6 de abril de 2009

 

Saiu a Revista da Academia de Letras da Bahia 2008

A edição 2008 da Revista da Academia de Letras da Bahia traz bons textos e lindos poemas. Entre os bons textos está “Importante legado” da autoria do jornalista Newton Sobral, resgatando as passagens meteóricas da arquiteta Lina Bo Bardi (1959-1964) pela Bahia.

Como todos, ela teve o sonho interrompido pelo golpe militar de 1964. A saída de Lina Bo Bardi da direção do Museu de Arte Moderna e do Museu de Arte Popular encerrou um ciclo virtuoso da cultura na Bahia. Digo passagens porque, em 1986, a convite do então prefeito Mário Kertész, ela retornou a Salvador participando do plano de recuperação do Centro Histórico, assinando os projetos da Casa do Benin (1987) e da Fundação Pierre Verger (1989).

Newton Sobral afirma: “Ela praticamente liderou na Bahia o amplo movimento em defesa da cultura popular, que na época empolgava o país e que tinha por objetivo levar as artes ao consumo do povo. O banimento foi a sentença de Lina Bo Bardi pelo seu comprometimento com a honestidade, a cultura e as idéias progressistas num período tão conturbado e de subversão de valores como o pós-março de 1964 (...)”.

Quanto aos poemas, assinam Florisvaldo Matos, Ruy Espinheira Filho, José Carlos Capinan, Luiz Alberto Moniz Bandeira e Cyro de Mattos, entre outros igualmente criativos. O acadêmico Hélio Pólvora apresenta o poeta Adelmo Oliveira – nunca entendi porque Adelmo Oliveira com sua produção de altíssima qualidade não integra os quadros da Academia de Letras da Bahia.
A Revista da Academia selecionou seis poemas de Adelmo Oliveira: Soneto da Última Estação; Soneto das Acácias; Soneto do Último Tango; Meu Natal de Sempre; Elegia do Largo dos Quinze Mistérios; Balada dos Erros de um Profeta.

A poética de Adelmo Oliveira, segundo Hélio Pólvora, “denota leve música de fundo simbolista, traz a clareza dos enunciados precisos e assume a modernidade, na medida em que procura, através de metáforas comedidas, significados luminosos nos instantes de introversão e nas emergências do memorialismo”.

Para entender o sentir o simbolismo e as metáforas só lendo Adelmo Oliveira.

Segue o poema

SONETO DA ÚLTIMA ESTAÇÃO

Esta que vem do mar por entre os ventos
Sacudindo as espumas dos cabelos
Vem molhada de azul nos pensamentos
Seu corpo oculta a ilha dos segredos

Vem a dança ao andar sobre as areias
Úmidas sob os passos e os desejos
Onde as ancas são ondas em cadeias
Infinitas de luz contra os espelhos.

Nem precisa de flor sem de perfume
Ela é a própria essência do ciúme
Feita de mito se fazendo estrela

Vem – dança – e passa aos fogos do verão
- Fantasia da última estação
-Explodiu na vertigem da beleza.

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