7 de novembro de 2010

 

José Serra (PSDB) prestou um grande desserviço ao Brasil

De repente, a eleição presidencial de 2010 “descobriu” que o Brasil tem um imenso segmento social de pensamento conservador, com expressiva porção de votos. Claro que os setores progressistas sempre souberam disso. Tanto que o discurso sempre foi a renovação contra os 500 anos de coronelismo e seus costumes arcaicos.

A novidade, porém, é a mobilização desse segmento de pensamento conservador por um candidato historicamente vinculado ao progressismo. O candidato José Serra (PSDB) prestou um desserviço ao Brasil, ao incorporar em sua campanha instituições ultraconservadoras, com o objetivo de conquistar os votos do conservadorismo.

A inflexão à direita de José Serra (PSDB) foi planejada. Ao se dar conta de que, no primeiro turno, a campanha tucana não tinha empolgado o eleitorado, Serra resolver interagir com setores conservadores e começou a crescer em segmentos religiosos, no entorno do agronegócio e até mesmo nos bolsões residuais da extrema-direita militarista, as viúvas do golpe militar de 1964.

O abandono da modernização dos costumes foi evidente. Serra é primo (político) de Fernando Henrique Cardoso. No governo FHC, em 2002, quando José Gregori era secretário dos Direitos Humanos, foi aprovado o Plano Nacional dos Direitos Humanos – 2. No capítulo sobre o aborto este PNDH 2 é idêntico ao PNDH 3, que foi criticado agressivamente na campanha eleitoral pelos partidários de Serra.

Da mesma forma, Serra declarou-se contrário à lei contra a homofobia. Na questão do aborto foi um retrocesso gritante. Lembrem-se que, quando o Papa João Paulo II veio ao Brasil, a primeira-dama, Ruth Cardoso, criou um incômodo diplomático por se declarar a favor da legalização do aborto. Com Serra, a candidata a primeira-dama, Mônica Allende Serra, chegou a dizer que Dilma era a favor de “matar criancinha”.

Serra cedeu ao pensamento conservador ao usar como tema de campanha a questão do aborto, do homossexualismo, ao usar o Evangelho como cartilha eleitoral, ao articular setores reacionários da Igreja Católica e de segmentos evangélicos, e até ao demonizar militantes que combateram a ditadura militar.

De repente, os cidadãos que enfrentaram tortura, prisão, clandestinidade na luta armada contra os militares da ditadura passam a ser “terroristas” porque teriam “pegado em armas”. Sobretudo, ao questionar na prática o conceito republicano de estado laico, retrocedendo alguns séculos.

Não foi somente Serra que perdeu. Todos os setores progressistas perderam. O Brasil moderno perdeu. A modernização dos costumes deveria acompanhar a democracia. A questão do aborto não pode ser vista isoladamente. O pensamento conservador, que só encontrava eco nas páginas da revista Veja, retornou com força eleitoral. Graças a Serra.

Comments:
Tânia Bacelar e o nordeste
Enviado por luisnassif, dom, 07/11/2010 - 08:37
Por Lampiao

Entrevista // Tânia Bacelar no Diário de Pernambuco.

O seu artigo responde à manifestação que ocupou o Twitter na semana passada sugerindo morte aos nordestinos por conta da vitória de Dilma. Como a senhora avalia essa situação?

Acho que esse debate reflete que existe um preconceito realmente e que há uma imagem deformada do Nordeste, principalmente no Sudeste e no Sul. Uma imagem de que o Nordeste é uma região de miséria, que é uma carga, como se não tivesse potencialidades. Isso reflete, primeiro, o desconhecimento da história do país. O Nordeste é o lastro econômico, cultural e político do Brasil. Mas num determinado momento dessa história, os investimentos e a dinâmica se concentraram no Sudeste e o Nordeste perdeu o trem da industrialização lá no século 20.

Entrevista completa em áudio no link :

http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/11/07/politica12_0.asp


Fonte

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/tania-bacelar-e-o-nordeste#comment-265452
 
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