6 de julho de 2013

 

Alguém perguntou sobre os livros de Emiliano José?


 O livro que o ex-deputado, professor doutor em comunicação, jornalista e escritor Emiliano José (PT) vai lançar na próxima quinta-feira, 11 de julho, na Livraria Cultura do Shopping Salvador, a partir das 18h, é o décimo de sua lavra. Alguém me perguntou quais eram os outros nove livros. Minha memória falhou, então fui aos arquivos. Está tudo no site dele. Aqui são 10 itens porque o livro sobre Padre Renzo, mesma obra, tem uma edição em italiano, publicada pela editora oficial do Vaticano. Na verdade, Emiliano tem tantos ensaios que dariam 20 livros. Ele não para de publicar em A Tarde, CartaCapital, Teoria e Debate, entre tantos outros veículos. No momento, trabalha na biografia de Waldir Pires. Seguem os atuais títulos:

LAMARCA, O CAPITÃO DA GUERRILHA - Escrito em 1980, em parceria com o jornalista Oldack de Miranda, já está na 16ª edição revista e ampliada. Editado pela Global Editora (SP), o livro conta a história do capitão do Exército Brasileiro que optou pela luta armada contra a ditadura militar iniciada com o golpe militar de 1964. Os autores traçam o perfil de Carlos Lamarca, seus amores, idéias, ações de combate, as circunstâncias das mortes da guerrilheira Iara Iavelberg, em Salvador, e de Lamarca e seus companheiros no sertão da Bahia, em 1971. O livro foi transformado em filme, dirigido por Sérgio Rezende, em 1994, estrelado por Paulo Betti, no papel de Lamarca, e Carla Camuratti no papel de Iara Iavelberg. Foi escrito em plena ditadura com dificuldades de fontes e sob ameaças. Muitos episódios foram descobertos depois e surgiram questionamentos sobre os supostos suicídios de Iara Iavelberg e o professor Santa Bárbara, em Brotas de Macaúbas.

NARCISO NO FUNDO DAS GALÉS – COMBATE POLÍTICO ATRAVÉS DA IMPRENSA - Lançado em 1992, esgotado nas bancas, é uma coletânea de artigos de Emiliano José publicados em jornais da Bahia e na Folha de S. Paulo. Aborda diversos temas, entres os quais: democracia, luta pela terra, ordem econômica mundial, leilão das estatais e MST. O conteúdo do livro está integral no site dele.

 
AS ASAS INVISÍVEIS DO PADRE RENZO - Durante anos e anos os presos políticos, durante a ditadura militar de 1964, contaram com o apoio espiritual de um padre italiano. Padre Renzo chegou a visitar 14 presídios, tornou-se peça-chave na articulação das greves de fome e levava conforto às famílias dos "desaparecidos". Uma história praticamente desconhecida, que foi contada no livro "As asas invisíveis do padre Renzo". Lançado em 3 de julho de 2002, em São Paulo, pela Editora Casa Amarela, a mesma que publica a revista Caros Amigos, trata-se da biografia do padre italiano Renzo Rossi. Frei Betto assina o prefácio.

 
DON RENZO ROSSI: UM PRETE FIORENTINO NELLE CARCERE DEL BRASILE – É o mesmo livro sobre Padre Renzo, só que em italiano. "Don Renzo Rossi: um prete fiorentino nelle carceri del Brasile" (Editora San Paolo), a edição italiana da biografia do padre Renzo Rossi foi lançada em Florença, no dia 5 de dezembro de 2003, com a presença do autor, Emiliano José. O lançamento fez parte do ato solene de entrega do "Premio alla solidarietá" a padre Renzo, concedido pelo presidente da Província de Firenze, Michele Gesualdi.

 
GALERIA F: LEMBRANÇAS DO MAR CINZENTO – PARTE I - Trata-se de uma coletânea de artigos publicados por Emiliano José no jornal A Tarde, de Salvador (BA), entre 1999 e 2000. Galeria F é o setor da Penitenciaria Lemos de Brito, em Salvador, que, durante os anos de chumbo (1964-1981), foi destinada aos presos políticos. No livro, Emiliano revela histórias de lutas, torturas, resistência e esperança dos opositores da ditadura na Bahia.

 
GALERIA F: LEMBRANÇAS DO MAR CINZENTO – PARTE II - O livro resgata a saga de Theodomiro Romeiro dos Santos, condenado à morte pela ditadura militar aois 17 anos, e de comunistas importantes na vida política baiana como Ana Montenegro, Luís Contreiras, Mário Alves de Souza (de Alagoinhas), Everardo Públio de Castro (de Conquista) e Péricles de Souza, dirigente do PCdoB. Também resgata as histórias do militante cristão Sérgio Gaudenzi e do líder petroleiro Mário Lima. Prefácio de Alípio Freire e mensagem do ministro Nilmário Miranda, dos Direitos Humanos, na contracapa. Editora Casa Amarela.


GALERIA F: LEMBRANÇAS DO MAR CINZENTO – PARTE III – É um resgate da história de Victor Meyer, cuja trajetória marcante é representada por duros tempos da ditadura, militância e sua dedicação ao mundo e à humanidade. Publicado em 2008, pela Caros Amigos Editora, o livro tem prefácio de Nilmário Miranda, hoje deputado federal (PT-MG), jornalista e à época presidente do PT de Minas Gerais.

MARIGUELLA: O INIMIGO NÚMERO UM DA DITADURA MILITAR - Escrito em 1997, e na segunda edição, Editora Sol & Chuva - Editora Casa Amarela (SP). Partindo da cena em que Carlos Marighella é emboscado e executado, por policiais comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, Emiliano José traça o perfil do revolucionário que se tornou o inimigo número um da ditadura militar. Descreve o clima de terror do período e o esforço das entidades de direitos humanos e familiares em resgatar a história e a imagem das pessoas mortas pelos militares e dadas como desaparecidas, sem esquecer o lado afetivo do militante, também poeta, dirigente do PCB a maior parte da vida e depois comandante da ALN

 
IMPRENSA E PODER: LIGAÇÕES PERIGOSAS - Editado em 1995, pela Edufba, Editora da Universidade Federal da Bahia, e pela Hucitec, editora paulista, este livro corresponde à dissertação de Mestrado defendida por Emiliano José, na Faculdade de Comunicação da UFBa, em 1994. Decifra as ligações perigosas entre jornalismo e política durante o período da CPI do PC e o processo do impeachment de Fernando Collor de Mello. Relata a campanha aberta a favor da candidatura Collor por vários órgãos de imprensa, particularmente pela revista Veja, e destaca o papel pioneiro de IstoÉ nas denúncias contra o mesmo Collor. Na pesquisa de Emiliano, a imprensa não se revela imparcial, mas sim como ator político, com posições determinadas pela variação das conjunturas. O livro já está na 2ª edição.

 
JORNALISMO DE CAMPANHA E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 - O novo livro de Emiliano é editado pela EDUFBA - Editora da Universidade Federal da Bahia, em parceria com a Assembleia Legislativa da Bahia. É resultado de sua tese de Doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas, defendida em 1999. O livro percorre os acontecimentos políticos brasileiros a partir da promulgação da Constituição de 1988, avança pelas eleições presidenciais de 1989 e 1994 e analisa o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Em um trabalho investigativo minucioso, Emiliano expõe os mecanismos da imprensa brasileira para construir o ambiente favorável à eleição de FHC e o posterior desmonte do Estado brasileiro, com a privatização das empresas estatais.

 

Pesquisa IPEA revela falta de médicos no Brasil. Mas acho que falta Ética também


 A pesquisa Radar do IPEA revela que de todas as 48 carreiras incluídas no topo do ranking, a Medicina é aquela onde há maior escassez de mão-de-obra. A movimentação de parte dos médicos brasileiros contra a contratação de médicos estrangeiros, para atendimento às populações do interior profundo do País, não encontra fundamento na pesquisa. Não há desemprego de médicos. Os salários são altos. Faltam médicos. Logo, posso concluir que, do ponto de vista da Ética, os médicos deveriam apoiar a contratação de médicos estrangeiros para cobrir a carência e atender a população. Não é o que acontece. Prevalecem o corporativismo irracional, o interesse eleitoreiro de sindicalistas e a ignorância dos médicos formados em escolas de ensino deficiente.
A Medicina é a carreira de nível superior com maior desempenho trabalhista, considerando os fatores salário, jornada de trabalho, nível de ocupação e cobertura previdenciária. Na média brasileira, os médicos ganham R$ 6.940,12 e trabalham 42,03 horas por semana. A taxa de ocupação é de 91,81% e a de proteção trabalhista é de 90,72%. Estes índices fazem parte da publicação “Perspectivas profissionais – nível técnico e superior”, da revista Radar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

A Medina está à frente em um ranking de 48 formações de nível superior, como Odontologia, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Metalurgia etc. Na parte de baixo do ranking, com pior desempenho trabalhista, estão Religião, Filosofia, Educação Física e Turismo. A conclusão é óbvia: as carreiras no topo do ranking têm indicadores que refletem escassez de profissionais. Se a jornada é alta, é um sinal claro de que faltam trabalhadores, o que prejudica o bem-estar dos profissionais. Se todos os indicadores são altos, faltam profissionais. Esse é um “bom problema”, pois o contrário desemprego.
Os médicos corporativistas contrapõem a falta de um plano de carreira à contratação de médicos estrangeiros. É um sofisma. Mesmo com plano de carreira, os médicos de classe média, acostumados à vida urbana das capitais, continuariam a recusar trabalho nas pequenas cidades.  Também afirmam que prefeituras atraem com altos salários e depois deixam de pagar, gerando causas judiciais. Pois o plano do Ministério da Saúde é exatamente para neutralizar isso, já que os salários seriam pagos pelo Governo Federal.

Sindicalistas desinformados chegam a argumentar que não falta mão de obra e sim condições de trabalho. É falso. Tanto faltam mão-de-obra quanto condições de trabalho. Tem argumento estúpido como comparar a contratação de médico estrangeiro a uma republiqueta. Ora, a Inglaterra importa 40% de seus médicos. Que republiqueta?

Os médicos e estudantes de Medicina, massa de manobra de sindicalistas, deveriam ouvir a opinião do Doutor Leandro Barreto, professor de Medicina da UFBA e presidente da Associação Baiana de Medicina de Família e Comunidade: “Sou a favor, enquanto provisório. Precisamos de mais médicos e se esperarmos por novos médicos demoraremos 20 anos para chegar ao nível de países como o Reino Unido”. Em outras palavras, a longo prazo estaremos todos mortos, diriam as famílias que residem nos 100 municípios baianos sem médicos.


5 de julho de 2013

 

Wagner: a classe política foi chacoalhada

O governador da Bahia, Jaques Wagner, em entrevista concedida ao jornal A Tarde, considerou que os estudantes que foram às ruas protestar não visavam especificamente o PT e sim todo o sistema político. Achou normais as vaias dirigidas ao governo no trajeto do desfile do 2 de Julho. “Houve muito protesto, mas também muito aplauso. Ninguém é 100%”. Ele avaliou que as ruas contestaram a política, mas não viu ninguém negando a caminhada que o Brasil fez nos últimos 28 anos de democracia.

Neste período, após a redemocratização, o Brasil conquistou a estabilidade macroeconômica, construiu um sistema de proteção social jamais visto. Não supervalorizou os movimentos de rua. Não foi o primeiro nem será o último, disse. “Nós fizemos as Diretas Já, movimento maior que o atual, depois houve o Fora Collor, semelhante a esse. Acho que vivemos um momento novo de consolidação da democracia, mas não dá para prever o futuro”.
Wagner não se intimidou com a insistência da jornalista Patrícia França em tentar conduzir a entrevista para a crítica ao PT. “O PT está no governo, e Lula ganharia de todo mundo no primeiro turno, segundo a pesquisa Datafolha. Assim, a tentativa de associar os protestos a um eventual desgaste do PT cai por terra”. “Mas Lula é Lula e o PT...” pergunta a jornalista e Wagner responde: “Não, Lula é o PT”. Ele acha que o candidato de Lula é Dilma e a falha da crítica ao PT é que não considera que Lula é o símbolo maior do PT.

Wagner, ao falar da proposta do plebiscito feita por Dilma Rousseff, disse que é a primeira vez que vê numa democracia o pessoal achar ruim a participação popular através do voto. Acho que cada vez mais plebiscitos são bem-vindos. Afinal, é o povo dizendo o que acha. Ele crê que a reforma política é a mãe de todas as reformas porque a política precisa ter uma cara nova para a população. “Reforma é fundamental e espero que o Congresso Nacional ouça o clamor das ruas”. Cada partido político tem que ter o tamanho que merece, o tamanho é dado pelo povo nas ruas. Se não tiver voto não pode ocupar tempo de televisão e gastar dinheiro público. 
Wagner defende o voto facultativo. Sendo obrigatório, o povo vai às urnas e na ordem de 27% votam nulo. Ninguém pode obrigar ninguém a ser cidadão e a tentativa de negar a política é inútil, porque não existe nada para se por no lugar. Ditadura não. E se essa democracia vai ser melhorada só pode ser através da manifestação na rua. “Melhoramos muito, e quem tentar zerar esta caminhada do Brasil está cometendo grande injustiça”.

“Não podemos ser apressados nas conclusões. Acho que Dilma vai recuperar rapidamente a popularidade. Eu me lembro que o presidente Lula estava com níveis baixos de avaliação popular em 2005, chamou Dilma e ganhou a eleição em 2006”. Não viu erosão na imagem da presidenta. Para ele, aconteceu que foi um momento que o povo foi às ruas a partir de um questionamento sobre transporte público. “Achei ótimo. Acho que a classe política foi chacoalhada e tem que responder. Neste momento, acho que a melhor resposta é a reforma política, com o fim da coligação proporcional e o financiamento público de campanha. Este é um grande momento para se fazer uma política mais transparente. Não tomei susto (com as manifestaçõesd) porque acho que a política é uma soma de política representativa com política direta”.
Wagner não viu ninguém crescendo significativamente com as manifestações. Marina Silva cresceu um pouco, Joaquim Barbosa apareceu, mas, de modo geral, todo mundo caiu. Alckmin, Haddad, Sérgio Cabral. O único que se manteve foi o presidente Lula. O senhor considera o seu governo padrão FIFA?, pergunta a jornalista. E ele responde: Esta é uma referência ruim, não vou me espelhar na FIFA, até porque a FIFA trabalha para um espetáculo e eu pela população. Mas acho que temos obrigação de buscar sempre a excelência e os melhores padrões na gestão pública. Não é fácil porque a máquina pública é muito viciada.


 

Tocantins tem experiência exitosa com médicos cubanos

 
O melhor texto sobre médicos estrangeiros li no Brasiliana.org, blog do Luis Nassif. A jornalista Maria Fernanda Ziegler assina a reportagem “Eles defendem a vinda de médicos estrangeiros para os rincões do País. Ela conta a experiência do estado do Tocantins com a contratação de médicos cubanos, quando o cirurgião dentista Eduardo Medrado era secretário da Saúde. Entre 1995 e 2002, vieram 90 médicos de Cuba. Foi uma experiência muito boa. No Tocantins, as casas eram de palha. “Qual médico brasileiro de classe média iria morar numa casa de palha?” perguntou sorrindo. Já Marco Aurélio da Rosa, doutor em Educação e Saúde pela Sorbonne é mais direto: “a questão não se resume á falta de interesse dos médicos brasileiros, na verdade, nossos médicos estão mal preparados e tem medo de ir para o interior, pois lá não encontram a mesma infraestrutura dos hospitais da capital. A questão está no tipo de Medicina ensinado, com base em alta tecnologia apenas e não no exame clínico. “Nossos médicos não sabem mais fazer uma boa clínica e baseiam seus atendimentos apenas em exames”, afirma o professor de Medicina. O problema não é dinheiro, já que existem salários de até R$ 20 mil.

LEIA NA ÍNTEGRA:
Eles defendem a vinda de médicos estrangeiros para os rincões do País.
Por Maria Fernanda Ziegler
"
Nossos médicos não são bons clínicos e se baseiam só em exames. Não dá para equipar um hospital no interior com tantos equipamentos", diz doutor em Saúde

De sua casa em Araguaína, interior de Tocantins, Eduardo Medrado, cirurgião geral aposentado de 67 anos, observa a polêmica da vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil com atenção.
Em 1995, então secretário estadual de Saúde, (do Tocantins) ele firmou um acordo com Cuba para trazer médicos cubanos para o interior do Tocantins. “A ideia inicial era ‘importar’ 200 médicos, mas, no fim, vieram 90 médicos distribuídos em várias etapas entre 1995 e 2002”, diz.

Foi uma experiência muito boa. O médico cubano tinha formação socialista. Aqui no Tocantins a maioria das casas era de palha. Qual é o médico brasileiro, de classe média, que vai querer morar numa casa de palha?”, questiona Medrado, com uma leve risada.
Marco Aurélio da Rosa, doutor em Educação e Saúde pela Universidade de Sorbonne, na França, e com pós-doutorado na Universidade de Bologna, Itália, também é favorável à vinda de cubanos para os rincões do País. Para ele a questão não se resume apenas à falta de interesse dos profissionais brasileiros em irem para o interior, mas está relacionada principalmente com a má formação do médicos no Brasil.

Os nossos médicos estão mal preparados e têm medo de ir para o interior, pois lá eles não encontram a mesma infraestrutura que encontram em hospitais das capitais do País”, diz o gaúcho, que atualmente é professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Rosa também afirma que já foi comprovado que o problema não é dinheiro, pois muitas prefeituras do interior oferecem altos salários, alguns chegam a R$ 20 mil.

Para ele, o problema está no tipo de medicina ensinado, baseado apenas em exames de alta tecnologia e não no exame clínico, que torna a oferta de emprego no interior descolada da expectativa profissional dos recém-formados.
Nossos médicos não sabem mais fazer uma boa clínica e baseiam os seus atendimentos apenas em exames. Não dá para equipar um hospital no interior do País com tantos equipamentos assim para fazer exames”, disse.

Marco Aurélio da Rosa, no entanto, é contra a vinda de médicos portugueses ou espanhóis para o Brasil. “Os médicos da Espanha ou de Portugal vêm para cá para disputar mercado com os nossos médicos nos grandes centros do País, pois não há mais mercado para eles na Europa. Eles também não vão querer ir para o interior do Brasil. Quem vai para lá é o médico cubano que recebe esta formação social e a ideia é que eles fiquem por um período apenas”, disse.
De acordo com o Rosa, o Brasil tem dois milhões de brasileiros em áreas sem atendimento médico.

“Temos 6.602 unidades construídas e que estão sem médico, só com enfermeiro, principalmente em regiões da Amazônia, interior do Nordeste. O que se pretende fazer com isto? Quem topa ir para a Amazônia?”
De acordo com o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila, há 1,8 médicos para cada mil habitantes no País. Porém, ele reconhece que há desigualdade entre as regiões.

Experiência no Tocantins
No projeto do Tocantins, os médicos cubanos passavam um mês estagiando no Hospital Público de Doenças Tropicais de Araguaína.

“Neste estágio eles se atualizavam sobre vacinação e doenças imunopreveníveis. De malária, por exemplo, eles não sabiam nada, mas como tinham boa formação em fisiopatologia aprenderam rápido.”
No projeto do Tocantins, os médicos cubanos passavam um mês estagiando no Hospital Público de Doenças Tropicais de Araguaína.

“Neste estágio eles se atualizavam sobre vacinação e doenças imunopreveníveis. De malária, por exemplo, eles não sabiam nada, mas como tinham boa formação em fisiopatologia aprenderam rápido.”
Medrado conta que os médicos cubanos recebiam o mesmo salário que os brasileiros. “O salário era de 8 mil ou 10 mil, uma fortuna para eles. O governo cubano cobrava 30% do que eles ganhavam independentemente se fosse do hospital público ou do particular. E eles pagavam. Claro, o governo deu a educação.”

O cirurgião-geral aposentado conta que o problema da falta de médico no Tocantins foi solucionado, na época, “a partir da complementaridade” entre brasileiros e cubanos.
“Não tínhamos médicos brasileiros de todas as especialidades que precisávamos. Com a vinda dos cubanos, os 17 hospitais ficaram com todas as especialidades”, disse. Ele conta que, antes do projeto, conseguiam preencher apenas 50% das vagas com brasileiros. As principais carências eram especialistas em ortopedia, anestesista e cirurgia.

De acordo com Medrado, em 1995, havia apenas 64 leitos em todo o Estado – que tem 139 municípios. ”Com os cubanos foi para 2.640”, afirma.
O entrosamento entre os médicos dos dois países não foi imediato. “É uma formação diferente. Um é socialista o outro capitalista”, brinca o médico que teve a vida política iniciada no PC do B, quando ainda era estudante de medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Medrado conta também que logo os brasileiros passaram a atuar nas clínicas particulares, enquanto os cubanos permaneciam no SUS.
“Porém o dermatologista cubano é melhor que o brasileiro, né? E todo mundo ia se consultar no SUS. Com o tempo os cubanos foram trabalhar também nas clínicas particulares.”

Idioma e doenças locais
Uma das principais críticas do Conselho Federal de Medicinal para o atual projeto de “importação” de médicos estrangeiros é rebatida por Medrado. Ele afirma que a diferença de idioma entre médico e paciente no programa realizado no Tocantins não era problema.

“É melhor ter um médico que fale espanhol do que nenhum. Precisávamos resolver o problema de falta de opção."
...
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-defesa-da-vinda-dos-medicos-estrangeiros


 

 

Tocantins tem experiência exitosa com médicos cubanos

 
O melhor texto sobre médicos estrangeiros li no Brasiliana.org, blog do Luis Nassif. A jornalista Maria Fernanda Ziegler assina a reportagem “Eles defendem a vinda de médicos estrangeiros para os rincões do País. Ela conta a experiência do estado do Tocantins com a contratação de médicos cubanos, quando o cirurgião dentista Eduardo Medrado era secretário da Saúde. Entre 1995 e 2002, vieram 90 médicos de Cuba. Foi uma experiência muito boa. No Tocantins, as casas eram de palha. “Qual médico brasileiro de classe média iria morar numa casa de palha?” perguntou sorrindo. Já Marco Aurélio da Rosa, doutor em Educação e Saúde pela Sorbonne é mais direto: “a questão não se resume á falta de interesse dos médicos brasileiros, na verdade, nossos médicos estão mal preparados e tem medo de ir para o interior, pois lá não encontram a mesma infraestrutura dos hospitais da capital. A questão está no tipo de Medicina ensinado, com base em alta tecnologia apenas e não no exame clínico. “Nossos médicos não sabem mais fazer uma boa clínica e baseiam seus atendimentos apenas em exames”, afirma o professor de Medicina. O problema não é dinheiro, já que existem salários de até R$ 20 mil.

LEIA NA ÍNTEGRA:
Eles defendem a vinda de médicos estrangeiros para os rincões do País.
Por Maria Fernanda Ziegler
"
Nossos médicos não são bons clínicos e se baseiam só em exames. Não dá para equipar um hospital no interior com tantos equipamentos", diz doutor em Saúde

De sua casa em Araguaína, interior de Tocantins, Eduardo Medrado, cirurgião geral aposentado de 67 anos, observa a polêmica da vinda dos médicos estrangeiros ao Brasil com atenção.
Em 1995, então secretário estadual de Saúde, (do Tocantins) ele firmou um acordo com Cuba para trazer médicos cubanos para o interior do Tocantins. “A ideia inicial era ‘importar’ 200 médicos, mas, no fim, vieram 90 médicos distribuídos em várias etapas entre 1995 e 2002”, diz.

Foi uma experiência muito boa. O médico cubano tinha formação socialista. Aqui no Tocantins a maioria das casas era de palha. Qual é o médico brasileiro, de classe média, que vai querer morar numa casa de palha?”, questiona Medrado, com uma leve risada.
Marco Aurélio da Rosa, doutor em Educação e Saúde pela Universidade de Sorbonne, na França, e com pós-doutorado na Universidade de Bologna, Itália, também é favorável à vinda de cubanos para os rincões do País. Para ele a questão não se resume apenas à falta de interesse dos profissionais brasileiros em irem para o interior, mas está relacionada principalmente com a má formação do médicos no Brasil.

Os nossos médicos estão mal preparados e têm medo de ir para o interior, pois lá eles não encontram a mesma infraestrutura que encontram em hospitais das capitais do País”, diz o gaúcho, que atualmente é professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Rosa também afirma que já foi comprovado que o problema não é dinheiro, pois muitas prefeituras do interior oferecem altos salários, alguns chegam a R$ 20 mil.

Para ele, o problema está no tipo de medicina ensinado, baseado apenas em exames de alta tecnologia e não no exame clínico, que torna a oferta de emprego no interior descolada da expectativa profissional dos recém-formados.
Nossos médicos não sabem mais fazer uma boa clínica e baseiam os seus atendimentos apenas em exames. Não dá para equipar um hospital no interior do País com tantos equipamentos assim para fazer exames”, disse.

Marco Aurélio da Rosa, no entanto, é contra a vinda de médicos portugueses ou espanhóis para o Brasil. “Os médicos da Espanha ou de Portugal vêm para cá para disputar mercado com os nossos médicos nos grandes centros do País, pois não há mais mercado para eles na Europa. Eles também não vão querer ir para o interior do Brasil. Quem vai para lá é o médico cubano que recebe esta formação social e a ideia é que eles fiquem por um período apenas”, disse.
De acordo com o Rosa, o Brasil tem dois milhões de brasileiros em áreas sem atendimento médico.

“Temos 6.602 unidades construídas e que estão sem médico, só com enfermeiro, principalmente em regiões da Amazônia, interior do Nordeste. O que se pretende fazer com isto? Quem topa ir para a Amazônia?”
De acordo com o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila, há 1,8 médicos para cada mil habitantes no País. Porém, ele reconhece que há desigualdade entre as regiões.

Experiência no Tocantins
No projeto do Tocantins, os médicos cubanos passavam um mês estagiando no Hospital Público de Doenças Tropicais de Araguaína.

“Neste estágio eles se atualizavam sobre vacinação e doenças imunopreveníveis. De malária, por exemplo, eles não sabiam nada, mas como tinham boa formação em fisiopatologia aprenderam rápido.”
No projeto do Tocantins, os médicos cubanos passavam um mês estagiando no Hospital Público de Doenças Tropicais de Araguaína.

“Neste estágio eles se atualizavam sobre vacinação e doenças imunopreveníveis. De malária, por exemplo, eles não sabiam nada, mas como tinham boa formação em fisiopatologia aprenderam rápido.”
Medrado conta que os médicos cubanos recebiam o mesmo salário que os brasileiros. “O salário era de 8 mil ou 10 mil, uma fortuna para eles. O governo cubano cobrava 30% do que eles ganhavam independentemente se fosse do hospital público ou do particular. E eles pagavam. Claro, o governo deu a educação.”

O cirurgião-geral aposentado conta que o problema da falta de médico no Tocantins foi solucionado, na época, “a partir da complementaridade” entre brasileiros e cubanos.
“Não tínhamos médicos brasileiros de todas as especialidades que precisávamos. Com a vinda dos cubanos, os 17 hospitais ficaram com todas as especialidades”, disse. Ele conta que, antes do projeto, conseguiam preencher apenas 50% das vagas com brasileiros. As principais carências eram especialistas em ortopedia, anestesista e cirurgia.

De acordo com Medrado, em 1995, havia apenas 64 leitos em todo o Estado – que tem 139 municípios. ”Com os cubanos foi para 2.640”, afirma.
O entrosamento entre os médicos dos dois países não foi imediato. “É uma formação diferente. Um é socialista o outro capitalista”, brinca o médico que teve a vida política iniciada no PC do B, quando ainda era estudante de medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Medrado conta também que logo os brasileiros passaram a atuar nas clínicas particulares, enquanto os cubanos permaneciam no SUS.
“Porém o dermatologista cubano é melhor que o brasileiro, né? E todo mundo ia se consultar no SUS. Com o tempo os cubanos foram trabalhar também nas clínicas particulares.”

Idioma e doenças locais
Uma das principais críticas do Conselho Federal de Medicinal para o atual projeto de “importação” de médicos estrangeiros é rebatida por Medrado. Ele afirma que a diferença de idioma entre médico e paciente no programa realizado no Tocantins não era problema.

“É melhor ter um médico que fale espanhol do que nenhum. Precisávamos resolver o problema de falta de opção."
...
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-defesa-da-vinda-dos-medicos-estrangeiros


 

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