10 de abril de 2009

 

A mídia mente sobre a Venezuela

Para marcar a passagem do Dia do Jornalista (7 de abril), em Salvador, o professor doutor Albino Rubim, atualmente presidente do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia, proferiu palestra sobre “Mídia e Poder”, para os jornalistas que trabalham na Assessoria Geral de Comunicação Social – AGECOM, do governo Jaques Wagner.

Eles desmistificou a idéia segundo a qual o jornalismo “faz a cabeça” da sociedade. Na verdade, há muitos outros fatores nesse processo. Mas, a mídia tem poder e atua como ator político. Uma faceta deste poder é o silêncio sobre temas que não interessam aos barões, como o debate sobre a democratização da mídia ou o absurdo que se pratica contra as rádios comunitárias. Apesar de dezenas e centenas de eventos, quase nada se registra na mídia.

Outro poder da mídia é a capacidade de agendar o debate público. De repente, a bobagem dos crimes de sonegação da Daslu, rotineiros no comércio, ganham ares de escândalo nacional e substituem nas manchetes os insistentes abusos no uso de verbas públicas pelo Congresso Nacional.

Um exemplo de deformação midiática é a quase unanimidade da mídia brasileira contra o governo de Hugo Chávez, da Venezuela. O noticiário é uma fraude. Até jornalistas razoavelmente bem informados caem nessa histeria antichavista, exceção para as revistas CartaCapital e Caros Amigos.

Em fevereiro, Hugo Chávez completou 10 anos como presidente da Venezuela, eleito e reeleito pelo voto popular, com arrasadora vitória eleitoral em dezembro de 1998, 58% dos votos. E com aprovação em 1999 do plebiscito, com 70% dos votos., que convocou uma Assembléia Nacional Constituinte. A Nova Constituição ampliou a participação decisória do povo, assegurou maior transparência governamental e preservou a propriedade privada.

Ainda assim, para a mídia brasileira é o “ditador” Chávez que governa a Venezuela.

Muitos dos institutos aprovados pela Nova Constituição assemelham-se bastante com a Constituição Cidadã Brasileira de 1988, como a valorização do Ministério Público, Controladoria-Geral da República e Defensoria do Povo. A Nova Constituição decretou a equivalência eleitoral entre militares e civis, o reconhecimento dos direitos das comunidades indígenas em relação à justiça, cultura, língua e território; a confirmação docontrole estatal sobre as reservas de petróleo, proteção de produtores contra a competição estrangeira predatória; punição da evsão fiscal com prisão, redução da jornada de trabalho de 48 horas para 44 horas, garantia de indenizações aos trabalhadores, garantia de saúde, educação e aposentadoria a toda a população.

A Nova Constituição venezuelana matou o mal pela raiz e extinguiu o Senado, adotando uma Assembléia Nacional Unicameral e uma Câmara Constitucional para interpretar a Constituição Federal. Nisso, está há anos luz à frente do Brasil.

O que a mídia brasileira silencia sobre a Venezuela?

Não fala do programa Barrio Adentro, em que médicos cubanos prestam consultas diárias e ficam de prontidão 24 horas por dia nas regiões mais pobres, beneficiando 18,3 milhões de habitantes.

Não fala do programa Mercal, feiras populares que visam a garantir a segurança alimentar, com mais de 2o produtos da cesta básica a preços subsidiados, criando mais de 16 mil estabelecimentos e beneficiando 16 milhões de pessoas.

Não fala do excelente plano de educação organizado em três frentes: A Misión Robinson, que já alfabetizou 3,5 milhões de pessoas entre 2003 e 2007; a Misión Ribas, que estimula o ingresso no segundo grau, beneficiando 2,2 milhões de estudantes; a Misión Sucre, que criou a Universidade Bolivariana e incorporou 500 mil estudantes ao ensino superior. Sem falar na obtenção do Certificado da Unesco segundo o qual a Venezuela é considerada território livre do analfabetismo.

A mídia brasileira profetiza que a Venezuela vai entrar em crise com a baixa no preço do petróleo. Será?

Nos tempos do petróleo caro, Hugo Chávez preparou a economia da Venezuela. Criou fundos da ordem de US$ 20 bilhões para obras de infraestrutura, comunicações e criação de um banco de desenvolvimento tipo BNDES.

Estatizou empresas de energia elétrica, siderurgia e bancos. Praticou superávits primários de 3,75% do PIB, fortaleceu as reservas em torno de US$ 40 bilhões; reduziu as dívidas externa e interna. Tem, portanto, reservas suficientes para ampliar a base produtiva condições de resistir aos impactos da crise financeira mundial.

A democracia venezuelana é um exemplo para o mundo. Você vê isso na TV?

 

O retorno da intolerância e o germe da violência

O “Caderno Dez” do jornal A Tarde (7/4/2009), de Salvador, publicação dirigida a um público jovem, numa edição especial em forma de pôster, abordou um tema preocupante. Jovens brasileiros aproveitam a Internet e adaptam ideologias extremistas do século passado pregando a intolerância contra negros, judeus, homossexuais, alcoólatras.

Na Europa, os neonazistas pregam o revisionismo histórico, numa tentativa de negar o holocausto. Eles também odeiam eslavos, “retardados” e imigrantes africanos e latinos. No Brasil, além dos integralistas que, desde 2004, já organizaram três congressos e continuam tentando se organizar em partido político, os skinheads tomaram emprestado do neonazismo o discurso da intolerância racial e passou a proliferar entre jovens suburbanos.

O “Caderno Dez” cita que estatísticas divulgadas pela ONG Safernet, em parceria com o Ministério Público de São Paulo, já mostram indicadores de denúncias online sobre o tema. Apenas no mês de janeiro de 2008, ocorreram 320 denúncias contra conteúdo neonazista na globosfera, 293 denúncias contra a xenofobia e 92 denúncias contra conteúdo racista. No mês de fevereiro de 2009 ocorreram 614 denúncias contra conteúdo neonazista, 565 denúncias contra xenofobia e 237 denúncias contra conteúdo racista.

O pôster do “Caderno Dez” dá seu recado: “quando a verdade de cada um nega a verdade do outro, o resultado é preconceito e violência”. E citou a fonte da criativa reportagem: artigo de Adriana Dias, mestre em Antropologia Social pela Universidade de Campinas, intitulado “Entre inimigos: a construção do mal nos grupos neonazistas”; o livro “História Geral e do Brasil”, da autoria de Luiz Koshiba e alguns sites em inglês.

Somente em São Paulo, segundo a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, há 20 grupos neonazistas, 150 mil simpatizantes em todo o país. Muitos desprezam o fato de o racismo ser crime inafiançável. A reportagem não identificou, na Bahia, registros oficiais de tais grupos. Mas, se procurar direito, pode encontrar o crescimento do racismo contra os negros que professam a religião dos ancestrais, principalmente no meio de evangélicos que residem e pregam suas verdades na periferia.

9 de abril de 2009

 

Companheiro Dida no Banco do Brasil vai reduzir juros

Pronto. Agora vai. O companheiro Dida, como Aldemir Bendine é carinhosamente chamado, já é presidente do Banco do Brasil. Sua missão é reduzir os juros e aumentar o volume de crédito. Vai precisar de muita ousadia e agressividade. Isso todo petista tem.

O “mercado” não gostou da mudança. As ações do Banco do Brasil caíram 8,15. Mas é óbvio que elas vão voltar a subir. O “mercado” anda desmoralizado desde que provocou a crise financeira mundial..

O presidente Lula não estava nada satisfeito com o ex-presidente do Banco do Brasil, que raciona como presidente de banco privado. A ministra Dilma Roussef já não agüentava mais pedir a redução dos juros. Banco público é banco de fomento não pode seguir a mesma lógica dos bancos privados.

O companheiro Dida na presidência do Banco do Brasil e os demais bancos públicos brasileiros vão trabalhar para derrubar os juros bancários através da concorrência. Até quando os bancos privados vão resistir?

Com o companheiro do PT no Banco do Brasil a coisa vai.

 

UFBA se renova com “Instituto de Humanidades, Artes & Ciências Professor Milton Santos”

O professor Albino Rubim faz uma boa palestra sobre Mídia e Poder, na programação comemorativa do Dia do Jornalista, em Salvador. Começou esclarecendo que não pertence mais aos quadros da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. É que, embora aposentado, o reitor Naomar Alcântara o convidou para presidir o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências “Professor Milton Santos”. Trata-se da mais nova unidade da UFBA, criada num momento especial de mudanças qualitativas em toda as universidades federais.

O IHAC como passou a ser conhecido tem por objetivo abrigar os bacharelados interdisciplinares, além dos programas de Pós-Graduação Multidisplinares, dos centros e dos Grupos Interdisciplinares de Pesquisas, de formatação MIT (Multi, inter e trans) disciplinar. O IHAC já está participando ativamente do atual movimento de transformação acadêmica e político-cultural da universidade pública e gratuita. São profundos os impactos na sociedade baiana e brasileira, provocados pela atuação viva, qualificada e renovadora.

Conforme esclarece o site , o IHAC acolhe atividades acadêmicas inovadoras: bacharelados interdisciplinares (Artes; Ciências; Humanidades e Saúde); programas de pós-graduação e centros de pesquisa e extensão de configuração mit (multi, inter e trans) disciplinar. Tais atividades, por sua dimensão inovadora, levaram a UFBA a criar o IHAC, uma instituição mitdisciplinar comprometida com a sociedade e sintonizada com os desafios da contemporaneidade.

A homenagem ao professor Milton Santos é justa.

Geógrafo, cientista social, filósofo, ensaísta e pensador político, autor de mais de 40 livros, Milton de Almeida Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, em 1926. Formou-se em Direito pela Universidade da Bahia, no ano de 1948.
Foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de livros que surpreenderam os geógrafos brasileiros e de todo o mundo pela originalidade e audácia, como “O Povoamento da Bahia” (1948) e “O Futuro da Geografia” (1953).

Em 1958, retornou à Bahia, com doutorado em Geografia pela Universidade de Estrasburgo; trabalhou no jornal “A Tarde” e na CPE (Comissão de Planejamento Econômico-BA), precursora da Sudene.

A pedido do Reitor Edgard Santos, e com o apoio da Cooperação Técnica do Ministério das Relações Exteriores da França, Milton Santos criou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais da Universidade Federal da Bahia em 1959.
Após o golpe militar de 1964, foi preso e exilado. Exilado entre 1965 e 1977, ensinou em vários países (França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela, Tanzânia), sempre escrevendo e lutando por suas idéias. Em 1977, tentou ingressar na UFBA, porém teve seu nome vetado pelos órgãos de segurança que atuavam na universidade.

Aprovado em concurso para Professor Titular da USP, radicou-se em São Paulo, onde foi membro da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo. Doutor honoris causa em várias prestigiosas universidades, tornou-se o único brasileiro a receber o prêmio Vautrin Lud (considerado o prêmio Nobel da geografia), em 1994. Foi condecorado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995 e recebeu o Prêmio Chico Mendes em 1999. De sua profícua obra, destacam-se “Por Uma Outra Globalização” (2000) e “A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção” (Prêmio Jabuti, 1997), além de sua obra-mestra “Por uma Geografia Nova” (1979). Milton Santos faleceu em São Paulo, em 24 de junho de 2001.

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A volta da Teoria Geral de Keynes

A obra “Economia do Desenvolvimento – Teoria e Políticas Keynesianas” (Editora Campus/Elsevier), organizada pelos professores João Sicsú e Carlos Vidotto presta um grande serviço à inteligência. Carlos Vidotto, professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, assina o ensaio “O espectro de Keynes ronda a América Latina: hipotecas, securitização e crise financeira nos Estados Unidos”. João Sicsú, diretor do IPEA e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, assina o texto “Planejamento estratégico do desenvolvimento e as políticas macroeconômicas”. Ao todo, são 18 autores que se dedicam a John Maynard Keynes. “Após a onda neoliberal que varreu a América Latina nos últimos 25 anos, o que diversos países precisam, inclusive o Brasil, é de inconformismo, rebeldia e projetos de desenvolvimento” avisam eles.

São fascinantes as análises das economias mundial e brasileira sob a ótica de Keynes. Em particular, seduziu-me o ensaio citado acima de João Sicsú. Ele começa com uma citação de Celso Furtado: “Nenhuma questão me obcecou tanto como esta: por que “eles” encontraram o caminho certo, o do desenvolvimento, e nós o errado, o do subdesenvolvimento?”.

SOBRE O NEOLIBERALISMO João Sicsú afirma: “A era neoliberal que predominou nos últimos 25 anos acabou. O Brasil e tantos outros países que adotaram o receituário neoliberal não obtiveram o resultado prometido. Não houve desenvolvimento, não houve melhora significativa na qualidade de vida.. As reformas de inspiração neoliberal desestruturantes do Estado e da sociedade não entregaram o que prometeram. A realidade derrotou o neoliberalismo, mas muitos de seus adeptos repetem suas idéias por falta do que dizer. É a inércia que predomina em momentos de transição. As poderososas entidades multilaterais que foram símbolos e instrumentos do neoliberalismo se encontram falidas, principalmente do ponto de vista de sua reputação, autoridade intelectual e capacidade de intervenção política. Estamos vivendo um vácuo histórico: faltam discursos e projetos. O neoliberalismo acabou e o desenvolvimento não nasceu ainda enquanto realidade social”.

SOBRE OS GASTOS PÚBLICOS João Sicsú afirma: “Os gastos públicos devem ser feitos de modo a atender a todas as necessidades de uma vida individual e social com qualidade. Devem ser realizados para gerar empregos para todos aqueles que desejam trabalhar, mas também devem ser feitos na forma de programas de pagamentos monetários àqueles que estão desalentados para sempre, ou seja, que foram colocados à margem do mercado de trabalho de forma definitiva. Mas do que isso: devem prover a todos desde o básico para a sobrevivência em uma sociedade civilizada – como o aceso a sistemas de saúde e educação sofisticados – até gastos com “alimentos para a alma” dos indivíduos, tais como programas culturais. O gasto público deve ser, em resumo, voltado para garantir qualidade de vida para todos: todos devem ter direito a ter aceso a tudo”.

SOBRE O BRASIL QUE QUEREMOS João Sicsú afirma: “O Brasil que queremos deve funcionar com ampla participação política de sua população, que deve ter a capacidade de decidir desde a posição do jardim na área de lazer do bairro até questões cruciais como o formato do sistema de seguridade social. Deve ser um país tecnologicamente avançado que possa ter uma economia em condições de propiciar rendas com diferenças socialmente justas e trabalho formalizado com garantias e direitos assegurados. Deve ser um país onde a busca pelo pleno emprego se torne uma obsessão (...) deve ter uma política permanente de moradia digna para todos; deve ter um território planejado, inclusive o manejo do meio ambiente. (...) um sistema de seguridade social de máxima qualidade e de aceso universalizado”.

SOBRE GASTOS CORRENTES E CRESCIMENTO João Sicsú afirma: “É importante ressaltar que gastos correntes geram crescimento e empregos. A compra do excesso de cafezinho desperdiçado na repartição pública gera renda e empregos na fábrica de moagem e empacotamento de café. A compra de bicicletas para serem utilizadas por paramédicos que nem sequer foram contratados gera renda e empregos lá na fábrica de bicicletas. Quando uma bolsa-família (programa de transferência de renda) é incorretamente concedida a uma empregada doméstica que ganha salário mínimo (ou mais) gera emprego na quitanda, no supermercado e na fábrica de massas. Eliminar essas distorções é uma ação republicana necessária. Contudo, deve ficar claro que quando o governo faz um gasto corrente, alguém recebe este gasto. Para quem recebe este gasto, ele é renda. Quando esta renda é gasta, gera empregos e mais renda”.

Ao final, você poderia dizer: é a macroeconomia, estúpido.

 

Mídia pragmática e Justiça manipulada, os males do Brasil são

A revista CartaCapital (28/03/09) me dá duas certezas. Uma, a revista Veja não tem jeito. Outra, o presidente do STF, Gilmar Mendes, também não tem jeito.

MÍDIA - Vejam o que a classe média engole sem vomitar. A revista Exame da Editora Abril escreveu em 2005: “A Daslu virou vidraça, o templo paulistano do luxo se tornou o grande alvo da histeria anticapitalista no Brasil”. Agora leiam o que a revista Veja, da mesma Editora Abril, escreveu:”a prisão da senhora Tranchesi “pode marcar o fim de uma era de permissividade”. Ou seja, num dia Eliana é a deusa do consumo dos ricos, no outro é a vilã. O que importa é vender revista.

JUSTIÇA - O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, é a figura mais desmoralizada do Judiciário brasileiro. Depois de uma visita do presidente do STF à cidade, o juiz da 7ª Vara Eleitoral de Mato Grosso, Luiz Fernando Kirche, cassou o prefeito Erival Capistrano, que ganhou a eleição municipal em Diamantino. O primeiro ato do prefeito cassado foi fazer uma auditoria nas contas municipais na gestão do prefeito anterior, Chico Mendes, irmão de Gilmar Mendes. Somente no Brasil. O presidente do STF acoberta assim uma gestão eivada de irregularidades, compras superfaturadas, desvios de dinheiro público. Como é que o prefeito cassado vai apelar ao STF?

 

Chamaram-me de “chapa branca” porque disse a verdade

Indignado, um leitor deste blog me chamou de “chapa branca” por cometer o texto abaixo intitulado “O governo da Bahia faz, sua vida melhora”. Quase morro de rir. Alguns jornalistas desorientados têm a mania idiota de achar que jornalismo é somente crime, violência e escândalo. Ora, o título é o bordão do Governo Wagner. A revista governamental atende um direito da população, o de ser informada das ações de governo. É o que fiz. A única diferença é que não recebo nada por isso. Fi-lo porque qui-lo.

Aliás, não esgotei o assunto. A redação da revista “Bahia, Terra de Todos Nós”, em sua segunda edição, é integrada por veteranos e confiáveis jornalistas baianos: César Barrocas, Edvaldo Esquivel, Heliana Frazão e Ivana Braga. Mas, não sei o que deu na coordenação editorial que deixou de fora o Programa de Microcrédito do Estado da Bahia que já emprestou para “os de baixo” mais de R$ 67 milhões, em 160 municípios. Outra ausência foi o início das operações da Economia Solidária. Acho que estes assuntos “estouraram” como dizíamos antigamente.

Apesar da ausência do Credibahia na revista, eu me senti realizado. Sabe aquela citação sobre as 87 ouvidorias que integram a Ouvidoria Geral do Estado? Pois é, sou uma delas.

8 de abril de 2009

 

O governo da Bahia faz, sua vida melhora

Este é o bordão do Governo Wagner. É também a manchete de primeira página da segunda edição da revista “Bahia de Todos Nós”. Trata-se de uma publicação contendo o balanço de dois anos de governo, editada pela Assessoria Geral de Comunicação Social do Governo da Bahia – AGECOM. A revista é editada pelo veterano jornalista José Carlos Teixeira e o design é da lavra de Miguel Cotrim – de altíssima qualidade e de muita beleza. Pra ninguém botar defeito.

O conteúdo da revista explica os bons índices de aceitação do Governo Wagner. Nestes dois anos, as ações de governo consolidam a mudança de atitude do poder público, a prática da democracia, a luta pelo desenvolvimento com bases sólidas.

EDUCAÇÃO - Estão lá programas como o TOPA – Todos pela Alfabetização, um milhão de alfabetizados como meta; eleições diretas para diretores das escolas estaduais; um processo de verdadeira reestruturação da rede estadual de ensino.

Na área da educação, três itens merecem destaque. Nestes dois anos, as verbas para as universidades estaduais aumentaram em 29,4% em relação a 2006, o que permitiu a criação de seis novos mestrados, três doutorados. Em segundo lugar, a elaboração do Plano de Educação Profissional; finalmente, merece destaque o Programa Estadual de Inserção de Jovens no Mundo do trabalho – TRILHA.

SAÚDE - Pela revista você fica sabendo que o estado da Bahia investiu R$ 3 bilhões para resgatar a saúde, promovendo uma verdadeira revolução para reverter o quadro de sucateamento das unidades. O investimento viabilizou a aquisição de novos e modernos equipamentos, a reforma de 28 hospitais, a contratação de 10.100 profissionais. Novos serviços especializados chegaram a várias cidades como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus e Teixeira de Freitas. O Hospital do Oeste, em Barreiras, por exemplo, ganhou uma Unidade de Queimados e uma UTI Neonatal, a primeira da região Oeste. O SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel dá cobertura a seis milhões de pessoas.

Mas o que mais impressiona são dois programas inéditos no Brasil: o Programa de Internação Domiciliar e o Programa Medicamento em Casa. O Programa de Internação Domiciliar é pioneiro na América Latina e humaniza o atendimento médico-hospitalar ao prestar assistência em casa a pacientes. Isso é coisa de primeiro mundo.

SANEAMENTO – O Programa Água Para Todos – o maior do Brasil – já levou água e saneamento básico para 1,5 milhão de pessoas. A construção de cisternas, poços artesianos, barragens e rede de abastecimento decretaram o fim da indústria da seca.

Ainda tem matérias sobre o plano de despoluição da Baía de Todos os Santos, que está em marcha, a construção de 50 mil casas populares, programas de apoio à agricultura familiar no semiárido, a produção de biocombustível. O programa Luz Para Todos levou energia para 630 mil baianos. Foram 1.200 km de estradas estaduais restauradas.

Jaques Wagner tem tudo para se reeleger. A Bahia merece um segundo mandato.

 

Bahia lança "Prêmio Gey Espinheira de Mídia e Direitos Humanos"

O governo Wagner, em parceria com ABI, Sinjorba e Fenaj, promove no dia 14 de abril, às 14h, um evento “para quem dedica a vida a trabalhar com ética, responsabilidade e imparcialidade”. Vai acontecer no auditório Pedro Milton de Brito, na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia.

A pauta é vasta:

1 - Lançamento do Prêmio Estadual Gey Espinheira de Mídia e Direitos Humanos

2 - Lançamento do Curso de Extensão e Especialização em Direitos Humanos, Mídia e
Comunicação, em parceria com a Universidade Federal da Bahia.

3 - Lançamento da publicação “Sistema Penal – Atores e Competências”.

7 de abril de 2009

 

Folha de S. Paulo ressuscita velho jornalismo marrom

Jornalismo marrom era a expressão usada outrora para certo tipo de jornalismo mafioso. A expressão caiu em desuso, mas não a prática. Eis que a Folha de S. Paulo ressuscita o jornalismo de má-fé, por puro interesse político, contra a ministra Dilma Roussef. O jornalista, cientista social da USP, foi entrevistado pelo jornalão e a edição foi barbaramente manipulada. O jornalista protestou em carta enviada à Folha de S. Paulo.

Segue a matéria:

Jornalista denuncia má-fé da Folha e armação contra Dilma

O jornalista Antonio Roberto Espinosa, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), encaminhou carta à redação da Folha de S.Paulo, protestando contra a edição da entrevista por telefone que concedeu ao jornal e que originou a matéria “Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Neto”, publicada n domingo (5).

Espinosa acusa a Folha de preparar uma “armadilha” para a ministra Dilma Rousseff usando uma entrevista que concedeu a uma das suas repóteres da sucursal de Brasília. Na carta que encaminhou à redação, ele denuncia a má fé dos editores do jornal. Segue a íntegra da correspondência:

Prezados senhores,
Chocado com a matéria publicada na edição de hoje (domingo, 5), páginas A8 a A10 deste jornal, a partir da chamada de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Neto”, e da repercussão da mesma nos blogs de vários de seus articulistas e no jornal Agora, do mesmo grupo, solicito a publicação desta carta na íntegra, sem edições ou cortes, na edição de amanhã, segunda-feira, 6 de abril, no “Painel do Leitor” (ou em espaço equivalente e com chamada de capa), para o restabelecimento da verdade, e sem prejuízo de outras medidas que vier a tomar. Esclareço preliminarmente que:

1) Não conheço pessoalmente a repórter Fernanda Odilla, pois fui entrevistado por ela somente por telefone. A propósito, estranho que um jornal do porte da Folha publique matérias dessa relevância com base somente em “investigações” telefônicas;

2) Nossa primeira conversa durou cerca de 3 horas e espero que tenha sido gravada. Desafio o jornal a publicar a entrevista na íntegra, para que o leitor a compare com o conteúdo da matéria editada. Esclareço que concedi a entrevista porque defendo a transparência e a clareza histórica, inclusive com a abertura dos arquivos da ditadura. Já concedi dezenas de entrevistas semelhantes a historiadores, jornalistas, estudantes e simples curiosos, e estou sempre disponível a todos os interessados;

3) Quem informou à Folha que o Superior Tribunal Militar (STM) guarda um precioso arquivo dos tempos da ditadura fui eu. A repórter, porém, não conseguiu acessar o arquivo, recorrendo novamente a mim, para que lhe fornecesse autorização pessoal por escrito, para investigar fatos relativos à minha participação na luta armada, não da ministra Dilma Rousseff.

Posteriormente, por e-mail, fui novamente procurado pela repórter, que me enviou o croquis do trajeto para o sítio Gramadão, em Jundiaí, supostamente apreendido no aparelho em que eu residia, no bairro do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro. Ela indagou se eu reconhecia o desenho como parte do levantamento para o seqüestro do então ministro da Fazenda Delfim Neto. Na oportunidade disse-lhe que era a primeira vez que via o croquis e, como jornalista que também sou, lhe sugeri que mostrasse o desenho ao próprio Delfim (co-signatário do Ato Institucional número 5, principal quadro civil do governo ditatorial e cúmplice das ilegalidades, assassinatos e torturas).

Afirmo publicamente que os editores da Folha transformaram um não-fato de 40 anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim) num factóide do presente (iniciando uma forma sórdida de anticampanha contra a Ministra).

A direção do jornal (ou a sua repórter, pouco importa) tomou como provas conclusivas somente o suposto croquis e a distorção grosseria de uma longa entrevista que concedi sobre a história da VAR-Palmares. Ou seja, praticou o pior tipo de jornalismo sensacionalista, algo que envergonha a profissão que também exerço há mais de 35 anos, entre os quais por dois meses na Última Hora, sob a direção de Samuel Wayner (demitido que fui pela intolerância do falecido Octávio Frias a pessoas com um passado político de lutas democráticas).

A respeito da natureza tendenciosa da edição da referida matéria faço questão de esclarecer:

1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;

2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma;

3) Dilma sequer teria como conhecer a idéia da ação, a menos que fosse informada por mim, o que, se ocorreu, foi para o conjunto do Comando Nacional e em termos rápidos e vagos. Isto porque a VAR-Palmares era uma organização clandestina e se preocupava com a segurança de seus quadros e planos, sem contar que “informação política” é algo completamente distinto de “informação factual”. Jamais eu diria a qualquer pessoa, mesmo do comando nacional, algo tão ingênuo, inútil e contraproducente como “vamos seqüestrar o Delfim, você concorda?”. O que disse à repórter é que informei politicamente ao nacional, que ficava no Rio de Janeiro, que o Regional de São Paulo estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para seqüestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde e em risco de morte pelas torturados sofridas. A esse propósito, convém lembrar que o próprio companheiro Carlos Marighela, comandante nacional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Por que, então, a Dilma deveria ser informada da ação contra o Delfim? É perfeitamente compreensível que ela não tivesse essa informação e totalmente crível que o próprio Carlos Araújo, seu então companheiro, diga hoje não se lembrar de nada;

4) A Folha, que errou a grafia de meu nome e uma de minhas ocupações atuais (não sou “doutorando em Relações Internacionais”, mas em Ciência Política), também informou na capa que havia um plano detalhado e que “a ação chegou a ter data e local definidos”. Se foi assim, qual era o local definido, o dia e a hora? Desafio que os editores mostrem a gravação em que eu teria informado isso à repórter;

5) Uma coisa elementar para quem viveu a época: qualquer plano de ação envolvia aspectos técnicos (ou seja, mais de caráter militar) e políticos. O levantamento (que é efetivamente o que estava sendo feito, não nego) seria apenas o começo do começo. Essa parte poderia ficar pronta em mais duas ou três semanas. Reiterando: o Comando Regional de São Paulo ainda não sabia com certeza sequer a freqüência e regularidade das visitas de Delfim a seu amigo no sítio. Depois disso seria preciso fazer o plano militar, ou seja, como a ação poderia ocorrer tecnicamente: planejamento logístico, armas, locais de esconderijo etc. Somente após o plano militar seria elaborado o plano político, a parte mais complicada e delicada de uma operação dessa natureza, que envolveria a estratégia de negociações, a definição das exigências para troca, a lista de companheiros a serem libertados, o manifesto ou declaração pública à nação etc. O comando nacional só participaria do planejamento , portanto, mais tarde, na sua fase política. Até pode ser que, no momento oportuno, viesse a delegar essa função a seus quadros mais experientes, possivelmente eu, o Carlos Araújo ou o Carlos Alberto, dificilmente a Dilma ou Mariano José da Silva, o Loiola, que haviam acabado de ser eleitos para a direção; no caso dela, sequer tinha vivência militar;

6) Chocou-me, portanto, a seleção arbitrária e edição de má-fé da entrevista, pois, em alguns dias e sem recursos sequer para uma entrevista pessoal – apelando para telefonemas e e-mails, e dependendo das orientações de um jornalista mais experiente, no caso o próprio entrevistado -, a repórter chegou a conclusões mais peremptórias do que a própria polícia da ditadura, amparada em torturas e num absurdo poder discricionário. Prova disso é que nenhum de nós foi incriminado por isso na época pelos oficiais militares e delegados dos famigerados Doi-Codi e Deops e eu não fui denunciado por qualquer um dos três promotores militares das auditorias onde respondi a processos, a Primeira e a Segunda auditorias de Guerra, de São Paulo, e a Segunda Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro.

Osasco, 5 de abril de 2009.

Antonio Roberto Espinosa é jornalista, professor de Política Internacional e doutorando em Ciência Política pela USP.

 

Lula deveria sugerir aos prefeitos: roubem menos

Muitos prefeitos do Brasil estão indóceis. Eles querem respostas para a crise financeira dos EUA que chegou ao Brasil. Mas nenhum prefeito quer abrir mão de qualquer receita. Isso é impossível. O presidente Lula já avisou que “todos devem apertar o cinto”. Este meu presidente é um político muito habilidoso. É que não pode dizer a verdade verdadeira. Certos prefeitos devem ser aconselhados a roubar menos. Se eles roubarem menos, as contas fecham.

A crise financeira afeta a todos. Às prefeituras, aos governos estaduais e à União. A desoneração de impostos feita para aquecer a economia e salvar empregos, tanto no setor automotivo, quanto na construção civil, gera saldo menor nos cofres da União. Certos prefeitos não precisam organizar caravanas a Brasília. Isso é ridículo. Eles têm telhado de vidro. Basta que não roubem que os recursos serão suficientes.

6 de abril de 2009

 

Jornalistas da Bahia convidados a refletir sobre “Mídia e Poder”

O Dia do Jornalista (8 de abril) será comemorado pela Assessoria Geral de Comunicação Social do governo da Bahia – AGECOM. O professor doutor Albino Rubim, da Faculdade de Comunicação da UFBA e também presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, vai proferir a palestra “Mídia e Poder”, no auditório da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, às 9h. Em seguida haverá confraternização que ninguém é de ferro.

 

Dura ou branda: nunca mais

O professor doutor Albino Rubim, professor titular da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e presidente do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, publicou no jornal A Tarde (6/4/2009) o seguinte artigo:

“Dura ou branda: nunca mais”

Em tempos em que alguns setores buscam recontar a história do país, com a perigosa distinção entre ditadura e “ditabranda”, nada mais pertinente que o lançamento da nova edição, revista e ampliada, do livro “Dos filhos deste solo – Mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar: a responsabilidade do Estado”, publicado pela Editora da Fundação Perseu Abramo e pela Boitempo Editorial.

O livro tem como autores os jornalistas Carlos Tibúrcio e Nilmário Miranda.

Tibúrcio possui uma longa trajetória na grande mídia e na imprensa alternativa e atualmente é assessor especial da Secretaria Geral da Presidência da República.

Nilmário, além de jornalista, é um militante histórico na área dos direitos humanos, tendo sido ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República entre 2003 e 2005.

Exaustivo e documentado, o livro traça um mapa da repressão política no Brasil. Por certo, ele é um dos trabalhos mais sistemáticos já realizados no País. Com base em depoimentos e documentos, o texto reconstrói, detalhada e meticulosamente, centenas de itinerários de prisões, torturas, desaparecimentos, assassinatos, exílios, desmantelamento de grupos políticos etc. Nas 708 páginas do livro, temos tudo que caracteriza a face brutal e repressiva inerente a toda e qualquer ditadura.

Os sofrimentos descritos no livro e aqueles que afligiram familiares, amigos, colegas das vítimas, bem como a vida prejudicada de toda a sociedade brasileira, com a ampliação das desigualdades socioeconômicas, o empobrecimento cultural, o aumento da dívida pública, a disseminação da violência e a atrofia da política, não autorizam ninguém, com seriedade e honestidade, a falar em “ditabranda”.

O reconhecimento das singularidades da ditadura brasileira não pode servir a uma revisão que despreza sofrimentos individuais e coletivos; esquece crimes hediondos – como a tortura – e macula a história brasileira.

Mesmo a modernização da economia e das comunicações não pode ser lembrada sem considerar que a modernização da economia foi realizada com intenso arrocho salarial na indústria e com muitos assassinatos no campo. E a modernização nas comunicações criou um modelo concentrado e monopolista na mídia eletrônica, com graves prejuízos para a sociedade, a cultura e a política brasileiras. Aliás, a persistência desta herança da ditadura é o maior impedimento ao desenvolvimento das comunicações no Brasil.

Na vital contramão do discurso da “ditabranda”, em tudo sintonizado com os interesses e herdeiros da ditadura, a leitura do livro de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio reaviva nossa memória individual e histórica e nos faz renovar nosso compromisso com os valores democráticos. (Antônio Albino Canelas Rubim).

 

Valente, no semiárido baiano, sob ameaça da dengue

A vereadora Maria Madalena Oliveira Firmo (Leninha), líder da bancada do PT e presidente da Comissão de Educação, Saúde, Obras e serviços Públicos do município de Valente, semiárido baiano, está fazendo o maior barulho. Já somam em Valente 370 casos de dengue, todos atendidos em Feira de Santana. Diante da epidemia de dengue, a vereadora protocolou na Prefeitura Municipal de Valente um documento solicitando a decretação do estado de emergência.

Como os casos de dengue em Valente estão aumentando assustadoramente, com o documento da vereadora Leninha, o prefeito Ubaldino Amaral Oliveira não poderá argumentar ignorância do fato. Com o reconhecimento do estado de emergência o governo estadual poderá dar todo apoio necessário para controle da dengue. Tem feito isso em sete municípios afetados. A vereadora acha que a situação não precisa se agravar, como ocorreu em Itabuna, para que a cidade seja socorrida.

Prefeito, prefeito, não seja estúpido, ouça a vereadora Leninha!

 

Jornalista Newton Sobral conta História do Brasil em poemas

Newton Sobral trabalhou nos melhores jornais de Salvador: Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia e A Tarde, não necessariamente nesta ordem. Além de jornalista é poeta e professor. Antes do golpe de 1964 foi vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Ele vivenciou a fundação do Museu de Arte Moderna da Bahia como assistente da arquiteta Lina Bo Bardi.

Sobral cometeu os poemas “Agulhas de Marear” e “Rondó dos Becos e Ladeiras” com intenção de publicá-los como parte dos eventos comemorativos dos “500 anos do descobrimento”. Não deu certo. A obra somente saiu agora, ilustrada por Ângelo Roberto, e editada pela Assembléia Legislativa da Bahia.

Conforme escreveu o mestre Luis Henrique Dias Tavares no prefácio, “este poema do jornalista Newton Sobral lembra e homenageia os 500 anos da revelação das terras do pau Brasil à Europa em expansão. Sobral foi tomado pela mágica da poesia (...) ele viu e compreendeu a rota dos medos, o mar que chamava o país pequeno e pobre para o desafio, o Tejo, os grandes ventos, as velas batendo, a insegurança do não saber o que havia pela frente (...) as ondas...o desespero das calmarias, a corredeira das correntes ocultas, as praias, aqueles homens cheios de medo, aquelas mulheres com suas vergonhas postas à vista dos olhos e ao apetite das mãos. Terra a vista”.

É assim mesmo. Newton Sobral conta em versos a odisséia, o mar (Mar. O que fizeste de nós/e dos sonhos?/Qual o porto, afinal?/ Portugal. As caravelas (Partiram da esperança/Rumo ao mar ignoto/Levando a cruz encarnada/Sobre as velas brancas). Os fados. O navegador. Os espanhóis. A calmaria. O Caminho das Índias. Terra a vista grita o marujo/ do alto da gávea. “A nau se agita/lá estão os sonhos). Os escravos (nos porões escuros,/como vagões de Auschwitz,/Vieram trabalhar e morrer).

A história vai seguindo e salta para outro poema, “Rondó dos becos e ladeiras”:

Vão também as noites
Levam seu ritmo alegre,
Canções de melancolia,
Samba, axé, samba-reggae

Preliminares da libido
Do sal de corpos em luta,
Doce orgasmo fruído
No fugaz amor das putas

(...)

E vão becos e ruas,
Vilas, largos e praças,
Esquinam que delimitam
A hierarquia das raças,

Contrapondo avenidas,
Morros e luxo e riqueza,
Alagados do sofrimento,
Baixas do tubo e pobreza.

 

Saiu a Revista da Academia de Letras da Bahia 2008

A edição 2008 da Revista da Academia de Letras da Bahia traz bons textos e lindos poemas. Entre os bons textos está “Importante legado” da autoria do jornalista Newton Sobral, resgatando as passagens meteóricas da arquiteta Lina Bo Bardi (1959-1964) pela Bahia.

Como todos, ela teve o sonho interrompido pelo golpe militar de 1964. A saída de Lina Bo Bardi da direção do Museu de Arte Moderna e do Museu de Arte Popular encerrou um ciclo virtuoso da cultura na Bahia. Digo passagens porque, em 1986, a convite do então prefeito Mário Kertész, ela retornou a Salvador participando do plano de recuperação do Centro Histórico, assinando os projetos da Casa do Benin (1987) e da Fundação Pierre Verger (1989).

Newton Sobral afirma: “Ela praticamente liderou na Bahia o amplo movimento em defesa da cultura popular, que na época empolgava o país e que tinha por objetivo levar as artes ao consumo do povo. O banimento foi a sentença de Lina Bo Bardi pelo seu comprometimento com a honestidade, a cultura e as idéias progressistas num período tão conturbado e de subversão de valores como o pós-março de 1964 (...)”.

Quanto aos poemas, assinam Florisvaldo Matos, Ruy Espinheira Filho, José Carlos Capinan, Luiz Alberto Moniz Bandeira e Cyro de Mattos, entre outros igualmente criativos. O acadêmico Hélio Pólvora apresenta o poeta Adelmo Oliveira – nunca entendi porque Adelmo Oliveira com sua produção de altíssima qualidade não integra os quadros da Academia de Letras da Bahia.
A Revista da Academia selecionou seis poemas de Adelmo Oliveira: Soneto da Última Estação; Soneto das Acácias; Soneto do Último Tango; Meu Natal de Sempre; Elegia do Largo dos Quinze Mistérios; Balada dos Erros de um Profeta.

A poética de Adelmo Oliveira, segundo Hélio Pólvora, “denota leve música de fundo simbolista, traz a clareza dos enunciados precisos e assume a modernidade, na medida em que procura, através de metáforas comedidas, significados luminosos nos instantes de introversão e nas emergências do memorialismo”.

Para entender o sentir o simbolismo e as metáforas só lendo Adelmo Oliveira.

Segue o poema

SONETO DA ÚLTIMA ESTAÇÃO

Esta que vem do mar por entre os ventos
Sacudindo as espumas dos cabelos
Vem molhada de azul nos pensamentos
Seu corpo oculta a ilha dos segredos

Vem a dança ao andar sobre as areias
Úmidas sob os passos e os desejos
Onde as ancas são ondas em cadeias
Infinitas de luz contra os espelhos.

Nem precisa de flor sem de perfume
Ela é a própria essência do ciúme
Feita de mito se fazendo estrela

Vem – dança – e passa aos fogos do verão
- Fantasia da última estação
-Explodiu na vertigem da beleza.

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