28 de fevereiro de 2009

 

Faltam mulheres na política

Nilmário Miranda, ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, atual presidente da Fundação Perseu Abramo, assina artigo intitulado “Faltam mulheres na política”, originalmente publicado no jornal O Globo (26/02/2009).

A presença de mulheres no poder político está congelada. Trata-se de um déficit na democracia brasileira. E isso só se resolve mudando as regras do jogo. Democracia requer ruptura com privilégios, requer efetiva igualdade. Os debates sobre reformas políticas devem incorporar a participação das mulheres, maioria da população e do eleitorado nos espaços da política e do poder.

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Candidato José Serra (PSDB) corrompe a Editora Abril

Em campanha eleitoral, o candidato à presidência da República pelo PSDB, José Serra, acaba de comprar a Editora Abril e, conseqüentemente, a revista Veja, com um imenso mensalão, no valor de R$ 3.740.000,00 (três milhões, 740 mil reais).

A prova do delito está no Diário Oficial do Poder Executivo de São Paulo, datado de 25 de outubro de 2008. Pelo contrato publicado o governo paulista compra da Empresa Fundação Victor Civita 220 mil assinaturas da revista Nova Escola, com dez edições anuais.

As revistas estão sendo distribuídas gratuitamente para os professores da rede estadual. Victor Civita é o dono da Editora Abril e da revista Veja.

Ou seja, o candidato à presidência da República do PSDB, através de sua Secretaria da Educação, pegou R$ 3,7 milhões e simplesmente DEU para a Editora Abril. Os 220 mil professores já estão recebendo a revista da Abril.

Começou a campanha eleitoral, com dinheiro público.

É o mensalão que comprou a revista Veja.

O fac-simile do edital está no site ONIPRESENTE

 

Jornalistas e intelectuais condenam Folha de S. Paulo

Ao defender a ditadura militar, a Folha de S. Paulo despertou indignação em todo o Brasil. Pipocam em todo o país manifestações de repúdio. A Internet é a mídia.

Do portal “Direto da Redação”, pilotado pelos jornalistas Leila Cordeiro e Eliakim Araújo, recolhi três artigos esclarecedores:

1 - “O papel sujo da Folha de SP” escrito por Urariano Mota lembra os horrores vividos pela jornalista Rose Nogueira nos cárceres da “ditabranda”.

2 - “Resposta à ofensa da Folha”, escrito pelo jornalista Celso Lungaretti, relata a carta de protesto enviada ao jornal diante do falseamento histórico.

3 - “O negacionismo político da Folha de SP” escrito da Suíça pelo jornalista Rui Martins fala da atitude revanchista dos cúmplices da ditadura Militar.

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Folha defende ditadura e dá um tiro no próprio pé

A professora Maria Victória Benevides assina excelente artigo publicado originalmente na revista Carta Capital: “Ditabranda para quem?”. Ao relativizar a violência da ditadura militar a Folha de S. Paulo comete uma grande estupidez. Ao insultar os professores doutores Maria Victória Benevides e Fábio Konder Comparato comete nova estupidez elevada ao quadrado.

O que explica essa inacreditável estupidez da Folha? A professora Benevides ajuda:

”A meu ver, três pontos devem ser levantados:

1. A combativa atuação do advogado Comparato para impedir que os torturadores permaneçam “anistiados” (atenção: o caso será julgado em breve no STF!).
2. O insidioso revisionismo histórico, com certos acadêmicos, políticos e jornalistas, a quem não interessa a campanha pelo “Direito à Memória e à Verdade”.
3. A possível derrota eleitoral do esquema PSDB-DEM, em 2010.
4. (Um quarto ponto fica para “divã de analista”: os termos da nota – não assinada – revelam raiva e rancor, extrapolando a mais elementar ética jornalística.)

O que fazer? Muito. Há a imprensa independente, como esta CartaCapital. Há a internet. Há todo um movimento pela democratização da informação e da comunicação. Há a luta – que sabemos constante – pela justiça, pela verdade, pela república, pela democracia. Onde quer que estejamos”.

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27 de fevereiro de 2009

 

Ato público de protesto contra a Folha de S. Paulo

Por que a Folha não publica as cartas de Ivan Seixas. Leia o que ele escreveu. Ele tinha 16 anos quando foi preso pela “ditabranda”, juntamente com seu pai Joaquim Alencar de Seixas, assassinado pelos militares. Foram barbaramente torturados. Ivan Seixas é testemunha. Ele viu os carros da Folha na porta da OBAN. A famiglia Frias tinha estreita relação com a “ditabranda”. “Vejam como era branda a ditadura apoiada pelos Frias. Ou seja, o jornal da família Frias já sabia que Joaquim estava marcado pra morrer, e “adiantou” a notícia em um dia. Detalhe banal".

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Ato de protesto contra a Folha de S. Paulo

Segue o texto do abaixo-assinado:

REPÚDIO E SOLIDARIEDADE
Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repúdio à arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro último.

Ao denominar "ditabranda" o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país.

Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história política brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo "ditabranda" é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964.

Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta às cartas enviadas à seção "Painel do Leitor" pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato.

Sem razões ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis à atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros.
Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante às insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal.

Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.

Para assinar o protesto AQUI

 

Ato público de protesto contra a Folha de S. Paulo

O ato público de protesto contra a Folha de S. Paulo está sendo programado para o dia 7 de março, às 10h, diante da sede do jornalão, à rua Barão de Limeira, a confirmar.

As adesões não param. Insultada pela Folha de S. Paulo, a professora Maria Victoria Benevides confirma sua presença. Três professores doutores da USP também confirmaram: Francisco de Assis Queiroz, Íris Kantor e Marlene Suano, mas é intensa a mobilização na USP.

Também confirmaram o Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo e a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo.

Altamiro Borges, do site O Vermelho publicou uma chamada em destaque para o ato. O site do jornalista Luiz Carlos Azenha também está divulgando.

A Folha de S. Paulo está se desmoralizando ao defender tão descaradamente a ditadura militar brasileira. Não sei quem é esse editorialista da Folha. E nem quero saber. Mas, não gostei nada da qualificação de “ditabranda” para o regime dos psicopatas de farda. É que ele, certamente, não sabe o que é ficar dependurado num pau-de-arara, nu, e com um fio dando choque no saco.

Todo apoio ao ato de repúdio à Folha de S. Paulo.

LEIA MAIS EM CIDADANIA.COM

 

Protesto contra a Folha de S. Paulo

A ong “Movimento dos Sem-Mídia” está organizando um protesto público contra o jornalão da direita Folha de S. Paulo que, em editorial (17/02), relativizou a violência da ditadura militar brasileira qualificando-a de “ditabranda”. É uma vergonha. O protesto vai ocorrer em frente à sede do jornalão, à rua Barão de Limeira.

De férias, não acompanhei a cagada do editorialista da Folha. A defesa da ditadura militar provocou uma verdadeira enxurrada de e-mails criticando o jornalão da famiglia Frias. O jornalão tem reafirmado sua posição e chegou a classificar a indignação dos respeitáveis professores Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides como “cínica e mentirosa”

Segundo o blog Cidadania.com, entre as adesões ao protesto já constam o Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo, além de professores da USP e da Unicamp.

O blog Bahia de Fato manifesta repúdio ao editorial militarista da Folha de S. Paulo.

Seguem alguns e-mails do Painel do Leitor da Folha:

DITADURA
"Lamentável o uso da palavra "ditabranda" no editorial "Limites a Chávez" (“Opinião”, 17/2) e vergonhosa a Nota da Redação à manifestação do leitor Sérgio Pinheiro Lopes ("Painel do Leitor", ontem). Quer dizer que a violência política e institucional da ditadura brasileira foi em nível "comparativamente baixo'? Que palhaçada é essa? Quanto de violência é admissível? No grande "Julgamento em Nuremberg" (1961), o personagem de Spencer Tracy diz ao juiz nazista que alegava que não sabia que o horror havia atingido o nível que atingira: "Isso aconteceu quando você condenou à morte o primeiro homem que você sabia que era inocente". A “Folha” deveria ter vergonha em relativizar a violência. Será que não é por isso que ela se manifesta de forma cada vez maior nos estádios, nas universidades e nas ruas?"
“MAURICIO CIDADE BROGGIATO” (Rio Grande, RS)

DITADÔMETRO
"Inacreditável. A Redação da “Folha” inventou um ditadômetro, que mede o grau de violência de um período de exceção. Funciona assim: se o redator foi ou teve vítimas envolvidas, será ditadura; se o contrário, será ditabranda. Nos dois casos, todos nós seremos burros."
“LUIZ SERENINI PRADO” (Goiânia, GO)

INFÂMIA
"Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala - que horror!"
“MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES”, professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)

VERGONHA
"O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana."
“FÁBIO KONDER COMPARATO”, professor universitário aposentado e advogado
(São Paulo, SP).

26 de fevereiro de 2009

 

Desemprego em janeiro é o menor dos últimos 10 anos

A taxa de desemprego medida pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos) em seis das principais regiões metropolitanas do país registrou em janeiro o menor índice para o mês desde 1998, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (26).

Então, por que os jornais alardeiam um desemprego maior?

É que na comparação estreita do desemprego do ano passado, ocorreu em janeiro um aumento de 0,4 ponto percentual, um resultado muito comum neste período.

De acordo com a pesquisa, a taxa de desemprego total (aberto mais oculto) em janeiro foi de 13,1% da população economicamente ativa nestas regiões, recuo de mais de um
ponto percentual em relação ao mesmo mês de 2008.

DESEMPREGO RECUA

Na análise por região, o desemprego recuou em quase todas na comparação anual, com exceção de Recife (aumento de 0,5%). Nas demais o recuo foi de 20% em Belo Horizonte; 10% em Porto Alegre; 8,1% em São Paulo; 7,1% no Distrito Federal; e 2% em
Salvador.

O nível de ocupação no conjunto das regiões pesquisadas aumentou 2,6%. Nos últimos doze meses, foram geradas 440 mil novas ocupações, número superior ao de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho (261 mil), o que reduziu o contingente de desempregados em 180 mil pessoas.

Na mesma base de comparação, a ocupação cresceu em praticamente todas as regiões pesquisadas: 4,7% no Distrito Federal; 3,9% em Porto Alegre e Recife; 2,8% em São Paulo; e 1,8% em Belo Horizonte. Apenas em Salvador o nível diminuiu (1,5%).

MAIS POSTOS DE TRABALHO

O número de postos de trabalho no conjunto das regiões pesquisadas aumentou em quase todos os setores de atividade analisados: 295 mil nos Serviços (3,3%); 78 mil no Comércio (2,8%); 43 mil na Indústria (1,6%); e 37 mil na Construção Civil (3,8%). Somente no agregado Outros Setores houve redução de 16 mil postos (0,9%).

Entre dezembro de 2007 e de 2008, o rendimento médio real dos ocupados no conjunto das regiões pesquisadas cresceu 2,9%. Essa variação refletiu aumentos verificados em Belo Horizonte (10,2%), Distrito Federal (7,9%), Salvador (5,7%) e Recife (4,5%). Em São Paulo e em Porto Alegre esse indicador apresentou ligeiras variações (0,4% e - 0,3%, respectivamente).

A massa de rendimentos reais dos ocupados cresceu 6,9%, resultado de aumentos do nível de ocupação e do rendimento médio. A massa salarial elevou-se em 8,5%, principalmente pela expansão do nível de emprego, uma vez que foi bem menor a contribuição do salário médio real.

 

Revista IstoÉ e a morte do jornalismo

No Brasil, o jornalismo morreu. Anestesiados pelos donos da mídia, jornalistas publicam “informações” sem o mínimo de checagem. Prevalece o critério do anti-jornalismo da Rede Globo, aquele método do “testar hipóteses” mesmo que às custas da integridade das pessoas.

Vejam o que acaba de acontecer com a revista Istoé. Em mais uma matéria moralista chamada “os ficha-sujas do Congresso” publicou montagem fotográfica com o rosto do deputado federal Zé Geraldo (PT-PA) quando na verdade queria se referir ao deputado federal Zé Gerardo (PMDB-CE). Essa gente não se importa com a honra alheia. E isso está se repetindo tantas vezes, nos textos e nas fotos, que só pode ter uma explicação, o jornalismo acabou.

LEIA A NOTÍCIA:

Deputado Zé Geraldo (PT-PA) exige retratação de IstoÉ

A assessoria do deputado Zé Geraldo (PT-PA) divulgou nota em que exige da Revista IstoÉ reparação por um erro cometido em sua edição desta semana (número 2.050), na qual publicou incorretamente uma foto do parlamentar em matéria que, na verdade, se referia ao deputado Zé Gerardo, do PMDB do Ceará.

Leia a íntegra:
Nota

Revista IstoÉ erra feio na edição 2.050

Lamentavelmente, a Revista Isto É nº 2050, Ano 32, de 25 de fevereiro, errou na edição da matéria “Os fichas-sujas do Congresso” e publicou uma foto montagem, absurdamente equivocada, na página 39, com o rosto do deputado federal Zé Geraldo, do PT do Pará, no lugar do deputado federal Zé Gerardo, do PMDB do Ceará.

O deputado cearense responde a três ações penais. Zé Gerardo, do Ceará, é acusado de praticar crime contra a gestão pública. A assessoria jurídica do parlamentar paraense já entrou em contato com a direção da Revista Isto É para exigir as devidas e legais retratações públicas na próxima edição.

A fotomontagem foi realizada pela Agência Isto É – Shutteerstpck -Divulgação, que não teve a responsabilidade editorial, profissional e ética de certificar e publicar a verdadeira imagem fotográfica do parlamentar cearense na última edição do semanário em fevereiro. Assessoria de Imprensa do deputado Zé Geraldo).

24 de fevereiro de 2009

 

Adelmo Oliveira no Roteiro da Poesia Brasileira

A coleção Roteiro da Poesia Brasileira, da Global Editora, está entre as melhores obras de documentação de nossa poética. Já foram publicados 12 volumes, desde as raízes nos séculos XVI e XVII, passando pelo arcadismo, romantismo, parnasianismo, pré-modernismo, modernismo até a contemporaneidade.

Depois da poesia dos anos 50, chega agora a vez da poesia brasileira na década de 60.

Da Bahia, foram selecionados seis poetas: Florisvaldo Matos, Miriam Fraga, Antônio Brasileiro, José Carlos Capinam, Ildásio Tavares e Adelmo Oliveira. O crítico literário Pedro Lyra, professor de Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é o responsável pela seleção.

Os apreciadores da boa poesia aguardam com ansiedade o novo volume do Roteiro da Poesia Brasileira.

 

Pelourinho, lamúrias e mudanças

Li o artigo de Ângela Chaves, bacharela de Direito, respeitada professora de inglês, intitulado “Pelourinho, mentiras de Momo”. Achei o texto melancólico. Tipo assim coisa de quem envelheceu com amargura. Devo ter freqüentado o Pelourinho em momentos diferentes da queixosa. A “crônica” dela não bate com o que vi e vivi, todos os dias. Claro que no Carnaval é muito fácil fotografar ruas em momentos de intervalo. Mesmo nos circuitos do Campo Grande e da Barra/Ondina as câmaras flagram tais momentos. Então, não me venham mostrar ruas vazias para “provar” o desânimo do Carnaval.

Fui ao Pelô durante as tardes e vi uma programação adequada para crianças. Quem chega às 19h vê as mães levando seus filhos para casa, através dos becos e vielas do Pelô. Em direção contrária, chegando, vem a turma da noite. Neste momento normalmente há uma troca de atores. Quase que uma paradinha. Pois ainda sim vi e vivenciei coisas incríveis. A Cia de Dança Patuá, com seus maravilhosos dançarinos e dançarinas arrastavam, não digo multidões, porque o Pelô não tem essa característica, mas muita gente vinha atrás. Também segui o “Bola Cheia” com animação total. Vi até performance de “pastorinhas”.

No Carnaval, como no futebol, a unanimidade é impossível. Na segunda-feira, durante a Mudança do Garcia, ouvi de um velho negro morador, sentado em sua cadeira postada na calçada: “É...a Mudança do Garcia está mudando...”. E como mudou a “Mudança do Garcia”. Aquela singela manifestação popular de 30 anos atrás não existe mais. O Garcia transformou-se num verdadeiro circuito alternativo. Estive no bar de D. Zuzu, no final-de-linha. Aquela turma que sai no “Povo Pediu” e no “Paroano sai milho” estava lá e ninguém se queixava de nada.

Não vou perder meu tempo com o suposto “sabido descaso” com que a “atual administração”, segundo Ângela Chaves, trata o Pelourinho. Aquela fórmula do “Cabeça Branca” de queimar dinheiro público com negócios de amigos e familiares, em nome do turismo, era insustentável (para os cofres da viúva). Com certeza um outro caminho teria que ser descoberto.

Continuo achando que Ângela Chaves visitou o Pelô em hora errada. Ela transmite um tom lamuriento. Como disse o velho lá no Garcia “a Mudança está mudando”. Tudo muda. O Pelô também. E não se trata de avaliar se para melhor ou pior. Os tempos mudam. Se antes Caetano e Morais nos embalavam, hoje, outros compositores nos animam. E a Praça Castro Alves não é mais a mesma. E daí? O Encontro dos Trios não acontece mais. Provavelmente, os empresários dos trios escolheram outro local.

Defintivamente, o Pelô que vi e vivi não é o Pelô de Ângela Chaves. Que decadência que nada. É verdade que as bandinhas eram musicalmente pobres. Mas, e daí? Musicalmente pobre é Bel Marques do Chiclete, com aquela chata repetição de jingle do...Chiclete, mas, arrastando multidões de jovens de classe média. Não é mesmo um concurso de música, é apenas Carnaval, muito barulho e diversão.

De fato, a Internet não fornece toda a programação e com a clareza necessária. Mas, não vi ninguém dizendo que não brincou o Carnaval por defeito na comunicação.

Acho que não se pode censurar ninguém. Trios elétricos existem porque uma boa parte da população gosta daquilo. O ritmo afro existe porque boa parte da população adora aquilo. No carnaval vi até grupos de evangélicos dançando e pregando. Não me incomodaram. Também ouvi grupos de rock.

Dou graças a Deus que o tempo do Cabeça Branca tenha passado. Aquela roubalheira descarada. Não posso sentir saudade daquela gente no poder. Nem da farsa que era manter as fachadas do Pelourinho, com nosso dinheiro, para sustentar negócios de amigos da famiglia.

Pela primeira vez, senti no Carnaval da Bahia um peso maior para a cultura afro. Atribuo o avanço ao secretário da Cultura Márcio Meirelles. Não há demagogia alguma. O que vejo é gente da antiga elite incomodada com a mudança.

O Carnaval da Bahia melhorou muito. Saí no Habeas Copus, na Barra e no Pelô, fui ouvir “O Povo Pediu” no bar de D. Zuzu e, como não encontrei informação do “Paroano sai milho”, vesti a camisa de 2008. No Pelô me diverti bastante. Na Barra, constatei mais uma vez a pobreza da axé music e testemunhei o ardor com que a juventude segue o trio. Eles querem é pular e beijar na boca. Bem que a Secretaria da Saúde cumpriu sua obrigação alertando a população. Mas, quem vai censurar quem?

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