12 de novembro de 2010

 

Política de criminalização das drogas tem sido um rotundo fracasso

Esta foi uma das conclusões fundamentais do Seminário Internacional "O uso e usuários do álcool e outras drogas na contemporaneidade", realizado em Salvador, entre os dias 3 e 6 de novembro, promovido pelo Núcleo de Estudos Avançados Sobre Álcool e outras Drogas e pelo Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), vinculado à Universidade Federal da Bahia. Sobre o tema, Emiliano José (PT) escreve na CARTA CAPITAL artigo intitulado “O diabo e as drogas”.

“Numa sociedade como a brasileira, dada a uma impressionante hipocrisia e farisaísmo, não é um tema simples de ser abordado (...) Na sociedade do consumo desenfreado, do gozo sem limites prometido pelo capitalismo, império do valor de troca, para recuperar noção cara ao marxismo, o gozo da droga se adequa como uma luva às leis do mercado. Por tudo isso, a discussão sobre as drogas, sobre essa louca política simplesmente repressiva, precisa ser muito ampliada, e não pode vincular-se a um desespero apocalíptico que muitos querem divulgar, espécie de beco sem saída a que estaríamos condenados, especialmente com a emergência do crack, novo demônio dos nossos tempos”.

Antes, durante décadas, o Império apresentou um demônio ao mundo: o comunismo. Comunista, todos se lembram, comia criancinhas, e agora Serra tentou ressuscitar até a frase pelas palavras de sua mulher. Acabou a guerra fria, e é sempre necessário ter um demônio, mesmo que seja só nas aparências, mesmo que contraditoriamente, seja a partir mesmo do Império que o consumo, o grande negócio das drogas, legais e ilegais, seja tão profundamente estimulado. O diabo necessário agora são as drogas.

LEIA NA ÍNTEGRA EM CARTA CAPITAL

 

Na Rádio Cruzeiro, Emiliano (PT) fala sobre política, metrô e “controle” da mídia

O jornalista e professor Emiliano José (PT-BA), segundo suplente de deputado federal, foi entrevistado no programa Força do Povo, da Rádio Cruzeiro (590 AM), apresentado pelo radialista Moisés Bisesti. Ele falou de temas como as eleições deste ano no Brasil e na Bahia, reformas política e tributária, obras do metrô de Salvador e a polêmica questão do suposto controle da mídia nacional.

Emiliano comentou a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República. “Foi a vitória de um projeto iniciado no governo Lula, que mudou a vida do povo brasileiro como nunca se viu antes. Foram enormes os avanços nas condições sociais e de vida da população. Mas ainda temos imensos desafios pela frente - acabar com a miséria e as desigualdades sociais”.

Reforma política

É importante que se faça uma reforma política para democratizar o processo eleitoral. “Não podemos mais fazer eleições com essas regras. Temos que acabar com financiamento privado de campanha e torná-lo público, para que todos os candidatos tenham chances iguais. Também é importante que seja feita uma reforma tributária, o que não é tão fácil porque deverá mexer com grandes interesses. Mas essas medidas são necessárias para garantir consistência, densidade e ‘higiene’ à política brasileira”.

Vitória na Bahia

A vitória de Jaques Wagner representa a continuação de um novo projeto político, semelhante ao do governo Lula, mas com características voltadas para o Estado. “Esse projeto é diferente daquele que dominou a Bahia durante décadas com um chicote em uma mão e a mala de dinheiro na outra. O povo decidiu acabar de vez com o coronelismo e preferiu continuar com o processo de transformação profunda em andamento no Estado”.

Metrô

“Tenho acompanhado o projeto do metrô há mais de 10 anos e posso dizer com convicção que é um projeto equivocado. Foram erros extraordinários, desde o início do processo de licitação, no qual houve fraude. Como é que pode um metrô de 6 km que custou uma fortuna. O povo de Salvador tem o direito de saber o que está acontecendo. Como a obra não está andando com a Prefeitura, está sendo discutida a possibilidade de transferência da responsabilidade para o Governo do Estado”.

Vida política

Emiliano, que teve mais de 60 mil votos para deputado federal na Bahia e ficou na segunda suplência da coligação, disse que, independente de mandato, continua na vida política. “Continuo militando, escrevendo artigos. Participei pra valer do combate político no 1º e 2ª turnos. A luta política nunca pára.

“Controle” da mídia

A proposta do governo é discutir em profundidade a situação da mídia no Brasil, e não há qualquer atitude de acabar com a liberdade de imprensa. “Temos que discutir questões como a criação de uma nova lei de imprensa, pois somos o único país com assento na ONU sem regulamentação. As concessões públicas também devem ser avaliadas, pois temos um grupo de poucas famílias que controlam a mídia, que monopolizam a informação”. Precisamos de MAIS liberdade de imprensa.

As conferências de comunicação avançaram nessas discussões sobre a democratização da comunicação. “As pequenas empresas têm dificuldade em existir. A mídia é interesse também da sociedade civil, e não só das grandes empresas. Temos que levar a sério essa discussão para avançarmos na democracia. Costumo dizer que a mídia no Brasil é partidarizada, tem lado político, e tem que ser regulamentada, como tudo também deveria ser no país”.

11 de novembro de 2010

 

Elites jurídicas controlam sistema judicial brasileiro

Em estudo sobre o sistema jurídico brasileiro, o cientista político Frederico Normanha Ribeiro de Almeida constata a existência de uma política entre grupos de juristas influentes, dentro do sistema jurídico nacional, no sentido de formar alianças e disputar espaço, cargos e poder dentro da administração do sistema. Segundo Almeida, este é um estudo inovador, pois constata um jogo político “difícil entender em uma área em que as pessoas não são eleitas e, sim, sobem na carreira, a princípio, por mérito”.

Em sua tese de doutorado A nobreza togada: as elites jurídicas e a política da Justiça no Brasil, orientada pela professora Maria Tereza Aina Sadek da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o pesquisador identificou, por meio de entrevistas, análises de currículos e biografias e uma análise documental da Reforma do Judiciário, três tipos de elites políticas dentro do sistema Judicial brasileiro: elites institucionais, profissionais e intelectuais.

As elites institucionais são compostas por juristas que ocupam cargos chave das instituições da administração da justiça estatal, como o Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Estaduais, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Nacional de Justiça( CNJ).

As elites profissionais são caracterizadas por lideranças corporativas dos grupos de profissionais do Direito atuantes na administração da justiça estatal, como a Associação dos Magistrados Brasileiros, OAB e a Confederação Nacional do Ministério Público.

As elites intelectuais são formadas por especialistas em temas relacionados à administração da justiça estatal. Este grupo, apesar de não possuir uma posição formal de poder, possui influência nas discussões sobre a área e em reformas políticas, como no caso dos especialistas em direito público e em direito processual.

No estudo verificou-se que as três elites políticas identificadas possuíam em comum a origem social, as Universidades e as trajetórias profissionais.

– Todos os juristas que formam esses três grupos provém da elite ou da classe média em ascensão e de Faculdades de Direito tradicionais, como o Faculdade de Direito (FD) da USP, a Universidade Federal de Pernambuco e, em segundo plano, as Pontifícias Universidades Católicas (PUC’s) e as Universidades Federais e Estaduais da década de 60.

Em relação às trajetórias profissionais dos juristas que ocupam essa elite, Almeida aponta que a grande maioria desses profissionais já exerceram advocacia, o que revela que “a passagem pela advocacia tende a ser mais relevante do que a magistratura”. Exemplo disso, é que a maior parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que são indicados pelo Presidente da República, serem ou terem exercido advocacia em algum momento de sua carreira.”

O cientista político também aponta que apesar de a carreira de um jurista ser definida com base no mérito, ou seja, via concursos, há um série de elementos que influenciam os resultados desta forma de avaliação. Segundo ele, critérios de avaliação como porte e oratória, favorecem indivíduos provenientes da classe média e da elite sócio-econômica, enquanto a militância estudantil e a presença em nichos de poder são fatores diretamente ligados às relações construídas nas faculdades.

– No caso dos Tribunais Superiores, não há concursos, são exigidos como requisito de seleção ‘notório saber jurídico’, o que, em outras palavras, significa ter cursado as mesmas faculdades tradicionais que as atuais elites políticas do Judiciário cursaram –, afirma o pesquisador.

Por fim, outro fator relevante notado nos levantamentos do estudo foi o que Almeida denominou de “dinastias jurídicas”. Ou seja, famílias que estão presentes por várias gerações no cenário jurídico.

– Notamos que o peso do sobrenome de famílias de juristas é outro fator que conta na escolha de um cargo-chave do STJ, por exemplo. Fatores como estes demonstram a existência de uma disputa política pelo controle da administração do sistema Judiciário brasileiro –, conclui Almeida.

Fonte: Correio do Brasil, com Agência USP – de São Paulo

10 de novembro de 2010

 

Aprovado, Plano Nacional de Cultura segue para sanção presidencial

O Plano Nacional de Cultura (PNC) foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (9) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal e segue agora para sanção do presidente Lula. Após sanção presidencial, o Ministério da Cultura terá 180 dias para definir metas e começar sua implementação.

O projeto de lei Plano Nacional de Cultura (nº 6.835), foi aprovado em 16 de março deste ano pela Câmara Federal. O projeto de lei é da autoria do deputado Gilmar Machado (PT) e o então deputado federal Emiliano José (PT) foi o relator na Câmara dos Deputados. O PL conta com eixos como “Gestão pública e cultura”, “Cultura é direito e cidadania”, “Economia da cultura”, “Patrimônio cultural” e “Comunicação é cultura”.

Emiliano disse que o Plano Nacional de Cultura é extraordinário e que foi uma honra ter sido seu relator. “Pela primeira vez na história teremos a cultura como um direito do povo brasileiro. É um passo muito grande e importante para a cultura e para a política. É mais fácil compreendermos o mundo com as manifestações culturais. Quando ouvimos, por exemplo, as músicas ‘Asa branca’, de Luiz Gonzaga, e ‘Triste partida’, de Patativa do Assaré”.

CULTURA COMO DIREITO
Emiliano ressaltou que é parte do esforço do governo Lula, através do Ministério da Cultura, tratar a cultura como algo fundamental à vida do povo brasileiro. "Ninguém vive sem cultura. E o povo brasileiro é de uma riqueza cultural extraordinária. O que o governo fez até agora foi estimular a criatividade cultural. É isso que o PNC pretende expressar. Pretende garantir esse direito à cultura. Esse é o papel do Governo Lula".

Demandado pela sociedade por meio da I e II Conferência Nacional de Cultura e em esforço conjunto entre o Ministério da Cultura e o Congresso Nacional, o PNC representa um avanço para a Cultura do país ao definir as diretrizes da política cultural pelos próximos 10 anos.

“A aprovação do Plano Nacional de Cultura é uma vitória muito grande, primeiro, porque institucionaliza os avanços obtidos nos últimos anos pelo governo federal na área da cultura e, depois, porque garante a continuidade das políticas culturais no Brasil”, comemorou o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

A relatora do projeto no Senado, senadora Marisa Serrano, afirmou ser necessário ao Legislativo dar continuidade aos projetos em prol da cultura brasileira para que as diretrizes estabelecidas no Plano Nacional sejam eficazes ao marco regulatório do setor: “O PNC servirá como ponto de partida para um conjunto de políticas culturais a serem construídas”.

O que é o Plano Nacional de Cultura?
O Plano Nacional de Cultura (PNC) é o primeiro planejamento de longo prazo do Estado para a área cultural na história do país. Sua elaboração como projeto de lei é obrigatória por determinação da Constituição desde que o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 48, em 2005.

As prioridades e os conceitos trazidos por ele constituem um referencial de compartilhamento de recursos coletivos que norteará as políticas públicas da área num horizonte de dez anos, inclusive com metas.

Seu texto foi aperfeiçoado pela realização de 27 seminários, em cada unidade da federação, resultantes de um acordo entre MinC e Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

Os 13 princípios do PNC

- Liberdade de expressão, criação e fruição
- Diversidade cultural
- Respeito aos direitos humanos
- Direito de todos à arte e à cultura
- Direito à informação, à comunicação e à crítica cultural
- Direito à memória e às tradições
- Responsabilidade socioambiental
- Valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável
- Democratização das instâncias de formulação das políticas culturais
- Responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas culturais
- Colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da economia da cultura
- Participação e controle social na formulação e acompanhamento das políticas culturais

Pelo projeto, o governo federal terá 180 dias para definir metas para atingir esses objetivos, que serão medidas pelo Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), já em implantação no Ministério da Cultura.

 

Missa no Mosteiro de São Bento em memória de Yolanda Pires

Ex-primeira dama da Bahia, ex-vereadora de Salvador, escritora e militante política, a esposa de Waldir Pires, foi lembrada ontem (terça, 9), às 19h, no Mosteiro de São Bento, em missa celebrada pelo Abade dom Emanuel D`Able, por ocasião da passagem dos cinco anos de seu falecimento. Estiveram presentes antigos colaboradores, militantes veteranos, parentes e muitos amigos. A igreja estava cheia.

O jornalista e professor Emiliano José, segundo suplente de deputado federal do PT, amigo de longa data, disse que Yolanda foi uma figura muito forte na vida política da Bahia. “Ela tinha vida política própria e uma vocação muito grande para a luta pelos direitos humanos. Na época da ditadura, se empenhou na luta em defesa dos prisioneiros políticos, dos perseguidos e pela anistia. Foi até o fim da vida uma pessoa que se dedicou de maneira incansável às melhores causas do povo baiano, brasileiro”.

Emiliano destacou que Yolanda Pires foi uma atuante vereadora de Salvador, e que tinha uma vocação democrática profunda. “Tive o privilégio de ver o meu nome indicado como Cidadão de Salvador a partir de iniciativa dela, com a aprovação de toda a bancada do PT. Tive o privilégio de ter uma relação de amizade com ela e de acompanhar a sua trajetória, desde que Waldir Pires chegou à Bahia, em 1979”.

O Abade do Mosteiro de São Bento, dom Emanuel D’Able destacou que a memória de Yolanda é muito forte para todos pelo que ela significou como pessoa humana. “Ela é um modelo de mulher. Tinha diversos dons, entre eles a vocação para escrever. É justo e necessário homenagear quem deu a vida para a sociedade. Temos que manter viva a memória de Yolanda nos nossos corações”.

Em discurso emocionado, Waldir Pires disse que são cinco anos de saudade profunda que não se esgota. “Yolanda, querida, a saudade é imensa, tão grande como foi o seu amor. Pela sua dignidade, sua grande alma, sua vida. Cremos que estais no céu, protegida por Deus, acolhida e orando por todos nós”. Destaque para o Coral do Mosteiro de São Bento.

9 de novembro de 2010

 

Os fascistinhas paulistas são desinformados e burrinhos

Eles disseminam a xenofobia pela Internet. São racistas, escrevem errado, são bastante desinformados, destilam ódio e preconceito e alguns são mesmo burrinhos, pois se expõem a ser processados por incitação pública de prática de crime (“faça um favor, mate um nordestino afogado”). Achincalham o programa Bolsa Família e são separatistas: “São Paulo para os paulistas” é o lema deles. Eles acham que os “nordestinos” são responsáveis pela vitória de Dilma Rousseff, que abominam. A imprensa aos poucos vai revelando nomes e endereços eletrônicos. Mayara Petruso é muitos.

Os fascistinhas não se importam de se contradizerem e demonstram muita desinformação. Carta Capital, aquela da capa com o nordestino negro, com adesivos de Dilma colados no chapéu de vaqueiro, em reportagem de Cynara Menezes, mostra que o argumento de que foram os nordestinos os responsáveis pela vitória petista não se sustenta pelos números: a ex-ministra seria eleita mesmo sem os votos do Nordeste.

Leia o texto da Carta Capital: "Se fossem computados apenas o Sul e o Sudeste, teria (Dilma) 29,7 milhões de votos contra 29,4 milhões de Serra. Na capital paulista, de onde saíram muitas das mensagens ofensivas contra os nordestinos, Serra ganhou apertado, com apenas 466 mil votos de diferença. Perdeu feio em dois estados do Sudeste – Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na terra de Aécio, Dilma abriu vantagem de 17 pontos porcentuais, o que praticamente anulou a dianteira de Serra em São Paulo. No Rio, a petista obteve 4,9 milhões de votos, contra 3,2 milhões de Serra”.

Na verdade, os fascistinhas seguiram o líder. O então candidato Serra deu o tom da campanha: São Paulo contra o resto. Jornalistas e colunistas de jornais – os tais formadores de opinião – deram uma grande colaboração para que o preconceito contra os nordestinos vicejasse. Não foram poucos os que desqualificaram o voto em Dilma como o voto “dos menos conscientes”. O estímulo ao fascismo do conservadorismo paulista foi uma estratégia eleitoral de Serra. Assim, eles não podem se surpreender com o surgimento das Mayaras Petrusos.

8 de novembro de 2010

 

Dilma: a tortura julgada, a anistia sangrada

Autor: Luiz Cláudio Cunha (*)
Fonte: Portal CONVERSA AFIADA


Dilma Rousseff, a primeira mulher eleita presidente, deve encarar um desafio que intimidou os cinco homens que a antecederam no Palácio do Planalto a partir de 1985, quando acabou a ditadura: a tortura e a impunidade aos torturadores do golpe de 1964.

José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC e Lula nunca tiveram a cara e a coragem de botar o dedo na ferida da impunidade, chancelada pela medrosa decisão de abril passado do Supremo Tribunal Federal, que reafirmou o perdão aos militares e policiais que mataram e machucaram presos políticos.

Na quarta-feira passada (4), quando o país ainda vivia a ressaca da vitória no domingo da primeira ex-guerrilheira a chegar ao poder supremo da Nação, o incansável Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) ajuizou ação civil pública pedindo a declaração da responsabilidade civil de quatro militares reformados (três oficiais das Forças Armadas e um da PM paulista) sobre mortes ou desaparecimento forçado de seis pessoas e a tortura de outras 20 detidas em 1970 pela Operação Bandeirante (Oban), o berço de dor e sangue do DOI-CODI, a sigla maldita que marcou o regime e assombrou os brasileiros.

Dilma Vana Rousseff, codinome ‘Estela’, uma das lideranças da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), empresta sua voz e seu drama nessa ação para acusar o capitão do Exército Maurício Lopes Lima, responsável pela pancadaria na futura presidente e em outros 15 militantes políticos. Presa na capital paulista numa tarde de janeiro de 1970, Dilma foi levada para a Oban da rua Tutóia, onde cinco anos depois morreria o jornalista Vladimir Herzog.

Sobreviveu a 22 dias de intensa tortura, como contaria em 2003 num raro desabafo ao repórter Luiz Macklouf Carvalho:

“Levei muita palmatória, me botaram no pau-de-arara, me deram choque, muito choque. Comecei a ter hemorragia, mas eu aguentei. Não disse nem onde morava. Um dia, tive uma hemorragia muito grande, hemorragia mesmo, como menstruação. Tiveram que me levar para o Hospital Central do Exército. Lá encontrei uma menina da ALN (Ação Libertadora Nacional): ‘Pula um pouco no quarto para a hemorragia não parar e você não ter que voltar pra Oban’, me aconselhou ela”.

O relato formal, revelado pelo projeto Brasil Nunca Mais da Arquidiocese de São Paulo, está transcrito nas páginas 30 e 31 do processo 366/70 da Auditoria Militar. Revela-se já nos autos o temperamento forte de Dilma, então com 22 anos, logo após ser transferida para o presídio Tiradentes e ali mesmo ameaçada de um retorno ao inferno: “…na semana passada, dois elementos da equipe chefiada pelo capitão Maurício compareceram ao presídio e ameaçaram a interroganda de novas sevícias…”, denunciou a presa.

Dilma contou na Justiça Militar que perguntou aos emissários da Oban se eles estavam autorizados pelo Poder Judiciário. A resposta do militar resumia o deboche daqueles tempos: “Você vai ver o que é o juiz lá na Oban!…”

TORTURADOR COVARDE
Hoje tenente-coronel reformado, Maurício defendeu-se no jornal O Estado de S.Paulo: “Ela esteve comigo somente um dia e eu não a agredi, em momento algum”. A ação do MPF, subscrita pelo procurador regional Marlon Weichert e outros cinco procuradores, cita dois casos notórios entre os seis mortos: Virgílio Gomes da Silva, codinome ‘Jonas’, o líder do grupo que sequestrou o embaixador americano Burke Elbrick (integrado também por Franklin Martins e Fernando Gabeira), e Frei Tito, o dominicano preso pelo delegado Sérgio Fleury e que, transtornado pela tortura, acabou se enforcando meses depois num convento na França.

“Tortura é crime contra a humanidade, imprescritível, tanto no campo cível como no penal”, dizem os procuradores que subscrevem a ação.

Apenas dois dos nove ministros do STF – Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Brito – concordaram com a ação da OAB, que contestava a anistia aos agentes da repressão.

“Um torturador não comete crime político”, justificou Ayres Brito. “Um torturador é um monstro, um desnaturado, um tarado. Um torturador é aquele que experimenta o mais intenso dos prazeres diante do mais intenso sofrimento alheio perpetrado por ele. É uma espécie de cascavel de ferocidade tal que morde ao som dos próprios chocalhos. Não se pode ter condescendência com o torturador. A humanidade tem o dever de odiar seus ofensores porque o perdão coletivo é falta de memória e de vergonha”.

Apesar da veemência de Ayres Brito, o relator da ação contra a anistia, ministro Eros Grau, ele mesmo um ex-comunista preso e torturado no DOI-CODI paulista, manteve sua posição contrária: “A ação proposta pela OAB fere acordo histórico que permeou a luta por uma anistia ampla, geral e irrestrita”.

Grau deve estar esquecido ou desinformado, algo imperdoável para quem é juiz da Suprema Corte e também sobrevivente da tortura. A anistia de 1979 não é produto de um consenso nacional. É uma lei gestada pela ordem vigente, blindada para proteger seus agentes e desenhada de cima para baixo para ser aprovada, sem contestações ou ameaças, pela confortável maioria parlamentar que o governo do general João Figueiredo tinha no Congresso: 221 votos da ARENA, a legenda da ditadura, contra 186 do MDB, o partido da oposição. Nada podia dar errado, muito menos a anistia controlada.

Amplo e irrestrito, como devia saber o ministro Grau, era o perdão indulgente que o regime autoconcedeu aos agentes dos seus órgãos de segurança. Durante semanas, o núcleo duro do Planalto de Figueiredo lapidou as 18 palavras do parágrafo 1° do Art. 1° da lei que abençoava todos os que cometeram “crimes políticos ou conexos com estes” e que não foram condenados.

Assim, espertamente, decidiu-se que abusos de repressão eram “conexos” e, se um carcereiro do DOI-CODI fosse acusado de torturar um preso, ele poderia replicar que cometera um ato conexo a um crime político. Assim, numa penada só, anistiava-se o torturado e o torturador.

A discussão do texto começou numa comissão mista do Congresso onde a ARENA tinha 13 das 20 cadeiras. Tateava-se com tanto cuidado que a oposição conseguiu que parentes de desaparecidos pudessem requerer do Estado apenas uma “declaração de ausência da pessoa”, já que resgatar o cadáver era algo impensável.

Até que, em 22 de agosto de 1979, numa sessão com nove horas de debate, o Governo Figueiredo aprovou sua anistia, a 48ª da história brasileira. Com a decisão, três dezenas de presos políticos do país encerraram a greve de fome de 32 dias que pedia exatamente uma anistia ampla, geral e irrestrita, apesar da credulidade do ministro Grau.

Com a pressão da ditadura, aprovou-se uma lei que não era ampla (não beneficiava os chamados ‘terroristas’ presos), nem geral (fazia distinção entre os crimes perdoados) e nem irrestrita (não devolvia aos punidos os cargos e patentes perdidos).

Mesmo assim, o regime suou frio: ganhou na Câmara dos Deputados por apenas 206 votos contra 201, graças à deserção de 15 arenistas que se juntaram à oposição para tentar uma anistia mais ampliada. Se o Governo perdesse ali, ainda teria o colchão dócil do Senado, onde o MDB dispunha de apenas 25 senadores contra 41 da ARENA – dos quais 21 eram biônicos, parlamentares sem voto popular, mas absolutamente confiáveis, instalados ali pelo filtro militar do Planalto.

Não passa de mistificação ou simples má-fé, portanto, dizer que a anistia de 1979 é produto de um consenso nacional, placidamente discutido entre o regime e a sociedade. A oposição, na verdade, aceitou os anéis para não perder os dedos, já que até uma anistia controlada era melhor do que nada.

Líderes históricos como Arraes, Brizola e Prestes puderam voltar, mas o governo continuava insistindo na tese do perigo ‘terrorista’.

O fato real é que o único terrorismo que ainda vigorava no país era o do próprio Estado, que se dizia de ‘segurança nacional’. Bancas de jornal, publicações alternativas de oposição e siglas combativas da sociedade, como a OAB e a ABI, eram vítimas de bombas terroristas — e elas, com certeza, não vinham da esquerda.

Um dos mentores do ‘crime conexo’ e signatário da anistia de agosto de 1979 era o chefe do Serviço Nacional de Informações, o finado SNI, general Octávio Aguiar de Medeiros. Menos de dois anos depois, em abril de 1981, um Puma explodiu antes da hora no Riocentro, no Rio de Janeiro. Tinha a bordo dois agentes terroristas do Exército: um sargento que morreu com a bomba no colo e um capitão do DOI-CODI que sobreviveu impune e virou professor do Colégio Militar em Brasília. Um inquérito policial-militar do Exército apurou que o atentado foi planejado pelo coronel Freddie Perdigão. Era o chefe da agência do SNI do general Medeiros no Rio de Janeiro. Nada mais conexo do que isso.

Talvez o ex-preso político Eros Grau, agora ministro aposentado do STF, não soubesse disso, mas o Brasil espera que a ex-presa política Dilma Rousseff, prestes a assumir a presidência da República, tenha plena consciência dessas circunstâncias. Ela tem, por experiência de vida e de sangue, uma biografia que a diferencia bastante de seus antecessores, absolutamente complacentes e omissos nas questões mais candentes dos direitos humanos.

Fernando Henrique Cardoso, descendente de três gerações de generais e respeitado sociólogo de origem marxista, esperou o último dia de seu segundo mandato, em dezembro de 2002, para duplicar vergonhosamente os prazos de sigilo dos documentos oficiais que podem jogar luz sobre a história do país. Lula, um aclamado líder sindical que nasceu do movimento operário mais consciente e mais atingido pelo autoritarismo, sucedeu FHC na presidência, sob a natural expectativa de que iria corrigir aquele ato de lesa-conhecimento de seu antecessor tucano. E o que fez Lula? Nada, absolutamente nada para facilitar e agilizar o acesso à historia contingenciada pelos 21 anos de regime militar.

O sociólogo e o metalúrgico, assim, nivelaram-se na submissa inércia dos últimos 16 anos de governos tementes à eventual reação da caserna e seus generais de pijama.

Uma grossa bobagem, já que nem os militares acreditam mais nesses fantasmas. Tanto que o site oficial do Exército, na internet, lipoaspirou sua própria história, que nasce na resistência ao invasor holandês em Guararapes, no século 17, passa pela Independência e pela República, exalta o Duque de Caxias e Rondon e desemboca nas duas Guerras Mundiais. Sumiu do portal a Intentona Comunista, que reservava o 27 de novembro para a ode de sempre aos mortos da sublevação de 1935, e evaporou-se toda a cantilena sobre 31 de março de 1964, santificada como a ‘Revolução Redentora’ pelos defensores do golpe. Tudo isso é um bom sinal, e um alento para que ninguém mais se acovarde diante dos desafios da história — como fizeram FHC, Lula e o Supremo Tribunal Federal.

Na lente da história, o Exército pode ser visto pelo bem e pelo mal.

Em solo italiano, nos anos 1944-45, a brava Força Expedicionária Brasileira (FEB) lutou pela liberdade na guerra contra o nazi-fascismo, com 25 mil homens que fizeram 20 mil prisioneiros nas tropas do III Reich.

Em solo brasileiro, na ditadura de 1964-85, o Exército e seus companheiros de armas usaram uma força estimada de 24 mil agentes da repressão que, na guerra contra a subversão, prenderam cerca de 50 mil brasileiros, quase 20 mil deles sofrendo algum tipo de tortura. Alguns não tiveram, como Dilma Rousseff, a ventura de sobreviver.

Na campanha antinazista da Itália, tombaram 463 brasileiros, entre pracinhas e oficiais.

Na cruzada antisubversiva do Brasil, caíram 339 dissidentes, entre mortos e desaparecidos, segundo o livro Direito à Memória e à Verdade, divulgado pelo Palácio do Planalto em 2007.

Se a coragem não é suficiente, a ameaça de constrangimento pode ser um alento decisivo para a presidente Dilma Rousseff encarar a questão da tortura, na democracia, com a mesma bravura com que a enfrentou em plena ditadura. Ao contrário do ministro Nelson Jobim, uma figura submissa aos quartéis que inibia qualquer ação mais afirmativa de Lula, Dilma terá ao seu lado o eleito governador gaúcho Tarso Genro, que na condição de ministro da Justiça defendeu abertamente a punição aos torturadores e a revisão da anistia para este tipo de crime, com uma lógica clara como o sol: “No regime militar nenhuma norma, nem o AI-5, permitia a tortura. Este delito não é político, é comum”.

A desastrosa decisão da Suprema Corte brasileira, preservando a anistia para os torturadores, foi qualificada na ONU como “muito ruim”. A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, a sul-africana Navi Pillay, justificou: “Não queremos impunidade e sempre lutaremos contra leis que proíbem investigações e punições”.

O espanhol Fernando Mariño Menendez, jurista do Comitê da ONU, foi mais duro: “Isso é incrível, uma verdadeira afronta. Leis de anistia foram tradicionalmente formuladas por aqueles que cometeram crimes, seja qual for o lado. É um autoperdão que o século 21 não pode mais aceitar”. O equatoriano Luís Gallegos Chiriboga, perito da ONU sobre tortura, lembrou: “Há um consenso entre os órgãos da ONU de que não se deve apoiar ou mesmo proteger leis de anistia. Com a decisão tomada pelo Supremo Tribunal brasileiro, o País está indo na direção contrária à tendência latino-americana de julgar seus torturadores e contra o senso da ONU luta contra a impunidade”.

O STF pode sofrer uma grave humilhação internacional ainda este ano — e isso pode ser o primeiro grande constrangimento externo do Governo Dilma. Começou em maio, em San José da Costa Rica, o processo n° 11.552 de Júlia Gomes Lund contra o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Ela é mãe de Guilherme Lund, que desapareceu aos 26 anos, junto com outras 70 pessoas, no confronto das Forças Armadas contra os guerrilheiros do PCdoB nas matas do Araguaia, no sul do Pará. Em 2008, a Corte da OEA recomendou ao Brasil a punição aos responsáveis pela prisão, tortura e morte no caso Lund. O Brasil não reagiu e, no ano seguinte, foi aberto o processo contra o Estado brasileiro.

A decisão mais provável da Corte, que não comporta apelação, aponta para uma declaração constrangedora para o STF e para o Brasil até dezembro próximo, definindo que a lei da anistia não abriga os crimes de detenção, tortura, assassinato e desaparecimento dos guerrilheiros. Se isso serve para o combate no coração da floresta, pode servir também para os combatentes da guerrilha urbana que foram torturados no centro da maior cidade brasileira.

Como no caso de uma certa ‘Estela’, uma das líderes do grupo guerrilheiro VAR-Palmares. Com paradeiro certo e conhecido, a partir de 1° de janeiro: Presidência da República Federativa do Brasil, Palácio do Planalto, 3º andar, Praça dos Três Poderes, Brasília, DF, CEP 70150-900.

Sua ocupante, Dilma Rousseff, pode abraçar esta causa com a força de sua história e sua determinação. Agora, basta a sangria da memória. E uma hemorragia de verdade.

 

Eleição rejeitou udenismo moralista e potencialmente golpista

É tempo de reflexão sobre o significado das eleições presidenciais. Uma avaliação interessante é a do ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira. “Dois males afinal evitados” é o título de seu artigo publicado na Folha de S. Paulo e bastante reproduzido na blogosfera.

Segundo ele, a eleição presidencial rejeitou o udenismo moralista e potencialmente golpista e também a americanização do debate. Os candidatos não conseguiram desenvolver um debate em torno de programas, mas, os males giraram mesmo em torno do moralismo, uma marca do discurso da UDN, o partido que derrubou Getúlio Vargas em 1954. Não há nada mais antidemocrático do que esse tipo de prática.

Grave é a americanização da política com a contaminação religiosa. De repente, um candidato passa a ser amigo de Deus ou do Diabo, a depender da posição que toma a “favor da vida”. Um retrocesso de séculos. Um retorno à intolerância. Ainda bem que a democracia brasileira resistiu e rejeitou as ameaças, concluiu Bresser-Pereira.

LEIA NA ÍNTEGRA

Dois males afinal evitados

Luiz Carlos Bresser-Pereira

As eleições do último domingo foram livres e democráticas. Foram próprias de uma democracia consolidada, porque o Brasil conta com uma grande classe média de empresários e de profissionais e com uma classe trabalhadora que participa dos ganhos de produtividade.

Porque conta com um sistema constitucional-legal dotado de legitimidade e garantido por um Estado moderno, que é efetivo em garantir a lei e crescentemente eficiente em gerir os serviços sociais e científicos que permitem reduzir a sua desigualdade.

É verdade que os dois principais candidatos não conseguiram desenvolver um debate que oferecesse alternativas programáticas e ideológicas claras aos eleitores. Por isso, a grande maioria dos analistas os criticou. Creio que se equivocaram.

O debate não ocorreu porque a sociedade brasileira é hoje uma sociedade antes coesa do que dividida. Sem dúvida, a fratura entre os ricos e os pobres continua forte, como as pesquisas eleitorais demonstraram. Mas hoje a sociedade brasileira é suficientemente coesa para não permitir que candidatos com programas muito diferentes tenham possibilidades iguais de serem eleitos -o que é uma coisa boa.

Os dois males que de fato rondaram as eleições de 31 de outubro foram os males do udenismo moralista e potencialmente golpista e o da americanização do debate político.

Quando setores da sociedade e militantes partidários afirmaram que a candidata eleita representava uma ameaça para a democracia, para a Constituição e para a moralidade pública, estavam retomando uma prática política que caracterizou a UDN (União Democrática Nacional), o partido político moralista e golpista que derrubou Getulio Vargas em 1954.

Não há nada mais antipolítico ou antidemocrático do que esse tipo de argumento e de prática. As três acusações são gravíssimas; se fossem verdadeiras - e seus proponentes sempre acham que são - justificam o golpe de Estado preventivo. Felizmente a sociedade brasileira teve maturidade e rejeitou esse tipo de argumento.

Quanto ao mal da americanização da política, entendo por isso a mistura de religião com política em um país moderno.

Os Estados Unidos, que no final da Segunda Guerra Mundial eram o exemplo de democracia para todo mundo, experimentaram desde então decadência política e social que teve como uma de suas características a invasão da política por temas de base religiosa como a condenação do aborto.

De repente um candidato passa a ser amigo de Deus ou do diabo, dependendo de ser ele "a favor da vida" ou não. A separação entre a política e a religião - a secularização da política - foi um grande avanço democrático do século 19. Voltarmos a uni-las, um grande atraso, a volta à intolerância.

A sociedade brasileira resistiu bem às duas ameaças. E a democracia saiu incólume e reforçada das eleições.

Em seu discurso após a eleição, Dilma Rousseff reafirmou seu compromisso com os pobres, ao mesmo tempo em que se dispôs a realizar uma política de conciliação, não fazendo distinção entre vitoriosos e vencidos.

Estou seguro que será fiel a esse compromisso, como o foram os últimos presidentes. Nossa democracia o exige e permite.

7 de novembro de 2010

 

Lendas da oposição, compradas pela mídia, facilitaram a vitória de Dilma

À Folha de S. Paulo, o publicitário baiano João Santana, marqueteiro da campanha vitoriosa de Dilma, afirmou que as lendas equivocadas construídas pela oposição (PSDB) e aceitas pela mídia, facilitaram a vitória de Dilma.

No início, construíram quatro lendas eleitorais: que Lula não transferia voto, que Dilma ia ser péssima na TV, que Dilma ia ser um desastre nos debates e que Dilma, a qualquer momento, iria provocar uma gafe irremediável nas entrevistas. Nada disso ocorreu, muito pelo contrário.

Construíram, pelo menos, quatro lendas biográficas: que Dilma tinha um passado obscuro na luta armada, que era uma pessoa de currículo inconsistente, que teve um mau desempenho no governo Lula, e que o fato de ter tido câncer seria fatal para a candidatura. Nada disso se confirmou.

E construíram lendas políticas. As principais eram que Dilma não uniria o PT, não teria jogo de cintura para as negociações políticas e que não saberia dialogar com a base aliada. Outra vez, tudo foi por terra.

Eu acho necessário um humilde alerta: não subestimem Dilma Rousseff. Este alerta vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente.

"Dentro e fora do Brasil já começam a pipocar análises apressadas de que Dilma dificilmente preencherá o grande vazio sentimental e simbólico que será deixado por Lula. E que este será um problema intransponível para ela. Bobagem".

LEIA ENTREVISTA NA ÍNTEGRA AQUI

 

"Não subestimem Dilma", aconselha o marqueteiro vitorioso João Santana

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff, João Santana, declarou que, caso Aécio Neves fosse candidato à Presidência em 2010, Dilma Rousseff também teria vencido. “Aécio poderia ter feito uma campanha mais bonita e mais vibrante do que Serra. Mas, mesmo assim, seria derrotado”, analisa Santana.

Sobre o próximo governo, Santana dá um recado aos políticos: “não subestimem Dilma Rousseff. Este alerta vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente. Dentro e fora do Brasil já começam a pipocar análises apressadas de que Dilma dificilmente preencherá o grande vazio sentimental e simbólico que será deixado por Lula. E que este será um problema intransponível para ela. Bobagem”.

Segundo o marqueteiro, durante a pré-campanha de 2010, houve um erro da oposição ao menosprezar o potencial de crescimento de Dilma e, também, a capacidade de transferência de votos de Lula. “É o período da arrogante, equivocada e elitista teoria do poste”.

Ele considera que os tucanos tiveram uma estratégia equivocada. “Erraram mais eles que insistiram nessa maré hipócrita. Isso, aliás, foi um dos maiores fatores de desgaste e inibição do crescimento de [José] Serra no segundo turno”.

O publicitário acredita que a discussão envolvendo questões religiosas, prejudicou bastante o candidato derrotado. “Como abusou da dose, provocou, no final, rejeição dos setores evangélicos que interpretaram o fato como jogada eleitoral e afastou segmentos do voto independente, principalmente de setores da classe média urbana, que se chocou com o falso moralismo e direitização da campanha de Serra”.

Fonte: Blog da Dilma

 

A revista Carta Capital diz que campanha de Serra estimulou ódio ao nordestino

A manchete de capa da revista Carta Capital é sintomática: “O bode expiatório”. Estimulada por uma campanha raivosa, parte do eleitorado da oposição declara ódio aos nordestinos. A quem interessa dividir o Brasil?

Já o texto do jornalista Maurício Dias, editor da revista, vai direto ao assunto: “Serra vai à guerra”.

O discurso do tucano indica que ele não aceitou o resultado da eleição e anuncia oposição radical a Dilma. Suas palavras quebraram a cordialidade protocolar. Um caso raro em que um perdedor de uma eleição democrática declara guerra ao vencedor. Tão rancoroso que excluiu do discurso seu colega Aécio Neves e seu amigo oculto Paulo Preto.

É. A bolinha de papel deixou seqüelas terríveis no cérebro de José Serra.

 

Quando é que todos aprenderão sobre a grandeza da pessoa humana?

A eleição acabou, a maioria decidiu e o Brasil mostrou a maturidade de suas instituições. Dilma discursou em tom conciliador, responsável e comprometido em caminhar com estabilidade e sem solavancos de qualquer natureza.

Entretanto, esses meses de processo eleitoral devem servir de ensinamentos a todos.

É impressionante como o discurso adotado pelos líderes da oposição, em todas as oportunidades nos debates da TV, nas aparições diárias e na propaganda eleitoral gratuita, fundamentado na desqualificação da pessoa da candidata Dilma, na satanização do PT (Partido dos Trabalhadores) , por tabela, de todas as pessoas que com este se simpatizavam se disseminou por grande parcela da sociedade e desnudou um preconceito de certo modo escondido.

Tudo isso mostrou-se muito claro nas ruas, escolas, ambientes de trabalho e até mesmo no seio das famílias. Sem dúvidas, o ódio, a aversão, a raiva andaram por demais presentes em todo esse penoso processo, o que é muito lamentável nos dias atuais.

Triste é ver o que pessoas conseguem pensar e dizer em espaços na Internet sobre nossos brasileiros, nordestinos, pessoas humanas.

Pode ser exagero, mas tais acontecimentos nos fazem lembrar o episódio mais estarrecedor da história da humanidade, qual seja, a Alemanha do Nazismo. O massacre, a destruição de milhões de pessoas humanas em nome do Estado, com o respaldo da lei e da propaganda oficial que banalizaram a barbárie.

É como se as pessoas achassem tudo aquilo correto e ninguém se indignava. Tudo baseado na propagada diferença de “raça” (entre aspas por se sabe que não existem raças de seres humanos, a raça humana é só uma) e no pensamento abominável de que certa “raça” ou etnia seja melhor do que a outra.

O Brasil não será o país que sonhamos sem todo o Brasil.

O maior patrimônio deste país não são, de modo algum, nossas riquezas, praias, a floresta amazônica, o Pré- Sal. Nosso maior bem é o nosso povo, com sua diversidade, sua criatividade, suas diferenças culturais.

O Brasil é muito do negro e do índio, além de ser também dos europeus que aqui chegaram. Uma nossa grande virtude, a qual serve de exemplo para todo o mundo, é a nossa convivência com base na tolerância, na aceitação e na harmonia das várias religiões, “raças”, culturas e povos.

Não se pode retroceder um milímetro a favor da intolerância e da diferença. A pessoa humana é una. Não se pode aceitar que alguém seja melhor e outro pior com base na cor, “raça”, partido político, etnia, procedência regional, credo, orientação sexual, idade e tudo o mais.

Somente a pessoa humana é um fim em si mesmo, tudo o mais é material, é acessório. O ser humano jamais pode ser instrumentalizado.

É muito bom ver as pessoas, que antes não podiam, comprando seus bens, estudando mais, viajando de avião e tomando assento nos restaurantes juntamente aos demais que já tinham estas oportunidades.

Muito mais há de ser feito. Muito mais em educação, em cultura, em saúde e em oportunidades. Mas não neguemos que as sementes contra a miséria já foram lançadas.

Ao Estado cabe lançar “um fio” de oportunidade a todos os brasileiros e certamente muitos nos surpreenderão e o país será maior.

Aprendamos com nossa Constituição Federal que afirma, em bela passagem, que o Brasil tem quatro objetivos fundamentais, quais sejam:

- construir uma sociedade livre, justa e solidária;

- garantir o desenvolvimento nacional;

- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Por fim, fica a mensagem do mais importante documento do Século XX, fruto da resposta da humanidade às atrocidades da 2ª grande guerra, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que logo em seu artigo 1º diz:

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.


Enviado por Dr. Fabian S. Lemos - Passos (MG)

 

Aécio Neves (PSDB) planta notícia no sense no Estadão

Engraçadíssima a “notícia” plantada por amigos (?) do senador eleito Aécio Neves (PSDB), no Estadão. Engraçadíssima pelo completo no sense. Como é que Aécio Neves poderia ser presidente do Senado da República se faz parte da coligação partidária que perdeu a eleição? Editores de blogs e de jornais da província deveriam desconfiar antes de multiplicar bobagens.

Ridículo não tem tamanho. Inventaram até uma suposta articulação entre PSB e PCdoB para eleger Aécio Neves. Se a intenção era somente ganhar espaço na mídia, sempre disposta a qualquer coisa, deu certo.

Mais engraçada ainda foi a imediata resposta do “candidato”. “Não postulo, não articulo e não serei presidente do Congresso”. Pode? E por que? Pelo óbvio motivo de que ele pertence à minoria que perdeu a eleição.

Obviamente, a presidência do Senado, da Câmara Federal, do Congresso Nacional, qualquer presidência do Poder Legislativo vai ser formada por membros da coligação partidária que ganhou as eleições, e não pela coligação que perdeu. Quer rir mais? Aécio Neves disse que não aceita o comando do Senado porque respeita as forças majoritárias que não podem ser atropeladas. Se não tomar cuidado, Aécio Neves vai virar o palhaço do circo.

Como é que se diz em Mineirês? Pó pará, pó pará.

 

Lula, da Bahia, lança romance Bye bye Babilônia no Palacete das Artes Rodin, quarta-feira (10), às 19h. Imperdível.

Quarta-feira (10) vou ao Palacete das Artes Rodin (Graça). A partir das 19h, Luiz Afonso lança seu romance “Bye Bye Babilônia”, ambientado na Chapada Diamantina. Pela apresentação em seu site, a obra respira Armagedom, um protesto contra a desordem urbana. Há muito tempo Lula adotou a Chapada Diamantina como morada. Seu mundo é Palmeiras, Iraquara, Lençóis, Capão, a magia do Morro do Pai Inácio.

Mas não esquece o mar. Sempre me encontrava com ele na Barraca do Luciano, em Pituaçu, até que o recanto foi derrubado pelos fascistas empoleirados na Prefeitura, no Ministério Público e no Judiciário. Agora, nos encontramos na Varanda do Luciano, um espaço privê para gastronomia e boa conversa.

Lula é um autor premiado. Em 1995, venceu o Prêmio Nacional de Literatura Vasconcelos Maia, da Academia de Letras da Bahia com seu livro de contos “Cavalo de Santo” (Relume Dumará). Mas ele tem outras 19 premiações de comunicação e marketing. É Mestre pela FACOM (UFBa) e fez pós-graduação na França.

Informações sobre o livro, o autor e, sobretudo, fotos maravilhosas de Lula na Chapada estão em seu SITE . Não dá para não ir.

LEIA MAIS

 

José Serra (PSDB) prestou um grande desserviço ao Brasil

De repente, a eleição presidencial de 2010 “descobriu” que o Brasil tem um imenso segmento social de pensamento conservador, com expressiva porção de votos. Claro que os setores progressistas sempre souberam disso. Tanto que o discurso sempre foi a renovação contra os 500 anos de coronelismo e seus costumes arcaicos.

A novidade, porém, é a mobilização desse segmento de pensamento conservador por um candidato historicamente vinculado ao progressismo. O candidato José Serra (PSDB) prestou um desserviço ao Brasil, ao incorporar em sua campanha instituições ultraconservadoras, com o objetivo de conquistar os votos do conservadorismo.

A inflexão à direita de José Serra (PSDB) foi planejada. Ao se dar conta de que, no primeiro turno, a campanha tucana não tinha empolgado o eleitorado, Serra resolver interagir com setores conservadores e começou a crescer em segmentos religiosos, no entorno do agronegócio e até mesmo nos bolsões residuais da extrema-direita militarista, as viúvas do golpe militar de 1964.

O abandono da modernização dos costumes foi evidente. Serra é primo (político) de Fernando Henrique Cardoso. No governo FHC, em 2002, quando José Gregori era secretário dos Direitos Humanos, foi aprovado o Plano Nacional dos Direitos Humanos – 2. No capítulo sobre o aborto este PNDH 2 é idêntico ao PNDH 3, que foi criticado agressivamente na campanha eleitoral pelos partidários de Serra.

Da mesma forma, Serra declarou-se contrário à lei contra a homofobia. Na questão do aborto foi um retrocesso gritante. Lembrem-se que, quando o Papa João Paulo II veio ao Brasil, a primeira-dama, Ruth Cardoso, criou um incômodo diplomático por se declarar a favor da legalização do aborto. Com Serra, a candidata a primeira-dama, Mônica Allende Serra, chegou a dizer que Dilma era a favor de “matar criancinha”.

Serra cedeu ao pensamento conservador ao usar como tema de campanha a questão do aborto, do homossexualismo, ao usar o Evangelho como cartilha eleitoral, ao articular setores reacionários da Igreja Católica e de segmentos evangélicos, e até ao demonizar militantes que combateram a ditadura militar.

De repente, os cidadãos que enfrentaram tortura, prisão, clandestinidade na luta armada contra os militares da ditadura passam a ser “terroristas” porque teriam “pegado em armas”. Sobretudo, ao questionar na prática o conceito republicano de estado laico, retrocedendo alguns séculos.

Não foi somente Serra que perdeu. Todos os setores progressistas perderam. O Brasil moderno perdeu. A modernização dos costumes deveria acompanhar a democracia. A questão do aborto não pode ser vista isoladamente. O pensamento conservador, que só encontrava eco nas páginas da revista Veja, retornou com força eleitoral. Graças a Serra.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?