19 de novembro de 2011

 

Militantes 3.0 querem nova forma de fazer política


A revista “Eu & Fim de Semana”, do jornal Valor que circulou sexta-feira (18), trás como reportagem de capa “Ativismo 3.0 – Militantes buscam nova forma de fazer política”. É muito pertinente e foca nos movimentos que ocupam as redes da Internet e tentam levar os protestos às ruas. Evidentemente, trata-se de um novo tipo de ativismo político, uma busca pela participação ativa, diante do fracasso das instituições políticas que temos. Há uma miríade de manifestantes, gente que nunca se envolveu com nada começa a perceber que algo está muito errado. A mídia dá a maior cobertura, mas, ainda assim reclamam da mídia.

Tem de tudo. Gente que luta pela reciclagem, pelo hip-hop, pelos moradores de rua, há os que participaram das lutas anti-globalização, da fóruns sociais. Condenam o mundo político, a corrupção e têm um ponto em comum nessa barafunda. Não têm proposta de poder e até questionam se é necessário tomar o poder. Muitos estão em busca de alternativas, outros nem se preocupam com isso. Têm também outro ponto em comum: desconfiam profundamente dos partidos políticos, mesmo os que se apresentam como “radicais”.

Há quem veja a oportunidade do surgimento de uma nova democracia, talvez uma democracia direta, que sempre foi muito discutida na história do pensamento político. Desconfiam da democracia representativa tal como hoje se apresenta. Esse debate sobre se é preciso ou não tomar o poder ocorreu em 1848, em 1905 e em 1968 e mais recentemente nos fóruns sociais mundiais, do altermundismo. Minha geração debateu Marx, Bakunin, Trótski, Rosa Luxemburgo e Gramsci. O debate é antigo.

Sinto que o campo político está aniquilado. Mas, não consigo ter energia suficiente para a militância 3.0 e não vejo no horizonte próximo a proposta de uma democracia avançada, além da democracia representativa parlamentar. É uma merda. O poder econômico se sobrepõe ao poder político, no Estado-nação o poder político se sobrepunha ao poder econômico. As instituições terceirizam, privatizam suas funções, desmoralizam-se, e essa juventude inquieta rejeita o Estado.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que os pesquisadores da cibercultura criticam por causa de suas posições sobre a natureza da Internet – comunidade humana versus rede da Internet – reforça a crítica à democracia hodierna, vista por ele como uma democracia em decadência. Ele fala do divórcio entre Poder e Política, a “época de ouro” da democracia ficou para traz, nos anos 30 pós-guerra, quando ocorreu um florescimento da democracia ideal. Agora, cada vem menos pessoas estão convencidas de que a democracia seja uma coisa boa. Isto porque o Estado, dominado pelo capitalismo financeiro, oferece cada vez menos bem-estar aos cidadãos. Os estados subcontratam suas funções, com raríssimas exceções.

Então é preciso inventar um equivalente global das invenções de nossos antepassados, que inventaram a democracia representativa em âmbito nacional, como parlamentos, jurisdição, códigos de direito unificados, a democracia moderna. A história mostra várias formas de democracias ao longo do tempo.

Acham que estou pirando na batatinha?


 

Os “amigos” da Internet serão mesmo amigos de verdade?


Na entrevista dada à CPFL Cultura, pelo sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, um dos mais densos pensadores vivos da contemporaneidade (leia trechos da entrevista logo abaixo), me a atenção sua crítica ao que a “rede” chama de “amigos”. Um viciado em Facebook gabou-se de ter feito 500 “amigos” em um só dia. Que “amigos” são estes? Não há laços humanos, não há laços de comunidade. Você apenas conecta e desconecta “amigos”. Fazer amigos de verdade é muito difícil, você tem que ter relações, frente a frente, olho no olho, romper essas relações é sempre traumático. Você tem que explicar-se. Já o “amigo” da “rede” basta desconectar. Você então terá então apenas 499 “amigos”, mas a conta poderá ser refeita no outro dia. Faltam laços humanos, que são uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo. Bênção porque é muito prazeroso ter um parceiro ou parceira em quem confiar. Muitos jovens internautas possivelmente nunca vivenciaram os laços humanos. E é uma maldição, porque quando você entra no laço faz quase um juramento eterno, até a morte nos separe. No mundo atual, há espaço para os “amigos” da “rede” porque a vivência comunitária se rompeu, há uma multidão de solitários. Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.


18 de novembro de 2011

 

Diálogos com sociólogo Zygmunt Bauman - I


Está disponível no site CPFL Cultura, a entrevista com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, na programação do Seminário Fronteiras do Pensamento. O vídeo de 30 minutos apresenta momentos exclusivos para o público brasileiro. Bauman é considerado o principal sociólogo em atividade e um dos mais importantes pensadores da contemporaneidade. Ele alerta para a urgência da reinvenção dos laços humanos, diante da solvência das identidades tradicionais.


A CPFL Cultura é uma iniciativa de marketing da CPFL Energia, instituída em 2003, em Campinas (SP), um espaço de reflexões sobre os desafios e oportunidade contemporâneos, reflexões sobre o mundo, o tempo, a ciência, o homem, a mulher, a política. A programação começou com o Café Filosófico CPFL, ponto de encontro dos mais renomados intelectuais com os mais diversos públicos, onde se organizam teorias e onde informações são transformadas em conhecimento.


A partir da filosofia e da psicanálise, conceitos elaborados por personalidades como Freud, Jung, Lacan, Winnicott, Sócrates, Platão, Descartes, Schopenhauer, Nietzsche, Spinoza, Deleuze e outros são trazidos para o nosso tempo por especialistas como Maria Rita Kehl, Carlos Byington, Flávio Gikovate, Jorge Forbes, Renato Janine Ribeiro e Oswaldo Giacóia. Todos buscam iluminar o caos contemporâneo e trazer material para pensar nossos afetos e conflitos.

http://www.vimeo.com/27702137



 

Diálogos com o sociólogo Zygmunt Bauman – II


O MUNDO PÓS-MODERNO: A CONDIÇÃO SOCIAL
“O que aconteceu no século 20 foi uma passagem de toda uma Era da História mundial, ou seja, da sociedade de produção para a sociedade de consumo. Por outro lado, houve os processos de fragmentação da vida humana. Quando eu era jovem, isto é, séculos atrás, ficamos impressionados com Jean Paul Sartre, que nos disse que precisávamos criar um PROJETO DE VIDA, prosseguir passo a passo de forma consistente, ano após ano, chegando cada vez mais próximo deste ideal.. Agora, conte isso aos jovens de hoje e eles rirão de você.

Nós temos grandes dificuldades em adivinhar o que vai acontecer conosco no ano que vem. O projeto de uma vida inteira é algo difícil de acreditar. A vida é dividida em episódios. Não era assim no princípio do século 20. As sociedades foram individualizadas. Em vez de se pensar em qual comunidade se pertence, a qual Nação se pertence, a qual movimento se pertence etc tendemos a redefinir o significado da vida, o propósito da vida, a felicidade na vida, para o que está acontecendo com uma própria pessoa, as questões da identidade que tem um papel fundamentalmente importante hoje no mundo.

Você tem que criar sua própria identidade, você não a herda. Não apenas você tem que fazer isso a partir do zero, mas você tem que passar sua vida redefinindo sua identidade, porque os estilos de vida, o que é considerado bom para você e ruim para você, as formas de vida atraentes e tentadoras mudam tantas vezes na sua vida. Se eu tentasse listar as coisas que saíram de moda a esse respeito, que mudaram nos 86 anos de minha vida, provavelmente eu levaria horas aqui apenas para listar todas elas.

 

Diálogos com o sociólogo Zygmunt Bauman - III


A DEMOCRACIA EM DECADÊNCIA
Então, tudo isso mudou. Muitas mudanças, não apenas a passagem do totalitarismo para a democracia, mas, muitas outras coisas. E receio que não possamos realmente dizer qual dessas mudanças é a mais duradoura e vai influenciar a vida das próximas gerações, dos nossos netos e bisnetos.

Não consigo dizer se foi o início de uma nova forma de vida que vai durar séculos, ou se é um período de transição de um tipo de ordem social para outro tipo de ordem social. Quando você está num processo de transição, fica muito difícil imaginar outro tipo de solução estável, um acordo de convivência humana. Mas isso virá mais cedo ou mais tarde. E até mesmo essa pergunta não dá para responder. Eu acredito que, com algum grau de responsabilidade posso dizer que duas coisas aconteceram e que são irreversíveis:

1) Uma coisa é que multiplicamos, nós, a humanidade no planeta, as conexões, as relações, as interdependências, as comunicações espalhadas em todo o mundo. Estamos agora numa posição em que todos nós dependemos uns dos outros. O que ocorre na Malásia, quer você saiba ou não, sinta ou não, tem uma tremenda importância nas perspectivas de vida dos jovens em São Paulo. E vice-versa. Estamos todos no mesmo barco. Essa é a primeira vez na História em que o mundo é realmente um único País, em certo sentido.

2) A segunda questão é que aproximadamente após 300 anos de história moderna, nossos antepassados decidiram assumir a natureza sob a gestão humana na esperança que eles fariam com que a natureza, absolutamente, obedecesse às necessidades humanas e teriam pleno controle do que acontecesse no mundo.

Agora, isso acabou, porque no resultado de nossos próprios sucessos, as nossas respostas para nossos sucessos, o desenvolvimento da tecnologia moderna, a eficiência, ou a nossa capacidade de produzir cada vez mais, alcançar todos os tipos de recursos naturais do planeta, no resultado de todo esse tremendo sucesso da ciência e da sociologia, chegamos muito perto do que agora entendemos ser a suportabilidade do planeta. Eu sou um humilde sociólogo. Eu não tenho habilidades proféticas. Eu nunca aprendi nenhuma metodologia de profecia em meus 61 anos fazendo sociologia. Então, eu não sei como isso vai se desenvolver.

O DIVÓRCIO ENTRE PODER E POLÍTICA

Eu só posso dizer-lhe quais são os perigos, hoje, para a democracia: um, se refere a quais são as dimensões do divórcio entre o poder e a política. Porque, se esse for o caso, então, o Estado, a única instituição política que temos – nós não temos uma instituição global – tem poder suficiente para manter todas as promessas que os Estados, 50 anos atrás, fizeram aos cidadãos. E essa foi a “Era de ouro” da Democracia. Nos 30 anos pós-guerra, ocorreu uma proliferação e florescimento da democracia ideal.

Agora, a democracia está em decadência. Cada vez menos pessoas estão convencidas de que seja uma coisa boa. E têm dúvidas a respeito da qualidade da democracia. Por que? Simplesmente porque o Estado, relativamente sem poder, consegue oferecer cada vez menos aos cidadãos.

O que os Estado estão fazendo, com muitas poucas exceções, é subcontratar muitas funções que o estado deveria desempenhar. Quem sabe, talvez, talvez, aqui já estou novamente envolvido em profecia, nós inventemos uma democracia global, em algum momento.

E essa seria uma solução radical principalmente porque eu não creio que a estrutura do Estado-nação permita que ele possa seguir defendendo sozinho o futuro da democracia, pelos motivos que eu mencionei anteriormente, certo?

Então, teremos que inventar, eu não, porque estou muito velho, mas você e sua geração terão que inventar um equivalente global das invenções dos nossos antepassados. Eles inventaram a democracia representativa de âmbito nacional, parlamentos, parlamentos modernos, eles inventaram a jurisdição e não leis locais, tradicionais, habituais, o direito consuetudinário, mas um código de direito unificado para todo o País. Eles inventaram todas as coisas que criam a democracia moderna.

Se Aristóteles fosse convidado para ir a um prédio de qualquer Parlamento contemporâneo – Aristóteles foi o primeiro a usar o conceito de democracia, a descrevê-la, certo? – ele provavelmente gostaria do que iria ver, porque as pessoas debatem, apresentam diferentes pontos de vista, discutem, depois votam, chegam a algum acordo. Eles gostaria. Mas, se alguém contasse a ele que isso é democracia, ele iria rir, porque a democracia que ele descreveu em Atenas antiga era apenas as pessoas indo ao mercado, brigando entre si e chegando a uma resolução. O que significa que a democracia é uma noção que adquire, com o tempo, na história, diferentes formas, diferentes instrumentos, diferentes estratégias.

Então, uma coisa de que eu posso ter certeza é de que se vocês realmente inventarem equivalentes globais para a democracia do Estado-nação, será uma democracia, certo?, mas, não serão as instituições democráticas que conhecemos, apenas em escala maior, . Não serão semelhantes a estas instituições porque estas que chamamos de democráticas foram criadas e adaptadas às necessidades do estado-nação.

Castoriadis diz que o indivíduo autônomo e a a comunidade autônoma, politike, só podem existir juntos. Um precisa do outro. Você não pode ser um indivíduo numa sociedade tirana, numa sociedade totalitária.Não somos realmente. Deve haver uma cooperação mútua entre as duas autonomias. Foi muito bonito. Mas, o perigo veio de um lado inesperado. Quando Castoriadis escreveu suas palavras, ele as escreveu contra totalitarismo da época.

Bom, de novo peço desculpas por ter que lembrar o passado pictórico, mas, quando eu era jovem, eu temia que o perigo viesse da esfera pública. Leia George Orwel: “nós temos medo da bota de um soldado prensando um rosto humano”.

Muito bem. Isso era um perigo, sem dúvida. Nossos antepassados e parte de minha própria geração conseguiram superar esse perigo, afastá-lo. Nós realmente não temos mais medo, como acontecia na minha juventude, da individualidade ser suprimida pelos choques vindos de cima, como a política secreta etc. Há alguns vestígios disso, MS bastante aliviados e mitigados.

Entretanto, o perigo para essa autonomia veio do outro lado. Da esfera do privado e do individuo. A maior aproximação contemporânea da Ágora, do lugar onde a democracia foi feita, refeita, continuada, desenvolvida e protegida.

A maior aproximação disso são os talks shows na televisão. É onde as massas participam, telefonam, enviam perguntas, mensagens etc. Algo semelhante ao que se fazia na antiga Ágora.

Ao olharmos para isso, vemos que eles não estão discutindo os nossos interesses compartilhados, não estão discutindo o bem-estar da sociedade, não estão discutindo sobre o que precisa ser feito para abolir e reparar os problemas que todos nós sofremos na sociedade atual.

Eles apenas confessam, em última análise, os problemas privados, individuais e bastante íntimos.

Ehremberg, sociólogo francês, afirmou que em sua opinião, a revolução pós-moderna começou numa quarta-feira, à noite, num outono da década de 1980, quando uma certa Vivienne, uma mulher comum, na presença de 6 milhões de telespectadores, declarou que nunca conseguiu ter um orgasmo durante seu casamento com Michel, seu marido, que sofre de ejaculação precoce. Vejam só. Começo da revolução. Começo da revolução. Porque repentinamente, na Ágora, as pessoas começaram a confessar coisas que eram a personalização da privacidade, que você só contaria, se fosse católico, ao confessionário, ou aos amigos mais íntimos. Mas você não iria à praça pública anunciar para todos.

Então, a Ágora, foi conquistada não pelos regimes totalitários, mas, exatamente pela privacidade, por coisas que anteriormente eram privadas. No confessionário, você conversa com Deus. É um segredo absoluto. Ninguém pode saber o que você confessou. Pois nós instalamos microfones nos confessionários.


 

Diálogos com o sociólogo Zygmunt Bauman - IV


O MUNDO PÓS- MODERNO: A CONDIÇÃO DO INDIVÍDUO
Um viciado do facebook me segredou, não segredou de fato, mas gabou-se p-ara mim de que havia feito 500 amigos em um dia. Minhas resposta foi que eu em 86 anos não tinha 500 amigos. Eu não consegui isso. Então, provavelmente quando ele diz “amigo” e eu digo “amigo” não queremos dizer a mesma coisa. São coisas diferentes. Quando eu era jovem, não tive o conceito de “rede”, eu tinha o conceito de laços humanos, de comunidade. Qual a diferença? É que a comunidade precede você. Você nasce numa comunidade. Por outro lado temos a “rede”. O que é uma rede? Ao contrário de comunidade, rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes. Uma é conectar, a outra é desconectar. Eu acho que a atratividade do novo tipo de amizade, o tipo de amizade do facebook, está exatamente aí. Que é tão fácil de desconectar.É fácil conectar, fazer amigos. Mas, a maior atratividade é a facilidade de se desconectar. Imagine que o que você tem não são amigos on line, conexões on line, compartilhamento on line, mas conexões off line.

Conexões de verdade, frente a frente, corpo a corpo, olho no olho, romper estas relações é sempre um evento muito traumático. Você tem que encontrar desculpas, tem que explicar, tem que mentir com freqüência, mesmo assim você não não se swente seguro, porque seu parceiro diz que você não tem direitos, que você é um porco etc.

É difícil, mas na Internet sempre é mais fácil, você só pressiona, deleta e pronto. Em vez de 500 amigos você terá 499. Mas isso será apenas temporário porque amanhã você terá outros 500.

E isso mina os laços humanos. Os laços humanos são uma mistura de benção e maldição.

Benção, porque é realmente muito prazeroso, muito satisfatório ter um outro parceiro em quem confiar e fazer algo por ele ou ela. É um certo tipo de experiência indispensável, indisponível para a amizade do facebook. Então é uma bênção.

E acho que muitos jovens não tem nem mesmo consciência do que perderam, mporque eles nunca vivenciaram esse tipo de situação.

Por outro lado é uma maldição, pois, quando você entra no laço, você espera ficar lá para sempre. Você jura. Você faz um juramento até que a morte nos separe.

O que isso significa?

Significa que você emprenha o seu futuro. Talvez amanhã, ou no mês que vem haja novas oportunidades, você não conseguiu prevê-las e você não será capaz de pegar essas oportunidades, porque você ficará preso aos seus compromissos anteriores, às suas antigas obrigações. Então, é uma situação ambivalente e, consequentemente, um fenômeno muito curioso, dessa pessoa solitária, numa multidão de solitários. Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.

Sei que há dois valores essenciais, absolutamente essenciais para uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz:

Um, é a segurança e o outro é a liberdade. Você não consegue ser feliz, ter uma vida digna, na ausência de um deles. Segurança, sem liberdade, é escravidão.Liberdade, sem segurança é um completo caos, incapacidade de fazer nada, planejar nada, nem mesmo sonhar com isso. Você precisa dos dois. O problema é que ninguém ainda na história e no planeta encontrou a fórmula de ouro, a mistura perfeita de segurança e liberdade.

Cada vez que você tem mais segurança, você entrega um pouco de sua liberdade. Não há outra maneira.

Cada vez que você tem mais liberdade você entrega parte de sua segurança. Voce ganha algo e você perde algo.

Há 81 anos, Freud publicou um livro famoso e tremendamente profundo e influente intitulado “O mal-estar da civilização”. Ele disse que a civilização é sempre uma troca, ou seja, você dá algo de um valor e recebe algo de outro valor. E ele escreveu isso em 1920. Naquela época ele disse que o problema deles, da velha geração, foi que eles entregaram liberdade demais em prol da segurança.

Eu estou profundamente convencido de que se Freud estivesse dando essa entrevista aqui, ele provavelmente repetiria que toda civilização é uma troca, mas o seu diagnóstico seria exatamente o oposto, que nossos problemas hoje derivam do fato de que nós entregamos demais a segurança em prol da liberdade.





 

Desencontros amorosos só com muito humor

A atriz Mônica Martinelli, em espetáculo solo, apresenta hoje, sexta, 18, sábado (21h) e domingo (20h), no Teatro SESC/Casa do Comércio, a peça “Os homens são de Marte...E é pra lá que vou”. A trama conta a história de uma mulher independente, mas, solitária, que acredita que cada homem que ela encontra pode ser seu grande amor.

A personagem que tem o nome de Fernanda, entretanto, não quer um homem provedor, quer um amor, e até encontrá-lo vai passar por muitas roubadas. Mônica afirma que “a identificação do público acontece porque há muita verdade no texto, as mulheres se reconhecem e os homens se divertem com as loucuras que elas fazem em busca do amor”. Eu vou lá, posso me divertir, mas tem o risco de me deprimir. Mas tudo só pode ser levado com humor. Muito humor.

17 de novembro de 2011

 

Dilma se emociona ao lançar plano para pessoas com deficiência

Lembrei-me de meu amigo Lelo, filho de minha amiga Sílvia Barros, quando a presidenta Dilma Rousseff lançou hoje (17) o plano “Viver sem Limites”, que pretende investir R$ 7,6 bilhões até 2014 na inclusão de pessoas com deficiência. Dilma chorou, ao cumprimentar Ivy, de 6 anos, e Beatriz, de um ano, ambas portadoras da síndrome de Down. Lelo simplesmente nasceu assim, diferente, ninguém sabe o que é, só sei que é alegre e brincalhão. E me ama. Recentemente, foi homenageado com o “Samba do Lelo”, pelo conjunto musical “Paroano Sai Mió”. Lelo não precisa de ajuda financeira, precisa de afeto e carinho de seus amigos. Ivy é filha do deputado federal Romário (PSB-RJ) e Beatriz é filha do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e estavam no colo dos pais durante a cerimônia.

A presidenta Dilma discursou durante cerimônia de lançamento do plano Viver sem Limites: “Eu acredito que em alguns momentos a gente considera que eles são muitos especiais, e aí queria dizer que, hoje, este é um momento em que vale a pena ser presidente”, disse Dilma provocando aplausos de pé da plateia. Em seguida, usou um lenço para enxugar as lágrimas.

“Obviamente é um momento de emoção. Estamos aqui hoje para celebrar a coragem de viver sem limites e com autonomia em um de seus aspectos mais importantes, a capacidade que nós seres humanos temos de nos transformar, de nos superar. A incrível força que há nas pessoas para vencer desafios e superar limites”, disse.

Viver sem Limite

Do total de R$ 7.6 bilhões, R$ 1,8 bilhão serão aplicados em educação, com transporte escolar acessível, adaptação de acesso a escolas públicas e universidade, construção de salas com recursos multifuncionais, além da oferta de até 150 mil vagas para pessoas com deficiência em cursos federais de formação profissional e tecnológica.

Já na saúde, há previsão de R$ 1,4 bilhão para ações de prevenção às deficiências, maior acompanhamento dos exames no Teste do Pezinho, fortalecimento dos serviços de reabilitação, atendimento odontológico, maior acesso a órtese e prótese, além de reforço de ações clínicas e terapêuticas.

Na área social, serão dispobilizados R$ 72,2 milhões para implantação de Centros de Referência, voltados para o atendimento a pessoas com deficiência em situação de risco, como extrema pobreza, abandono e isolamento social.

Junto com estados e municípios, o governo quer ainda prevê aplicar R$ 4,1 bilhões em acessibilidade. Uma das ações nesse sentido é a possibilidade de todas as 1,2 milhão de residências do Minha Casa, Minha Vida 2 serem adaptadas para pessoas com necessidades especiais.


 

Emiliano manifesta pesar pelo falecimento de João Guerra

O SR. EMILIANO JOSÉ (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, morreu o velho João Guerra, um homem de luta, uma pessoa íntegra e generosa. Que sabia ser amigo de seus amigos. Que não carregava a tentação de fazer inimigos. Que tinha posições firmes sem carregar nas tintas da intransigência. Que sabia rir, ser feliz. Sem estardalhaço. Compreendia que era melhor ser alegre do que triste.

Pernambucano, teve a extraordinária experiência de participar do primeiro governo de Miguel Arraes, como Secretário da Fazenda. Era, portanto, homem de confiança daquele extraordinário governador, que marcou a história do Brasil. Morreu no último dia 9de novembro, no Recife, onde morava atualmente.

Viveu bom tempo na Bahia. Tive a satisfação de conhecê-lo e conviver com ele no Jornal da Bahia, em Salvador, no período em que o diário havia sido adquirido por Francisco Bastos e Carlos Barral. Era, então, uma espécie de alterego da publicação. Tudo passava por ele. Pela atenção, pela serenidade, pela capacidade de reflexão, ele hegemonizava o jornal, sem parecer que o fazia.

Como disseram seus familiares numa homenagem publicada no jornal A Tarde, dia 13 de novembro, domingo, entre eles, seu filho Sérgio Guerra, meu amigo, era um discreto guerreiro que soube defender as suas mil razões para viver. A eles sobram, como dizem, mil e muitas razões para permanecer no melhor recanto da memória deles. Um homem para se lembrar, e em quem se espelhar. Passou por aqui. Deixou marcas. Seus amigos, como eu, também terão mil e muitas razões para se lembrar dele. Com muito carinho e saudade.

Muito obrigado.


 

Bach e Vivaldi na Catedral Basílica, hoje

Sou um ateu singular. Encontro paz na Catedral Basílica. Ainda mais com a programação de hoje, quinta-feira (17), às 20h. Sob regência de Emmanuele Baldini, a Orquestra Sinfônica da Bahia executa um concerto imperdível. No repertório, Bach e Vivaldi. A apresentação integra a série Manuel Inácio Costa, batizada assim em homenagem ao maior escultor barroco da Bahia.

Baldini é spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e membro do Quarteto de Cordas da orquestra. Venceu o primeiro concurso internacional aos 12 anos de idade e, mais tarde, o Virtuositè de Genebra e o primeiro prêmio do Fórum Junger Künstler de Viena. Apresentou-se em recitais nas principais cidades italianas e europeias em longas turnês pela América do Sul, Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão.

Como solista, tocou com orquestras como a Rundfunk Sinfonieorchester Berlin, a Orchestre de la Suisse Romande, a Wierner Kammerorchester, a Flanders Youth Philharmonic Orchestra, a Orquestra Estatal da Moldávia e a do Teatro Giuseppe Verdi de Trieste. Nascido em Trieste, Itália, iniciou os estudos de violino com Bruno Polli. Em seguida, aperfeiçoou-se na classe de virtuosidade de Corrado Romano, em Genebra, com Ruggiero Ricci, em Berlim, e Salzburgo e, em música de câmara, com o Trio de Trieste, e com Franco Rossi, violoncelista do Quartetto Italiano.


 

As duas faces de FHC

Maurício Dias, colunista da revista Carta Capital dá uma cacetada na hipocrisia política com seu artigo “As duas Faces de FHC”. O deputado Emiliano José (PT-BA) achou tão importante o artigo que, pela primeira vez, reproduziu em seu portal texto de outro autor. Não se pode ser complacente com os ilícitos. É preciso, no entanto, descortinar o significado político mais amplo da campanha anticorrupção para não exercer o papel de inocente útil. Mesmo com a campanha moralista da mídia Lula ganhou a reeleição. Talvez o eleitor tenha apenas percebido que, por hipocrisia, a oposição levou a luta política para o campo da ética. Segue o texto:

AS DUAS FACES DE FHC
O ex-presidente FHC alveja o PT pelos pecados que ele próprio cometeu. Pelas funções que ocupou, Fernando Henrique Cardoso é o mais conhecido e ilustre integrante da oposição aos governos do PT. Criticar é um direito natural do cidadão e no caso de FHC é, além de tudo, tarefa partidária.

No artigo que escreve semanalmente para o jornal O Globo ele atacou, no domingo, dia 06, o problema da corrupção a partir da demissão de ministros do governo decididas por Dilma, a partir de denúncias veiculadas pela imprensa. "Há (…) uma diferença essencial na comparação do que se vê hoje na esfera federal. Antes, o desvio de recursos roçava o poder, mas não era condição para o seu exercício. Agora os partidos exigem ministérios e postos administrativos para obter recursos que permitam sua expansão, atraindo militantes e apoios com as benesses que extraem do Estado".

A tese do sociólogo, que se espatifa diante dos fatos, é a de que a corrupção a partir do governo Lula tornou-se sistêmica. Dias antes, no mesmo jornal, o sociólogo tucano Bolívar Lamounier feriu a mesma corda. Desavisado, lamentou que a corrupção agora estivesse sem controle. Deixa entrever que, sob controle, a corrupção seria tolerável. Eu não acho.

Voltando um pouco mais de meio século atrás, é possível se deparar com os mesmos problemas na campanha de Juscelino Kubitschek.O udenismo, cujo DNA pode ser identificado no tucanato, quase conseguiu criar uma chamada "CPI dos Vidros". Por que esse nome? Feche os olhos, quem está longe da capital. Imagine Brasília. Coalhada de vidros, beneficiou o controle monopolista do mercado pelo empresário Sebastião Paes de Almeida. Ele foi o maior contribuinte da campanha milionária de JK, o primeiro a usar a televisão e a deslocar-se de avião pelo País. Como recompensa, Paes de Almeida presidiu o Banco do Brasil e, posteriormente, assumiu o Ministério da Fazenda. FHC, evidentemente, mira o PT e aliados, quase todos citados nominalmente.

Emerge aí o FHC na oposição. Mas há o FHC no governo. Abrigou-se sob telhado de vidro. Ele esquece, de propósito, os “arranjos” financeiros do PSDB para custear as eleições. Há muitos e muitos exemplos. Casos mais conhecidos: o chamado "mensalão mineiro", do PSDB, que gira em torno do mesmo eixo: o publicitário Marcos Valério envolvido no "mensalão do PT". Convenientemente, o ex-presidente tucano passa a borracha na história. Apaga do cenário de denúncias o ex-presidente do Banco do Brasil Ricardo Sérgio, eficiente operador financeiro. FHC usa o mata-borrão na memória de Sérgio Motta, que, em 1994, foi o tesoureiro da campanha de FHC e tinha Ricardo Sérgio como principal operador. Em 1998, Serjão articulou a peso de ouro a emenda da reeleição.

Não se pode ser complacente com os ilícitos. É preciso, no entanto, descortinar o significado político mais amplo da campanha anticorrupção para não exercer o papel de inocente útil. A corrupção entrou em pauta, com toda a força da mídia, a partir do chamado "mensalão". Como bandeira de eleição foi um fracasso. Lula foi reeleito, em 2006, derrotando o tucano Alckmin, e Dilma superou o tucano Serra, em 2010. O eleitor virou as costas para a ética? Não. Talvez tenha apenas percebido que, por hipocrisia, a oposição levou a luta política para o campo da ética.


16 de novembro de 2011

 

Eu apoio o governo Dilma porque...

O Programa Brasil Sem Miséria já beneficiou 1,3 milhão de crianças. É muito importante o acesso das crianças ao programa de transferência de renda, uma vez que da população extremamente pobre, 40% tem até 14 anos. Nos primeiros cinco meses do plano, 180 mil famílias também entraram para o Bolsa Família. E o governo está ampliando os recursos para a agricultura familiar. Em novembro, 25 mil famílias de agricultores pobres passaram a receber assistência técnica e sementes.

Também neste mês, 7.526 famílias que vivem em florestas nacionais, reservas extrativistas e unidades de conservação estão recebendo o Bolsa Verde para que continuem a preservar estas áreas. O plano Brasil Sem Miséria envolve três linhas de atuação: transferência de renda, inclusão produtiva e acesso aos serviços públicos. Uma das ações estratégicas do Plano é a Busca Ativa. Significa que o Estado brasileiro é que está indo atrás das pessoas extremamente pobres.

Não precisa ser muito inteligente para entender porque o povo brasileiro apóia o governo Dilma, mesmo com essa chuva de denúncias contra corrupção que já está sendo combatida pelo governo, mas que a oposição burrinha continua tentando levar às ruas.


 

Estados Unidos, o império em crise

A crise mundial é de grande proporções. Trata-se, obviamente, da mesma crise de 2008. Uma crise que nasceu no coração do capitalismo, nos EUA e na Europa. E somente comparável, sem exagero, ao crack de 1929. Os países emergentes devem insistir no caminho da paz. As velhas potências dão sinais de decadência, e isso representa guerra, força militar. O curioso é que só se fala em ajuda aos bancos, não se fala em ajuda aos trabalhadores. Na América latina fortalece-se o movimento contra o neoliberalismo, com a emergência de governos progressistas, reformistas e de esquerda. Por conta disso, há melhorias na vida dos povos.

Curioso observar, no Brasil, o discurso de oposição ao projeto da revolução democrática em curso desde 2003, quando Lula assumiu. Diante da crise mundial, ao tentar dar respostas, com seu núcleo de inteligência localizado no PSDB, ela insiste em manter e fortalecer as propostas neoliberais, que envolvem o enfraquecimento do Estado, privatização dos fundos públicos, privatização das estatais. A crise atingirá a América do Sul. Está chegando ao Brasil, que vai enfrentá-la com políticas sociais, distribuidoras de renda, que tem garantido, junto com a valorização inédita do salário mínimo, o dinamismo da economia e a continuidade da distribuição de renda.

Corretamente, o governo da presidenta Dilma tem intensificado a política de incremento da produção, inclusive com a redução dos juros, medida correta, e reclamada há muito tempo. A queda dos juros deve continuar, e tal medida é parte da política de enfrentamento da crise. Volta-se a insistir, como o tem feito a presidenta, que não se deve perder de vista o grande objetivo de acabar com a miséria extrema em nosso País. O Brasil, desde 2002, tem recusado a idéia de que primeiro é preciso crescer para depois repartir a riqueza. É a política de distribuição de renda, de repartição da renda, que assegura o crescimento, a manutenção e ampliação do mercado de massas, e é nessa linha que o desenvolvimento brasileiro deve continuar nos próximos anos.

Em síntese, este é o pensamento do deputado federal Emiliano José (PT-BA) publicado em artigo no site da revista CartaCapital, com o título: “Estados Unidos, o império da crise”.

LEIA NA ÍNTEGRA http://www.emilianojose.com.br/?event=Site.dspNoticiaDetalhe¬icia_id=1054



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