne com a saída dos ministros:

Alckmin, mais uma vez sem argumentos, apela para o suspeito caso do caseiro:

- Violento com o fraco Francenildo Costa, mas fraquinho com os crimes que assolaram o País.Lula eleva o tom e lembra ao governador que ele é um tucano:

- O governador não lembra onde começou a compra de voto espúria no País, citando a compra de votos para a reeleição de FHC. E ainda?

Alguma política para o Bolsa Família, governador?

Alckmin, tentando se descolar de FHC, sempre grosseiro, apela para falácias:

- Como entender que o Brasil, essa potência que é o Brasil, é o último da fila. O Brasil não pode mais ficar perdendo oportunidades. Privatizações É diferente do dólar na cueca, na caixa de uísque, é diferente de todo o tipo de mensalão.

Lula volta a perguntar qual política Alckmin tem para a população pobre e compara as 11 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família com as 170 mil atendidas por programas estaduais em São Paulo.

Alckmin, esquecendo que já chamou o Bolsa Família de esmola, mais uma vez não responde sobre as privatizações ou compras de votos do PSDB:

- A mentira política é essa boataria de que vou acabar com o Bolsa Família.

21h13min - Lula pede direito de resposta, mas não é atendido. Reclama que foi chamado de mentiroso.

Alckmin pergunta quanto Lula gastou no Sistema Único de Segurança pública e diz que o governo não sabe escolher gastos.

Lula defende sua política social e define as prioridades dos gastos e enfático, eleva o tom e responde:

- O governo gasta naquilo que a gente acha que vai melhorar a vida das pessoas. A política de vocês é privatizar, privatizar, privatizar. A nossa é investir no social, no social, no social.

Alckmin reclama de falta de ajuda do governo federal com a Febem:

- O candidato Lula é um bom comentarista, ele fala como se nada tivesse a ver com o menor infrator. São Paulo trabalhou sozinho.

Lula cita rebeliões na Febem, fala sobre a educação em São Paulo e pergunta:

- por que o choque de gestão de Alckmin não funcionou na Febem. A Febem não é tratada com o carinho que merece porque é um sistema prisional para condenar a meninada. Quem cuidou da educação em São Paulo foi o governo federal.

Alckmin critica Lula por não concluir obras em Saúde e indica que o governo federal não investiu o que deveria em saneamento.

Lula rebate críticas a obras inacabadas:

- Eu fiz mais pela ferrovia Norte-Sul do que os últimos presidentes em 15 anos. Não queira que eu conserte em quatro anos o que vocês destruíram em quatro séculos.

21:38min - TERCEIRO BLOCO – (O debate fica morno)

Lula pergunta:- Governador, segurança pública. Quando o governador resolveu anunciar o choque de gestão, teve o apagão e o choque de gestão não aconteceu. O resultado foi o PCC tomando conta de São Paulo.

Alckmin responde:

- O candidato Lula se comporta como comentarista. Ele se omite, se esconde. Fizemos a nossa parte. E o candidato Lula liberou 9% (das verbas) para a Segurança Pública.

Lula replica:- Você acha que alguém acredita, Alckmin? Você cortou 15% do orçamento da segurança. Há uma contradição nos números que você decorou e a realidade de São Paulo.

Alckmin treplica:

- O candidato Lula não sabe que nós investimos R$ 10 bilhões. Nós trabalhamos, não nos omitimos.

Lula lembra que o vice de Alckmin, José Jorge, foi o ministro de Minas Energia na época do apagão e pergunta:

- qual é a proposta do governador para a geração de energia.Alckmin:

- O Brasil não tem investimento importante em geração de energia. A minha meta é gerar 16 mil mega watts em quatro anos.

Lula replica:- O que fica claro aqui é que o Alckmin não estudou bem esse assunto. O nosso governo produziu 13 mil mega watts.

Alckmin treplica e pergunta:

- Em quatro anos não conseguiu licitar as hidrelétricas do Madeira e do Xingu. Esses são projetos de maturação lenta. Nós vamos ter problema sério em 2009 pela inoperância do governo.

- Se Lula acha correto, por exemplo, que metade dos projetos na área de transportes seja considerada irregular.

Lula responde:

- O teu assessor poderia ter dado uma manchete da Folha de S. Paulo para você quando o Padilha disse (quando deixou o cargo de Ministro dos Transportes para se candidatar à Câmara dos Deputados) que as estradas estavam deterioradas. Vocês pensavam pequeno. Pensavam no País exportando apenas para os Estados Unidos.

Alckmin replica, reconhecendo que o que Lula disse sobre o governo FHC era fato:

- O mundo do candidato Lula é virtual. Ele voa de aerolula. Ele não sabe da realidade. Eu fui ver as estradas brasileiras. É interessante que ele sabe tudo do governo Fernando Henrique Cardoso, mas não saiba nada do seu governo.

Lula treplica:

- Eu compreendo essa necessidade dele falar mal do meu governo. O fato concreto é que o Brasil melhorou. Reconheça, Alckmin. Não vai te custar nada. As pessoas estão vivendo com mais dignidade. Os pobres estão tendo acesso às coisas que eles não tinham. Não faça o papel pequeno do candidato que só fica reclamando.

22h05min - QUARTO BLOCO – (Jornalistas fazem perguntas)

Franklin Martins pergunta a Lula:

- O senhor não acha que como presidente, o senhor deveria saber mais sobre fatos importantes que acontecem à sua volta?

Lula responde:- Eu quero ser reeleito, porque quando souber (de casos de corrupção), eu punirei. Antes se jogava para debaixo do tapete (governo FHC). Eu não. A lógica da ética não é saber antes, é punir quando acontece, é investigar, é punir. E isso eu tenho muito orgulho de não ter vacilado um minuto. Eu sou responsável por tudo, mas permita que as pessoas entendam que um pai de família não sabe tudo.

Fernando Vieira de Mello pergunta a Alckmin sobre a redução da maioridade penal:

Alckmin responde:

- Eu sou contra, mas apresentei proposta para reformar o estatuto da criança e do adolescente.

Lula comenta:

- O problema da segurança pública não é do presidente, do governador e do prefeito. É um problema que envolve a família. Não há um responsável, há muitos responsáveis.

Alckmin replica, mas não diz coisa com coisa, esquece até da parceria com o PCC:

- Nós vamos aperfeiçoar a legislação. A impunidade estimula o delito. Eu vou vender o aerolula e fazer cinco hospitais.

José Paulo de Andrade pergunta o que Lula fará para reforçar princípios da sociedade e valores morais:

Lula responde, mas antes classifica de sandice o que Alckmin diz sobre o avião da presidência:

- Ou nós começamos a trabalhar no ensino fundamental a cabeça das crianças ou endurecendo a lei.

Alckmin, o beato da Opus Dei, comenta:

- Nós somos bem diferentes. O estado de São Paulo tinha dois aviões e eu vendi os dois, tinha dois helicópteros e eu os doei para a polícia. A senhora, quando compra um pacote de açúcar, paga 40% de imposto, e não é para ser jogado fora. Em relação à corrupção, o exemplo vem de cima. Qual é autoridade moral para ele vir falar com essa lista de corrupção no seu governo?

Lula aumenta o tom de voz e replica:

- Com a autoridade de quem descobriu que 60% dos prefeitos envolvidos com sanguessugas eram do PFL e do PSDB; a autoridade de quem sabe como a sociedade reage quando as denúncias não são apuradas.

Joelmir Betting pergunta a Alckmin onde cortar gastos e quando:

Alckmin responde:

- Hoje o Brasil cresce um terço dos emergentes. O governo do PT é tartaruga. Está parado. Eu vou ter política fiscal séria e não desperdiçar o dinheiro do povo.

Lula comenta:

- De gasto em publicidade o Alckmin conhece. É só investigar a Nossa Caixa. Os gastos que precisam ser cortados já estão sendo cortados. (...) O Brasil vai crescer mais de 5% não por bravata de candidato, mas porque as bases estão colocadas.

Alckmin replica:

- Quem é especialista em bravata é o PT, que vivia dizendo que estava tudo errado e ao chegar ao poder aplicou a mesma receita com dose maior.

22h39min - QUINTO BLOCO – (Perguntas entre os candidatos e considerações finais)Alckmin, volta a ser grosseiro, não é mais beato e pergunta:

- Você que está em casa e acompanhou esse debate viu que Lula foi irônico, arrogante e desrespeitoso. E não respondeu de onde vinha R$ 1,7 milhão para comprar um dossiê fajuto. Onde no meu programa está dito que eu vou privatizar Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa e Correios?

Lula responde:- Eu não disse que o governador vai apenas privatizar. Eu disse que pessoas no seu partido já propuseram até a privatização da Petrobrás. Mas vocês já privatizaram tudo. Este país não pode permitir que o ministro da Fazenda viaje o mundo inteiro para procurar dinheiro para cobrir os seus gastos.

Alckmin replica:

- Não minta, Lula. Não foram o PFL e o PSDB que disseram alguma coisa de privatização. Foi você que falou. Eu não vou privatizar, porque não há necessidade.

Lula em tréplica:

- Ele não pode ficar nervoso, bravo e dizer mentira. Foi o PSDB e o PFL que privatizaram o País. Quando não tiver mais o que vender, vai fazer o quê? Vender a Amazônia? Não precisa ficar nervoso. Eu te conheço e não faz o teu gênero.

Considerações finais de Lula:

- Quando resolvi ser candidato à reeleição, é porque estou convencido de que podemos fazer muito mais e muito melhor pelo Brasil. As coisas estão arranjadas. Os alicerces estão prontos, as paredes estão levantadas. Falta agora levantar apenas o madeiramento e o telhado. Nós sabemos da necessidade de gerar emprego. E para ter emprego de qualidade, é preciso que a gente tenha uma educação de melhor qualidade. Ao invés das críticas que alguns fazem, estamos investindo em universidade e em escolas técnicas. Assim o Brasil vai deixar de ser um exportador, ora um pouco de commodities, ora um pouco de produtos manufaturados, e vai junto com isso exportar inteligência e conhecimento para ser tornar uma grande Nação. Até o próximo debate.

Considerações finais de Alckmin:

- Eu participei de todos os debates. Não fugi de nenhum debate. O PT já teve a sua chance e deixou passar. Cresceu menos de 3%, cresceu a metade do que os países emergentes. O primeiro compromisso é com o crescimento. O segundo, com os serviços, a Educação. Sou médico. Passei a vida minimizando o sofrimento das pessoas. Serei firme na segurança pública. Peço seu apoio, seu voto de confiança.

 

Alckmin representa moralismo, ineficiência e atraso

* LEONARDO AVRITZER

GERALDO ALCKMIN é um candidato conservador nos dois principais significados que o termo permite: no de preservar o status quo dos setores dominantes da sociedade brasileira e no de capitanear uma reação conservadora nas poucas áreas nas quais o Brasil mudou nos últimos anos: nos campos do pluralismo moral e religioso, das políticas heterodoxas na economia e das políticas de direitos humanos. Permitam-me elaborar de que maneira Alckmin é conservador em cada um deles.

Nos governos FHC e Lula, o Brasil avançou significativamente na separação entre religião e Estado e na aceitação do pluralismo religioso. Essa é uma dimensão central do republicanismo e de um importante processo de pluralização moral da sociedade brasileira. Alckmin parece ser, nesse quesito, o mais conservador dos candidatos à Presidência desde a redemocratização.
Suas relações com o Opus Dei incluem, segundo a revista "Época", ter um confessor ligado à ordem e realizar reuniões periódicas com membros da ordem no Palácio dos Bandeirantes. Essas relações revelam uma mistura perigosa entre religião e Estado e entre público e privado.

Além disso, o Opus Dei é conhecido internacionalmente por ligações escusas e secretas com o poder político. Alckmin rejeitou falar sobre suas relações com o Opus Dei na campanha. O Brasil pode se surpreender com essas relações caso escolha Alckmin.

No que diz respeito à questão econômica, um consenso tem se formado no Brasil nos últimos anos acerca dos limites das políticas neoliberais. Os quatro anos do segundo mandato FHC foram os anos de menor crescimento econômico na história recente do país. O crescimento nos últimos quatro anos foi um pouco melhor, mas aquém do que o país necessita.

Nesse momento, o consenso maior dentro do governo Lula é por uma política mais agressiva de crescimento econômico. Alckmin tende a reverter o debate econômico na direção da retomada das privatizações. Segundo a revista "Exame", Alckmin estaria muito próximo de economistas liberais ortodoxos como Malan, Armínio Fraga e José Pastore. Suas prioridades para a economia seriam o corte de gastos públicos, uma nova reforma previdenciária e a retomada das privatizações.

No caso mais conhecido de privatização hoje em São Paulo, o da linha 4 do Metrô, o Estado investirá 70% dos recursos, e a receita tarifária ficará integralmente com o parceiro privado por 30 anos. Esse é o padrão de privatização que podemos esperar em uma era Alckmin. Ele certamente significará índices muito baixos ou nulos de crescimento econômico motivados pelo fundamentalismo neoliberal.

O último ponto é a política de segurança e de direitos humanos. Alckmin tem uma política de segurança que, ao mesmo tempo, desrespeita os direitos humanos e é ineficiente. A sua apologia da violência policial e sua política carcerária parecem ter sido capazes de conjugar o pior dos dois mundos. O resultado todos conhecem: o aumento da população carcerária do Estado somente ampliou a vulnerabilidade do cidadão comum e sua insegurança física.

Nesse caso, o conservadorismo tem duas facetas: a incapacidade de pensar uma política de segurança moderna, aliada ao desrespeito secular das elites pelos direitos da população mais pobre. O resultado, mais uma vez, é uma política conservadora tanto nas suas concepções morais quanto no seu resultado administrativo.
Responder se Alckmin é um candidato conservador não significa necessariamente fazer um juízo de valor acerca do conservadorismo. Afinal, existem momentos nos quais conservar elementos da ordem política pode ser considerado uma atitude positiva.

Mas não é esse o caso da candidatura Alckmin. Ela é conservadora em dois sentidos muito específicos: no de querer retornar a um status quo que não permitirá o crescimento econômico nos próximos anos e no de querer insistir em valores morais próprios de uma sociedade oligárquica que contrariam uma agenda de ampliação de direitos no país.

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LEONARDO AVRITZER, 47, mestre em ciência política e doutor em sociologia, é professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

 

Alckmin apelou para a baixaria no debate

Como disse o Zé Dirceu em seu blog, Alckmin tinha que ganhar o debate, mas não ganhou. Foi muito agressivo, mas Lula aguentou firme o ataque. Lula não recuou, não ficou na defensiva e atacou e cobrou os tucanos. Não recuou, inclusive, da denúncia de que importantes setores do PSDB e do PFL pregam abertamente a privatização da Petrobras e dos bancos públicos, e de que Alckmin, em seu mandato em São Paulo, manteve a política de privatizações.

Alckmin foi repetitivo e atacou, atacou, atacou. Lula soube responder, na medida, e apresentou o que fez no seu governo. Sem perder, inclusive, nenhuma oportunidade de comparar seu mandato ao de FHC. Cobrou de Alckmin explicações que não foram dadas sobre a Nossa Caixa, o PCC, a Febem, sobre a crise energética e o programa do PSDB para a educação. Lula manteve a tranquilidade e se portou a altura do cargo. Neste, da Band Lula saiu-se bem.

Os debates serão como esse. Um bate-boca que vai esclarecer muito pouco sobre a situação do país, o que fez o Governo Lula pelos pobres. Isso não interessa a Alckmin. O tucano vai sempre repetir a tecla batida dos escândalos e dossiês. Lula saiu-se bem. Com a agressividade panfletária de Alckmin, o Brasil perdeu a chance de um debate de maior nível. Na baixaria, Alckmin foi melhor.

8 de outubro de 2006

 

Alckmin vai gaguejar três vezes no debate de hoje

Segundo o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, quando Lula perguntar ao adversário por que ele engavetou 71 CPIs em São Paulo, por que ele compactuou com a venda das ações de Petrobrás no governo FHC e onde foi parar o dinheiro das privatizações, Alckmin vai gaguejar três vezes Não tem respostas convincentes.

Confira a entrevista do governador eleito à Folha Online:

Folha - O presidente Lula poderia ter vencido no primeiro turno se não fosse o caso do dossiê?

JAQUES WAGNER - Evidentemente que as denúncias perturbaram. Para não ser ingênuo, quero deixar claro que dossiês existem de porretadas, muitos já foram usados. Estou cansado de ver dos dois lados.

Folha - O senhor tem dúvida de que alguns petistas tiveram envolvimento?

JAQUES WAGNER - Eles fizeram uma grande cagada, com ou sem armadilha, achando que isto prejudicaria o Serra. Não sei se evitou a vitória de Lula no primeiro turno, mas, certamente, contribuiu para que ele não ganhasse logo.

Folha - Até onde vai a participação do PT no episódio?

JAQUES WAGNER - As pessoas precisam entender que, por exemplo, na Folha pode ter um diretor, um redator, um repórter que faça merda, mas não pode dizer que a Folha é uma merda. Qualquer instituição tem isso, tem picareta no PSDB, no PFL. Partido não dá atestado de idoneidade moral a ninguém.

Folha - O senhor acredita que a questão ética vá prevalecer no segundo turno?

JAQUES WAGNER - Não creio. O que a gente quer como brasileiro? Um país sem desvio do dinheiro público. É impossível imaginar que podemos chegar a este objetivo só com gente correta. É sonhar demais. Como se chega a isso? Quando a lei é cumprida e os instrumentos de coação contra o crime funcionam.

Folha - Como o PT deve reagir ao debate ético que Geraldo Alckmin quer levantar?

JAQUES WAGNER - Vamos perguntar: o senhor engavetou quantas CPIs em São Paulo? Aí ele vai dizer o quê? Vai gaguejar três vezes. Aí, vamos perguntar: aquela famosa venda das ações da Petrobras feita no governo Fernando Henrique Cardoso, que todo mundo viu que o preço pelo qual foi vendida, um mês de lucro pagava. Aquele negócio das privatizações foi ou não foi caixa dois?

Folha - Qual o legado do grupo de ACM na Bahia?

JAQUES WAGNER - Como método de governador, não deixa nada. Agora, estaria mentindo se dissesse que ele não trouxe coisas para a Bahia. No tempo em que ele tinha prestígio no governo militar, ACM trouxe investimentos. Seria burrice dizer que ele não abriu avenidas importantes. Mas, neste último período, ele só tem deixado empobrecimento na Bahia.

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