20 de julho de 2007

 

Se avançar no PAC, Lula elege sucessor, prevê Mino Carta em palestra na Bahia

Devo fazer autocrítica em relação ao jornal A Tarde. Registrei dias atrás que Mino Carta fez palestra em Salvador sobre “Mídia e Educação” e nadinha na imprensa local. A palestra foi dia 17, terça-feira. Pensei equivocadamente que não sairia mais. Mas eis que no dia 20, sexta-feira, o jornal publicou a matéria e muito bem focada. Informativa. A Tarde On line também publicou. O título da matéria no jornal impresso é “Se avançar no PAC, Lula elege sucessor, prevê Mino Carta”. Na versão On line é “O amante da revolução impossível”. Nas duas matérias, o repórter afirma que o público era petista. Como compareceram mais de 400 pessoas, é de se concluir que o PT anda muito bem em Salvador.

SEGUE A MATÉRIA DE A TARDE:

O amante da revolução impossível

VITOR PAMPLONA, DO A TARDE ON LINE - 19/07/2007

Não fosse o ninho petista em que pousou na noite da última terça-feira em Salvador, o jornalista Mino Carta, diretor de redação da revista “Carta Capital”, talvez não encontrasse uma audiência tão receptiva a seus pontos de vista.

Convidado de honra de um evento organizado pelo gabinete do deputado estadual Zilton Rocha (PT) no Teatro Vila Velha para debater o papel educador da imprensa no Brasil, Mino foi a estrela de uma mesa coerente com a visão de que o país precisa avançar na democratização dos meios de comunicação.

Seus colegas de tribuna, o diretor geral do Irdeb Póla Ribeiro, o professor da UFRB, Luiz Nova, a professora de Comunicação Social da Uneb Tânia Cordeiro, o diretor da Associação Baiana de Imprensa, Ernesto Marques e a jornalista Bruna Hercog, da ONG Cipó, anotaram: “Jornalista não é educador na acepção da palavra. Ele tem uma contribuição decisiva na construção da sociedade civil, porque forma e informa. Mas não está aí para educar, e sim para informar corretamente”, disse Mino, sem esconder a impressão de que atestava o óbvio.

Sem adversários no campo das idéias, o jornalista, cuja biografia se confunde com a história de alguns dos mais importantes órgãos de imprensa brasileiros, recitou princípios da profissão e tomou o caminho que mais lhe aprouve: passou a condenar as relações impublicáveis entre a “grande imprensa” e o poder no Brasil, pela primeira vez, defende ele, nas mãos de um governante eleito contra a vontade dos grupos econômicos dominantes.

Lula, na versão 2.0 do segundo mandato, é depositário das grandes esperanças de Mino Carta. “2006 foi a derrota da mídia. Por dois anos ele [Lula] foi submetido a uma campanha feroz, mas não adiantou nada. Lula ganhou. Se avançar no PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] e começar a formar logo um candidato, ele ganhará as próximas eleições, seja contra Aécio ou Serra”, previu.

“Acredito nisso piamente, embora tenha objeções contra o governo que se multiplicam. Apesar de tudo, Lula ainda é a melhor opção que pode nos acontecer”. Tamanha convicção vem da análise das circunstâncias que sustentaram ditadores durante o regime militar de 1964, e presidentes eleitos a partir da redemocratização.

Ao comparar os "senhores da mídia" a senhores feudais, que se odeiam, mas, se unem ante qualquer sinal de ameaça a seu poder, Mino expôs a tese que defende a natureza extraordinária de Lula no Planalto. “Os donos do poder sempre tiveram êxito em seus propósitos. Conseguiram [impor seus candidatos] no golpe, no golpe dentro do golpe e durante o regime que matou e prendeu. Depois sustentaram os governos posteriores, e foram decisivos nas eleições de Collor e de FHC, o pior governante que o Brasil teve", disse, para delírio de 99% dos ouvintes.

Uma voz solitária na platéia se rebelou: “Medici! Medici foi pior! Torturador, criminoso!”. O criador de “Carta Capital” contemporizou: “Medici é um horror. Mas não acho que tenha sido pior que Geisel”, disse às gargalhadas, ressaltando que não se referia a “ditadores de plantão”.

REVOLUÇÃO – Os fantasmas do golpe de 1964 continuam a atormentar Mino Carta, persona non grata no regime dos quartéis. Em 1976 teve sua cabeça pedida por Armando Falcão, ministro da Justiça de Geisel, quando à frente da revista “Veja”. Hoje, aos 73 anos, ressoa a certeza de que, sem o golpe, o Brasil formaria uma classe operária com condições de exercer pressões contra os poderosos e lhes arrancar alguns “anéis”.

“Falava-se em marcha da subversão. Espero a marcha da subversão até hoje, mas acho que não a verei passar pelo adiantado da minha idade”, disse, decepcionado com os rumos do país após o fim da ditadura. “Eu pensava que no dia que nascesse o sol da liberdade, faríamos jus àquela luz excepcional. Mas não fizemos. Porque sempre tem um medo. O governo, por exemplo, tem medo da Globo”.

No caminho para a igualdade, sugere uma receita um tanto quanto fora de moda: às armas, cidadãos. “Ou nós fazemos a revolução - uma excelente idéia, aliás - ou nada vai mudar”. Questionado quanto à viabilidade da proposta, reconheceu: “Quando falo em revolução é pelo prazer do paradoxo. Não tenho a ilusão da revolução, estou absolutamente conformado”.

No rastro de críticas à imprensa, exceto à parte dela que lhe cabe, Mino conquistou a definitiva aprovação da platéia quando homenageou o casal de apresentadores do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes. “A classe média paulista é voto de cabresto. Ela bebe o Jornal Nacional, se posta todo dia diante daqueles dois cretinos que estão rindo sempre”. O teatro veio a baixo.

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