16 de junho de 2007

 

Site do PT de Brumado recomenda site BAHIA DE FATO

É uma honra para o site Bahia de Fato estar na relação de links recomendados pelo site do PT de Brumado, ao lado de outros como Caros Amigos, Carta Capital e Agência Carta Maior.

O site do PT de Brumado reproduziu o registro do Bahia de Fato sobre a indenização à família do guerrilheiro revolucionário, capitão Carlos Lamarca, que sacrificou a própria vida na luta armada contra a ditadura militar de 1964.

Lamarca foi assassinado na localidade de Pintadas, município de Ipupiara, mas, bem mais perto de Brotas de Macaúbas. O laudo do IML da Bahia ficou desaparecido por 25 anos e foi descoberto pelo jornalista Bernardino Furtado, do jornal O Globo (RJ), que chegou a ganhar o Prêmio Esso Regional pela reportagem em 1996.

O laudo pericial comprovou que Lamarca foi abatido com cinco tiros pelas costas e já estava imobilizado quando foi executado com um tiro no coração, à queima-roupa. Portanto, uma covarde execução muito semelhante à de Che Guevara na Bolívia em 1968.

LEIA O SITE DO PT DE BRUMADO, EXEMPLO PARA O PT DA BAHIA:

http://www.ptbrumado.org.br/

 

A idiotice da Folha chega em Paris

Luiz Felipe de Alencastro, conhecido professor brasileiro que reside e trabalha em Paris, autor de “O Trato dos Viventes” mantém o site “Seqüências Parisienses”, de onde dispara torpedos críticos contra a idiotice geral deixada no Brasil.

Fonte: http://sequenciasparisienses.blogspot.com/

Sobre a bizarrice do editorial da Folha de S. Paulo no “caso Lamarca” ele escreveu:

O "caso Lamarca" e o editorial da Folha

Lido aqui de manhã cedo, quando no Brasil ainda é alta madrugada, o editorial de hoje da Folha, “O caso Lamarca”, me deixa perplexo. Os argumentos avançados no texto, contrários à decisão de promover Lamarca e indenizar sua família, parecem coerentes. Mas em nenhum momento fazem referência à fundamentação jurídica seguida pela Comissão de Anistia.

Noutra página do jornal, vem resumido o histórico da decisão. “O primeiro reconhecimento da responsabilidade do Estado pela morte de Carlos Lamarca foi em 1996, quando a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça determinou o pagamento de indenização à família.

A decisão foi inovadora, já que a lei vigente limitava o pagamento às famílias dos mortos em dependência policial. Morto em campo aberto, entendeu-se que Lamarca já estava sob o cerco de agentes do Estado, sem condição de reagir.

Em 2004, a lei foi alterada e as possibilidades de indenização, ampliadas. Anteontem (14), a Comissão de Anistia determinou o pagamento de pensão de R$ 12.152,61 à viúva. Os crimes ou a deserção do Exército não entraram em discussão porque, em 1979, o país aprovou a Lei da Anistia, que perdoou os crimes cometidos durante o regime militar.”

O julgamento dá lugar a controvérsias. Porém, o editorial da Folha enviesa o debate e termina com uma conclusão bizarra: “Por tratar-se de um prêmio à deserção, ademais, a equiparação de seus vencimentos ao de um general afronta os princípios de disciplina e subordinação, pilares das Forças Armadas”.

Faltou serenidade e sobrou ambigüidade. O editorial desconsidera o fato de que o caso estava praticamente julgado desde 1996, e que o crime de deserção fora apagado, anistiado, pela Lei de 1979.

Não há, em espécie, nenhum “prêmio à deserção” ou qualquer “afronta” à disciplina militar. Mesmo porque os "pilares" das Forças Armadas, da CBF, do ensino escolar e do cotidiano brasileiro são o respeito ao Estado de Direito e à Constituição dele procedente. Quem não estiver de acordo deve recorrer aos tribunais.

 

Generais e Folha de S. Paulo desconhecem Lei da Anistia

Alguns generais da ativa se manifestaram publicamente contra a decisão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, de reconhecer a condição de anistiado político de Carlos Lamarca, concedendo-lhe a patente de general, para efeito de pensão, e indenizando sua família.

A reação dos militares é ilegal e antidemocrática. Em nada contribui para a democracia.

A Lei da Anistia – lembra-nos Zé Dirceu em seu blog – foi aprovada em plena ditadura, com esses generais no poder. É direito líquido e certo da família de Lamarca. A Lei da Anistia anistiou a todos, tanto os guerrilheiros, quanto os malfeitores do Exército.

Os militares, ao se manifestarem, violam a Constituição Brasileira. A decisão da Comissão da Anistia está amparada pela lei. Os generais deviam ficar de boca calada. Mas são insubordinados e promovem uma pressão indevida.

Todos nós estamos submetidos à lei e à Constituição. A Lei da Anistia e as regulamentações posteriores foram aprovadas pelo Congresso Nacional.

Já a Folha de S. Paulo, que assumiu em editorial a posição dos radicais de direita, julga-se também no direito de desconhecer a Constituição. Seu editorial “O caso Lamarca”, na edição de sexta-feira (15) não cita a Lei da Anistia e desconhece a verdade factual. O capitão Lamarca foi executado, já estando imobilizado com cinco tiros não-fatais pelas costas, conforme atesta o laudo pericial do IML da Bahia, que permaneceu 25 anos desaparecido. Um tiro no coração consumou a execução, da mesma forma que os militares da Bolívia executaram Che Guevara. Um assassinato.

A Folha de S. Paulo prefere acatar a versão dos militares de que Lamarca foi “morto em combate”. Uma história fabricada como tantas outras.

A Folha é coerente. Apoiou a ditadura militar. Continua a apoiar os militares da ditadura militar.

15 de junho de 2007

 

Correio da Bahia usa linguagem dos militares radicais da reserva

O Correio da Bahia na sua edição de 14/06/07 deu o título: “Governo brasileiro promove terrorista a general”. Faz sentido a linguagem do jornal Correio da Bahia. É a mesma linguagem dos militares radicais de direita que defendem o assassinato do capitão Lamarca, em 1971, em Pintadas, localidade do município de Ipupiara, no sertão da Bahia. Faz sentido, até porque o governador (?) nomeado naquela época era o hoje senador Antônio Carlos Magalhães, dono do jornal, conhecido lambe-botas que fez carreira com a ditadura militar.

O capitão Carlos Lamarca, para combater a ditadura militar, aderiu à luta armada na década de 1970. A ditadura militar praticava um violento terrorismo, com prisões, torturas, seqüestros e assassinatos de presos políticos. Terroristas eram os militares. Não havia clima para oposição legal no Brasil.

Depois de tentar a resistência armada no Vale da Ribeira em São Paulo, Lamarca se deslocou para as proximidades de Brotas de Macaúbas. Foi cercado, perseguido e executado. O laudo pericial do IML da Bahia, descoberto 25 anos depois por brilhante reportagem de Bernardino Furtado, do jornal O Globo, provou que Lamarca levou cinco tiros pelas costas e um tiro de misericórdia no coração.

Lamarca foi assassinado pelo major Nilton Cerqueira. O Exército Brasileiro foi responsável pela morte do guerrilheiro que combatia a ditadura militar. Cabe à União indenizar a família. É justo. R$ 300 mil por uma vida é muito pouco, é simbólico. Lamarca foi anistiado, sua viúva recebia pensão equivalente à patente de capitão, a Justiça decidiu que tinha direito a receber pensão equivalente à progressão da carreira, logo, como general.

O editor do Correio é tão ignorante que sequer sabe o que é terrorismo.

 

Para revista Veja quem trabalha na TV pública da Venezuela é "comparsa" de Chávez

Lembram-se da edição da revista Veja (06/06/07) cuja manchete afirma que raça não existe? É como o primarismo editorial trata a questão do histórico preconceito de cor existente no Brasil. Não me daria ao trabalho de comentar nada da revista Veja porque há tempos parei de comprar e ler o que os COMPARSAS da família Roberto Civita escrevem.

Comparsas da família Civita? Não estaria eu agredindo jornalistas, produtores culturais, colunistas e demais trabalhadores da revista Veja com este meu agressivo linguajar?

Mas, não sou eu que trato assim meus colegas jornalistas. É o editorial da revista Veja intitulado “Lição de Liberdade”. Para combater o que chama de “escalada totalitária na Venezuela” com o fechamento da RCTV o editorialista afirma: “na derradeira transmissão da RCTV, que será substituída no ar por um canal dirigido por comparsas de Chávez (...).

O editorialista da revista Veja não tem respeito pelos jornalistas da Venezuela. É como chamar o Diretor de Redação da Veja, Eurípedes Alcântara, o Redator-Chefe Mário Sabino, os editores executivos e os demais jornalistas que dirigem a revista de comparsas de Civita.

A RCTV foi substituída pela TVES, uma TV pública, dirigida por jornalistas, produtores culturais e artistas. Tal qual nossa TV Cultura. Chamar de comparsas de Chávez os que trabalham na emissora é um pouco demais. Mas o ódio destilado pela revista Veja não tem limites.

Na Bahia, o adjetivo da revista Veja soaria assim: O Diretor de Redação do jornal Correio da Bahia, Demóstenes Teixeira, seria um COMPARSA de ACM. O jornalista Paulo Roberto Sampaio, que dirige a redação da Tribuna da Bahia seria COMPARSA do patrão. O jornalista Florisvaldo Matos, que dirige a redação de A Tarde, seria o COMPARSA da família Simões. Os diretores da TV Bahia, TV Aratu, TV Educadora do Irdeb, TV Band e TV Itapoá seriam os COMPARSAS dos donos.

Minha solidariedade aos jornalistas da Venezuela, da Bahia e do Brasil.

NB – Por favor, não me mandem comentários desse tipo. Eu não leio a Veja.

14 de junho de 2007

 

Mídia "esquece" nome do prefeito de Camaçari preso pela Operação Navalha

Aos poucos o nome do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, vai saindo do noticiário. A juíza que expediu o mandado de prisão para a Polícia Federal excluiu o nome dele das investigações do STJ; o ministro da CGU, Jorge Hage, não encontrou contrato de Camaçari com a Gautama, logo, não ocorreu pagamento algum. Agora, o presidente do COAF dá entrevista para o site Congresso em Foco e cita movimentação de dinheiro em espécie, da Bahia para Brasília. Nada para Camaçari. Só falta agora a Polícia Federal se explicar.

LEIA MATÉRIA DO CONGRESSO EM FOCO

O dinheiro de Zuleido é vivo
Eduardo Militão

Movimentar dinheiro vivo país afora é hábito da Gautama, empresa com faturamento de R$ 100 milhões anuais e obras em vários cantos do país, envolvida no escândalo da Operação Navalha. Acusada pela Polícia Federal de comandar a máfia das obras, a empreiteira enviou pelo menos R$ 440 mil em espécie para Brasília – valor que serviu para pagar propinas, de acordo com as investigações policiais.

O habitual transporte de grandes valores fora do sistema bancário é considerado “anormal” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro. “Não há nenhuma restrição, mas que não é normal, não é”, disse o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues, ao Congresso em Foco.

Atualmente, lembra ele, os bancos dispõem de meios eletrônicos para envio de grandes valores, como os DOCs e as TEDs, documentos de crédito e transferências eletrônicas disponíveis, respectivamente.

Procurado pela reportagem, o advogado da Gautama diz que não há nada de anormal no transporte de dinheiro vivo e que o transporte dos recursos em malotes é uma opção logística da empresa, já que suas obras ficam em “lugares ermos” do país.

Mas, de acordo com o presidente do Coaf, o órgão já havia detectado uma movimentação financeira atípica da ordem de R$ 170 milhões de 45 pessoas acusadas de envolvimento com a máfia das obras públicas apenas entre 2004 e 2006.

Essas informações, reunidas em cinco relatórios, auxiliaram a PF a identificar as contas bancárias dos suspeitos e a Justiça a decretar o bloqueio dos recursos nelas depositados.

Gustavo Rodrigues ressalva, no entanto, que a simples movimentação atípica não significa que houve lavagem de dinheiro. Por isso, o Coaf encaminhou os dados à PF para que a apuração pudesse ser feita. O órgão, vinculado ao Ministério da Fazenda, continua trabalhando na pesquisa de novos nomes de pessoas envolvidas na Operação Navalha.

Propina

Em 21 de março deste ano, a empresa mandou R$ 440 mil para Brasília, segundo depoimento do gerente financeiro da empresa, Gil Jacó de Carvalho Santos, à ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon. De acordo com o inquérito policial, R$ 240 mil eram para o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e R$ 200 mil para o prefeito de Sinop (MT), Jair Pessine (PSDB).

O dinheiro foi transportado pelo gerente administrativo, Florêncio Vieira, a bordo de um avião de carreira, que partiu de Salvador. À ministra Eliana Calmon, ele disse fazer os saques com cheque da empresa como “adiantamento de obra” e “sem nota fiscal”, para depois deixá-los no escritório de destino.

Essa não foi a única vez que a Gautama transportou grandes valores em espécie. Segundo Gil, a empresa fazia pagamentos em cash a alguns dos fornecedores das obras. A transação atendia pelo curioso nome de TDO, “transferência de dinheiro para a obra”, contou o tesoureiro da empreiteira. Era o próprio dono da empresa, Zuleido Soares Veras, que coordenava esse tipo de operação. Mesmo acostumado a transportar o dinheiro, Florêncio disse, em seu depoimento, não saber o que era TDO.

Confrontado com escutas telefônicas feitas quando a Gautama negociava a adutora do Rio São Francisco, em Sergipe, no ano passado, Gil admitiu ao STJ ter enviado para uma obra R$ 100 mil, por meio de Florêncio. O recurso, declarou, foi transportado de carro no início de agosto. Para a Polícia Federal, o dinheiro tinha destino certo. Juntamente com outros R$ 300 mil, (que Gil não sabe se foram entregues em espécie), foi parar nas mãos de João Alves Neto, filho do ex-governador do estado, João Alves Filho (DEM), de acordo com o inquérito.

Em 30 de agosto do ano passado, Gil mandou R$ 600 mil para uma obra por meio de Humberto Rios de Oliveira, assistente financeiro da empresa. O dinheiro foi levado de Salvador até Aracaju de carro. Humberto chegou a ser parado numa batida policial, mas foi liberado depois. Mais uma vez, o dinheiro foi parar nas mãos de João Alves Neto, segundo a PF. Em depoimento ao STJ, Humberto disse que “parece” que repassou os valores a um funcionário da Gautama chamado Ricardo Magalhães.

Em 27 de fevereiro deste ano, o assistente financeiro entregou pacotes – numa via pública –, ao conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe Flávio Conceição de Oliveira Neto, segundo a PF. De acordo com o depoimento de Humberto à Justiça, foram “três ou quatro envelopes“ deixados dentro do porta-malas do carro de Flávio Conceição. Para a PF, era dinheiro de propina.

Humberto disse ao STJ que, para fazer os diversos traslados com dinheiro, eram sacados entre R$ 30 mil e R$ 60 mil duas ou três vezes por mês. Ele afirmou que nunca foi alertado sobre o perigo de transportar esses valores.

Lugares ermos

O advogado da Gautama, Luiz Fernando Pacheco, disse que a movimentação freqüente de grandes valores em espécie é normal e atende às peculiaridades da empresa. De acordo com ele, a empreiteira tem obras pelo Brasil em “lugares ermos” e “distantes das cidades”, onde não há sistema bancário.

Questionado pela reportagem se Brasília, um dos destinos dos valores, seria um local “ermo”, Pacheco disse que a movimentação se fazia necessária porque o dinheiro não ficava na capital federal. De acordo com ele, as cidades próximas dos locais onde eram realizadas as obras da Gautama não estavam “preparadas” para dispor de grandes quantias de forma imediata. “Isso é tão óbvio”, afirmou.

Para o representante da Gautama, não se sustenta a acusação da PF de que o dinheiro era para o pagamento de propina. “É uma polícia preconceituosa. Desafio a PF a mostrar uma prova sequer de corrupção e fraude em licitações.”

Pacheco também negou que a metodologia de transporte de valores da empreiteira seja insegura. “É uma questão de logística. Não tenho notícia de nenhum roubo. A empresa age da forma que bem entende”, disse. O advogado da empreiteira acrescentou que a Gautama está à disposição do Coaf para qualquer apuração de movimentações que forem consideradas atípicas.

 

Ministério da Justiça indeniza família do capitão Lamarca, assassinado na Bahia pelo Exército Brasileiro

A Agência Brasil noticia que o guerrilheiro revolucionário Carlos Lamarca, a viúva Maria Pavan Lamarca e os filhos César e Cláudia Pavan Lamarca foram anistiados, por unanimidade, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, numa sessão especial de julgamento, quarta-feira, 13 de junho de 2007. É ma data importante.

Capitão do Exército, Lamarca tornou-se um dos comandantes da organização Vanguarda Popular Revolucionária, que participou da luta armada contra a ditadura militar. Lamarca foi executado por tropas do Exército no interior da Bahia, em 1971, depois de ter sido capturado vivo e imobilizado. Um assassinato.

Essa história foi contada em detalhes no livro “Lamarca, O Capitão da Guerrilha”, da autoria dos jornalistas Oldack Miranda e Emiliano José, numa publicação da Global Editora (SP), já na 18º edição. O livro serviu de base para o filme “Lamarca”, de Sérgio Rezende.

REPARAÇÃO DE DANOS

Pela decisão, além da pensão, a viúva e os dois filhos vão receber uma indenização de R$ 100 mil cada um. A indenização pretende reparar os danos causados pelo exílio político, no período de 1969 a 1979, quando Maria, César e Cláudia foram impedidos de voltar ao país. Era grande o risco de vida. Os militares torturavam e matavam.

A comissão manteve a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de assegurar a progressão da carreira de Lamarca a coronel. "A única coisa que aconteceu foi a aplicação da legislação que assegura aos militares com mais de 30 anos de carreira que eles possam receber proventos um posto acima daquele posto que eles efetivamente se aposentaram", afirmou o presidente da comissão, Paulo Abrão.

De acordo com o ministério, é preciso esperar um prazo de 30 dias, caso alguém entre com recurso contra a decisão. Depois, os processos seguem para o setor de finalização da Comissão. Em seguida, o ministro da Justiça, Tarso Genro, assina a portaria.

SEGUINDO OS IDEAIS

A filha do guerrilheiro esteve presente à sessão. “É com muita honra que estou presente nesta reunião para resgatar, mais uma vez, a memória do Lamarca e reconhecer que houve excessos e erros”.

Cláudia salientou que seu pai tinha duas opções na sua vida como ser humano. "A primeira era seguir na sua carreira, que com certeza seria de sucesso e a outra seria lutar pelos seus ideais e ele optou em seguir seus ideais”.

De acordo com o ministério, a meta é julgar, até 2010, todos os 30 mil processos sobre o assunto. Criada em 2001, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça já julgou cerca de 29 mil processos.

 

A mídia do ódio tem que ser banida em nome da paz

Ignácio Ramonet critica a mídia do ódio. Esse tipo de mídia é irresponsável e causa instabilidade social e guerras. Em Ruanda, a Rádio Mil Colinas defendia o genocídio contra os tutsis. Foi um massacre. Na França, a TV Al Manar, do Hezbolla libanês, pregava a violência. Foi cassada. Na Croácia e na Bósnia-Herzegovina canais de TV e rádios pregaram a “limpeza étnica”. Foram condenados pela ONU. Na Venezuela, a RCTV, que participou ativamente do golpe militar de 2002, vinha despertando na opinião pública instintos primários pela difusão da pornografia e pregando abertamente a guerra civil – típica mídia do ódio. Todas foram fechadas, com justiça.

LEIA ARTIGO NA ÍNTEGRA:
Agência Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/

A MÍDIA DO ÓDIO
Por que ninguém protestou quando a RCTV foi fechada em 1976, por difusäo de notícias falsas, ou quando foi lacrada em 1980, por sensacionalismo, ou quando fechada em 1981, por difusão de programas pornográficos, ou quando condenada em 1981, por ter ridicularizado o presidente?

Ignacio Ramonet
Chego a Caracas para participar de uma jornada sobre “O Direito cidadão de estar informado”, encontro organizado pela Telesur. Participam personalidades da envergadura de Tariq Ali, Danny Glover, Richard Gott, Fernando Solanas, Miguel Bonasso. O ambiente está marcado pelo assunto da não renovacão da concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV), expirada no dia 27 de maio próximo passado.

Assisto a uma manifestação do Presidente Chávez, recentemente reeleito com 63% dos votos. Ele explica que a decisão está amparada no Direito, e que não significa nenhuma arbitrariedade, nem ilegalidade. Acrescenta que, na Venezuela, onde 80% das estações de televisão são usadas pelo setor privado, a absorção dos meios de comunicação por grandes empresas converteu o direito de informar mais num privilégio empresarial do que num legítimo direito cidadão.

Converso com Francisco Farruco Sesto, galego nascido em Vigo, que chegou a Caracas com 12 anos de idade e hoje é nada mais nada menos que o ministro da Cultura. De modo simples e tranqüilo, Farruco me explica que toda essa barulhada internacional é um pretexto para atacar o presidente Chávez. “Por que razão”, me diz, “a Venezuela está hoje no olho do furacão, quando governos anteriores aplicaram a censura a torto e a direito, e para cá nunca vieram Repórteres sem Fronteira, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), nem a Corte Interamericana de Direitos Humanos?

Por que ninguém protestou quando essa mesma RCTV foi fechada durante vários dias em 1976, por "difusão de notícias falsas", ou quando foi lacrada em 1980, por "sensacionalismo", ou quando de novo foi fechada em 1981, por "difusão de programas pornográficos", ou quando foi condenada em 1981, por ter ridicularizado o presidente da República?”.

Tudo isso aconteceu antes da primeira eleição do presidente Chávez, em 1998. E nenhuma organizacäo internacional condenou estes “abusos” naquela ocasião. “Assim como não condenaram o fechamento do Diário de Caracas, ou o desligamento massivo de jornalistas do Globo, ou de Nuevo País. Se hoje há condenacões, é só para perseguir o presidente e desmerecer o programa da Revolucão Bolivariana”.

O amigo Farruco tem razão. Abundam exemplos, em diversos países, de concessões não renovadas a canais de televisão, sem que provoquem protestos. Para não ir muito longe, em 2004 na Franca se suspendeu a concessäo da TV Al Manar, porque se considerou que este canal do Hezbolla libanês “pregava o ódio”.

Na Inglaterra, Margaret Thatcher cancelou a concessão de uma das grandes cadeias de televisão por ter difundido notícias não gratas, ainda que verídicas. No mesmo Reino Unido as autoridades dispuseram, em marco de 1999, o fechamento temporário de Med-TV-Canal 22; em agosto de 2006 revogaram a licença da One TV; em novembro do mesmo ano, a da StarDate TV 24 e em dezembro a do canal de televendas Auction World.

Organizações independentes, como o Observatório Global de Mídia, denunciaram com provas cabais que a RCTV participou da conjuntura midiática que propiciou o golpe de estado de 11 de abril de 2002. Este canal, mediante manipulações e envenenamentos, difundiu falsidades e calúnias para fomentar a execração e a birra contra o presidente Chávez e seus partidários.

Um comportamento semelhante foi condenado em outras latitudes. Por exemplo, o Tribunal Internacional sobre o Genocídio em Ruanda condenou, em 1994, os promotores da Rádio Mil Colinas por cumplicidade com o extermínio dos tutsis. Na ex-Iugoslávia, o informe do representante da ONU, Tadeusz Mazowiecki, condenou o papel das “mídias do ódio” nas operações de “limpeza étnica” levadas a cabo na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.

Na Venezuela, a RCTV tem sido uma típica “mídia do ódio”, despertando na opinião pública instintos primários e promovendo uma violência tal que poderia desembocar numa guerra civil. A que então se deve todo esse barulho a seu favor? À solidariedade do poder midiático internacional, que vê na decisão do presidente Chávez uma ameaça contra sua atual dominação ideológica. Mas a guerra não acaba aqui.

Publicado originalmente no jornal El Pais, 08/06/2007

Traducão: Flávio Aguiar

 

TV brasileira condena Chávez para perpetuar-se no poder

O jornalista e professor de comunicação da Unicamp, Carlos Drummond dá uma grande contribuição para o desmascaramento da verdadeira intenção da mídia brasileira ao se solidarizar com a RCTV venezuelana – legalmente cassada pelo presidente Chávez – e se meter tão acintosamente nas questões internas da Venezuela.

Não se trata propriamente de defender a “liberdade de expressão”, já que em muitos países ocorreram e ocorrem decisões de governo que tiram emissoras de TV do ar, sem nenhum protesto. Trata-se, na verdade, de criar um clima para que elas próprias privatizem as concessões, perpetuem-se no controle dos canais, por causa de seus bilionários negócios. Eles não querem pagar impostos, não querem regulamentações, não querem se submeter às leis.

SEGUE A ÍNTEGRA:

Fonte: Revista Terra Magazine do Portal Terra

http://terramagazine.terra.com.br/

TV do Brasil defende venezuelana para perpetuar-se

Carlos Drummond

As emissoras de televisão brasileiras estão aproveitando a “polêmica” em torno da não renovação da concessão da Radio Caracas Televisión - RCTV da Venezuela para criar um clima que inviabilize qualquer questionamento sobre as suas próprias permissões para operar. A idéia subjacente é PERPETUAR as suas licenças, por definição temporárias.

É mais um passo da privatização branca das concessões do Estado para a operação de emissoras, renováveis ou não a cada 15 anos no Brasil. A presença maciça de parlamentares proprietários de emissoras e o interesse generalizado dos políticos de não se indispor com a mídia têm garantido a renovação automática das permissões.

O poder de comunicação decorrente da propriedade de emissoras de televisão assegura a reeleição desses políticos em um esquema de blindagem das concessões que se realimenta a cada pleito.

Pelo menos tão grave e condenável quanto a homogeneização do conteúdo televisivo empreendida pelo governo da Venezuela é a não aceitação, lá e aqui, da decisão legal que impediu a RCTV de continuar no ar. A origem da inquietação dos barões da televisão brasileira é uma decisão legal do maior tribunal de um país estrangeiro.

A Suprema Corte da Venezuela determinou que, ao final do seu período de concessão de 20 anos, no último dia 28 de maio, a RCTV deveria sair do ar, por ter participado do golpe contra o presidente Hugo Chávez em 2002 e por demonstrar falta de respeito para com as autoridades e as instituições venezuelanas.

O ministro das Telecomunicações, Jessé Chacón, disse que se a emissora não saísse do ar, estaria operando na ilegalidade. A decisão formal da corte e a declaração oficial do ministério das Telecomunicações não impediram a RCTV de dizer que a decisão do governo venezuelano de não renovar a sua concessão foi ilegal.

No Brasil, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, criticou, em discurso pronunciado no 24º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, o fechamento da emissora venezuelana, classificando a decisão da justiça de lá como iniciativa isolada para restringir a liberdade de expressão.

Noticiou-se que Slaviero defendeu também a redução de impostos para a compra de equipamentos para a TV digital e pediu mais linhas de crédito, merecendo, compreensivelmente, aplausos intensos dos participantes do congresso.

O fato de que a liberdade de expressão mencionada é proporcional ao poder econômico e político do cidadão e, portanto, dominada, hoje, pelos donos dos grandes grupos privados de comunicação, passou ao largo das formulações do encontro. Assim como o fato de que, nessa configuração, tal liberdade restringe enormemente o direito do público à informação plural e de qualidade. Ou seja, produz o mesmo fenômeno que se aponta como exclusivo da Venezuela.

A respeito da não renovação da concessão da RCTV, o jornalista Ernesto Carmona, presidente do Colegio de Periodistas de Chile (Mencionado pelo colunista Jânio de Freitas, da Folha de S.Paulo), afirmou ter constatado, por meio de uma pesquisa, que
a não renovação da concessão a um meio de comunicação É COMUM em outros países.

Nos Estados Unidos, desde a fundação, em 1934, por Donald Rumsfeld, da FCC, o órgão controlador dos meios de comunicação do país, até o final dos anos 80, foram fechadas 141 emissoras de televisão, entre elas 100 que não foram renovadas, da mesma forma como ocorreu com a RCTV da Venezuela.

O governo americano revogou a concessão de 39 televisões antes mesmo do vencimento da licença. Não se tem notícia de que a decisão drástica dos Estados Unidos tenha gerado protestos da parte dos que hoje contestam a decisão da Suprema Corte da Venezuela, que respeitou rigorosamente o prazo da concessão da RCTV. Carmona afirma que em países como Peru, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido houve revogação de licenças concedidas a diversas emissoras de televisão, sem qualquer repercussão internacional.

Os fatos mostram que, além e acima do amor à liberdade de expressão, propalado pelos donos da mídia, pesam os interesses dos seus negócios e da política nas emissoras de televisão. Não é uma exclusividade brasileira ou latino-americana. Como contrapartida de contribuições de campanha, as empresas de telecomunicações dos Estados Unidos obtiveram gratuitamente concessões para a TV digital no valor de US$ 70 bilhões. A informação é do escritor, comentarista de televisão e ex-assessor do presidente Richard Nixon, Kewin Phillips.

Há esboços de reações ao poder massacrante da grande mídia.

No México, a Suprema Corte anulou parte da lei de 2006 que regulamenta as concessões de televisão e rádio, apelidada de Lei Televisa, por favorecer a Televisa e também a Azteca, os dois grandes grupos que controlam a tevê no país.

No Uruguai, disposições legais recentes contemplam a televisão e a rádio comunitárias. Na Argentina, criou-se o canal público Encuentros.

No Brasil, os questionamentos ao sistema de concessões de emissoras, a discussão sobre a necessidade de controle público tanto das licenças como do conteúdo veiculado e o projeto do governo de se criar uma tevê pública representam uma reação ao marasmo reinante sobre o assunto até recentemente. Mas permanece pouco discutida a disputa de espaço entre as emissoras de televisão e as empresas de telefonia, assunto que envolve negócios bilionários e, ao mesmo tempo, repercutirá em um dos mais importantes direitos da sociedade: o de ser bem informada.

Carlos Drummond é jornalista. Coordena o Curso de Jornalismo da Facamp e é doutor em Economia pela Unicamp.

13 de junho de 2007

 

Lula mantém Waldir Pires por tudo o que ele representa na luta pela democracia

De vez em quando, forças reacionárias, presentes no Governo Lula, plantam notinhas em jornais, pedindo a cabeça do ministro da Defesa, Waldir Pires. A imprensa chegou a fazer coro durante a “crise” da aviação gerada pela queda do avião da Gol. Queriam responsabilizar Waldir Pires. Não colou. O sociólogo Gilson Caroni Filho publica no Jornal do Brasil (13/06/07) um esclarecedor artigo intitulado “Yolanda da tantas lutas”.

Segundo ele, “quando, no início de abril, resistindo às pressões militares e da oposição, o presidente Lula negou a saída do ministro Waldir Pires do comando da Defesa, mais que afirmar sua autoridade, reverenciou uma biografia política. Homenageou um homem e seu tempo”.

Na verdade – afirma Caroni – Lula “reconheceu um homem de vários tempos. Tempos grávidos de avanços e perdas. Tempos em que a grandeza e o espírito de vida pública não permitiam que se tomassem derrotas como definitivas. Ao não demitir Pires, no momento esperado pelas forças conservadoras, Lula mostrou saber da luta de Yolanda e Waldir. Reverenciou dois combatentes que, mesmo separados, permanecerão juntos na história da democracia brasileira”.

SEGUE A ÍNTEGRA DO ARTIGO:

Yolanda de tantas lutas

Artigo - Gilson Caroni Filho
Jornal do Brasil
13/6/2007

Há atos que, pela dimensão simbólica, transcendem as motivações imediatas que os produziram. São os que ficam registrados na história como aqueles em que, nos interstícios da ação política, o soberano submeteu a fortuna à virtù e, num átimo, se afirmou como ator republicano.

Quando, no início de abril, resistindo às pressões militares e da oposição, o presidente Lula negou a saída do ministro Waldir Pires do comando da Defesa, mais que afirmar sua autoridade, reverenciou uma biografia política. Homenageou um homem e seu tempo. Na verdade, reconheceu um homem de vários tempos. Tempos grávidos de avanços e perdas. Tempos em que a grandeza e o espírito de vida pública não permitiam que se tomassem derrotas como definitivas.

Waldir nunca temeu o recomeço. Se for verdade que em cada cabeça há uma sentença, ele faz parte de uma geração que pensou o Brasil coletivamente e do país fez seu projeto de vida.

Com Pires, em uma equipe de governo que tratou reforma de base como profissão de fé, estavam Hermes Lima, Celso Furtado, Santiago Dantas, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Carvalho Pinto e Paulo Freire. Quadros políticos de primeira linha. Gente, em sua maioria, banida para o exílio pelo golpe militar de 1964. Alguns jamais retornariam. Partiram com pertences e parceiras.

Tristãos e Isoldas a beber poções de perda. Homens e mulheres que não pertencem apenas uns aos outros. São parceiros da história, parteiros do devir. Maria Tereza, de Jango; Berta Loureiro, de Darcy Ribeiro; Lúcia, de Celso Furtado; Sara, de JK; Glauce, de Josué de Castro; Yolanda Avena, de Waldir Pires, entre outros casais, formaram a simbiose que neutraliza a estranheza dos apátridas, espantando receios do retorno incerto.

Yolanda não foi apenas o esteio de Waldir. Culta e militante, reorganizou, na medida do impossível, um lar de incertas fronteiras. Enquanto o marido, ex-fundador da UNB e consultor geral da República, passava do desemprego no Uruguai à recuperação do prestígio acadêmico em universidades francesas, ela intensificava o estudo da língua, enveredando pela literatura do país que os acolheu. Em Exílio: testemunho de vida, seu livro, relata o entusiasmo com que leu Emile Zola, a poesia trágica de Baudelaire, os poemas de Rimbaud. O padrão de vida conseguido não lhes tirou, na têmpera de combatentes, o sonho de um Brasil como projeto.

"Renunciamos à nossa vida privada que poderia ser livre, disponível, aos prazeres, à convivência amorosa com nossos filhos e netos! Fomos para o Uruguai, Rio de Janeiro. Retornamos, pensando: será possível quebrar a hegemonia desse poder que no Brasil se instalou e abastardou-se na corrupção, na mentira, na manipulação da consciência?". Este é o depoimento de Yolanda. O resto é história.

Do retorno ao Rio, em pleno governo Médici, ela retoma a militância, atuando no Movimento Feminino pela Anistia. Ele, aguardando o momento para retornar à Bahia, dedica-se à iniciativa privada. A perda súbita de um filho não arrefece a luta pelos direitos humanos. Agora, seriam muitos os filhos, e estavam, quase todos, alojados nos porões da ditadura. Era preciso localizá-los e, se possível, abraçá-los. A tenacidade de uma mulher em luta não comporta comparações.

Waldir assume, em 1985, o Ministério da Previdência, transformando déficit de Cr$ 8 trilhões em superávit de Cr$ 2 trilhões. Em 1986, elege-se governador da Bahia, impondo derrota histórica ao carlismo.

Yolanda, em 1992, torna-se vereadora de Salvador, dando curso a uma vida político-afetiva que, se não fosse a dois, teria sido impossível. Em 9 de setembro de 2005, faleceu. Não resistiu a uma cirurgia cardíaca. Cinco anos antes, declarava desejar que "que nossos filhos e os de tantos expatriados soubessem que eles foram e são importantes no destino que escolhemos".

Ao não demitir Pires, no momento esperado pelas forças conservadoras, Lula mostrou saber da luta de Yolanda e Waldir. Reverenciou dois combatentes que, mesmo separados, permanecerão juntos na história da democracia brasileira.

 

Polícia, estado totalitário, cumplicidade de juízes e juízas e muita ignorância da imprensa

Ao convidar o ministro Eros Roberto Grau, do Supremo Tribunal Federal, para escrever sobre a tentação totalitária que adoece a sociedade brasileira, a revista Carta Capital (13 de junho) presta inestimável serviço à democracia. Fico daqui torcendo para que o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o presidente Lula a leiam. “Déspota de si mesmo” é o título do intrigante artigo. Eros Grau nos lembra que o cerne do estado de Direito, onde o império da lei substituiu a vontade do rei, é o direito de defesa.

O estado de Direito, cuja raiz é o direito de defesa, viabiliza a democracia. Mas a exceção – que confirma a regra - está ocorrendo com muita repetição. As violações ocorrem quando grupos de pessoas sentem ganas de linchar o pequeno ladrão flagrado na rua ou quando a imprensa destrói reputações. Eu acrescentaria, quando a imprensa, com base nas ações de forças policiais destrói reputações. O direito de defesa assegura ao cidadão o direito de não ser preso senão após efetiva comprovação da prática de um crime. Não é o que está ocorrendo no Brasil.

A classe média, afirma o ministro Eros Grau, está sendo insuflada pela imprensa para que a regra do direito de defesa, raiz do estado de Direito, não seja respeitada “a não ser para o irmão, o parente, o amigo” . E de tal forma que a sociedade vai adoecendo e se contaminando, numa repetição da idéia totalitária segundo a qual a ordem e a lei só ”servem para soltar quem a polícia prende”. O trágico é que a própria sociedade clama pela suspensão da ordem constitucional. Mais trágico ainda é que a imprensa clama pela suspensão da ordem constitucional.

Com a descontrole da Polícia Federal ou da Polícia Militar instala-se entre nós o estado de sítio, no instante em que recusamos aos “que não sejam irmãos, amigos ou parentes” o direito de defesa. Mais um pouco e a sociedade fascistizada declinará até mesmo do direito de defesa para os “irmãos, amigos ou parentes”.

Que o presidente Lula e o ministro Tarso Genro me perdoem. Mas, as ações - “republicanas” segundo eles - da Polícia Federal estão investigando e punindo cidadãos sem culpa formada, com a cumplicidade de juízes e juízas. Estranhas prisões, com mandados judiciais, expõem cidadãos ao circo da mídia, à espetacularização da notícia. Na prática, em si, tais prisões são punição sem culpa formada, sem direito à defesa. Para ser direto, tais ações de força policial estão a serviço de uma perigosa política. Que Polícia Federal “republicana” que nada.

De operação em operação, a Polícia Federal de triste história, da tortura, do pau-de-arara, dos seqüestros e botims, vai remontando sua rede totalitária. De repressão em repressão, a Polícia Militar vai recuperando sua histórica ação fratricida. E ninguém diz nada. Pior, a imprensa pede mais. Pior, mandados judiciais de juízas e juízes dão uma capa de frágil legalidade às ações de força invasivas e repressivas.

Tanto assim que, logo após as prisões espetaculares de rambos vestidos de preto a intervenção do STF manda soltar os suspeitos da prisão, por sua inconstitucionalidade. Mas aí o cidadão já foi exposto à prisão, ao repúdio social, às manchetes sensacionalistas de uma imprensa doente. Já foi punido, sem culpa formada, sem direito à defesa. A idéia totalitária da vontade do rei em lugar do império da lei vai retomando espaço. Já chegamos à fase em que nem o irmão do presidente está a salvo. E chamam a isso de polícia “republicana”. Estou ficando com medo.

A prisão-espetáculo do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, preso, punido, sem culpa formada, sem direito à defesa, é paradigmática.

Recomendo a leitura do artigo “Déspota de si mesmo” na revista Carta Capital.

10 de junho de 2007

 

Hugo Chávez democratiza a mídia na Venezuela

Apesar do envolvimento da RCTV no golpe de 2002 (além dos crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas, difusão de pornografia e retenção das pensões dos funcionários) o presidente Hugo Chávez esperou pacientemente por cinco anos o esgotamento do prazo legal da concessão para tirar a emissora do ar.

O fato criou um frenesi, sob comando do Congresso dos EUA. O parlamento europeu acatou a posição do Partido Popular de ultradireita. A ONG Repórteres Sem Fronteiras, financiada por corporações multinacionais, bombardeou. O Congresso do Brasil papagaiou.

A poderosa Rede Globo preferiu apresentar a RCTV como uma emissora neutra, "a mais antiga e influente da Venezuela". Mentiu e omitiu sobre os reais motivos da não renovação da concessão.

A Folha de S.Paulo, que tem o "rabo preso" com os golpistas, publicou o editorial "ditador em obras", acusando o governo Chávez de promover uma escalada "autoritária". Numa manipulação descarada, chegou a afirmar que já não existe imprensa independente no país.

No mesmo dia, o jornal de Caracas El Universal publicava editorial contra o fechamento da RCTV. O editorial é muito parecido com o da Folha de S. Paulo, ou vice-versa. O leitor brasileiro estará muito mal se não buscar fontes alternativas de informação.

NUMA CONTRIBUIÇÃO À INFORMAÇÃO ALTERNATIVA E CONFIÁVEL SEGUE ABAIXO O EXCELENTE E IMPERDÍVEL ARTIGO PUBLICADO NO SITE VERMELHO:

Fim da RCTV acua a mídia golpista

Altamiro Borges

Em mais uma prova de coerência e coragem, o presidente Hugo Chávez não se intimidou diante das fortes pressões e manteve o seu compromisso de não renovar a concessão da emissora privada Rádio Caracas de Televisão (RCTC), que teve as suas transmissões em sinal aberto encerradas à meia-noite de 27 de maio.

Menos de meia hora depois, entrou no ar a nova rede pública da Venezuela, a Teves, que será dirigida por um conselho formado por jornalistas, docentes e representantes dos movimentos sociais.

O fim da outrora poderosa RCTV abre nova fase na luta contra a ditadura midiática na América Latina. Não é para menos que todos os veículos privados da região chiaram contra a medida, manipulando descaradamente os fatos.

A decisão de não renovar a concessão pública, com base nos princípios constitucionais do país – também previstos nas legislações de várias outras nações, inclusive do Brasil –, foi anunciada em 28 de dezembro.

Num discurso proferido aos militares do Forte Tiúna, o maior quartel do país, o presidente Hugo Chávez garantiu que, "por mais que gritassem os oligarcas", a concessão da RCTV não seria renovada.

Explicou que apesar da postura fascista da emissora no golpe de abril de 2002 e de outras inúmeras irregularidades (sonegação fiscal, evasão de divisas, difusão de pornografia, retenção das pensões dos funcionários), ele aguardaria pacientemente o prazo legal da concessão para executar a medida.

GLOBO, FOLHA E O RABO PRESO

O anúncio criou um frenesi na burguesia mundial e na sua mídia venal. O Congresso dos EUA, com apoio dos "democratas", aprovou resolução contra a medida e, ao mesmo tempo, manteve a remessa de milhões dólares para financiar a "oposição" na Venezuela.

Já o parlamento europeu acatou a proposta do Partido Popular (PPE), de ultradireita, e considerou "um afronta à liberdade" o fim da concessão.

Organizações financiadas por governos imperialistas e corporações multinacionais, como a Repórteres Sem Fronteiras, realizaram um verdadeiro bombardeio nestes cinco meses para evitar o fechamento da RCTV. A mídia do capital, como a The Economist e o New York Times, deu capa e fez estardalhaço contra a medida.

No Brasil, a poderosa Rede Globo, talvez temendo a força do exemplo, preferiu apresentar a RCTV como uma emissora neutra, "a mais antiga e influente da Venezuela", evitando explicar aos seus telespectadores os reais motivos da cassação.

Já a Folha de S.Paulo, que tem o "rabo preso" com os golpistas, publicou o editorial "ditador em obras", acusando o governo Chávez de promover uma escalada "autoritária". Numa manipulação descarada, ele chega a afirmar que já não existe imprensa independente no país, que todos os veículos são "dóceis instrumentos do chavismo".

Eduardo Guimarães, no artigo "As RCTVs tupiniquins", publicado no portal Fazendo Media, desmascara essa mentira, que evidencia os temores da mídia venal:

"Quem, como eu, já esteve na Venezuela ou tem contatos de alguma espécie com o país, sabe que não é verdade o que diz a Folha. A imprensa venezuelana é totalmente livre. Inclusive as TVs. No dia em que escrevo este texto, o jornal caraquenho ‘El Universal’, um dos maiores da Venezuela, publica editorial e vários artigos sobre o fechamento da RCTV que guardam enorme similaridade com o discurso da Folha, apesar de serem textos característicos da imprensa venezuelana – virulentos, ressentidos e pregadores do mesmo ‘golpismo’... O leitor da Folha e do resto da grande imprensa brasileira, como o telespectador da Globo e de outras TVs e rádios, estará mal informado se não buscar fontes alternativas de informação".

CHOROS, MENTIRAS E OMISSÕES

Manipulação ainda mais grosseira se deu nos dias que antecederam o fim da concessão. A mídia mundial e os plagiadores nativos chegaram a noticiar "gigantescas" manifestações em defesa da RCTV, o que foi desmascarado por vídeos reproduzidos no You Tube, que mostraram protestos minguados de "branquelas" das elites.

A presença de tropas do Exército nas ruas da Caracas também foi amplamente difundida, para vender a imagem de uma nação sitiada; mas pouco se falou sobre os incidentes nos quais "ativistas pró-democracia", mais parecidos com mercenários, dispararam tiros e feriram onze policiais.

A imagem de "funcionários" da RCTV chorando foi cansativamente repetida; já as manifestações festivas pelo fim da concessão, bem maiores e mais populares, quase não apareceram nas TVs. Puro engodo!

A mídia hegemônica também nada falou sobre as várias denúncias que pipocaram nos últimos dias contra a RCTV.

A emissora estatal VTV exibiu fac-símiles de documentos desclassificados do Departamento de Estado dos EUA em que são citados os jornalistas das redes de televisão RCTV e Globovisión, bem como o diretor do Noticiero Digital e o editor do Tal Cual, que receberam dólares da embaixada estadunidense em Caracas.

O programa também exibiu carta assinada pela secretária Condoleezza Rice, dirigida a Odilia Rubin de Ayala, da direção da RCTV, na qual solicita divulgação e apoio financeiro à Súmate, uma das ONGs mais fascistóides contra o governo Chávez. Os vídeos também estão disponíveis no You Tube.

"EMISSORA GOLPISTA JÁ VAI TARDE"

Diante destes fatos deprimentes, até setores críticos do governo bolivariano mudaram de opinião sobre o fim da concessão. O repórter Luiz Carlos Azenha, que recentemente abandonou a TV Globo para cuidar do seu blog na internet – "Vi o mundo – o que você nunca pôde ver na TV" –, até comemorou a decisão:

"Eu tinha lá minhas restrições ao processo [do fim da concessão], mas diante do que tenho visto na mídia corporativa agora digo que a emissora golpista já vai tarde. Fazer oposição a um governo é uma coisa. Fazer campanha para derrubá-lo é outra. E isto durante seis anos... Que sirva de exemplo para os barões da mídia de todo o continente, que usam concessões públicas para extorquir favores de governos".

No seu blog, ele lembra que Napoléon Bravo, um dos principais "jornalistas" da RCTV, teve participação ativa no frustrado golpe de abril de 2002. "Foi na casa dele a gravação do vídeo de um general que pediu a renúncia de Chávez".

Também cita um memorável texto da intelectual canadense Naomi Klein, em que ela comprova o golpismo da mídia. "Pobre Endy Chávez, jogador de um dos grandes times de beisebol da Venezuela. Toda vez que ele assume o bastão os narradores da tevê local começam as piadas: ‘Aí vem o Chávez. Não, não o ditador pró-cubano Chávez, o outro Chávez". Ou: "Esse Chávez bate na bola, não no povo venezuelano’.

Na Venezuela, até os comentaristas estão engajados na campanha aberta da mídia comercial para derrubar o presidente democraticamente eleito Hugo Chávez", inicia o texto.

Azenha também relata a história do jornalista Andrés Izarra. "Um cara certinho, feito sob medida para a TV, trabalhou como editor da CNN em espanhol até ser contratado como gerente do telejornal de maior audiência no país, El Observador, na RCTV.
Em 13 de abril de 2002, um dia depois de o líder empresarial Pedro Carmona assumir o poder, Izarra pediu demissão do emprego sob condições que ele descreve como ‘de extremo stress emocional’... Diz que recebeu instruções claras: ‘Nenhuma informação sobre Chávez, seus seguidores e seus ministros’.

A RCTV sabia [da trama golpista], mas não divulgou".

"Quando Chávez retornou ao Palácio Miraflores, as estações simplesmente deixaram de divulgar notícias. Num dos dias mais importantes da história da Venezuela, elas colocaram no ar o filme ‘Pretty Woman’ e desenhos animados de Tom e Jerry...

‘Nós tínhamos um repórter em Miraflores e sabíamos que o palácio havia sido reconquistado por chavistas’, diz Andrés Izarra, ‘mas o blecaute de informações foi mantido. Foi quando decidi dar um basta e fui embora’". Azenha conclui: "Quem diz que aquilo que a RCTV faz e fazia é jornalismo é fajuto. Não é jornalismo de oposição. É mentira, distorção e omissão. É genotícia".

OS ABALOS DA DITADURA MIDIÁTICA

Para os que não se iludem com a ditadura da mídia e nem se deixam intimidar com os falsos apelos sobre a "liberdade de imprensa", o fim da concessão da RCTV é uma vitória da democracia.

Tanto que dezenas de intelectuais e artistas reunidos em Cochabamba, Bolívia, acabam de aprovar moção de apoio à decisão da Venezuela. "Cientes de que não pode haver plena democracia sem democratizar os meios; convencidos de que as telecomunicações devem cumprir os seus objetivos constitucionais e legais de educar, informar, entreter e difundir a informação veraz, imparcial e plural; persuadidos de que as concessões do espectro radioelétrico são bens de dominio publico... festejamos a não renovação das concessões aos latifúndios midiáticos e a progressiva liberação do espectro a favor do seu único dono, que é o povo venezuelano".

Para desespero dos barões da mídia, a medida do governo venezuelano tende a ser irradiar. Recentemente, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou que reverá as concessões de rádios e TVs no país.

Num duro discurso, afirmou que a mídia equatoriana "é corrupta e mentirosa", que as concessões são "obscuras e irregulares", favorecendo políticos conservadores, e que "a maior parte é devedora do Estado". O jovem presidente de 44 anos finalizou: "Senhores da mídia, acabou. O país está mudando, aqui tem um governo que não tem medo. Por favor, povo equatoriano, não acredite na mídia, ela mente e manipula".

Também crescem os rumores de que o presidente Evo Morales pretende fechar várias redes de TVs e rádios. "Na Bolívia há não só liberdade, mas também libertinagem de expressão", afirmou o governante da Bolívia.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "Venezuela: originalidade e ousadia" (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição).

 

Revista Veja faz entrevista dirigida para atingir Lula

Como não leio a revista Veja, aqui os comentários chegam atrasados. Mas chegam. A entrevista das páginas amarelas do domingo passado (6 de junho), por exemplo, tem o título "Rumo à ditadura". O entrevistado é o proprietário da RCTV da Venezuela, Marcel Granier, que perdeu a concessão legalmente, como todo mundo sabe. O governo democrático do presidente Hugo Chávez decidiu, conforme a legislação vigente no país, não renovar a concessão.

O blog do Zé Dirceu me chamou a atenção, então fui ler a tal entrevista. Ela realmente é dirigida para comparar Chávez com Lula, a situação da Venezuela com a situação brasileira.

O jornalista robô pergunta diretamente ao entrevistado se um programa de subsídios alimentares na Venezuela tem semelhança com o Bolsa Família, tenta estabelecer semelhanças entre a classificação indicativa que o Ministério da Justiça, após longas negociações com as emissoras, instituiu no Brasil com a situação da Venezuela.

Entretanto, não perguntou nada sobre o golpe de Estado de 2002, o que torna a entrevista um nada, apenas um engodo ao leitor e um desserviço à informação, já que esconde do leitor da Veja que o dono da RCTV deu um golpe de Estado, participou de seu planejamento, fez parte do golpe e a RCTV apoiou a trama abertamente. Um criminoso.

Em qualquer país, poderia estar na cadeia cumprindo pena por atentar contra a Constituição. Em beneficio de Marcel Granier, dono da RCTV, deve-se registrar que ele não aceitou nenhuma das insinuações da revista Veja, elogiou Lula e não comparou em nada nossa situação e de nossa mídia com a da Venezuela.

Até o golpista dono, ou ex-dono da RCTV deixou a revista Veja falando sozinha, em sua doentia adjetivação das políticas de esquerda, como fez o jornalista robô com o governo Lula e o PT.

Tenho pena do leitor da revista Veja!

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