15 de junho de 2012

 

A imprensa, uma instituição “líquida”

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, radicado na Inglaterra, ajuda a entender certas características da imprensa contemporânea em seu esforço por manter alguma relevância diante do cenário de dissolução de velhos paradigmas que marcaram a sociedade até o fim do século passado. Um ponto instigante são as mudanças que a imprensa precisa enfrentar no contexto que o pensador chama de “modernidade líquida”. Num ambiente em que, segundo ele, tudo se torna fluido, diluem-se também antigos elementos concretos de conexão, que se tornam inconstantes e instáveis. A imprensa, como outras instituições sólidas, tende a se desmanchar...

Bauman oferece um arcabouço conceitual para o entendimento de características que podem ser facilmente observadas na imprensa tradicional. Um deles é sua tendência a se apropriar do poder, que se dissociou rapidamente da política com a redução do papel do Estado, a ascensão do individualismo e a colonização do espaço público por instituições privadas. Luciano Martins Costa, em artigo publicado no Observatório da Imprensa, escreve sobre isso - a “imprensa líquida”

Por que razão a atividade jornalística, praticada sobre a plataforma de entidades privadas, se comporta como detentora de atribuições típicas do antigo poder político?.

A imprensa, instalada no ambiente privado, invade áreas que historicamente sempre pertenceram à esfera pública, para exercer um poder típico da política.

É nessa mudança de campos que a imprensa tenta reinstalar sua antiga hegemonia sobre a sociedade, criticamente abalada pelo advento das novas tecnologias digitais, que dissolvem aquilo que antigamente se chamava mídia. Para isso, ela precisa se apropriar de valores e crenças fundamente arraigados no imaginário humano e que ainda compõem o conjunto de laços formadores de comunidades. Mais que o “Partido da Imprensa Golpista (PIG)” a mídia se metamorfoseia numa “instituição líquida” que se solidifica conforme seus interesses particulares.

LEIA NA ÍNTEGRA NO OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA


12 de junho de 2012

 

José Dirceu, por qué no lo matan?

O cineasta Luiz Carlos Barreto, 84 anos, produtor de belos filmes como “Lula, o filho do Brasil”, "Dona Flor e seus Dois Maridos” e “O que é isso companheiro?”, entre muitos outros, assina um artigo na Folha de S. Paulo (12/06/2012). “Por qué no lo matan?” disse Fidel Castro ao pessoal de esquerda que reclamava de Carlos Lacerda, durante a visita que o líder cubano fez ao Brasil após a revolução. “Lacerda es um hombre como nosotros?, tiene brazos, piernas?, camina por la calle?, entonces por qué no lo matan?”, disse Fidel incomodado.

O cineasta afirma que o episódio não lhe sai da cabeça, quando lê o noticiário sobre José Dirceu. “O tom é sempre de acusação, tratando de atos e práticas ilegais, como se ele, na sua trajetória de animal político militante corajoso, só tivesse contabilizado ações negativas”. É como se José Dirceu tivesse nascido com o suposto mensalão. Não se fala de sua trajetória de líder estudantil, sua luta contra a ditadura militar, prisão, exílio, retorno clandestino ao Brasil, toda sua energia na luta pela democracia, comenta Barreto.

A burguesia dizia que Zé Dirceu é a cabeça pensante e Lula é o líder mobilizador do sentimento popular. “Vamos cortar a cabeça que o corpo cai”. Os governos de Lula mostraram que Zé Dirceu não é uma cabeça sem corpo e que nem Lula é um corpo sem cabeça. Eles são de carne e osso, “hombres como nosotros y caminan por las calles”.

Ora, se José Dirceu é tudo isso que a mídia diz, “entonces, por qué no lo matan?”.

 

Regulamenta, Dilma!

O jornalista e professor Venício A. de Lima, autor de “Política de Comunicações – Um balanço dos governos Lula (2003-2010)”, entre outros livros, publica no portal Carta Maior o artigo intitulado REGULAMENTA, DILMA! Segundo ele, e eu concordo, nos últimos meses, apesar da deliberada satanização que a grande mídia faz do tema, é inegável que existe uma crescente mobilização dos partidos políticos e da sociedade civil em torno da necessidade de regulação das comunicações. São muitas as razões que justificam o imperioso papel regulador do Estado nas comunicações. A mais evidente é a revolução digital. “A universalização da liberdade de expressão adquire um caráter fundante para a construção da cidadania ativa e republicana”.

Regulamenta, Dilma!

LEIA NA ÍNTEGRA
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5631



10 de junho de 2012

 

O “assessor de crédito” é a saída para o microcrédito

Está no jornal Valor (sexta,8), página C5. Título: “Mascate de crédito desbrava periferia no Nordeste”. O assunto foca o microcrédito produtivo que avança sobre o microcrédito para consumo. A matéria assinada pelo jornalista Murillo Camarotto, em Salvador, Bahia, afirma que começa a proliferar no Nordeste um novo tipo de “mascate”, um profissional que vai de porta em porta, mais conhecido como assessor de crédito.

Na verdade, este é o nome adotado pelo BNB para o agente de crédito, nomenclatura adota por outras entidades públicas e não-governamentais. De acordo com o Banco Central, o microcrédito produtivo está em franco crescimento, 45,8% a mais que o ano anterior. O jornalista ignora as agências de fomento que trabalham com microcrédito e se refere apenas ao BNB, que responde por cerca de 80% dos trabalhadores atendidos no país.

O jornalista do jornal Valor foi ao Cabula, bairro de Salvador, e entrevistou Lucas Barbosa da Silva, “um dos dois mil assessores de crédito que têm a missão de captar novos clientes para o BNB”. Ele trabalha de porta em porta e oferece aos pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos o Crediamigo, que vai de R$ 100 (cem reais) a R$ 15 mil reais (quinze mil reais). Lucas ganha R$ 700 reais por mês. O BNB preenche o vazio deixado pelos grandes bancos comerciais, que só visam ao lucro. Isso gera uma demanda reprimida no Nordeste de 8 milhões de pessoas que desejam trabalhar com um pequeno empréstimo.

Acho sacanagem chamar o agente de crédito de “mascate” do crédito ou “assessor do crédito”. Cheira a preconceito. Mas, o resultado é maior que o preconceito.


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