27 de julho de 2013
Lideranças programam lançamento da candidatura de Emiliano José a deputado federal
Cerca de 50 lideranças políticas, sindicais e comunitárias,
de Salvador e interior da Bahia, reuniram-se sábado (27), no auditório do
Pituba Plaza Hotel, para debater a conjuntura nacional e baiana. Eles unificaram
em torno da candidatura de Emiliano José a deputado federal, pelo PT. Com o
debate, querem entender a natureza das manifestações de rua que tomam conta
do país.
Para isso, Emiliano José convidou os professores Vitória
Espinheira e Paulo Henrique Almeida. “As manifestações fazem parte de uma crise
mundial da democracia representativa ocidental, vieram para ficar, são
apartidárias, rejeitam as instituições, não aceitam partidos políticos e suas
reivindicações são fruto de insatisfações, críticas, e revolta contra a
incapacidade de o Estado atender as necessidades dos cidadãos”. Essa foi a
síntese das reflexões.
INDIGÊNCIA TEÓRICA - O professor Paulo Henrique criticou
as primeiras reações da esquerda em relação às manifestações de rua, em
particular “à indigência teórica de nosso Partido dos Trabalhadores”. Desde que
o PT tornou-se governo incorporou o discurso padrão da ação, da prática e pouca
gente se dedicou à pesquisa e formação. “Paramos de pensar o planeta”. Assim,
quando explodiram as manifestações, a reação coletiva foi de surpresa. Alguns
militantes passaram a repetir: “mas que porra é essa?”; outros passaram a
hostilizar os manifestantes, taxando o movimento de reacionário, poucos
compreenderam “o direito de ter direitos” da multidão que está indo às ruas.
Paulo Henrique: “ontem, imaginem, li um post no facebook
afirmando que os EUA estão financiando as revoltas no mundo inteiro, outro post
creditou o movimento ao “ouro de Moscou”, assim, voltamos à Guerra Fria”. Para
ele, tem-se que ver o Brasil dentro do planeta Terra, tais movimentos, cada
qual com suas especificidades nacionais e culturais, vêm acontecendo desde os
anos 90 (Seatlle, primavera árabe, Walt Street, em toda parte, Grécia, Espanha e
movimentos indígenas no Peru e Equador etc)
CRISE DA DEMOCRACIA - O que há de comum nestes
movimentos? Neles há a crise da democracia representativa ocidental, não se
vêem representados pelos parlamentos, nem mesmo pela democracia participativa.
É um movimento multidinário, descentralizado, sem ordem de comando, integrado
por indivíduos que defendem centenas de bandeiras diferentes. Não há a menor
possibilidade de atrair essas camadas para os partidos políticos e trata-se de
uma nova forma de organização, com uso das redes sociais da Internet. Não se
incluem nos conceitos de classe, massa, povo, proletariado. São um novo sujeito
– Multidão, com muitas bandeiras, mil cartazes diferentes.
O movimento não é produto do acaso. Faz parte das
mudanças que ocorrem no mundo, no capitalismo. As formas de representação
política, de organização partidária atuais estão ficando para trás. Seria um
grande erro achar que das manifestações não vai ficar nada. Quem viveu as
manifestações de 1968, tanto hippie quanto revolucionárias, sabe que muita
coisa mudou a partir delas, a emancipação das mulheres, o movimento negro, as
cotas raciais, o movimento ambientalista, a luta pela paz, contra o consumismo,
contra o racismo etc têm o DNA da ruas de 68. Também as atuais manifestações
deixarão seu legado.
Claro que a direita e o PIG tentaram capturar as
manifestações, até zumbis integralistas, anarquistas e nazistas apareceram,
mas, também a esquerda e a extrema-esquerda tentaram fazer as mesma coisa.
Todos os partidos, sindicatos chapas-brancas foram rechaçados. Este movimento
vai passar por cima do “stablishment”, que somos nós, e quem está nas ruas é o
poder constituinte. Portanto, precisamos de novo pensamento, novas estratégias,
não mais recorrendo aos escritos de Lênin ou à social-democracia alemã.
AS PISTAS ESTÃO NO AR - Temos que pensar uma estratégia
para o século XXI. As pistas estão no ar. Eles querem o direito à cidade,
mobilidade, passaporte universal abertura para emigração. Os sindicalistas têm
que lutar pelos direitos dos trabalhadores ilegais bolivianos no Brasil, os
médicos têm que aceitar a importação de médicos cubanos. “O fato é que o
capital transita com total liberdade no planeta, e o trabalho não estão tendo
este direito”.
Sim, as pistas estão no ar. Por que a elite ataca tanto
Lula? Por que Lula fez uma revolução, distribuiu renda, ampliou a classe média,
surgiram trabalhadores consumidores. Eles querem livre acesso ao conhecimento,
à rede digital sem controle, preservação do meio-ambiente, do estoque de peixes,
da paisagem, da ventilação nas cidades, o que significa a defesa do “comum”.
Educação passa a ser vital. Só haverá possibilidade de sobrevivência digna com
acesso à educação e à rede livre. E a idéia predominante no Movimento Passe
Livre, por exemplo, é a do aqui e agora, uma nova sociedade, uma nova cidade,
um mundo “sem catraca”. No movimento estudantil, em particular, rejeita-se o “discurso
marxista” e o PT é muito criticado pela violência policial.
E O PT COMO FICA? Há possibilidade de uma caminhada
virtuosa? Houve um consenso na reunião de líderes. Repensar a política,
defender o legado de dez anos do PT no governo, as conquistas sociais com
distribuição de renda. Os discursos confirmaram a candidatura de Emiliano José
a deputado federal. Giuseppe Cocco, Antonio Negri foram autores citados. Em
particular, uma citação de Cocco: “O programa Bolsa Família é contra a lógica
do capital, daí a ofensiva da mídia”. E como disse Lula: “não vamos falar de porta
de saída, vamos falar de porta de entrada”. Ao final, a disposição de enfrentar
o debate, o que o PT construiu, com números, consistência, e com novo olhar.
E logo partiram para o mapeamento eleitoral, planejamento,
divisão de tarefas, possibilidades de alianças, participação ativa no PED – a democracia
interna que só o PT possui. A candidatura de Emiliano José a deputado federal
está nos trilhos. As reuniões se sucederão. Na capital, na região metropolitana
no interior.
25 de julho de 2013
Enquanto jalecos brancos faziam passeata, médicos trabalhavam
Nem tudo é notícia ruim na área médica. Enquanto centenas de
profissionais, terça-feira, 23, faziam
passeata fantasiados de jaleco branco (rezem para que tenham desinfetado as
roupas de trabalho expostas nas ruas), a equipe médica do Hospital da Cidade,
localizado no bairro Caixa D´Água, em Salvador, passava por treinamento com o
simulador do aparelho Greenlight – Laser Therapy, que trata as doenças benignas
da próstata de forma mais rápida e com menos efeitos colaterais. A conseqüência
será a redução do tempo de internação do paciente.
Os treinamentos da equipe urológica do Hospital da Cidade
ocorreram exatamente na hora em que os médicos puxados pelo sindicato e,
vergonhosamente, pelo Conselho Federal de Medicina, ocupavam a avenida Tancredo
Neves com seus tambores e fantasias. A iniciativa dos médicos do HC demonstra a
preocupação que a unidade de saúde tem por seus profissionais e, em
conseqüência, por seus pacientes. O Greenligth – Laser Therapy é tecnologia dos
EUA utilizada já há quatro anos na Bahia, que permite a remoção do tecido a
laser, resultando num canal aberto para que o fluxo da urina transcorra
livremente.
DESFILE À FANTASIA - De minha sala, na avenida Tancredo
Neves, vi passar o desfile dos jalecos brancos de Salvador. Muito tambor e slogans falaciosos. Mas, com total
proteção democrática da Polícia Militar da Bahia. Liderados pelo sindicato, médicos
de Salvador aderiram ao protesto nacional. Eles são contra o programa “Mais
Médicos” do governo federal, que objetiva contratar médicos para cerca de 2.500
cidades brasileiras. Na Bahia há 264 municípios sem médicos. É incompreensível,
para mim, que médicos sejam contra a ida de médicos para o interior, com
salários de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Não que as reivindicações deles sejam absurdas. Eles querem
mais apoio para o SUS - o Sistema Único de Saúde, pelo menos era o que repetiam
nas ruas. O que não dá para aceitar é que contraponham melhores condições para
o SUS ao programa “Mais Médicos”. Dizem que o problema não é a FALTA de médicos
e sim de estrutura e equipamentos. É falso o argumento. Faltam médicos no interior. Os números não
mentem e quem sabe da desgraça é o morador do município que não tem nenhum
médico.
O pior dos argumentos foi usado pelo presidente do Sindicato
dos Médicos do Ceará, José Pontes. Segundo ele, referindo-se ao programa Mais
Médicos, “é como contratar cozinheiro sem feijão, fogão ou pratos”. Raciocínio muito
estúpido. Médico não pode ser comparado a cozinheiro (nada contra cozinheiro),
e pessoas não podem ser comparadas a feijão e fogão. Não dá para respeitar esse
pessoal.
Vivam os médicos, abaixo a máfia de branco.