10 de abril de 2009

 

A mídia mente sobre a Venezuela

Para marcar a passagem do Dia do Jornalista (7 de abril), em Salvador, o professor doutor Albino Rubim, atualmente presidente do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia, proferiu palestra sobre “Mídia e Poder”, para os jornalistas que trabalham na Assessoria Geral de Comunicação Social – AGECOM, do governo Jaques Wagner.

Eles desmistificou a idéia segundo a qual o jornalismo “faz a cabeça” da sociedade. Na verdade, há muitos outros fatores nesse processo. Mas, a mídia tem poder e atua como ator político. Uma faceta deste poder é o silêncio sobre temas que não interessam aos barões, como o debate sobre a democratização da mídia ou o absurdo que se pratica contra as rádios comunitárias. Apesar de dezenas e centenas de eventos, quase nada se registra na mídia.

Outro poder da mídia é a capacidade de agendar o debate público. De repente, a bobagem dos crimes de sonegação da Daslu, rotineiros no comércio, ganham ares de escândalo nacional e substituem nas manchetes os insistentes abusos no uso de verbas públicas pelo Congresso Nacional.

Um exemplo de deformação midiática é a quase unanimidade da mídia brasileira contra o governo de Hugo Chávez, da Venezuela. O noticiário é uma fraude. Até jornalistas razoavelmente bem informados caem nessa histeria antichavista, exceção para as revistas CartaCapital e Caros Amigos.

Em fevereiro, Hugo Chávez completou 10 anos como presidente da Venezuela, eleito e reeleito pelo voto popular, com arrasadora vitória eleitoral em dezembro de 1998, 58% dos votos. E com aprovação em 1999 do plebiscito, com 70% dos votos., que convocou uma Assembléia Nacional Constituinte. A Nova Constituição ampliou a participação decisória do povo, assegurou maior transparência governamental e preservou a propriedade privada.

Ainda assim, para a mídia brasileira é o “ditador” Chávez que governa a Venezuela.

Muitos dos institutos aprovados pela Nova Constituição assemelham-se bastante com a Constituição Cidadã Brasileira de 1988, como a valorização do Ministério Público, Controladoria-Geral da República e Defensoria do Povo. A Nova Constituição decretou a equivalência eleitoral entre militares e civis, o reconhecimento dos direitos das comunidades indígenas em relação à justiça, cultura, língua e território; a confirmação docontrole estatal sobre as reservas de petróleo, proteção de produtores contra a competição estrangeira predatória; punição da evsão fiscal com prisão, redução da jornada de trabalho de 48 horas para 44 horas, garantia de indenizações aos trabalhadores, garantia de saúde, educação e aposentadoria a toda a população.

A Nova Constituição venezuelana matou o mal pela raiz e extinguiu o Senado, adotando uma Assembléia Nacional Unicameral e uma Câmara Constitucional para interpretar a Constituição Federal. Nisso, está há anos luz à frente do Brasil.

O que a mídia brasileira silencia sobre a Venezuela?

Não fala do programa Barrio Adentro, em que médicos cubanos prestam consultas diárias e ficam de prontidão 24 horas por dia nas regiões mais pobres, beneficiando 18,3 milhões de habitantes.

Não fala do programa Mercal, feiras populares que visam a garantir a segurança alimentar, com mais de 2o produtos da cesta básica a preços subsidiados, criando mais de 16 mil estabelecimentos e beneficiando 16 milhões de pessoas.

Não fala do excelente plano de educação organizado em três frentes: A Misión Robinson, que já alfabetizou 3,5 milhões de pessoas entre 2003 e 2007; a Misión Ribas, que estimula o ingresso no segundo grau, beneficiando 2,2 milhões de estudantes; a Misión Sucre, que criou a Universidade Bolivariana e incorporou 500 mil estudantes ao ensino superior. Sem falar na obtenção do Certificado da Unesco segundo o qual a Venezuela é considerada território livre do analfabetismo.

A mídia brasileira profetiza que a Venezuela vai entrar em crise com a baixa no preço do petróleo. Será?

Nos tempos do petróleo caro, Hugo Chávez preparou a economia da Venezuela. Criou fundos da ordem de US$ 20 bilhões para obras de infraestrutura, comunicações e criação de um banco de desenvolvimento tipo BNDES.

Estatizou empresas de energia elétrica, siderurgia e bancos. Praticou superávits primários de 3,75% do PIB, fortaleceu as reservas em torno de US$ 40 bilhões; reduziu as dívidas externa e interna. Tem, portanto, reservas suficientes para ampliar a base produtiva condições de resistir aos impactos da crise financeira mundial.

A democracia venezuelana é um exemplo para o mundo. Você vê isso na TV?

Comments:
Olá Oldack Miranda,
Sou fundador do PT aqui em Adustina BA, militante e atualmente conduzo um Blog de análise política do fatos no munícipio.Gostraria, no entanto, que voce pudesse acessar http://www.adustinando.blogspot.com/ e me emitisse uma avaliação acerca do conteudo,das abordagens e tecesse uma crítca.
Gostaria ainda que deixasse um outro contato.
atenciosamente,
Salomão
Editor do Adustinando
 
Parabéns Oldack, é sempre útil que se fale da mentirada da grande mídia (ou mídia gorda, como diz Mylton Severiano, da Caros Amigos), especialmente quando a crítica vem de jornalistas. (Li seus comentários, aqui de Curitiba, graças à lembrança de nossa companheira Mônica Bichara e ao milagre da internet). Depois que virei blogueiro, tenho tentado contribuir nesse sentido. Estive na Venezuela de março a maio/2008 e tive oportunidade de acompanhar muitos dos avanços de que vc fala. Digo sempre que lá há um sistema político mais avançado do que o nosso, penso que o nome mais adequado é democracia participativa. Abraços
 
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