6 de abril de 2007

 

Devolvam meu Bahêa

Devolvam meu Bahêa – o último bastião da ditadura

Do correspondente da revista Caros Amigos em Salvador, jornalista Nestor Mendes Jr, publicado na coluna Enfermaria na edição de março.

O Brasil sofreu um processo de democratização que praticamente varreu do mapa os últimos resquícios da ditadura militar implantada em 1964. Da abertura “lenta e gradual” à eleição de um líder operário, passando pela anistia, diretas-já e o impeachment de Collor, o Brasil é bem diferente de 1964.

Contudo, um filhote da ditadura resiste no Brasil do século 21: o comando do Esporte Clube Bahia – um dos clubes brasileiros mais populares, com uma massa de 6 milhões de torcedores.

Desde 1972 – quando as ordens no Brasil eram ainda dadas pelo general Médici – está encastelado na chefia do Bahia o cartola Paulo Maracajá Pereira. Ex-dono de uma frota de táxis – que pegou fogo misteriosamente e, pasmem, de uma só vez -, Maracajá se aproveitou muito bem do poder dos generais e da popularidade do clube.

Foi vereador, deputado estadual e, atualmente, ocupa a sinecura vitalícia de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Responsável por levar o Bahia à bancarrota – dívidas de 60 milhões de reais – e à humilhação nos gramados – i bicampeão amarga a terceira divisão desde o ano passado -, Maracajá (que se auto-intitulou “eterno presidente” vive às voltas com processos na Justiça; inquéritos no Ministério Público e na Polícia Federal; e uma oposição renitente, que, em novembro passado levou ás ruas de Salvador 50 mil pessoas, que exigiam num só brado: Devolvam meu Bahêa.

NOTA DO BLOG: Sem querer criticar Nestor Mendes Jr, em seu texto está faltando alguma coisa. O filhote da ditadura que resiste na Bahia sempre pertenceu ao time de ACM, radical e fiel carlista, e foi vereador e deputado estadual pelo ex-PFL. Como Nestor Mendes não faz menção a isso, fica parecendo que a turma de ACM não tem nada a ver com os métodos de poder de Maracajá e a derrocada do popular time. Ah! E a tal sinecura vitalícia do filhote da ditadura no Tribunal de Contas dos Municípios foi conseguida pela maioria carlista na Assembléia Legislativa, antes do hamster perder as eleições e a rataria mudar de lado.

5 de abril de 2007

 

Maré vermelha causou mortandade de peixe na Bahia

O vereador, digo, senador do ex-PFL, César Borges, vai ter que engolir suas palavras. Encarregado por ACM de fazer o trabalho sujo, declarou à imprensa que o duto da Petrobrás “poderia ser o causador da mortandade de peixe na Baía de Todos os Santos”. Era clara a intenção irresponsável de envolver o governo federal na tragédia ambiental. César Borges tem se especializado nesse tipo de pronunciamento. Mais para vereador de grotão que para senador da República.

Um fenômeno natural conhecido como “maré vermelha” foi a causa da mortandade de peixes na Baía de Todos os Santos, verificada desde o início do mês de março. A constatação está no laudo técnico divulgado (4/4) pelo Centro de Recursos Ambientais (CRA), detalhando que a ocorrência é resultado das altas concentrações da espécie de microalgas Gymnodinium sanguineum no mar.

Em altas densidades, essas algas produzem grande quantidade de matéria orgânica, o que causou a obstrução das brânquias dos peixes, levando-os à morte por asfixia. A situação ainda foi agravada pela redução do oxigênio disponível na água em função da decomposição da matéria orgânica gerada.

Uma equipe multidisciplinar trabalhou nos estudos e na elaboração do laudo técnico, com a participação de professores dos institutos de Química e de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Escola de Medicina Veterinária da Ufba, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de Santa Catarina, e do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet). O professor Eduardo Mendes da Silva, do Instituto de Biologia da Ufba, esclarece que a maré vermelha ocorre principalmente por conta de condições climáticas estáveis e do aumento de nutrientes na água. “A estabilidade climática verificada no mês de março colaborou para a reprodução intensa das algas. Foram praticamente 30 dias sem as costumeiras chuvas e os ventos fortes”, disse.

“As algas chegam a um grau de concentração máximo de três milhões de células por litro”, explicou o oceanógrafo e professor da Univali, Luís Proença. O laudo concluiu ainda que, no fenômeno ocorrido na Bahia, os danos decorrentes afetam apenas o ecossistema, diferentemente da maré vermelha verificada em Santa Catarina em janeiro deste ano, quando as microalgas produziram toxinas que contaminaram ostras e mexilhões. Nesse caso, o consumo dos mariscos afetaria a saúde humana.

A principal região afetada pelo fenômeno foi a desembocadura do canal de São Roque do Paraguaçu, entre Salinas da Margarida e Santo Amaro, passando pelas localidades de Bom Jesus dos Pobres, Cabuçu, Itapema, Acupe e outras áreas adjacentes. A maré vermelha também provoca alteração na coloração da água.

O trabalho de monitoramento das águas da baía continua. Segunda-feira (9) está marcada uma reunião do conselho gestor da Área de Preservação Ambiental (APA) da Baía de Todos os Santos. Na ocasião, será discutida a elaboração de um plano de manejo e recuperação das águas, para evitar o lançamento de detritos e combater a poluição. O Governo Wagner está dando assistência à população. Mais de dez mil cestas básicas já foram distribuídas.

 

Revista Caros Amigos completa dez anos

Parece que foi ontem. A revista Caros Amigos está completando dez anos – uma verdadeira façanha para um veículo alternativo e que não conta com as mesmas oportunidades das publicações comerciais. Uma vitória pessoal do jornalista Sérgio de Souza, sem demérito para toda a equipe.

Para comemorar o feito, haverá, em São Paulo, na próxima semana (9 a 13 de abril), uma programação cultural com palestras de altíssimo nível. No programa constam nomes como Washington Olivetto, Dráuzio Varella, Zé Celso, Juca Kfouri, José Trajano, Tom Zé, Stédile, Paulo César Pereio, Paulo Mendes da Rocha, Ricardo Malerbi, Caco Barcellos. Cada qual vai falar na sua especialidade, claro.

A última edição, que está nas bancas de Salvador, veicula um anúncio oferecendo o livro Mariguella – o inimigo número um da ditadura, da autoria do professor, escritor, jornalista e ex-deputado Emiliano José (PT). A preço módico. A obra foi editada pela Casa Amarela, empresa que cresceu junto com a revista Caros Amigos.

 

MINO SE ASSUSTA COM GOLPISMO DO ESTADÃO

Na Internet uma coisa puxa a outra. O jornalista Paulo Henrique Amorim, em seu blog Conversa Afiada - http://conversa-afiada.ig.com.br/ - afirma que “Mino se assusta com golpismo do Estadão”. Segundo o Conversa Afiada, a fúria golpista da mídia conservadora tem uma vantagem; fez o Mino Carta rejuvenescer 43 anos e voltar a 1964.

Mino se inspira no Estadão – e em outros notáveis colunistas – para constatar que o “caos aéreo” vai acabar com a desmilitarização.

O que não vai acabar é o golpismo da mídia brasileira, finaliza Paulo Henrique Amorim.

LEIA O TEXTO DO MINO:

Blog do Mino
Sem condição de decolar

Ah, a rebelião dos sargentos... Mais, muito mais que o enredo do apagão aéreo, enésimo ato da tragicomédia brasileira, convoca a atenção minha e dos meus botões o comportamento da mídia nativa em relação às mais recentes decisões do presidente Lula.

Não digo que me espante, ou que me surpreenda de leve, ou que me cause alguma perplexidade. Está claro que não. A mídia nativa é personagem de primeiríssimo plano na tragicomédia brasileira.

Tocha e cordas, pratico a espeleologia interior, íntima, pessoal. Que sinto neste momento? Talvez uma espécie de melancolia cívica ao constatar que, de verdade, o País não tem a mais pálida condição de decolar.

Não são os aviões, é o Brasil, entregue a esta chamada elite, a esses donos do poder que nunca se põem, igual a sol eterno.

O editorial do Estadão de hoje, por exemplo, tem a ventura de me rejuvenescer 43 anos. Lá está a “quartelada” que despreza “os princípios basilares da hierarquia e da disciplina”.

Ricardo Noblat (tu quoque?) é mais preciso, na sua qualidade de atilado jornalista. Anota que Lula lembrou dos começos de 1964, “quando João Goulart passou a mão na cabeça dos sargentos em greve”, daí houve mais um empurrão para o golpe de 1º de abril.

Eliana Cantanhede, na Folha de S.Paulo de domingo, evoca Nostradamus. O governo, diz ela, se indispôs com a cúpula militar, e só o tempo dirá se foi “bom negócio”. E eis a conclusão, presságio de chuva preta: “A historia costuma dizer que não”.

Pincei três exemplos. Há inúmeros, porém, intermináveis. Em todas as passagens há um toque suave de esperança, no gênero “não é tempo para golpes”, ou “a democratização já deitou raízes”, ou “aquele passado não volta”.

A reprimenda a Lula é escancarada, no entanto, como se ele estivesse a brincar com o fogo e a submeter risco irreparável ao País e a Nação.

Percebe-se, como sempre, a intenção de alvejar o governo, o preconceito de classe, se não for ódio mesmo, ali se mescla com o sonho de desforra depois da derrota tucana. Mas há também, notável, transparente, a incapacidade de entender que ao presidente de uma República autêntica, e entendida como tal por seus cidadãos, cabe perfeitamente tomar certas decisões e que sua autoridade é infinitamente superior àquela, especifica e circunscrita, de generais, brigadeiros e almirantes.

Tenho a granítica convicção, corroborada pela pronta anuência dos meus botões, de que a larga maioria dos cidadãos não tem consciência republicana, a começar pelos graúdos e dos seus menestréis midiáticos.

Desmilitarizar o controle aéreo, medida salutar, sem dúvida. O caos terminará nos aeroportos. Vai continuar, contudo, na cabeça dos senhores, e é isso o que me preocupa. Ou melhor, me entristece.

Fonte: http://blogdomino.blig.ig.com.br/

 

Salvem o Centro de Referência Loreta Valadares

Maria Alice Bittencout escreveu ao blog:

Em primeiro lugar parabéns pelo excelente jornalismo do seu blog.

Em segundo lugar, para ser fiel aos princípios norteadores do bom jornalismo (não neutro e sempre ético), peço atenção especial (de preferência uma matéria grande) sobre o Centro de Referência Loreta Valadares - Prevenção e Atenção a Mulheres em Situação de Violência (CRLV), um Serviço público e gratuito que atende indiscriminadamente qualquer mulher vítima de qualquer tipo de violência.

O CRLV, uma conquista do movimento de mulheres, fruto da parceria entre os governos municipal, estadual e federal, não tem despertado o interesse e atenção merecidos pela mídia da "terrinha". Corre o risco de ser reduzido a um programa de governo, quando deve tornar-se um programa de Estado.

Os telefones do CRLV são 3235 - 4268 / 3117- 6770 e seu endereço é Rua Aristides Novis, 44, Federação (Estrada de São Lázaro). A dirigente é Francisca Schiavo, cedida pelo ISC/UFBA para gerir o primeiro Centro de Referência para mulheres do Estado da Bahia. Que, acertadamente, leva o nome de Loreta Valadares, prestando-lhe uma justíssima homenagem.

Loreta dispensa apresentações para você; também por isto reitero meu apelo por uma divulgação séria do extraordinário trabalho desenvolvido no CRLV. Para que ele não desapareça, provocando a segunda morte de Loreta Kiefer Valadares.

AXÉ!

NOTA DO BLOG - Fica então a sugestão de pauta para a imprensa baiana. Quanto à matéria "grande" neste espaço já é mais difícil porquenosa redação conta com um só redator, eu. Mas o tema merece.

 

Jornal dos bancários critica armação contra Waldir Pires

O jornal O Bancário, do Sindicato dos Bancários da Bahia, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), em sua edição de quarta-feira (4 de abril), registra o linchamento do ministro da Defesa Waldir Pires pela mídia nacional. O título è “Linchado”. Diz a nota: “Além dos passageiros, que vêm sofrendo atrasos e adiamentos de vôos, o ministro Waldir Pires perdeu mais credibilidade com a crise nos aeroportos. Linchado moralmente por boa parte da imprensa, foi chamado de “incompetente” e “lento”, como se problema de tal gravidade tenha uma culpa tão simples. O problema é que a imprensa não investiga as causas do transtorno. É mais fácil achar culpados e entregá-los à forca”.

O jornal O Bancário já estava nas ruas quando o presidente Lula disse à Nação: "O ministro Waldir Pires fica, acabou a reforma ministerial".

4 de abril de 2007

 

Por trás do apagão está a luta pelo controle do bilhão da Infraero

O que está por trás dos ataques da revista Veja à Infraero e da ofensiva na mídia pela privatização do sistema de tráfego aéreo?

Na verdade, está em jogo a transferência das taxas operacionais feitas pelas empresas para a Infraero. Uma bagatela que gira em torno de 1 bilhão de reais, por ano. Alguns focos militares torcem o nariz para o ministro da Defesa Waldir Pires, mas, a resistência à permanência dele no ministério está mais em função do vil metal, vem da área empresarial. É a turma que quer botar a mão no bilhão.

A revista Carta Capital (4 de abril) mete a mão na ferida. "Durante cinco meses do processo da reforma ministerial, Waldir Pires foi fritado em óleo quente pela mídia e pela oposição, com discreto auxílio de militares saudosistas de tempos outros".

A Waldir Pires foram atribuídos todos os males do tráfego aéreo brasileiro, "um desastre anunciado há, pelo menos, duas décadas. Waldir foi acusado de tudo, desde a falta de radares nos aeroportos ao trânsito de um cachorro na pista de pouso de Congonhas (SP). Sem falar na neblina do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos".

Até agora nada foi capaz de removê-lo do cargo.

O Brasil precisa de Waldir Pires no Ministério da Defesa. E a democracia também. Eu estou começando a ter vergonha de ser jornalista. É sério.

 

Governo Wagner (PT) beneficia portadores de deficiência

Está na manchete do Diário Oficial de hoje (quarta, 4). O Governo Wagner isentou de ICMS os produtos para portadores de deficiência. A medida inclui acessórios e adaptações especiais para veículos, rampa, plataforma de elevação de cadeiras de roda, além de produtos destinados a pessoas portadoras de deficiências visual e auditiva, que passam a ter o preço reduzido em até 17%. O governo fez um convênio com o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que existe desde 1998 mas estava em vigor apenas em Minas Gerais e São Paulo. É o governo do PT promovendo a inclusão social. A cidadania agradece. Fico aqui me perguntando: por que o governo carlista de Paulo Souto (PFL) não tomou antes essa providência?

3 de abril de 2007

 

Do apagão à conspiração contra a democracia

Adiei todas minhas viagens aéreas. Com esse clima criado pelos militares sublevados não vou me arriscar. Vamos ser francos. Há mais de 25 anos que os controladores de vôo reclamam das condições de trabalho. Sempre foram abafados pela estúpida disciplina da caserna. Há mais de 25 anos que nenhum governo democrático tomou conhecimento dos relatos dos controladores de vôo. Eles próprios dizem isso. Não vou recuar ao tempo da ditadura militar, porque ditadura é ditadura. A verdade é que muitos desmandos do Comando Militar da Aeronáutica geraram o atual caos. O Governo Lula vai consertar isso, desmilitarizando o setor, com a ação política do ministro Waldir Pires.

Não dá para fazer omelete sem quebrar ovos. Não dá para desmilitarizar o setor sem tensão com os militares.

Essa lenga-lenga da “quebra da hierarquia” está muito desmoralizada. Em 1954 os militares quebraram a hierarquia e tentaram depor Getúlio Vargas. O golpe foi abortado pelo suicídio de Vargas. Mas em 1964, dez anos depois, o golpe militar chegou trazendo nova quebra da “hierarquia”. Os militares deviam obediência ao presidente eleito João Goulart, quebraram a hierarquia, traíram o governo e a Constituição e sujaram as mãos de sangue durante vinte anos. Não podem falar de “quebra de hierarquia” por uma dúzia de controladores de vôo.

O ministro da Defesa Waldir Pires foi o primeiro a dar voz aos controladores de vôo. Não há outra maneira de desmilitarizar o setor e modernizar a aviação.

Agora, os militares voltam a quebrar a hierarquia. Um brigadeiro chamou o ministro de canalha. Está nos jornais. Quando o Comando Militar da Aeronáutica destrata o ministro da Defesa há quebra de hierarquia. Quando militares colocam em prática um plano idiota de “derrubar” o ministro Waldir Pires no dia 31 de março, data do golpe militar de 1964, é mais que quebra da hierarquia, é conspiração. Eles tentam desmoralizar Waldir Pires como fizeram com os ex-ministros José Viegas e José de Alencar.

Com Waldir Pires é mais embaixo.

Os coronéis recusam assumir o comando dos cindactas. É mais que a quebra da hierarquia, é conspiração barata. Waldir Pires está certo. A crise vai passar, o setor da aviação será desmilitarizado. Os controladores de vôo ficarão livres da truculência dos militares. Ninguém será punido. O Ministério Público Militar – aquela mesma instituição que processava os militantes que lutavam contra a ditadura – anuncia que vai investigar e processar. Não vai dar em nada, mas estará mais uma vez plantada a “semente” do golpe militar. Quem viver verá.

 

Água do São Francisco para o Nordeste. Inevitável.

A transposição das águas do rio São Francisco vem aí. O projeto vai levar água para uma parte do Nordeste. Água e empregos. Desenvolvimento. O ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, continua a fazer a defesa do projeto, com brilhantismo. Grupos bem intencionados, mas equivocados, continuam combatendo o projeto. Eles contrapõem a idéia de abrir cisternas individuais ao projeto da integração das bacias. Tornaram-se surdos aos argumentos, à lógica, entrincheiraram-se no fundamentalismo religioso e até greve de fome ameaçam novamente para combater uma questão puramente de política pública. Um bispo chega a falar em nome de Deus. Ora, se outro bispo de Nordeste entrar em greve de fome a favor do projeto, quem vamos escolher para morrer à míngua? Não dá para aceitar isso. Mas há também grupos empresariais que querem a água apenas para seus empreendimentos. Ciro Gomes não chega a falar no grupo carlista que, por puro oportunismo político, combate o projeto. Uma entrevista sua à Rádio Itatiaia ajuda a esclarecer as coisas


REPÓRTER: Deputado, por que ainda há resistência à transposição do rio São Francisco, de um lado, e de outro lado há fervorosos defensores da idéia?

CIRO GOMES: Eu hoje posso dizer sem medo de cometer nenhuma injustiça que há dois grupos movimentando esse antagonismo radicalizado. Embora minoritário, cada vez bem menor, está minguando todo dia, mas são dois grupos. Um grupo está de má fé nisto, é o grupo que eu chamo do grupo da reserva de valor.

Esse grupo desconhece qualquer argumento, monta-se em argumentos nobres, como aqueles que dão conta da degradação do rio, das questões ambientais, das questões sócio-econômicas-culturais, para esconder a sua motivação, que é enquanto falta água dramaticamente em uma região extensa do país, e isso ninguém pode negar, guardar uma água que hoje está sendo jogada fora para em um futuro remoto ser aplicada no oposto do que eles advogam hoje, qual seja na expansão da agricultura irrigada para grandes grupos.

REPÓRTER: Grandes grupos?

CIRO GOMES: Eu falo claramente: Projeto Salitre, na Bahia, Projeto Pontal, em Pernambuco, Projeto Baixio de Irecê, na Bahia, Projeto Jaíba: há 80 mil hectares projetados em Minas Gerais. Esse é um ponto. O segundo ponto é um conjunto de pessoas bem intencionadas, não tenho menor dúvida, mas que também não se debruçam sobre a questão como ela está posta, porque o que está posto não é um juízo de oportunidade e de conveniência se deveríamos gastar essa montanha de dinheiro que esse projeto de integração de bacias pede ao invés de gastar bem menos fazendo cisternas domiciliares, porque não é esta a questão. As cisternas domiciliares são essenciais, têm que ser feitas, elas não negam o projeto.

Entretanto, as cisternas domiciliares têm duas contradições: primeira, ela só tem água se chover e o projeto se destina estrategicamente a suprir a cíclica falta de chuva na região. O projeto não atende a população difusa, a cisterna sim, mas a população difusa é minoria, as maiorias a quem o projeto se destina estão nas cidades, é um projeto de abastecimento humano nas cidades.

De passagem, porque não é um projeto que toma água aqui, entuba, e entrega lá no fim, de passagem, esse projeto vai permitir a exploração pela agricultura familiar: uma agricultura moderna, 100% das margens esquerda e direita dos 700 km de extensão estão declarados de utilidade pública, para fins de desapropriação e reforma agrária e na seqüência o projeto utiliza 1.000 km de rios secos do nordeste setentrional que passarão doravante a ter água, permitindo uma cultura de vazante, o que ordenaria dramaticamente de forma positiva para o país a migração que hoje abandona esse semi-árido para ir ser reserva de valor do exército da violência, do narcotráfico, da mortandade de crianças, adolescentes, e prostituição infantil nas grandes capitais do país.

Quem quiser discutir o assunto nestes termos, estando de boa fé, encontrará as respostas, mas nunca pode se opor a um presidente legitimamente eleito, um juízo de oportunidade e de conveniência que é dele por delegação popular.

REPÓRTER: O bispo de Barra está no grupo que defende as cisternas...

CIRO GOMES: Eu disse a Dom Cappio, com todo respeito, mas hoje vou levantar um pouco mais a minha voz, em nome de quem ele fala, de Deus?

Porque se ele não estivesse arvorando a falar aqui sobre esse assunto mundano em nome de Deus, ele precisa ser um pouco mais humilde e entender que se um bispo lá do Setentrional Nordestino resolver entrar em greve de fome a favor da obra, nós teremos que chegar na absurda e antidemocrática e autoritária providência de escolher qual dos dois vai morrer. Não é assim que se faz na democracia.

REPÓRTER: Ministro, as pessoas que coordenam esses protestos dizem várias coisas. Uma delas é que o preço da água pode aumentar para as populações que moram na região desse projeto.

CIRO GOMES: É preciso ser mais honesto do que isso. O projeto introduz uma modernidade que é muito gravemente necessária que se introduza o quanto antes na distribuição de água, que é um mineral finito, valorável economicamente e que o Brasil tem tratado como coisa sem valor e infinita. Não é.

As grandes lutas e tensões internacionais como agora já indicadas por estudo recente das Nações Unidas sobre o aquecimento global, uma das gravíssimas questões que está posta é a escassez de água. Portanto, a água tem que ser valorada economicamente.

Agora, evidentemente o projeto não desconsidera a desigualdade das pessoas. Então o projeto vai onerar a água, não é que vai encarecer, vai se fazer com que a água agora seja paga, só que vai ser de forma progressiva, de maneira que para a agricultura familiar e populações difusas a água será entregue gratuitamente e o custo disso será por um subsídio cruzado oneroso aos outros usos que a água do projeto São Francisco pretende destinar.

Foi criada uma concepção institucional, uma subsidiária da Companhia Chesf, que tem tradição de manejo de água para fins de energia, então ela vai onerar e quem vai pagar isso são os governos estaduais, os governos estaduais vão pagar por essa água bruta nas contas que eles quiserem no projeto e quando eles entregarem tratada a água, o povo já paga.

Estamos querendo enganar quem? Fazer terrorismo contra quem? Isso faz parte do argumento dos que estão de má fé, porque está tudo escrito. Se alguém souber de alguma falha não fique fazendo leviandades contra pessoas que podem estar nisso de boa fé e honestamente. Denuncie ao Ministério Público que está aí vigiando o projeto, denuncie para a polícia, bota a boca no trombone, ao invés de fazer insinuações levianas, generalizante, fala para você da rádio Itatiaia, que está aberta para quem quiser falar, como democrático órgão de comunicação de massa.

Então diz: tão roubando em tal lugar, porque eu, por exemplo, passei uma montanha de dinheiro para uma instituição de Minas Gerais para fazer o primeiro movimento de revitalização do São Francisco, porque as pessoas que lutam pela revitalização deixaram o Rio das Velhas morrer, o principal afluente do rio São Francisco pela margem esquerda é o Rio das Velhas e o Rio das Velhas estava recebendo efluentes in natura da indústria siderúrgica mineira. Estava recebendo esgoto sem tratamento. Morreu o Rio das Velhas, um dos mais importantes afluentes e nós financiamos uma instituição inclusive privada, da sociedade civil, porque? Porque eu confio nas pessoas. E não estou aqui para dizer que eles fizeram nenhuma malversação. Ao contrário, enquanto eu pude acompanhar tenho certeza de que as coisas andaram bem.

2 de abril de 2007

 

Sobre a mídia que sonega informação da Venezuela

Renato Rovai, editor-chefe da revista Fórum enviou o seguinte comentário:

"Mídia sonega informação sobre golpe na Venezuela"

Caro oldack, estou só postando pra te dizer que na próxima Fórum estamos registrando esses cinco anos e de que estarei lançando um livro cujo título é Midiático Poder - o caso venezuela e a guerrilha informativa no mês de abril.

Parabéns pelo site
Abraços
Renato Rovai

 

Aprenda a ler o Estadão

Sobre o post "Aprenda a ler o Estadão e entenda o suicídio da mídia" Daniel Pearl comentou:

O Brasil está ameaçado por conspiradores que planejam um golpe de Estado. Não tenho mais dúvidas disso. Esses conspiradores estão na imprensa e na oposição tucano-dem(oníaca), mas podem estar, também, na temível...caserna. Além do jornalismo de convencimento (aquele que em vez de informar o público procura vender-lhe teses), a grande imprensa brasileira pratica, concomitantemente, um jornalismo sabujo e outro pit-bull, e ajuda os partidos de Direita (PSDB, PFL, PPS e Cia.) na tentativa de voltar ao Palácio do Planalto.

Vamos relatar alguns jornalistas independentes que descobriram o “Golpe”.

Veja tudo no blog Desabafo País(Brasil),

acesse: http://desabafopais.blogspot.com.

Leia hoje no DESABAFO: 1) Dossiê "O Golpe de Estado e a Caixa-Preta da Imprensa - Assassinato, Corrupção e Jornalismo Alugado". 2) A farsa da Rede Globo; 3) Pronto para o confronto 4) Jornalismo Sabujo; Diga Não ao Golpe; 5) CPI "Apagão Aéreo" é desculpa para privatizar Infraero; 6) A Gênese do Golpe; 7) Caluniar, o jornalismo de Noblat; 8) Golpe - a mídia quer a CPI; 9) Brasil: A República dos Jornalistas Corruptos; 10) Noblat tenta incriminar Lula. Jornalismo independente.

Um abraço, Daniel Pearl.

 

Sobre ACM predador e a vida marinha

De Angola, o jornalista Jorginho Ramos postou o seguinte comentário sobre a intenção do senador ACM acabar com a vida marinha em Abrolhos, postado neste blog em 20 de março:

"Essa história é antiga e envolve muitos interesses políticos e empresariais, de fato. Mas a minha mensagem é mesmo para saudar Oldack. Daqui de Angola onde estou provisoriamente, visito o site diariamente para me informar de uma maneira diferenciada, sobre o que ocorre na Bahia. E também sobre que fizeram ou queriam fazer dela algumas lideranças deletérias que felizmente foram varridas para a lata de lixo da história. Um abraço, Oldack".

JORGINHO RAMOS

Se puderem, visite o blog
http://jorginhoemangola.blogspot.com

1 de abril de 2007

 

Aprenda a ler o Estadão e entenda o suicídio da mídia

Leia abaixo a íntegra do que o presidente Lula disse:

“Eu sonho grande. Eu sonho com uma coisa quase 24 horas por dia, e que não seja chapa-branca. Chapa-branca parece bom, mas enche o saco. E gente puxando saco não dá certo. A gente tem de fazer uma coisa séria. Não é uma coisa para falar bem do governo ou falar mal, é uma coisa para informar. A informação tal como ela é, sem pintar de cor-de-rosa, mas também sem pichá-la”,

Agora leia o título que o jornal O Estado de São Paulo (30/03/07) deu a respeito do projeto da TV pública:

“Lula quer TV pública que não piche”. Entendeu? Este é mais um exemplo do suicídio da mídia que insiste em manipular as informações e declarações de autoridades para passar uma idéia distorcida, completamente diferente do verdadeiro sentido da declaração.

Ora, o velho e decadente Estadão, no título de matéria, carrega nas tintas destacando apenas uma parte da declaração do presidente, para dar a entender que Lula quer uma TV que não piche o governo. Quando o que ele disse não foi exatamente isso. Ele disse que quer uma TV que informe a realidade, sem distorcer os fatos para o bem ou para o mal. “Sem pintar de cor-de-rosa, mas também sem pichar”.

ESTÁ EXPLICADA A CRISE DE CREDIBILIDADE DA MÍDIA

Em imperdível entrevista ao Observatório de Imprensa – “Ombudsman da Folha vê com pessimismo futuro de jornais”, Marcelo Beraba, ombdusman da Folha, critica a falta de equilíbrio da mídia na cobertura das eleições presidenciais de 2006.

Beraba admite que a grande imprensa vive uma dura crise de identidade, decorrente da perda de qualidade e da erosão da credibilidade no que é publicado.

VIDE EXEMPLO ACIMA DO ESTADÃO

Redações inexperientes, fraca implantação nacional, sucursais rarefeitas (uma pessoa para cobrir toda a Amazônia, por exemplo) formam a base estrutural desse esfarelamento que também tem uma forte dimensão de escolhas políticas equivocadas.

A mídia radicalizou contra o governo e contra Lula em 2006.

Não convenceu a população brasileira. E o Presidente teve uma reeleição esmagadora. Foi tal a radicalização observada que, agora, grandes veículos vivem uma longa ressaca à deriva, com sérias dificuldades para retornar ao porto seguro do equilíbrio.

Nos últimos cinco anos, os jornalões perderam 1/3 dos seus leitores, diz Beraba.

Significa dizer que se tal erosão recaísse exclusivamente sobre um deles, teria causado a sua morte.

Boa hora para desenvolver um projeto de comunicação pública, nacionalmente implantado, capaz de devolver à notícia a qualidade e o equilíbrio que formam o chão firme da credibilidade.

Leiam a íntegra da entrevista do ombdsman da Folha, Marcelo Beraba, ao Observatório da Imprensa.

Fonte: http://blogdodirceu.blig.ig.com.br/
31/03/2007

NOTA DO BLOG
Marcelo Beraba esqueceu de incluir em sua brilhante análise a corrupção dos jornalistas, picaretas que se vendem por qualquer mensalão.

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