21 de julho de 2007

 

Mesmo com morto ilustre, sexta-feira foi noite de alegria na Fundação Casa de Jorge Amado, em Salvador

Sexta-feira, 20 de julho, às 20h, fui à Fundação Casa de Jorge Amado, no Pelourinho. Casa cheia. Muita alegria. Nem parecia que Salvador esperava o desembarque de um morto ilustre. Todos festejavam o lançamento do livro do jornalista baiano, Gustavo Tapioca, há 30 anos radicado em Brasília.

“Meninos do Rio Vermelho” é o título do livro de memórias. Ainda menino, Gustavo Tapioca viveu na Rua Alagoinhas, tornada famosa pelos moradores da casa 33, Jorge Amado e Zélia Gattai. São lembranças gostosas.

“Infelizmente não se pode ser menino para sempre”, escreveu João Jorge Amado no prefácio. Gustavo Tapioca cresceu, combateu a ditadura como estudante e conheceu novos meninos e meninas.

Alguns, como Sérgio Furtado e Gildo Lacerda, tiveram as vidas ceifadas pela repressão. Algumas meninas foram presas, torturadas e deportadas, como Marie Helène e Chantal. Também fala dos “Zés” que conheceu de perto.

O primeiro é Zé Sérgio Gabrielli, hoje presidente da Petrobrás. Preso, passou um ano na Galeria F da Penitenciária Lemos de Brito. Foi lá que Zé encontrou o outro Zé, Emiliano José, que foi parar no Jornal da Bahia quando Gustavo Tapioca era diretor-secretário, depois virou deputado estadual e mais tarde escreveu Galeria F: lembranças do Mar Cinzento, contando as histórias do cadeião.

Lembranças. O que seria da rua Alagoinhas? O que seria das meninas Gabriela, Flor, Tieta e Tereza se o militante e deputado comunista Jorge Amado tivesse sido assassinado quando foi preso quatro vezes na ditadura Vargas?

Embora sejam suaves e saborosas suas lembranças da rua Alagoinhas, Tapioca não tem como não se lembrar da luta do Jornal da Bahia contra o autoritário ACM. O menino, já com 20 anos, mergulhou de cabeça no olho do furacão da tirania, prepotência, opressão, despotismo, traições, mentiras, calúnias, difamações, agressões físicas e morais. Não havia mesmo razão para alguém estar triste na noite de autógrafo de Gustavo Tapioca.

Eu, por exemplo, fiquei super-feliz por ser tratado como “menino” Oldack Miranda no autógrafo. Eu e Emiliano José, saídos da prisão na década de 70, estávamos lá na redação combativa do Jornal da Bahia. Lutávamos contra a ditadura militar e seus esbirros, como ACM, que não deixa saudade.

Não falei das doces lembranças de Tapioca. Do baba, que é o nome de pelada na Bahia. De suas impressões sobre a maravilhosa casa de Jorge Amado. Das citações sobre renomados artistas que moravam e visitavam a casa 33 da rua Alagoinhas, um castelo encantado. Aí, meu irmão, se quiser vá lá na Fundação Casa de Jorge Amado e compre o livrinho de 141 páginas.

 

A mídia mente sobre suposta demissão de Waldir Pires

A mídia mente. Waldir Pires não pediu demissão nem foi demitido por Lula. Só quem demitiu Waldir Pires do Ministério da Defesa foi a desinformada mídia. Sobre o acidente da TAM, Waldir Pires explica que existe, na verdade, um enorme vazio normativo e que o Ministério da Defesa não tem responsabilidade formal e legal sobre a gestão técnica do setor aéreo. Waldir Pires não tem poderes de gestão, de mando ou de determinação sobre o setor aéreo. Essa é a verdade.

Falta ao país um órgão estritamente responsável pelo setor. O Ministério da Defesa, um organismo em processo de formação, precisa mesmo é capacitar tecnologicamente as Forças Armadas a fortalecer o sistema de defesa nacional. Waldir Pires explicou isso para a revista Terra Magazine. A mídia não sabe ou não quer ler. A mídia quer mesmo é um bode expiatório. Já não pode responsabilizar o presidente da República pela tragédia da TAM, quando passou a ficar claro que a causa do acidente foi defeito mecânico, agora quer a cabeça de alguém e foca o tiroteio contra Waldir Pires. A mídia desinforma.

Leia a entrevista à Terra Magazine

Terra Magazine - Ministro, leio nas folhas que o sr. foi demitido. Procede?

WALDIR PIRES - Eu não fui demitido pelo presidente, nem pedi demissão. Só quem me demitiu foi a mídia.

Terra Magazine - Mas...

WALDIR PIRES - Nomear e demitir é uma prerrogativa do presidente da República. Mas esse assunto não foi tratado por nós. Apenas pela imprensa.

Terra Magazine - Que o responsabiliza, em grande parte, pela crise...

WALDIR PIRES - Eu não tenho absolutamente nenhuma responsabilidade legal ou formal sobre a gestão sobre essa área técnica. Sou ministro da Defesa, na verdade tento montar um Ministério depois de 200 anos, pois ele não existia. Mas tentam me atribuir uma responsabilidade, seja formal, ou legal, que não tenho.

Terra Magazine - Como assim?

WALDIR PIRES - A gestão desse setor aéreo e de tudo o que está sendo discutido nesses meses não cabe nem normativa, nem legalmente, nem formalmente, ao ministro da Defesa.

Terra Magazine - Há um vazio?

WALDIR PIRES - Eu não tenho poder para tomar decisões nessa área. Há, de fato, um vazio. E por isso já estava conversando com o presidente, que vê com muita simpatia a busca de uma solução.

Terra Magazine - Que solução é essa?

WALDIR PIRES - Existe um órgão chamado Depac, Departamento de Política de Aviação Civil, que é um órgão burocrático, que na verdade só existe burocraticamente. O que já estávamos conversando antes do acidente em Congonhas é, sem nenhum ônus para o Tesouro, criar a Secretaria de Política de Aviação Civil que, ela sim, terá poderes para intermediar e ordenar as coisas no setor.

Terra Magazine - O sr. se refere a essa sopa de siglas e funções, Decea, Infraero, Anac...?

WALDIR PIRES - Exatamente. Há um vazio normativo e de execução. Não fujo às minhas responsabilidades, mas o fato é que não tenho poderes de gestão, nem de mando, nem de determinar, porque não existe uma política consolidada para o transporte aéreo. E termina isso tudo vindo informalmente para o Ministério da Defesa, que não tem poderes para tanto. Não tenho poderes de gestão sobre essa área técnica. Já há, inclusive, um nome para esse posto.

Terra Magazine - Quem é ele?

WALDIR PIRES - É o brigadeiro Godinho, que está aqui ao meu lado.

Terra Magazine - Qual é a sua função hoje?

WALDIR PIRES - Basicamente, organizar uma política de defesa, que há muito tempo o Brasil não tem. O mundo está mudando muito rapidamente, estamos vivendo uma era de perspectivas duras para a civilização humana.

Terra Magazine - O que o sr. quer dizer com isso?

WALDIR PIRES - Não temos mais a Guerra Fria, mas o mundo vive convulsões, guerras assimétricas, e o Brasil precisa preparar o sistema não de guerra, mas de defesa. Tem que se capacitar tecnologicamente, tem que ter uma indústria capaz nesse setor e tem que modernizar suas Forças Armadas. Não podemos fazer de conta que o mundo hoje não é o que ele já é. É só olharmos para os fatos.

Terra Magazine - O presidente conhece esse seu pensamento?

WALDIR PIRES - Claro que conhece. Temos conversado sobre isso. O Brasil tem uma política de cooperação e aglutinação na América do Sul. Temos que estar atentos às nossas responsabilidades.

Terra Magazine - Por fim, em relação à questão do novo aeroporto...

WALDIR PIRES - Congonhas não seguirá sendo um aeroporto de baldeação, de pinga-pinga. Será um aeroporto de ponte aérea, seja para Brasília, Porto Alegre, Salvador.

Terra Magazine - O sr. pode avançar um pouco sobre onde será o aeroporto de São Paulo?

WALDIR PIRES - A idéia geral inicial é de que seja em uma das cidades próximas a São Paulo onde já exista um aeroporto em funcionamento, uma área, e a partir daí se faria um novo grande aeroporto.

Terra Magazine - Que cidades, por exemplo?

Pode ser Pirassununga, ou Jundiaí, mesmo em Viracopos, isso tudo ainda será objeto de estudos, mas essa é a idéia de partida.

20 de julho de 2007

 

Top, top, top. A versão da mídia antigovernista sobre acidente da TAM se fudeu

Desculpem-me a lingüagem obscena. Quando qualquer pessoa do povo brasileiro ao mostrar que alguma coisa não deu certo, bate assim, top, top, top, com a mão na outra e exclama: se fudeu. Pois foi assim que o Assessor Especial, Marco Aurélio Garcia, reagiu quando foi informado que o acidente da TAM foi causado por defeitos mecânicos da aeronave. A mídia que vinha acusando o governo, numa absurda politização da desgraça alheia, ficou perplexa e foi salva pelas imagens captadas pela Rede Globo. Obscenidade, grita a mídia obscena.

O jornalista safado da Folha afirma que Marco Aurélio ficou “eufórico” quando assistiu em seu gabinete à reportagem sobre o defeito no “reverso” da turbina. Como é que o jornalista da Folha conseguiu "ver" tanta euforia? Na verdade, Marco Aurélio Garcia estava indignado, profundamente indignado com a politização forçada do noticiário. Lula é o culpado, o governo é o culpado. O acidente não era acidente, era crime. E seguia por aí a insanidade midiática. Então Marco Aurélio ouviu a versão verdadeira e reagiu como todo brasileiro. Top, top, top. A versão da mídia se fudeu.

Dentro de poucas horas, o presidente Lula vai falar à Nação sobre a tragédia da TAM. E para neutralizar a exploração obscena da mídia, o Assessor Especial do Presidente da República, Marco Aurélio Garcia, divulgou comunicado oficial pedindo desculpas aos que possam se sentir atingidos pelo seu gesto, que evidentemente não expressava satisfação, alívio ou felicidade, como inventou o jornalista da Folha e o apresentador da Globo.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA DE MARCO AURÉLIO

“Minha reação, absolutamente pessoal, às informações do Jornal Nacional de que havia indícios de falha mecânica no acidente da TAM exibidas em sucessivos noticiários de TV e reproduzidas em jornais, não expressa satisfação, alívio ou felicidade, como pretenderam setores da mídia.

O momento que vive o país, abalado pela morte de cerca de 200 homens, mulheres e crianças – muitos dos quais gaúchos como eu – é antes de tudo de recolhimento, luto e pesar. O sentimento de que fui possuído ao ver o noticiário foi fundamentalmente de indignação.

Sem nenhuma investigação, ou parecer técnico consistente, importantes setores dos meios de comunicação não hesitaram, poucas horas depois do acidente, em lançar sobre o governo a responsabilidade da tragédia de São Paulo, como já haviam feito anteriormente com a queda do avião da GOL. Os novos fatos mereceriam, ao menos, o reconhecimento de que houve precipitação e desinformação da opinião pública.

Assim, o sentimento que extravasei em privado foi e é de repúdio àqueles que trataram sordidamente de aproveitar a comoção que o país vive para insistir na postura partidária de oposição sistemática a um governo duas vezes eleito pela imensa maioria do povo brasileiro.

Aos que possam ainda assim sentir-se atingidos pela minha atitude, apresento minhas desculpas”.

Assinado: Marco Aurélio Garcia.

 

Mino carta diz (na Bahia) que donos da mídia são senhores feudais

Fonte: Site http://www.ziltonrocha.com.br/

Faltava meia hora para começar o Seminário Mídia e Educação quando o jornalista Mino Carta e sua esposa apareceram na porta do Teatro Vila Velho. Foram recepcionados pelo professor e deputado Zilton e por um grupo de admiradores, entre jornalistas e estudantes de comunicação.

Boa parte do público já aguardava, do lado de fora, o momento de entrar e tomar assento- não podia faltar lugar, por isso um telão, instalado no Cabaré dos Novos, transmitiria o evento.

Tanta preocupação em garantir a participação e audiência de todos os presentes não foi em vão. Segundo o Teatro Vila Velha, quase 500 pessoas prestigiaram o Seminário, que foi promovido pelo mandato de Zilton para refletir sobre o papel dos meios de comunicação no processo de formação social cidadã e discutir a responsabilidade político-institucional da imprensa brasileira na construção de princípios éticos.

Convidado especial de Zilton para o evento, o diretor de redação da revista CartaCapital mostrou como o país precisa avançar na democratização dos meios de comunicação a partir da análise entre as relações da mídia e o poder no Brasil.

Carta arriscou fazer uma previsão: “se Lula avançar no PAC e começar a formar logo um candidato, ele ganhará as próximas eleições, seja contra Aécio ou Serra”. O jornalista acredita que a eleição de 2006 foi “a derrota da mídia, que, por dois anos, submeteu o presidente a uma campanha feroz”.

Mino comparou os donos dos grandes veículos de comunicação a senhores feudais, que são rivais, mas se unem quando se sentem ameaçados. “Foi assim no golpe de 64, no golpe dentro do golpe, durante o regime militar e nos governos posteriores”, afirmou.

O debate se seguiu com intervenções da platéia e dos convidados da mesa composta pela professora de Comunicação da UNEB e integrante do Grupo Gestor do Fórum Comunitário de Combate à Violência, Tânia Cordeiro; o diretor Geral do IRDEB, Pola Ribeiro; a jornalista mobilizadora da ONG Cipó – Comunicação Interativa, Bruna Hercog; o professor da UFRB, Luiz Nova; e o jornalista e diretor da ABI, Ernesto Marques.

A passagem de Mino Carta na capital baiana rendeu algumas entrevistas em rádios, sites e jornais.

LEIAM ABAIXO AS ENTREVISTAS DE A TARDE E DO SITE BAHIA NOTÍCIAS

 

Site Bahia Notícias entrevista Mino Carta em Salvador

Ao jornalista Daniel Pinto, do site BAHIA NOTÍCIAS, comandado pelo formador de opinião, Samuel Celestino, o jornalista Mino Carta respondeu, ao ser inquirido se a revista tinha tendência esquerdista: “Não é bem assim. A Carta Capital, hoje em dia, é uma publicação que está fora do jogo da mídia tradicional. No sentido de que ela tanta praticar o jornalismo na sua acepção correta, enquanto o resto da mídia está a serviço do poder. Nesse momento, a mídia está em busca de uma crise que crie problemas para o Governo Lula (...)

LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

Por Daniel Pinto – 18/07/2007

BAHIA NOTÍCIAS - Como um genovês veio parar aqui no Brasil?

Mino Carta – Realmente não tive a chance de me manifestar a respeito. Me trouxeram. Eu ainda era um menino de calças curtas. Cheguei ao Brasil com 12 anos de idade. Nasci na Itália, mas ao mesmo tempo sou um brasileiro. Meu pai era jornalista e recebeu uma proposta para vir pra cá dirigir a “Folha”. Então, ele veio e, naturalmente, trouxe toda família. Depois o projeto não se concretizou e meu pai foi trabalhar no “Estado de São Paulo”, onde foi secretário. Na verdade, em termos formais, meu pai mudou a história do “Estadão”.

BAHIA NOTÍCIAS - Então, sua história no jornalismo começa muito cedo.

MC – Bom, além de meu pai, meu avó também era jornalista. Mas, essa não era a minha vontade. Eu achava os jornalistas muito chatos.

BAHIA NOTÍCIAS - E hoje, os jornalistas continuam chatos?

MC – Eu diria que sim.

BAHIA NOTÍCIAS - Num artigo você escreveu que, quando era criança, o Brasil era, de fato e de direito, o país do futuro. Continua a sê-lo?

MC – Não. Não, meu caro, não é mais. Talvez um dia, quem sabe, volte a ser, mas, nesse momento, não.

BAHIA NOTÍCIAS - Mino, como – de fato – teve início sua história no jornalismo?

MC – Bem, talvez você se surpreenda, mas tudo começou por causa de um terno azul. Essa é a verdade. Então, quando eu tinha 15 anos, meu pai recebeu uma proposta de escrever periodicamente alguns artigos sobre futebol. Era para um jornal de Roma. Meu pai odiava futebol. Ele me perguntou: você quer fazer? Respondi: quanto vale? Era o suficiente para ir num bom alfaiate e encomendar um terno azul para os bailes de sábado à noite. Acabei virando jornalista porque descobri que a felicidade é algo alcançável.

BAHIA NOTÍCIAS - Em 2000, após o lançamento do seu livro “O Castelo de Âmbar” – onde o personagem principal, Mercúcio Parla, relata o relacionamento, às vezes promíscuo entre governantes, jornalistas e “barões da imprensa” – muitos críticos literários apontaram o Parla como um espelho do seu alter ego. O que você tem a dizer sobre isso?

MC – É uma boa afirmação. É verdade. Mercúcio Parla na verdade sou eu, embora colocado num lugar que não o Brasil, numa época que não a nossa. Mas, os eventos que ele vive, os personagens nos quais tropeça, são figuras verdadeiras. Todas escondidas embaixo de um pseudônimo.

BAHIA NOTÍCIAS - Há quem diga que toda produção literária é autobiográfica. A sua se encaixa nessa definição?

MC – Olha, eu escrevi apenas dois livros: “O Castelo de Âmbar” e “A Sombra do Silêncio”. Ambos são autobiográficos, embora, como lhe digo, a personagem central não represente exatamente este que lhe fala.

BAHIA NOTÍCIAS - Enquanto jornalista, como é a sua relação com políticos, com o poder?

MC – Minha relação pode ser ótima ou péssima. Depende das circunstâncias, dos políticos, depende das condições as quais eu me encontre com o poder. Eu, por exemplo, tenho uma amizade antiga com o presidente Lula, mas não o poupo de críticas. Então, vai depender do próprio Lula avaliar a relação comigo, ao verificar que a amizade não abranda a minha opinião. Claro que tenho uma péssima relação com outros políticos com os quais divirjo sistematicamente, cujas ações não aprovo.

BAHIA NOTÍCIAS - Agora, a linha editorial da “Carta Capital” possui uma tendência esquerdista?

MC – Não é bem assim. A Carta Capital, hoje em dia, é uma publicação que está fora do jogo da mídia tradicional. No sentido de que ela tanta praticar o jornalismo na sua acepção correta, enquanto o resto da mídia está a serviço do poder. Nesse momento, a mídia está em busca de uma crise que crie problemas para o Governo Lula. Por dois anos, antes das eleições de 2006, a mídia bombardeou Lula. Ora, eu acho que a mídia deveria meditar sobre o seu fracasso, porque – apesar dos dois anos de campanha cerrada – o Lula reelegeu-se com 61% dos votos válidos. A grande questão pra mim hoje é entender se o Lula está percebendo este aspecto. Parece que o Lula anda muito cauteloso nas suas ações, como se lhe faltasse meios para tomar certas decisões. Eu lamento isso, é claro! Lula precisa entender que, mesmo contra a vontade da mídia, ele tem um respaldo popular avassalador.

BAHIA NOTÍCIAS - O Sr. acha que o Governo Lula tenta estabelecer uma boa relação com a imprensa?

MC – Não sei em que medida o Governo pode se iludir quanto ao fato de poder ter uma boa relação com a imprensa e com a mídia em geral. Trata-se de uma ilusão! O Governo Lula jamais terá uma boa relação com a mídia. A mídia é um instrumento nas mãos de algo que chamamos de elite brasileira. A elite brasileira é a pior do mundo, assim como a imprensa brasileira é uma das mais ridículas. A verdade é que vivemos num país medieval. Por enquanto, o Brasil não demonstra condições de sair da idade média. Você conhece muito bem um político que é muito representativo desta situação, que é o Antônio Carlos Magalhães. O Maranhão conhece Sarney. Eles são verdadeiros senhores feudais, não são políticos. Veja, falamos de mídia. Metade do Congresso, metade dos deputados e senadores, tem seus próprios órgãos de mídia. O ACM significa a Globo na Bahia. Por ora, não há chance de voltar a ser o país do futuro.

BAHIA NOTÍCIAS - Então, nesse contexto, é difícil manter a independência no jornalismo?

MC – Muito difícil! Até porque temos por aí, efetivamente, um grupo bastante reduzido de veículos e jornalistas independentes.

BAHIA NOTÍCIAS - Mino, de uma forma geral, como você avalia o jornalismo brasileiro hoje?

MC – Bem, de má qualidade. Começa pelo fato de que os jornalistas não sabem escrever. Eles têm enormes dificuldades na lida com o vernáculo. Não conhecem a língua deles. Depois, a grande reportagem, bem escrita, aprofundada, com boa qualidade literária, morreu há dez anos atrás. Coisas como essas são, cada dia, mais raras no jornalismo brasileiro. A imprensa brasileira, além de muito tendenciosa, ainda comete erros primários.

BAHIA NOTÍCIAS - E quanto ao webjornalismo, o Sr. acha que já existe uma identidade profissional do webjornalista? Já existe um estilo próprio para internet?

MC – Acho que alguns praticam muito bem o chamado webjornalismo. Eu chamaria a atenção para, pelo menos, dois nomes: Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. Eles praticam um jornalismo autêntico. Possuem posições corretas.

BAHIA NOTÍCIAS - O Sr. acredita que os blogs – pela interatividade, subjetivismo e maior aproximação com o leitor – ameaça o modo tradicional de fazer jornalismo?

MC – Embora esteja longe de ser um especialista nesta matéria, não acredito que haja qualquer tipo de ameaça. Também creio que os blogs não sejam um modismo. Acho que a internet é um instrumento muito precioso. Facilita a pesquisa, facilita o aprofundamento, mas não sei se todos sabem usá-la. Acredito que os blogs são uma outra maneira de se fazer jornalismo. Embora, de uma certa forma, seja uma maneira de jornalismo escrito. Isso me agrada muito. Sabe, quando eu era garoto, Marshall MacLuham sentenciava o fim do jornalismo impresso. Eu não acredito nisso. Apesar de tudo, a internet exige escrita.

BAHIA NOTÍCIAS - Mino, o Sr. ainda usa a sua Olivetti (máquina de escrever) ou aquela expressão (Mino Carta, direto da Olivetti) é só para enfeitar o blog?

MC – Continuo sim. Eu não chego perto do computador. Tenho medo que ele me engula.

BAHIA NOTÍCIAS - O Sr. veio à Bahia participar do Seminário “Mídia e Educação”. Qual será sua participação neste evento?

MC – Vim falar sobre o papel do jornalista na formação da opinião pública. Quer dizer, aí existe uma questão que precisa ser analisada: o jornalista é ou não é um educador? Eu particularmente acho que não. Esta não é a tarefa dele.

BAHIA NOTÍCIAS - Com tantas atribuições no jornalismo, ainda dá tempo para pintura?

MC – Não. Não tenho mais tempo, nem vontade.

BAHIA NOTÍCIAS - Lhe falta inspiração?

MC – Acho que esta história de inspiração não funciona. Acho que o trabalho do pintor, do jornalista ou do escritor tem que ser, antes de tudo, profissional. Quando se é profissional não se deve esperar que a inspiração baixe como uma entidade. Você tem que trabalhar.

BAHIA NOTÍCIAS - Se o Sr. tivesse a incumbência de pintar um quadro que retratasse o Congresso Nacional, como ele seria?

MC – Seria uma tragédia! Eu o chamaria de “Uma Lata de Lixo”.

BAHIA NOTÍCIAS - Para finalizar, o Sr. acha que, de uma forma geral, a grande imprensa nacional prioriza as questões do Sul e do Sudeste, em detrimento do Nordeste?

MC – Olha, nós (Carta Capital) estamos acompanhando bastante a região nordeste. Aliás, só pra você ter uma idéia, em duas ocasiões aqui na Bahia o nosso “querido” ACM mandou tirar nossa revista das bancas. Ele ordenou que seus homens comprassem todos os exemplares. Primeiro foi um escândalo da Bahiatursa. Tem outra mais recente sobre a derrota que ele sofreu nas últimas eleições.

BAHIA NOTÍCIAS - Essa é a atitude de um “coronel”?

MC – Na verdade, não se trata de coronelismo. Eles (ACM e Sarney) são capitães hereditários. Eles consideram os Estados como propriedade deles. Muitos, como Jader Barbalho, tentaram, mas não conseguiram. Mas, está havendo uma mudança no país.

BAHIA NOTÍCIAS - Então, ainda vivemos na época das trevas?

MC – Acredito que sim. Ainda estamos na idade média. Veja o que acontece no Senado. Roriz renunciou já falando em voltar. Renan disse “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Eu me pergunto como eles conseguem se reeleger. O Brasil é um país sem justiça, onde vale aquele velho ditado: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.

 

Se avançar no PAC, Lula elege sucessor, prevê Mino Carta em palestra na Bahia

Devo fazer autocrítica em relação ao jornal A Tarde. Registrei dias atrás que Mino Carta fez palestra em Salvador sobre “Mídia e Educação” e nadinha na imprensa local. A palestra foi dia 17, terça-feira. Pensei equivocadamente que não sairia mais. Mas eis que no dia 20, sexta-feira, o jornal publicou a matéria e muito bem focada. Informativa. A Tarde On line também publicou. O título da matéria no jornal impresso é “Se avançar no PAC, Lula elege sucessor, prevê Mino Carta”. Na versão On line é “O amante da revolução impossível”. Nas duas matérias, o repórter afirma que o público era petista. Como compareceram mais de 400 pessoas, é de se concluir que o PT anda muito bem em Salvador.

SEGUE A MATÉRIA DE A TARDE:

O amante da revolução impossível

VITOR PAMPLONA, DO A TARDE ON LINE - 19/07/2007

Não fosse o ninho petista em que pousou na noite da última terça-feira em Salvador, o jornalista Mino Carta, diretor de redação da revista “Carta Capital”, talvez não encontrasse uma audiência tão receptiva a seus pontos de vista.

Convidado de honra de um evento organizado pelo gabinete do deputado estadual Zilton Rocha (PT) no Teatro Vila Velha para debater o papel educador da imprensa no Brasil, Mino foi a estrela de uma mesa coerente com a visão de que o país precisa avançar na democratização dos meios de comunicação.

Seus colegas de tribuna, o diretor geral do Irdeb Póla Ribeiro, o professor da UFRB, Luiz Nova, a professora de Comunicação Social da Uneb Tânia Cordeiro, o diretor da Associação Baiana de Imprensa, Ernesto Marques e a jornalista Bruna Hercog, da ONG Cipó, anotaram: “Jornalista não é educador na acepção da palavra. Ele tem uma contribuição decisiva na construção da sociedade civil, porque forma e informa. Mas não está aí para educar, e sim para informar corretamente”, disse Mino, sem esconder a impressão de que atestava o óbvio.

Sem adversários no campo das idéias, o jornalista, cuja biografia se confunde com a história de alguns dos mais importantes órgãos de imprensa brasileiros, recitou princípios da profissão e tomou o caminho que mais lhe aprouve: passou a condenar as relações impublicáveis entre a “grande imprensa” e o poder no Brasil, pela primeira vez, defende ele, nas mãos de um governante eleito contra a vontade dos grupos econômicos dominantes.

Lula, na versão 2.0 do segundo mandato, é depositário das grandes esperanças de Mino Carta. “2006 foi a derrota da mídia. Por dois anos ele [Lula] foi submetido a uma campanha feroz, mas não adiantou nada. Lula ganhou. Se avançar no PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] e começar a formar logo um candidato, ele ganhará as próximas eleições, seja contra Aécio ou Serra”, previu.

“Acredito nisso piamente, embora tenha objeções contra o governo que se multiplicam. Apesar de tudo, Lula ainda é a melhor opção que pode nos acontecer”. Tamanha convicção vem da análise das circunstâncias que sustentaram ditadores durante o regime militar de 1964, e presidentes eleitos a partir da redemocratização.

Ao comparar os "senhores da mídia" a senhores feudais, que se odeiam, mas, se unem ante qualquer sinal de ameaça a seu poder, Mino expôs a tese que defende a natureza extraordinária de Lula no Planalto. “Os donos do poder sempre tiveram êxito em seus propósitos. Conseguiram [impor seus candidatos] no golpe, no golpe dentro do golpe e durante o regime que matou e prendeu. Depois sustentaram os governos posteriores, e foram decisivos nas eleições de Collor e de FHC, o pior governante que o Brasil teve", disse, para delírio de 99% dos ouvintes.

Uma voz solitária na platéia se rebelou: “Medici! Medici foi pior! Torturador, criminoso!”. O criador de “Carta Capital” contemporizou: “Medici é um horror. Mas não acho que tenha sido pior que Geisel”, disse às gargalhadas, ressaltando que não se referia a “ditadores de plantão”.

REVOLUÇÃO – Os fantasmas do golpe de 1964 continuam a atormentar Mino Carta, persona non grata no regime dos quartéis. Em 1976 teve sua cabeça pedida por Armando Falcão, ministro da Justiça de Geisel, quando à frente da revista “Veja”. Hoje, aos 73 anos, ressoa a certeza de que, sem o golpe, o Brasil formaria uma classe operária com condições de exercer pressões contra os poderosos e lhes arrancar alguns “anéis”.

“Falava-se em marcha da subversão. Espero a marcha da subversão até hoje, mas acho que não a verei passar pelo adiantado da minha idade”, disse, decepcionado com os rumos do país após o fim da ditadura. “Eu pensava que no dia que nascesse o sol da liberdade, faríamos jus àquela luz excepcional. Mas não fizemos. Porque sempre tem um medo. O governo, por exemplo, tem medo da Globo”.

No caminho para a igualdade, sugere uma receita um tanto quanto fora de moda: às armas, cidadãos. “Ou nós fazemos a revolução - uma excelente idéia, aliás - ou nada vai mudar”. Questionado quanto à viabilidade da proposta, reconheceu: “Quando falo em revolução é pelo prazer do paradoxo. Não tenho a ilusão da revolução, estou absolutamente conformado”.

No rastro de críticas à imprensa, exceto à parte dela que lhe cabe, Mino conquistou a definitiva aprovação da platéia quando homenageou o casal de apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes. “A classe média paulista é voto de cabresto. Ela bebe o Jornal Nacional, se posta todo dia diante daqueles dois cretinos que estão rindo sempre”. O teatro veio a baixo.

 

"Nenhum direito a menos" é a luta da deputada Alice Portugal

“Nenhum direito a menos”, é o slogan da deputada federal Alice Portugal (PCdoB). Recebi sua publicação relatando o mandato parlamentar no primeiro semestre de 2007.Excelente programação gráfica de Carlínio França. Temos convergências. Aplausos para as operações que apuram o desvio de dinheiro público, mas, com o devido respeito ao estado de direito, com a garantia de ampla defesa. Não dá para aceitar a permanente campanha de desmoralização do Congresso Nacional através de uma generalização insensata. Assim como Alice Portugal, há dezenas de parlamentares que trazem as mãos limpas. As elites adorariam a depressão da desesperança política, a alternativa poderia ser a ditadura ou a corda curta no pescoço dos parlamentares.

Alice Portugal defende uma reforma política democrática, sem cláusula de barreira; propõe a reestruturação dos tribunais de contas, composto por conselheiros nomeados pelo político de plantão no poder; apóia a frente parlamentar em defesa da polícia rodoviária federal; reapresenta projeto de lei em defesa das artes e ofícios; defende o PAC, o servidor público; dirige a frente parlamentar da saúde; discute o destino dos hospitais universitários e o conceito de universidade nova; direitos da mulher e recursos para cidades da Bahia. Não dá para citar tudo o que Alice Portugal está envolvida.

Só não dá para aceitar o apoio à greve dos professores da Bahia. Tudo bem, ela defende sua base eleitoral. Ela afirma que a greve foi deflagrada em função da compressão da tabela salarial “agravada” com a concessão do reajuste salarial dividido em quatro níveis. Admite que o problema está na “herança desastrosa do carlismo” que durante anos manteve a classe recebendo salário base abaixo do mínimo, admite que o governo Wagner corrigiu essa injustiça. No dia 2 de Julho não sei de que lado Alice Portugal estava. Se no desfile levando vaia dos “companheiros” da APLB/Sindicato, ou se estava nas calçadas vestida de preto vaiando os “companheiros” que desfilavam junto ao governador Wagner.

Discordância à parte, vale a pena a leitura do editorial de primeira página. Ela entende com profundidade a importância do governo Lula para a democracia.

Se quiser ler mais acesse www.aliceportugal.org.br

19 de julho de 2007

 

Uma campanha safada contra as crianças do Brasil

A Associação Brasileira de Propaganda acaba de lançar campanha contra uma inexistente censura na publicidade. O slogan é “Toda censura é burra”. Entendida assim, fora do contexto, o chamamento parece correto. Claro que toda censura é burra. Mas, por que a campanha? No Brasil não há censura, a não ser a que os donos dos veículos de comunicação impõem aos jornalistas vendidos.

Na publicidade, então, não há censura alguma. As próprias agências de publicidade, como todo mundo sabe, é que se auto-regulamentam com o tal órgão chamado CONAR. Quando a coisa está escandalosamente absurda este órgão manda retirar a peça publicitária. Mas não tem funcionado muito não. É o mesmo que raposa tomar conta do galinheiro.

Ao que tudo indica, trata-se de uma campanha “preventiva” contra as justas propostas de limitações legais à propaganda de cervejas, semelhantes as já existentes limitações à propaganda de cigarros e do fumo em geral. Com a regulamentação, ganha a saúde do povo brasileiro. Menos câncer de pulmão. Com limites à propaganda de cerveja há menos mortes no trânsito por bebedeiras juvenis e, naturalmente, menos alcoolismo.

Mas, há um outro alvo. É a proposta de regulamentação dos horários de TV para proteger as crianças e a juventude de propagandas pornográficas e de claro incentivo à violência. A mídia perversa e as agências de propaganda só enxergam cifrões pela frente. O resto que se dane. Eles querem levar vantagem em tudo.

Para continuarem lucrando às custas da morte de milhões de pessoas eles divulgam que regulamentação indicativa de horários de TV é igual à censura. E toda censura é burra, como querem nos impor.

Há duas posturas diante da questão.

Uma, tomada pela revista Veja, identifica regulamentação e proteção às crianças como censura e ataca governo e todos que ousem defender isso.

Outra, tomada pela revista Carta Capital, que incentiva o debate, entrevista especialistas e publica reportagem sobre países que regulamentam seus horários de TV, como a Suécia.

 

Obras do PAC vão beneficiar 700 mil famílias em 21 cidades baianas

Certa imprensa acusou, equivocadamente, que houve critério político na seleção das cidades baianas beneficiadas pelas obras do PAC, anunciadas por Lula na Bahia. Até um cego dá para ver que isso não tem fundamento. As obras de saneamento e habitação vão beneficiar 700 mil famílias de 21 cidades da Bahia. Elas vão aumentar a cobertura de esgotamento sanitário, retirar esgotos do leito dos rios e promover melhorias habitacionais. Os recursos chegam a R$ 1,369 bilhão.

O governador Jaques Wagner falou sobre as obras em emissoras de rádio. “Vamos acelerar o crescimento com inclusão social e geração de emprego, contribuindo para a melhoria das condições de vida da nossa população, principalmente da mais carente. Esse investimento é a primeira boa notícia de uma série de outras que virão, relacionadas a parcerias entre o governo federal e a Bahia”. É isso.

Basta analisar a relação das cidades para ver que o critério é o do impacto social: Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Camaçari, Candeias, Itaparica, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Vera Cruz, Feira de Santana, Barreiras, Cruz das Almas, Cachoeira, Maragogipe, Muritiba, Santo Amaro, São Félix, Vitória da Conquista, Itabuna, Ilhéus e Juazeiro. Qualquer que seja o partido do prefeito, tais cidades teriam necessariamente que ser contempladas.

Em Salvador, serão beneficiadas a Baixa do Soronha e o Jardim Nova Esperança. Destaque para a despoluição das águas da Baía de Todos os Santos. Há poucos dias a maré vermelha causou uma mortandade de peixes. O que tem a ver a filiação partidária do prefeito de Cruz das Almas com os R$ 30 milhões para implantação do sistema de esgotamento sanitário? O sistema vai retirar esgotos do rio Capivari e melhorar a qualidade das águas do rio Paraguaçu, logo, da Barragem de Pedra de Cavalo e da Baía de Todos os Santos.

Em Vitória da Conquista, administrada pelo PT, o investimento será de cerca de R$ 100 milhões em esgotamento sanitário, construção de estações elevatórias de esgoto, obras de drenagem, construção de 80 unidades habitacionais e recuperação de 500 moradias em bairros da periferia.

Feira de Santana, administrada pelo DEM, terá mais de R$ 85 milhões para realizar um aumento significativo da cobertura de esgotamento sanitário nas bacias dos rios Jacuípe e Subaé, enquanto Barreiras, administrada pelo PSDB, contará com R$ 66 milhões, a serem aplicados na construção de 356 quilômetros de rede coletora, estação de tratamento de esgoto, 11 estações elevatórias e mais de 24 mil ligações intra-domiciliares.

OBSERVAÇÃO – Fiquei pasmo quando li no jornal A Tarde, normalmente equilibrado, matéria afirmando que na Bahia obras do PAC privilegiavam administrações do PT. Depois entendi tudo. A Folha de S. Paulo tinha feito matéria parecida em relação a São Paulo. Foi um péssimo exemplo, não se pode seguir o que a Folha ensina.

 

Mídia baiana desconhece palestra de Mino Carta no Teatro Vila Velha

É inacreditável. O jornalista Mino Carta, criador e diretor da revista Carta Capital, dono de uma extensa folha de serviços prestados à imprensa ética brasileira, esteve em Salvador a convite do deputado Zilton Rocha (PT). Nadinha de registro, matéria ou artigo na imprensa. Que coisa, heim? Não deve ser por desconhecimento da pauta, pois, mais de 400 pessoas lotaram o teatro para ouvir Mino Carta falar sobre “Mídia e Educação”.

Fico pensando aqui com meus botões qual a razão da mídia desconhecer o fato. Nem mesmo o preconceito eterno de jornalista contra parlamentar pode explicar. Quando o então vereador Emiliano José (PT), em plena campanha eleitoral, trouxe a filósofa Marilena Chauí a Salvador (quase) toda a imprensa reportou. Não pude comparecer por razões de trabalho. Fiquei aguardando o noticiário e nada. Agora vejo no Blog do Mino uma referência dele à palestra de Salvador.

SEGUE A NOTA DE MINO CARTA:

Blog do Mino - 18/07/2007

Todos os santos

Acabo de voltar de Salvador, lá convocado para uma palestra sobre Mídia e Educação. Platéia de quatrocentas pessoas em um teatro encantador, o Vila Velha, me lembrou o Globe de William Shakespeare.

Mais de uma centena em outro local do teatro, para assistir via telão. Mestre de cerimônias, deus-ex-machina do evento, o deputado Zilton Rocha, figura notável de educador e político.

Fiquei comovido com a generosidade, a fidalguia, diria mesmo carinho, da recepção. E com o êxito de CartaCapital em Salvador. E com a presença de tantos jovens, mais ou menos dois terços do público.

Espero não tê-los decepcionado, mas disse que, na minha opinião, jornalista não se confunde com professor, ao menos na acepção tradicional. Nem por isso deixa de contribuir decisivamente para a informação e a formação da sociedade civil quando exerce a profissão com a consciência da tarefa e o necessário senso de responsabilidade para levá-la a cabo.

E com a honestidade de quem sabe ser fiel sempre e sempre à verdade factual, e exerce desabridamente o espírito crítico, e não treme do poder e o fiscaliza onde quer que se manifeste. Isso tudo apoiado pelo talento, habilitado a conferir ao jornalismo a dimensão de uma arte. Não é difícil aprender os fundamentos, difícil, muito difícil, no Brasil, é praticar a profissão com honradez, à sombra de patrões medievais.

Zilton Rocha contou com a perfeita assessoria de um jovem que atende pelo nome de Charles Darwin, filho de um ferroviário que admirava personagens da história. E Charles desfiou meu currículo para a platéia na hora da apresentação, sem omitir, entre as publicações que dirigi, Quatro Rodas, que, aliás, foi a primeira, nascida nos meus anos verdolengos. Charles Darwin teve a bondade de não acrescentar que não sei dirigir carro e que tenho dificuldade em distinguir um Volks de uma Mercedes.

 

Já está nas livrarias o livro que mostra como a mídia se prostituiu nas eleições de 2006

Já está nas livrarias o livro “A Mídia nas Eleições de 2006” (Editora Fundação Perseu Abramo), organizado por Venício A. de Lima com artigos de 16 autores que giram em torno de temas como a cobertura jornalística das eleições, o papel da mídia e alternativas para o aprimoramento do funcionamento da mídia na democracia brasileira.

O livro de 288 páginas custa R$ 33,00 e o organizador Venício A. de Lima é sociólogo e jornalista, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília. Leitura imperdível.

O POVO VENCEU A MÍDIA

O texto da orelha do livro é esclarecedor. Para vários estudiosos, a grave crise política de 2005 e as eleições presidenciais de 2006 marcam uma ruptura na relação histórica existente entre a grande mídia e a política eleitoral no Brasil.

Nas comemorações populares após o segundo turno das eleições de 2006, surgiram faixas nas ruas com os dizeres “O povo venceu a mídia” e há avaliações sérias que consideram a grande mídia como a principal derrotada no processo eleitoral.

Ao contrário de outras eleições, há um relativo consenso entre jornalistas e pesquisadores, acadêmicos ou não, de que em 2006 o candidato eleito não foi o preferido pelos principais grupos de mídia do país.

A mídia nas eleições de 2006 é uma tentativa de capturar o significado mais amplo das eleições presidenciais, analisando o papel da mídia no processo eleitoral e registrando os resultados do acompanhamento da cobertura jornalística realizada por diferentes instituições.

IMPORTÂNCIA DE SITES E BLOGS

Para realizar este objetivo, o livro reúne 16 autores em torno de três questões fundamentais: (1) como foi a cobertura das eleições na mídia (2), qual foi o papel da mídia? (3) e o que é necessário fazer para mudar o quadro atual?.

As respostas obtidas indicam que o processo eleitoral brasileiro de 2006 será lembrado e estudado, entre outras características, por ter sido aquele em que houve forte desequilíbrio na cobertura jornalística dos principais candidatos à presidência da República, verificado por instituições independentes de pesquisa; por haver prevalecido uma atitude de hostilidade ao candidato Lula entre os jornalistas da grande mídia.

As eleições de 2006 também ficarão conhecidas por novos fenômenos: (1) o descolamento entre a opinião dominante na mídia e a opinião da maioria dos eleitores; (2) pelo sensível aumento da importância de sites e blogs no debate eleitoral; (3) pela entrada da mídia na agenda pública de discussão; (4) pela colocação da credibilidade da grande mídia em questão e pela crescente organização da sociedade civil provocando a emergência de uma série de novas mediações que diminuíram o poder de influência direta da grande mídia sobre boa parte dos eleitores.

18 de julho de 2007

 

Novas e veteranas petistas lançam grupo Expressão Feminista na Bahia

No dia 13 de julho, sexta-feira, às 20:00 horas, aconteceu o lançamento do Grupo e do Manifesto "EXPRESSÃO FEMINISTA", na sede do Partido dos Trabalhadores em Salvador.

A solenidade contou com cerca de 150 pessoas e, na ocasião, houve, também, a filiação de novas petistas.

Após a leitura do "Manifesto" e das filiações, houve uma grande festa, animada por grupo de Hip-Hop, integrado por mulheres do Município de Lauro de Freitas.
Enfim, parafraseando Chico Buarque, "foi bonita a festa, pá, fiquei contente..."

Segue, abaixo, o Manifesto do Grupo "EXPRESSÃO FEMINISTA", na íntegra. Longa vida às “expressionistas”, é o desejo de uma das novas petistas, Maria Alice Bittencourt, que enviou ao BAHIA DE FATO a informação.


MANIFESTO FEMINISTA AO PARTIDO DOS TRABALHADORES

Conscientes da necessidade de uma intervenção político-partidária na sociedade, numa perspectiva feminista que também transforme as relações raciais e de gênero na estrutura do Partido dos Trabalhadores, nos constituímos em um Grupo de Mulheres Petistas, denominado EXPRESSÃO FEMINISTA.

Essa iniciativa está em consonância com a origem do PT, nascido dos movimentos sociais e populares organizados, comprometido com um projeto radicalmente democrático de transformação da sociedade. Com ela buscamos resgatar a Carta de Princípios do Partido, que explicita de forma inequívoca o compromisso com a luta pela superação das desigualdades existentes no Brasil.

Nós, mulheres, temos participado ativamente na construção e consolidação do Partido dos Trabalhadores. Contudo, apesar da significativa presença nas bases do partido ainda enfrentamos muitos obstáculos para nos constituir como sujeito político, com poder efetivo para intervir nas diretrizes e decisões e ocupar cargos de direção na estrutura partidária.

Isto revela uma ideologia machista, que dificulta a implementação de políticas mais efetivas de defesa dos interesses e dos direitos específicos das mulheres. Falta incentivo à participação das mulheres o que inviabiliza o cumprimento da Lei de Cotas, tanto nas instâncias partidárias, quanto nas exigidas pela legislação eleitoral.

Além disso, as candidaturas femininas ao Poder Executivo não têm recebido o devido respaldo; tampouco se verifica a presença mais expressiva de mulheres nos secretariados e demais postos de alto escalão dos governos petistas.

Transformar esse quadro requer uma ação mais sistemática, politicamente comprometida com a filosofia feminista. Feminista porque entendemos que a exploração de classes na sociedade brasileira só pode ser compreendida à luz da dominação patriarcal e do racismo, fazendo-se necessário construir uma estratégia para transformar esse modelo injusto, desigual e excludente. Feminista porque é imperativo que o Partido dos Trabalhadores, enquanto organização social reflita na sua prática uma política efetiva de transformação nas relações raciais e de gênero.

A EXPRESSÃO FEMINISTA se fundamenta nos seguintes princípios:

• Defesa do Estado Laico que garanta a integridade do patrimônio público e assegure os direitos políticos, econômicos, sociais, culturais e sexuais das cidadãs e cidadãos.

• Enfrentamento a todas as formas de violência contra as mulheres: psicológica, moral, patrimonial, física e sexual.

• Luta pela descriminalização do aborto no Brasil, num contexto de garantia plena dos Direitos Sexuais e Reprodutivos das Mulheres.

• Isonomia no mundo do trabalho: salário igual para trabalho igual, qualificação profissional e acesso aos postos de chefia para as mulheres.

• Respeito ao direito de organização, à livre expressão e à autonomia dos movimentos sociais, combatendo qualquer tutela política.

• Empoderamento das mulheres através da formação político-feminista.

• Combate sistemático ao sexismo, por meio:

- da construção de práticas livres do machismo, do racismo e da homofobia reproduzidos pela militância no cotidiano do Partido;

- da adoção de uma linguagem que rejeite expressões machistas, racistas e homofóbicas em todo o material de comunicação e formação;

- da distribuição igualitária das tarefas partidárias entre os sexos, eliminando a tradicional divisão sexual do trabalho.

• Compromisso com as práticas democráticas em todas as instâncias partidárias.

Isso envolve:

- a promoção da eqüidade racial e de gênero no Partido, entendendo eqüidade como um caminho para superar as desigualdades;

- a paridade em todas as instâncias de decisão do Partido e nas candidaturas para o legislativo e o executivo;

- o estímulo e apoio a candidaturas feministas.

Nosso compromisso com esses princípios é regido pela ética feminista que se baseia na solidariedade, no respeito mútuo, no diálogo democrático, na cooperação e na defesa intransigente dos Direitos Humanos das Mulheres.

Assinam esse manifesto,

Alvaiza Conceição Cerqueira Cruz – Professora
Amélia Tereza Maraux – Professora UNEB
Ana Alice Costa – Professora FFCH/UFBA
Ana Cristina Lobo – Militante do PT
Ananda Nascimento Pimenta - Pedagoga
Anhamona Brito – Advogada
Antônia das Graças Matos - Aposentada
Argentina Brito – Militante do PT
Cecília Sardenberg – Professora FFCH/UFBA
Celina Izidio de Oliveira - Tesoureira da AMMIGA
Deilza Cardoso da Conceição - Agente de Saúde
Edilene Costa – Bibliotecária UFBA/Militante Sindical ASSUFBA
Elisabete Araújo Lima - Alfabetizadora
Enilda Rosendo do Nascimento – Professora Escola de Enfermagem/UFBA
Francisca Elenir – Educadora Popular
Francylene Martins – Servidora Pública
Helena Argolo Benício – Advogada/Militante Sindical ASSUFBA
Hozana M. Oliveira Campos de Azevedo – Bibliotecária UFB A
Hozana Félix da Silva – Operadora de Telemarketing
Iole Macedo Vanim - Historiadora
Irai Santos Fernandes - Comerciante
Isabelle Sanches Pereira – Educadora
Ivone Correia – Tecelã
Laíse Dantas de Oliveira - Estudante
Leonidia Laranjeira – Dirigente Sindical SINDSEF
Leziane Oliveira Gomes - Estudante
Lindinalva Rubim – Professora FACOM/UFBA
Luciene Teles de Araújo - Estudante
Luiza Bairros – Ativista do Movimento Negro
Maisa Vale - Contadora
Márcia dos Santos Macedo – Professora UCSal
Maria Alice Bittencourt - Jornalista
Maria de Fátima Neri Dantas - Coordenadora da COOPETRAC
Maria de Fátima Pereira do Nascimento - Advogada
Maria de Lourdes Schefler – Socióloga
Maria do Carmo Soares de Freitas – Professora Escola de Nutrição/UFBA
Maria Dorimar Almeida – Auditora
Maria Elena Pereira – Militante da 12ª zona PT – Estudante de História/UCSal
Maria José Cunha – Museóloga/Militante Sindical ASSUFBA
Maria Raimunda da Silva Oliveira – Assessora Técnica
Maria Solemar Rodrigues do Nascimento - Enfermeira
Maria Soleneide Rodrigues do Nascimento - Presidenta da AMMIGA
Mariama Penna – Estudante de Direito UCSal
Marli Ferreira – Militante do PT
Marta Leone – Professora UEFS
Mônica Torres – Professora UNEB
Nádia Carvalho dos Santos – Educadora
Natércia Moreno da Cunha – Socióloga
Patricia Oliveira de Souza - Coordenadora da COOPETRAC
Rosa Mota – Dirigente Sindical
Roselice Maria da Silva Van Gastel – Professora
Rosemeire Caldas – Artesã
Rosemeire Dantas de Oliveira - Estudante
Rosenaide Brito – Militante do PT
Sandra Regina Nazaré Abreu - Secretária da AMMIGA
Silvia Lúcia Ferreira – Professora Escola de Enfermagem/UFBA
Tainá Rodrigues do Nascimento - Estudante
Tânia Medrado – Professora aposentada
Tânia Penna – Militante PT/2ª. Zona
Tereza Maria Pereira dos Santos - Pedagoga
Terezinha Barros – Professora UCSal
Terezinha Gonçalves – Economista
Trícia Nascimento Santos - Estudante
Vânia Galvão – Vereadora do PT/Dirigente Sindical ASSUFBA
Vera Lúcia Conceição de Carvalho – Dirigente Sindical SINDPREV
Zilanda de Oliveira Gomes - Estudante

17 de julho de 2007

 

Wagner afirma na Internet que a Bahia era estado do medo

Jaques Wagner: Bahia era estado do medo

O Estado da Bahia viveu, durante 30 anos, “com alguns intervalos”, sob um governo que impunha-se pelo medo e o constrangimento. Esta é a opinião do governador Jaques Wagner (PT), que assumiu o estado em janeiro deste ano rompendo a hegemonia de 16 anos do grupo político comandado pelo então PFL, atual DEM (Democratas). A entrevista foi concedida ao site G1.

Para Wagner, foi durante esses 16 anos que oito empresas montaram e desenvolveram o esquema de fraude em licitações de obras públicas na Bahia que criaria ramificações em outros cinco estados, desmontado pela Polícia Federal nas operações Octopus e Navalha. Wagner defende o prefeito de Luiz Carlos Caetano, de Camaçari e espinafra o repórter por tentar requentar o besteirol da lancha.

“Isso tudo aconteceu antes de a gente chegar aqui. Aliás, todo mundo sabia. Em qualquer restaurante onde tem empresário jantando, o pessoal sabe que havia um grupo que dominava as contas de prestação de serviço da Bahia”, disse na entrevista ao G1. Provocado por sempre ser citado como presidenciável, comentou entre risos: “são meus inimigos”.

Questionado por que a oposição não fez a denúncia, então, o governador não tergiversa: “O problema é que você tinha o Judiciário sob controle, uma boa parte da imprensa igualmente sob controle, uma Assembléia Legislativa que fazia ordem unida. Era o estado do medo. Várias pessoas, até de organizações sociais, preferiam não comprar briga”. Também afirmou que o PT tem muito a contribuir para a democracia brasileira.

CONFIRA ABAIXO OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA:

G1 - Os professores da rede estadual finalizaram uma greve que durou 55 dias. Mas o Sindicato dos Trabalhadores em Educação disse que o início das aulas era mais uma resposta à sociedade que um acordo com a proposta do governo. Os estudantes ainda correm o risco de ficar sem aulas?

Jaques Wagner - Não creio, acho que os professores baianos têm responsabilidade e creio que sabem que os 55 dias já criaram uma dificuldade muito grande.

G1 - Não foi possível chegar a um acordo sobre o aumento salarial dos professores?

Wagner - Para primeiro ano de governo, recebendo o estado com todos os problemas, [o salário dos professores] é acima da inflação. Sinceramente, acho que [a paralisação] foi uma precipitação. Entendo o anseio dos professores, mas não se pode imaginar que em seis meses se corrijam problemas de 10, 20 anos.

G1 - O governo saiu desgastado?

Wagner - Toda greve é um problema e é mal vista. Evidentemente, a população culpa todo mundo, professores e governo também, acha que o governo poderia ter feito alguma coisa para evitar, é normal. Política é isso mesmo, desgaste, recuperação, vivi muito isso ao lado do presidente Lula no seu primeiro mandato como ministro. Me preocupa, mas não me assusta.

G1 - A Bahia é o estado mais rico do Nordeste e o sexto PIB do país, mas tem o 22º IDH e a 15ª renda. Como é possível mudar isso?

Wagner - Mudando a orientação no modo de governar. Esses números que você citou só confirmam minha tese. Recebi um estado que estava de costas para as questões sociais. É mesmo contraditório: como a sexta maior economia do país só consegue o 22º IDH? Essa é a herança – como não gosto de dizer “herança maldita”, mas é a herança perigosa, preocupante que recebi, fruto de uma visão de governos do PFL que se sucederam e governavam privilegiando grupos e esquecendo a maioria da população.

G1 – Como todo novo governo, o senhor conseguiu amealhar o apoio da maioria dos deputados na Assembléia e de muitos prefeitos, inclusive de alguns ligados ao "carlismo" que o sr. derrotou nas urnas. Esse “inchaço” da sua base não causa distorções?

Wagner - Evidentemente que é natural que qualquer governo quando chegue busque construir a sua maioria. Construímos uma maioria de 38 numa assembléia de 63, com deputados que muitas vezes militavam do lado de lá e, com nossa vitória, quiseram abraçar um novo momento.

G1 - Como então o sr. diferencia o seu governo da tradição política que governou o estado por 16 anos?

Wagner - Nós viemos de uma política de 16 anos que vinha constrangendo as pessoas. O método de governar do PFL era de intimidar, de subjugar prefeitos. Muita gente que estava lá, não estava lá por concordância, mas por necessidade de sobrevivência, ou porque tinha medo de ser perseguido etc. Está se vivendo um novo momento aqui, que é o fim de um ciclo claramente. Digo com tranqüilidade que a Bahia não será a mesma nem na política, nem na administração. Muitos esquemas e estruturas que estavam montadas não vão sobreviver porque viviam à sombra do estado. Essa forma de governar, para mim, já faliu. O PFL se manteve aqui constrangendo o Judiciário, que hoje tem autonomia, assim como a Assembléia Legislativa. Não acho que nenhuma hipótese vai conseguir retornar em qualquer futuro aquele modo de fazer política.

G1 - O sr. diria então que o chamado “carlismo” como forma de fazer política acabou?

Wagner - Não uso esse termo. Gosto de chamar o "modo pefelista de governar". Na minha opinião, não tem nenhuma hipótese de ressuscitar, principalmente na política e na gestão. Não gosto de ficar no bate-boca dos adjetivos, prefiro pegar os números. O PFL governa aqui há 16 anos, na verdade há uns 30, com pequenos intervalos. Se você faz um balanço de 16 anos, qual é? É a sexta economia porque fizeram uso excessivo da guerra fiscal para trazer empresas pra cá, comprometendo inclusive as finanças do estado e também porque tem historia de industrialização que não começou com eles, mas com outros governantes. Mas se você pega IDH, renda per capita, saúde, educação, estradas...

G1 - As investigações da Operação Navalha, da Polícia Federal, mostram que estava na Bahia a origem do esquema de fraudes em licitações públicas. Como se explica que um esquema com tantas ramificações funcionasse impune há tanto tempo?

Wagner - Essa pergunta tem que ser feita aos governos anteriores. Essas empresas se instalaram, viveram e montaram esse esquema nesses 16 anos. A investigação veio pra cá porque havia empresas que vinham pra cá e iam falindo, mudando de nome, fraudando o fundo de garantia, o INSS e mesmo assim continuavam sobrevivendo no estado. Na Bahia, precisava pedir licença para se instalar como empresa. Isso mudou completamente. Já entreguei todos os contratos para o Ministério Público Estadual para a investigação prosseguir. Isso tudo aconteceu antes de a gente chegar aqui. Aliás, todo mundo sabia. Em qualquer restaurante onde têm empresários jantando, o pessoal sabe que havia um grupo que dominava as contas de prestação de serviço da Bahia.

G1 - E ninguém da oposição quis fazer essa denúncia antes?

Wagner - O problema é que você tinha o Judiciário sob controle, uma boa parte da imprensa igualmente sob controle, uma Assembléia Legislativa que fazia ordem unida. Era o estado do medo. Várias pessoas, até de organizações sociais, preferiam não comprar briga. Era o jeito de governar, via contrangimento. Eu tenho a caneta, então digo: “Você não gosta de mim, não vai votar com o governador, então sua prefeitura não vai ter nada”.

G1 - O foco inicial da investigação, segundo a PF, foi a liberação de R$ 11,5 milhões pelo Ministério das Cidades para a Prefeitura de Camaçari, que é governada por um prefeito do PT, por intermédio da Gautama...

Wagner - Não foi isso que “estartou”, a historia é um pouco diferente. Eles vieram investigar oito empresas, por isso o nome da operação era Octopus. No meio dessa operação, houve o vazamento de informação, que se atribuiu a pessoas da própria Policia Federal - até por isso a mudança do nome para Navalha (de “Navalha na Carne”). Aí apareceu o empreiteiro Zuleido Veras, que estaria financiando a festa de posse de um delegado da PF. Daí a investigação sai das oito e vai para essa outra empreiteira, que fez negócios com Camaçari nos governos anteriores. No governo do prefeito [Luiz] Caetano – é bom lembrar que já tem dois anos e meio, portanto tempo suficiente - não tem nenhuma fatura executada por essa empreiteira.

G1 – O sr. foi citado no início das investigações da Operação Navalha de uma maneira até inusitada, por ter usado uma lancha do empresário Zuleido Veras num passeio...

Wagner - É, mas isso para mim é uma matéria requentada. Eu passeei numa lancha, já dei minhas explicações, acho um besteirol esse negócio. Digo sempre que a gente tem que buscar causa e efeito nas coisas. A própria “Isto É” já publicou a carta resposta.

G1 - Mas não é estranho que uma pessoa, que é apontada pela PF como comandante de uma organização de fraudes, gravitasse tão próximo do governo?

Wagner - Se você quer explorar tem todos os elementos aí, mas acho essa uma matéria requentada. Ele não gravita nada, não tem nenhum negócio nem interesse. A ministra Dilma esteve aqui e eu pedi a um amigo para alugar uma lancha e, em vez de ele alugar, ele tomou emprestada a essa pessoa, mas não tem nenhuma relação nem pessoal nem comercial.

G1 - O senhor já criticou a disputa entre as tendências internas do PT. Será possível chegar a um consenso no congresso do partido em julho? Que PT o senhor acha que sairá do encontro?

Wagner - Sim. Tivemos problemas duros, graves, que nos fizeram sofrer muito, mas como toda crise produz momento de superação. Não sou de nenhuma tendência do PT, sou do grupo independente. Creio que a própria eleição de 2006 mostrou, para a tristeza dos adversários do PT, que mesmo a população nos cobrando a responsabilidade pelos erros cometidos, continua reconhecendo que o PT tem contribuições a dar à democracia brasileira.

G1 - O seu nome é sempre citado como um dos presidenciáveis do partido.

Wagner - São meus inimigos [risos].

G1 – Mas a presidência está nos seus planos?

Wagner - Só converso do governo da Bahia. Dizem que quem vive de passado ou só pensa no futuro, esquece de viver o presente.

G1 - A aliança preferencial do partido no ano que vem e em 2010 é com o PMDB?

Wagner - Não. Está muito cedo ainda. Todo mundo tem que cumprir sua tarefa. O governo do presidente Lula tem que melhorar mais ainda as condições do país. Temos 2008 pela frente, ainda temos muito chão.

 

PT repudia manchetes escrotas do Correio Braziliense e do Estado de Minas

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, e o secretário nacional de Finanças e Planejamento, Paulo Ferreira, divulgaram nesta terça-feira (17) uma nota em que expressam REPÚDIO às manchetes dos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense.

Os jornais REQUENTAM informação que o próprio PT concedeu à imprensa há dois anos, sobre o reconhecimento da dívida do partido com o BMG, e fazem interpretações incorretas e maldosas, conforme afirma a nota. Que imprensa é essa, minha gente!

Esse é o caminho. Responder aos fascistas da mídia.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA DO PT:

NOTA OFICIAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES

O Partido dos Trabalhadores repudia a forma com que os jornais Estado de Minas e Correio Braziliense desinformam e confundem a população na edição desta terça-feira (17), por meio das manchetes “PT assume a conta do mensalão” (Correio) e “PT paga a conta do mensalão” (Estado de Minas).

Qualquer jornalista bem informado que tenha participado da cobertura da crise pela qual passou o partido em 2005 sabe que tal manchete é falsa, tendenciosa e esconde informação requentada, que data de pelo menos dois anos atrás.

Vamos aos fatos:

No dia 20 de julho de 2005, dois meses depois do início da crise que atingiu o PT, a Secretaria Nacional de Finanças e Planejamento do PT divulgou uma nota esclarecendo que o partido havia solicitado empréstimo de R$ 2,4 milhões ao BMG em 17/02/03 e de R$ 3 milhões ao Banco Rural em 14/05/2003, em contratos assinados pelo ex-presidente José Genoino e o ex-secretário de Finanças Delúbio Soares.

No mesmo dia 20 de julho de 2005, o então secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini, concedeu entrevista coletiva a jornalistas informando que os contratos assinados por José Genoino e Delúbio Soares com o BMG e o Banco Rural seriam reconhecidos pelo PT, uma vez que eram dívidas formalmente contraídas pelo partido.

A notícia veiculada em ambos os jornais nesta terça-feira, portanto, foi anunciada pelo próprio PT há dois anos, fato que derruba a tese maldosa que os jornais tentam imprimir, segundo a qual o acordo para pagamento da dívida do BMG teria a intenção de “salvar Marcos Valério”.

O acordo foi firmado depois que o BMG cobrou a dívida judicialmente. O PT, impossibilitado de fazer o pagamento integral, iniciou uma negociação junto ao banco em agosto de 2006, negociação esta que vem sendo repactuada.

O PT reitera que, apesar de suas dificuldades financeiras, está envidando todos os esforços para cumprir com seus compromissos, o que inclui acordos de renegociação de dívidas formais, como o celebrado com o BMG.

Paulo Ferreira - Secretário Nacional de Finanças e Planejamento
Ricardo Berzoini - Presidente Nacional do PT.

16 de julho de 2007

 

Mino Carta faz palestra em Salvador a convite do deputado estadual Zilton Rocha (PT)

“Seminário Mídia e Educação” é o evento promovido pelo mandato de deputado estadual do PT, Zilton Rocha, que acontece terça-feira, 17 de julho, às 18h30, no Teatro Vila Velha, Salvador. Mino Carta, fundador e diretor da revista CartaCapital, vai falar sobre o papel dos meios de comunicação no processo de formação cidadã, enquanto fundamento estratégico à construção da democracia, a responsabilidade da imprensa.

Vai dar trabalho para Mino Carta convencer alguém que a imprensa nossa tem algum papel importante na formação cidadã de quem quer que seja. Os debates prometem. Na mesa estarão Tânia Cordeiro (Uneb), Póla Ribeiro (Irdeb), Bruna Hercog (ong Cipó), Luiz Nova (UFRB) e Ernesto Marques (ABI). E, claro, o deputado Zilton Rocha como mediador.

Com entrada franca e sem inscrições, serão disponibilizados 300 ingressos na bilheteria do teatro duas horas antes do seminário. Para quem não conseguir ingresso, será instalado um telão no espaço Cabaré dos Novos.

Segundo o professor e deputado Zilton Rocha, presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembléia Legislativa da Bahia, idealizador do seminário, a trajetória de Mino Carta se confunde com a história do jornalismo no Brasil. Uma figura que dirigiu e engendrou publicações como o Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ, Quatro Rodas, antes de criar a CartaCapital, uma revista com conteúdo crítico e aprofundado dos fatos.

15 de julho de 2007

 

Vaias contra Lula foram ensaiadas na véspera do PAN

A grande imprensa não sabe de nada. Claro. Mas no You Tube tem um vídeo gravado na véspera da inauguração do PAN. O vídeo mostra claramente que a vaia ao presidente Lula foi ensaiada. Os mesmo que aplaudiram o prefeito César Maia vaiaram Lula. O jornal esportivo LANCE, na edição de sábado, 14, estranhou.

Não há coincidência nenhuma. Quem estava no Maracanã pôde observar que as vaias de Lula e os aplausos para César Maia partiam de uma mesma área do estádio. Foi uma farsa montada e ensaiada na véspera.

Eles só não contavam com as imagens de uma câmara amadora

As imagens estão no blog República Vermelha e foram reproduzidas no YouTube. Elas mostram que houve vaias ao presidente já no ensaio da cerimônia de abertura.

http://republicavermelha.blogspot.com/

LEIA AS NOTAS DA COLUNA “DE PRIMA” DO JORNAL:

Muito estranho

As vaias ao presidente Lula na abertura do Pan podem até revelar insatisfação com os últimos escândalos políticos. Mas o que causou espanto foram os aplausos ao prefeito do Rio, César Maia. Lula, assim como o governador Sérgio Cabral, para quem também houve um princípio de vaia, têm avaliação popular melhor do que César nas últimas pesquisas.

De um canto

Quem estava no Maracanã percebeu que as vaias para uns e os aplausos para outro começavam, sempre, em uma mesma área do estádio.

 

Jornalista da Veja que mentiu sobre vassoura-de-bruxa na Bahia é premiado com chefia da sucursal de Brasília

Não leio a revista Veja. Ainda assim tem gente que me telefona para fazer comentários. Agora fiquei sabendo que o jornalista Policarpo Júnior vai para a sucursal de Brasília. Pior para a política, pior para o jornalismo. Policarpo Júnior é o autor da fantasiosa “reportagem” sobre a inexistente “célula” do PT em Itabuna, que teria introduzido, imaginem só, a praga vassoura-de-bruxa na região, dizimando a lavoura cacaueira.

A principal fonte da matéria, senão a única, era um conhecido débil mental ex-funcionário da Ceplac e muito ligado ao prefeito Fernando Gomes. Fernando “Cuma”, como é conhecido na área, é um político decadente do ex-PFL, demagogo histórico da turma de ACM, capaz de tudo para ganhar uma eleição, inclusive de comprar jornalista e espaço em revista semanal.

Em Itabuna circulam rumores que muito dinheiro rolou naquela história. Eu acredito. Policarpo Júnior não estava interessado em “apurar” a denúncia montada pelos adversários políticos do petista Geraldo Simões - eleito deputado federal e depois nomeado Secretário da Agricultura do governo de Jaques Wagner. Tanto assim que a bancada do PFL na Assembléia Legislativa da Bahia instalou uma tal CPI do Cacau, convocou o jornalista para contribuir com a sociedade ajudando a esclarecer os fatos denunciados em duas reportagens da revista Veja. Ele lá apareceu? O moço sumiu. E até ficou uns meses sem escrever "reportagens".

Policarpo tem a folha corrida suja. Foi ele também que assinou a mais fantasiosa ainda “reportagem” sobre os “dólares que vieram de avião de Cuba para a campanha de Lula e do PT”. Naturalmente nunca provada e usando a mesma “técnica” de uma suposta ”testemunha” desafeta do PT. Toda vez que a turma de ACM na Bahia precisa fazer algum trabalho sujo na imprensa, aparece o nome de Policarpo Júnior. Toda vez que a revista precisa montar matéria safada e suja aparece o nome de Policarpo Júnior. E com tantos serviços prestados ao jornalismo marrom da revista Veja, ele acabou sendo premiado com a chefia da sucursal de Brasília. Pobre jornalismo político. Aí vem merda, com certeza.

 

A Tarde imita a Folha para sacanear com as obras do PAC

Como a Folha de S. Paulo decidiu sacanear com as obras do PAC, publicando a manchete “Planalto privilegia PT nas obras do PAC em São Paulo”, o jornal A Tarde decidiu também fazer o mesmo na Bahia e produziu a matéria “PAC privilegia prefeituras aliadas”, na edição de sábado, 14, página 18.

Em São Paulo eu não sei, mas na Bahia a matéria deu errado. Até um cego dá para ver que o lead foi pré-fabricado. Excelente jornalista, Flávio Oliveira vai ficar com essa mancha em seu currículo. Fosse qual fosse o partido político do prefeito, as obras teriam que privilegiar Salvador, a região metropolitana de Salvador e as cidades médias da Bahia.

Aliás, o conteúdo da matéria desmente o lead e o título. Parece até que reescreveram o texto do jornalista de tão contraditória que ficou a edição. Lula tem razão. Não dá para ler jornal pela manhã. Aborrece.

LEIA A MATÉRIA DO JORNAL A TARDE :

Verbas do PAC
FLÁVIO OLIVEIRA
foliveira@grupoatarde.com.br

Apesar de o presidente Lula (PT) ter ressaltado em discurso, anteontem, a liberação de recursos para prefeitos de partidos de oposição ao governo federal, a maior fatia de recursos do PAC de Saneamento e da Habitação disponibilizados para a Bahia favorece a prefeitos de partidos aliados (de primeira hora ou adesistas), tanto ao presidente quanto ao governador Jaques Wagner (PT).

Material distribuído pela assessoria do presidente indica que, na parte de saneamento, as cinco maiores beneficiadas com recursos federais foram as prefeituras de: Salvador, R$ 243,6 milhões; Feira de Santana, R$ 76,9 milhões; Vitória da Conquista, R$ 66,7 milhões; Barreiras, 56,9 milhões; e Camaçari, 51,5 milhões. Destes municípios, o único governado por oposicionista a Lula e a Wagner é Feira de Santana, do prefeito José Ronaldo, do PFL.

Feira de Santana é o segundo maior município baiano em termos populacionais. O prefeito de Barreiras, Saulo Pedrosa, é do PSDB e na eleição do ano passado declarou apoio a Paulo Souto. No entanto, os tucanos fazem parte da base governista na Assembléia Legislativa.

Para as obras de urbanização de favelas, Salvador continuou sendo a maior favorecida, e teve liberados R$ 255,4 milhões de recursos federais. Mas a lista dos cinco municípios mais contemplados com verbas mostra três prefeituras de oposição. Pela ordem, após Salvador, aparecem Feira de Santana, R$ 55,8 milhões; Itabuna, R$ 36 milhões; Simões Filho, R$ 33 milhões; e Juazeiro, R$ 29 milhões. Destas, além de Feira de Santana, a oposição administra Juazeiro, Mizael Aguiar, e Itabuna, com Fernando Gomes, ambos do DEM.

A lista de investimentos federais para saneamento básico inclui ainda os seguintes municípios: Cachoeira (R$ 8,4 milhões), Candeias (R$ 33,7 milhões); Cruz das Almas (R$ 28,8 milhões), Itaparica ( R$ 7,1 milhões); Madre de Deus (R$ 5,5 milhões); Maragojipe (R$ 10,7 milhões); milhões); Muritiba (R$ 10,3 milhões); Juazeiro (R$ 28,8 milhões); Santo Amaro (R$ 9 milhões); São Félix (R$ 3,6 milhões); São Francisco do Conde (R$ 10,6 milhões); Simões Filho (R$ 19,8 milhões); e Vera Cruz (R$ 33 milhões).

Para as obras de urbanização de favelas, foram beneficiadas, além de Salvador, Feira de Santana, Juazeiro, Itabuna e Simões Filho; os municípios de Lauro de Freitas (R$ 14,7 milhões); Ilhéus (R$ 15,6 milhões); Vitória da Conquista (R$ 15,9 milhões); e Santo Amaro (R$ 15,2 milhões). No total, as medidas anunciadas anteontem beneficiam 700 mil famílias em 21 municípios da Bahia.

CRITÉRIOS

Segundo explicou a ministra da Casa Civil Dilma Roussef, os recursos liberados pelo governo federal obedeceram a critérios de prioridade como impacto social e cumprimento de regras que possibilitassem a contratação imediata das obras.

No primeiro critério estariam o atendimento à população com alto índice de mortalidade infantil e de baixa renda. No segundo ponto, as pretendidas obras deveriam estar com projeto básico pronto, licença ambiental prévia e regularização fundiária feita, de modo a permitir a realização da licitação específica.

 

Blog do Galinho comenta caso Lamarca. Vale a pena a leitura.

A propósito do caso Lamarca, o Blog do Galinho (http://blogdogalinho.blogspot.com/) publicou há poucos dias um texto que vale a pena reproduzir. Parece um filme de terror que insiste em ganhar novas edições. Para ajudar a confundir a opinião pública, a Folha foi ouvir o tal cabo Anselmo. “Não vou gastar teclado para defender Lamarca e execrar Anselmo. A história já o fez. Lamarca morreu lutando contra o fascismo. Anselmo serviu-se da ditadura para entregar pessoas perseguidas pelos cães da tortura e do assassinato em nome do estado. Um foi perseguido; o outro, perseguidor”.


QUINTA-FEIRA, 5 DE JULHO DE 2007
ANSELMO E LAMARCA
http://blogdogalinho.blogspot.com/

Parece um filme de terror que insiste em ganhar novas edições.

José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, deu hoje entrevista ao Estadão, reinvindicando direitos de aposentadoria, como vítima do golpe militar de 64.

Anselmo, que vive desde fins dos anos 60 com a falsa identidade emitida pelo estado brasileiro, parte do acordo feito entre ele e o delegado Sergio Fleury, era presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Marinha em 1964 e foi cassado pelos militares já no AI-1.

Em pouco tempo passou de desafeto dos militares para ativo colaborador da repressão comandada por Fleury, atuando como espião infiltrado nas organizações de esquerda que optaram por combater a ditadura com armas na mão.

Deve-se a ele grande parte do extermínio de militantes da VPR, ALN e do MR-8, inclusive de sua própria mulher, Soledad Barret Viedma, executada com mais cinco integrantes da VPR na periferia de Recife. Ela estava grávida de sete meses de um filho dele.

Anselmo fala por meio da mesma imprensa que se pôs a serviço do obscurantismo fascista ao mostrar-se indignada com a recente decisão da justiça brasileira de indenizar os herdeiros do capitão Carlos Lamarca, executado com sete tiros no interior da Bahia por uma tropa do Exército liderada pelo hoje general reformado Nilton Cerqueira. Yara Iavelberg, mulher de Lamarca, foi morta num apartamento no bairro da Pituba, em Salvador.

Não vou gastar teclado para defender Lamarca e execrar Anselmo. A história já os fez. Lamarca morreu lutando contra o fascismo. Anselmo serviu-se da ditadura para entregar pessoas perseguidas pelos cães da tortura e do assassinato em nome do estado. Um foi perseguido; o outro, perseguidor.

Nunca é demais lembrar que essa grande (grande?!) imprensa, que a pouco difamou o nome de Lamarca e hoje dá voz ao Cabo Anselmo, é a mesma que apoiou decisivamente o golpe militar de 64. E que hoje trabalha diuturnamente para criar um impasse institucional capaz de pôr fim ao governo Lula, como fez com o presidente João Goulart. Serve-se para esse fim de sabujos como Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, mais escancaradamente, e de Eliane Catanhede e Alexandre Garcia, mais suavemente. Há muitos outros nas redações empenhados no mesmo fim.

Custa acreditar que a imprensa brasileira tenha assumido um papel tão vergonhoso, praticando diariamente a mentira, a omissão e a calúnia como valores centrais de suas edições. Incrível.

 

Família de Lamarca recebe mais de R$ 1 milhão de reparação. É POUCO.

Está na Folha de S. Paulo de hoje (14/07/07). O jornalão chama a atenção para o total que a família do revolucionário capitão Carlos Lamarca, assassinado por militares terroristas no sertão da Bahia, em 1971, vai receber de indenização. Há uma “sutil” intenção de chamar a atenção para o montante de R$ 1 milhão. É pouco. Uma vida não vale apenas R$ 1 milhão.

A ditadura militar ainda vai custar caro ao país. Há mais de 25 mil processos de indenização na fila de espera. Os militares prenderam, seqüestraram, assaltaram, torturaram mataram e desapareceram com muitos corpos de oposicionistas ao regime. Um exemplo trágico é do ex-deputado Rubens Paiva, político pacifista e legalista que jornalistas como Felipe Seligman, da Folha, não vão poder chamar de “terrorista” para agradar os patrões da mídia e os golpistas de pijama.

A Folha de S. Paulo retomou o assunto porque no dia anterior, 13 de julho, o Diário Oficial publicou a portaria da anistia política a Carlos Lamarca e os cálculos do montante que a família de Lamarca deve receber, na verdade, num prazo a perder de vista, aí sim uma injustiça.

Felipe Seligman, em matéria de 20 linhas, erra na data da morte de Carlos Lamarca. Informa equivocamente que foi em 1972. Ele mesmo já publicou, exatamente um mês antes que foi em 1971, na mesma matéria que adota a qualificação de “terrorista” para o revolucionário que combateu a ditadura militar. Linguagem de golpistas e terroristas militares. Na imprensa tem gente que se presta a tudo.

ABAIXO AS DUAS MATÉRIAS DA FOLHA:

FAMÍLIA DE LAMARCA RECEBE MAIS DE R$ 1 MI DE REPARAÇÃO

FELIPE SELIGMAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília - 14/07/2007 -

Publicada ontem no "Diário Oficial", a portaria da anistia política de Carlos Lamarca mostra que, além da pensão mensal equivalente ao salário de um general-de-brigada (R$ 11.444,40), a viúva Maria Pavan Lamarca receberá ainda R$ 902.715,97, referente à diferença entre a data de seu pedido, em 1988, e a do julgamento na Comissão de Anistia, em 2007.

A viúva e seus dois filhos, Cláudia e César, ainda receberão, individualmente, indenização no valor teto de R$ 100 mil, correspondente a 30 salários mínimos por ano de perseguição política.

Antes da decisão da comissão, de promovê-lo a coronel com proventos de general, Maria Lamarca já recebia mensalmente R$ 7.728,50 por decisão da Justiça Federal de São Paulo de 1993, reiterada pelo STJ em 2002.

Segundo a portaria, a indenização incidiu sobre a diferença dos proventos de general e de coronel, que ela já recebia, por "224 meses e 8 dias, totalizando o valor líquido de R$ 902.715,97".

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, afirmou que a pensão e o valor retroativo devem começar a ser pagos a partir do mês que vem pelo Ministério da Defesa. Os cerca de R$ 900 mil serão parcelados a longo prazo: "O Ministério da Justiça já enviou aviso ao da Defesa para que inclua os valores na folha de pagamento". Os outros R$ 300 mil serão pagos pelo Ministério do Planejamento, sem data prevista.

Lamarca deixou o Exército em 1969, quando era capitão, para integrar grupos que combatiam a ditadura. Ele foi morto em 1972, na Bahia.

ABAIXO A MATÉRIA DA FOLHA UM MÊS ANTES:

COMISSÃO DE ANISTIA DECLARA LAMARCA CORONEL DO EXÉRCITO:

FELIPE SELIGMAN
VALDO CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília - 14/06/07

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu ontem a patente de coronel do Exército a Carlos Lamarca, que morreu como capitão. Símbolo da "resistência radical" à ditadura militar, nas palavras do ministro Tarso Genro (Justiça), o guerrilheiro foi morto em 1971 pela repressão.

Com a decisão, Maria Pavan Lamarca, viúva do terrorista, terá direito a uma pensão mensal equivalente à de general, R$ 12.152,61. Na carreira militar, após passar para a reserva com mais de 30 anos de serviço, o militar recebe o salário do posto superior ao seu.

Além da promoção, a comissão reconheceu a condição de perseguidos políticos da viúva de Lamarca e de seus filhos César e Cláudia Lamarca, concedendo aos três uma indenização de R$ 100 mil para cada um, referente aos quase 11 anos em que viveram exilados em Cuba.
O caso de Lamarca foi escolhido para a sessão inaugural dos novos conselheiros da Comissão de Anistia. Tarso disse não acreditar em reação dos militares, que consideram o terrorista um desertor.

"Não acho que haverá reações, a decisão foi unânime, com o voto do representante [Henrique de Almeida Cardoso] do Ministério da Defesa." Na opinião do ministro, foi uma decisão "juridicamente correta e politicamente adequada".

A Justiça Federal de São Paulo já havia concedido pensão à viúva de Carlos Lamarca em 1993 e determinado o pagamento de um valor mensal de R$ 9.963,98, equivalente ao rendimento bruto de um coronel do Exército. O Superior Tribunal de Justiça reafirmou a decisão em 2002, após indeferir recurso da União.

A comissão do Ministério da Justiça decidiu ainda pagar retroativamente a 1988 a diferença entre a pensão decidida pela Justiça e a concedida ontem. A mudança do valor da pensão e as indenizações de R$ 100 mil serão pagas em no máximo 90 dias, de acordo com o presidente da comissão, Paulo Abrão.

Na sessão, a filha Cláudia Lamarca, 44, disse ser um "momento historicamente importante, porque foi reconhecido que houve excessos do Estado".

INDENIZAÇÕES

Os familiares do terrorista receberam o teto de indenização (R$ 100 mil), correspondente a 30 salários mínimos por ano de perseguição política, segundo diz a legislação.

Abrão disse que a viúva e os dois filhos foram considerados perseguidos políticos por haver registros de monitoramento de suas vidas no SNI (Serviço Nacional de Informações).

O julgamento de Lamarca marcou a primeira reunião dos 22 novos conselheiros da comissão. Vinte deles são indicados pelo presidente da comissão e aprovados pelo ministro da Justiça. Os outros dois são indicados pelos anistiados e pelo Ministério da Defesa.

Criada em agosto de 2001, a Comissão de Anistia já analisou 29.079 pedidos de anistia. De acordo com Paulo Abrão, 55% deles foram considerados procedentes, o que representou aos cofres públicos um gasto de R$ 2,3 bilhões nos últimos seis anos.

Em 24 casos, as indenizações de prestação mensal chegaram a R$ 3 milhões, o que gerou críticas. Ontem, Tarso Genro reconheceu que esses valores são polêmicos, mas disse que não há discussão sobre o tema.

O ministro disse ainda que a intenção do governo é dar por encerrado os trabalhos da comissão até 2010. Ainda existem 28.558 processos para serem analisados.

 

Milionários brasileiros têm meio PIB. Imposto neles.

Deu na Folha de S. Paulo. O Brasil “teria” 130 mil milionários. O dinheiro dessa fatia da população, considerados os mais ricos da América Latina, soma uma fortuna estimada em US$ 573 bilhões, ou seja, mais do que a metade do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A informação da Folha de S. Paulo, está baseada em relatório da Polícia Federal e do The Boston Consulting Group (BCG). Para fazer as contas, a BCG teria medido não apenas bens e aplicações no País, mas também o dinheiro que está no exterior.

Mais do que nunca as grandes fortunas precisam ser taxadas. Imposto neles. Mais do que nunca Lula precisa multiplicar os recursos do Bolsa Família.

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