4 de agosto de 2007
Se você já vendeu a classe é porque já vendeu a mãe
Deu no site Conversa-Afiada de Paulo Henrique Amorim:
FÚRIA DA MÍDIA:
“VOCÊ NÃO VENDE A CLASSE”
http://conversa-afiada.ig.com.br/
Perguntei ao amigo Mauro Santayana – um dos melhores jornalistas do Brasil – como ele explicava a fúria da mídia conservadora (e golpista) contra o Presidente Lula.
Santayana trabalhou com o Presidente Tancredo Neves e é responsável por alguns dos melhores discursos da carreira de Tancredo.
Santayana disse que Tancredo explicaria assim: “Você vende a mãe, mas não vende a classe. E se vender a classe é porque já vendeu a mãe.”
FÚRIA DA MÍDIA:
“VOCÊ NÃO VENDE A CLASSE”
http://conversa-afiada.ig.com.br/
Perguntei ao amigo Mauro Santayana – um dos melhores jornalistas do Brasil – como ele explicava a fúria da mídia conservadora (e golpista) contra o Presidente Lula.
Santayana trabalhou com o Presidente Tancredo Neves e é responsável por alguns dos melhores discursos da carreira de Tancredo.
Santayana disse que Tancredo explicaria assim: “Você vende a mãe, mas não vende a classe. E se vender a classe é porque já vendeu a mãe.”
3 de agosto de 2007
Outras descobertas na revista Carta Capital
O PFL se recusou a sair do armário
Ao contrário da revista Veja, que é absolutamente previsível no seu reacionarismo militante, a Carta Capital (1º de agosto) não cansa de surpreender. Jornalista descobre é coisa. Leandro Fortes, por exemplo, na matéria “A assunção de malvadeza”, em que desnuda o perfil despótico e corrupto do falecido senador ACM, menciona a recente transmutação do PFL em “democrata”, processo que encerrou uma perversa ironia, inclusive do ponto de vista semântico, mas que acabou por servir para lavar a suja biografia dos pefelistas por uma espécie de decreto.
Onde está surpresa? Eu juro que não sabia: “Antes, os pefelistas pensaram em se autonomear “Partido democrata” com a sigla PD, como nos Estados Unidos. Mas desistiram por um motivo muito caro ao tipo de elite envolvida na discussão. A sigla PD em francês serve para designar pederastas. Voilá.”
***
O Partido da Imprensa (PI) engrossou a oposição
A coluna “Estilo”, da mesma Carta Capital, com o título “Palanque Eletrônico”comenta como o PI – Partido da Imprensa – vem substituindo a oposição política desunida e bestializada. Não é novidade que os mandarins da imprensa levaram um baita top, top, top no último pleito presidencial. Tentaram ser os porta-vozes da sociedade e da opinião pública que preferiram eleger Lula presidente. O PI é antilula.
O fato é que a imprensa virou partido político, pensa e atua como partido político. À política não interessa a verdade, interessa muito mais a versão. A imprensa militante então mente, manipula e dissimula. Basta analisar o Jornal Nacional, cada vez mais um panfleto editorializado do PI. Tragédia da TAM? Lula é o culpado reverberava. Depois vem os marionetes dos jornais.
“No jogo de cena do falso pluralismo, o desastre da TAM abriu espaço até para um psicanalista da revista da Folha, travestido de arauto do PI que conluia “Não foi acidente, foi crime” e clamava pela manchete delirante tipo “Governo assassina mais de 200 pessoas”. Estão todos, jornalistas e apresentadores do Partido da Imprensa precisando de um bom psicanalista. E o Brasil está precisando de uma outra mídia.
***
Ao contrário da revista Veja, que é absolutamente previsível no seu reacionarismo militante, a Carta Capital (1º de agosto) não cansa de surpreender. Jornalista descobre é coisa. Leandro Fortes, por exemplo, na matéria “A assunção de malvadeza”, em que desnuda o perfil despótico e corrupto do falecido senador ACM, menciona a recente transmutação do PFL em “democrata”, processo que encerrou uma perversa ironia, inclusive do ponto de vista semântico, mas que acabou por servir para lavar a suja biografia dos pefelistas por uma espécie de decreto.
Onde está surpresa? Eu juro que não sabia: “Antes, os pefelistas pensaram em se autonomear “Partido democrata” com a sigla PD, como nos Estados Unidos. Mas desistiram por um motivo muito caro ao tipo de elite envolvida na discussão. A sigla PD em francês serve para designar pederastas. Voilá.”
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O Partido da Imprensa (PI) engrossou a oposição
A coluna “Estilo”, da mesma Carta Capital, com o título “Palanque Eletrônico”comenta como o PI – Partido da Imprensa – vem substituindo a oposição política desunida e bestializada. Não é novidade que os mandarins da imprensa levaram um baita top, top, top no último pleito presidencial. Tentaram ser os porta-vozes da sociedade e da opinião pública que preferiram eleger Lula presidente. O PI é antilula.
O fato é que a imprensa virou partido político, pensa e atua como partido político. À política não interessa a verdade, interessa muito mais a versão. A imprensa militante então mente, manipula e dissimula. Basta analisar o Jornal Nacional, cada vez mais um panfleto editorializado do PI. Tragédia da TAM? Lula é o culpado reverberava. Depois vem os marionetes dos jornais.
“No jogo de cena do falso pluralismo, o desastre da TAM abriu espaço até para um psicanalista da revista da Folha, travestido de arauto do PI que conluia “Não foi acidente, foi crime” e clamava pela manchete delirante tipo “Governo assassina mais de 200 pessoas”. Estão todos, jornalistas e apresentadores do Partido da Imprensa precisando de um bom psicanalista. E o Brasil está precisando de uma outra mídia.
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2 de agosto de 2007
CONVERSANDO COM DEUS
Deus foi lembrado e evocado pelo piloto da TAM milésimos de segundo antes da tragédia. O sistema de frenagem falhou, o reverso estava travado, o manete estava fora de lugar, os spoilers não abriram, nada funcionava, a pista molhada, chovendo. Meu Deus, disse o piloto.
Esta noite perdi o sono, me impressionou o imenso pavor que eles demonstraram naqueles segundos. Assisti ontem o relato do conteúdo gravado na caixa-preta pela TV Senado, e notei que o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes, um homem preparado para investigar tragédias aéreas, ficou bastante emocionado.
Eu também fiquei, creio que todos que ouviram se emocionaram. Deus do céu, como foi possível, logo após essa tragédia, que pessoas vis, mesquinhas, tenham usado com desfaçatez esse acidente, essas mortes, de forma política?
Ninguém sabia a causa do acidente, mas bradou-se aos quatro ventos que era culpa do presidente Lula. Chegaram ao extremo de forjar uma passeata de solidariedade às famílias para atacar o presidente Lula. A mídia, como louca, imediatamente deu vários pareceres técnicos sobre o acidente, e condenou o presidente Lula minutos após o ocorrido.
Deus do céu, confesso que fiquei horrorizada, indignada, com tamanha irresponsabilidade, tanta gana pelo poder, demonstrando desprezo pelos mortos, total desrespeito às famílias.
O ódio que essa elite burra e midiática tem do presidente Lula é imenso, não vê limites para tentar retomar o poder que lhe foi negado nas urnas pelo povo brasileiro.
Deus do céu, ilumine os corações e as mentes dessas pessoas tão carregadas de ódio, não permita que a barbárie de seus atos esconda sua condição humana.
Deus do céu, receba e ilumine as almas de seus filhos, pois eles não evocaram o seu nome em vão.
Jussara Seixas
Editora do blog Por um Novo Brasil
(http://por1novobrasil.blogspot.com/)
Esta noite perdi o sono, me impressionou o imenso pavor que eles demonstraram naqueles segundos. Assisti ontem o relato do conteúdo gravado na caixa-preta pela TV Senado, e notei que o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes, um homem preparado para investigar tragédias aéreas, ficou bastante emocionado.
Eu também fiquei, creio que todos que ouviram se emocionaram. Deus do céu, como foi possível, logo após essa tragédia, que pessoas vis, mesquinhas, tenham usado com desfaçatez esse acidente, essas mortes, de forma política?
Ninguém sabia a causa do acidente, mas bradou-se aos quatro ventos que era culpa do presidente Lula. Chegaram ao extremo de forjar uma passeata de solidariedade às famílias para atacar o presidente Lula. A mídia, como louca, imediatamente deu vários pareceres técnicos sobre o acidente, e condenou o presidente Lula minutos após o ocorrido.
Deus do céu, confesso que fiquei horrorizada, indignada, com tamanha irresponsabilidade, tanta gana pelo poder, demonstrando desprezo pelos mortos, total desrespeito às famílias.
O ódio que essa elite burra e midiática tem do presidente Lula é imenso, não vê limites para tentar retomar o poder que lhe foi negado nas urnas pelo povo brasileiro.
Deus do céu, ilumine os corações e as mentes dessas pessoas tão carregadas de ódio, não permita que a barbárie de seus atos esconda sua condição humana.
Deus do céu, receba e ilumine as almas de seus filhos, pois eles não evocaram o seu nome em vão.
Jussara Seixas
Editora do blog Por um Novo Brasil
(http://por1novobrasil.blogspot.com/)
O ministro Jobim começou mal
Nelson Jobim quis ser muito esperto e começou mal no Ministério da Defesa. Foi um vexame a forma depreciativa como se referiu a Waldir Pires. Nelson Jobim chegou ao governo como o valentão das coxilhas, falando grosso. Como grande parte da classe média tem, como assinalava Mussolini, a vocação para o masoquismo, e como esta parcela “del medio pello”, está presente nos meios de comunicação, é provável que ele seja saudado como o “condottiere” necessário ao país. É bom que o ministro Jobim abaixe o tom de voz - se quer servir ao presidente e à república. O conselho foi dado pelo jornalista Mauro Santayana, em artigo publicado no Jornal do Brasil.
LEIA A ÍNTEGRA DO ARTIGO DE SANTAYANA:
Autoridade e autoritarismo
Fonte: Coluna Coisas da Política, Jornal do Brasil, pág. 02, dia 29/07/2007.
Por: Mauro Santayana.
CONVIRIA AO MINISTRO Nelson Jobim, homem a quem alguns creditam excelso saber, distinguir entre autoridade e autoritarismo. Ele começou mal, ao dirigir-se, de forma depreciativa, a um homem de biografia conhecida. Contra Waldir Pires não se pode imputar nada de duvidoso, e menos ainda o desrespeito à legitimidade constitucional.
Na defesa da Constituição de 1946, provavelmente a melhor da República, Waldir conheceu a perseguição e o exílio. Em Montevidéu, durante grande parte do eclipse ditatorial, sua palavra, moderada e serena, serviu para manter, entre os que ali se encontravam, a esperança de retorno a um país livre.
Em 7 Setembro de 1964, os exilados comemoraram o aniversário da independência nacional em praça pública, e o orador escolhido foi Waldir, que não havia chegado aos 40 anos.
Homem de conciliação entre as duas correntes - a liderada por Brizola e a que ouvia mais João Goulart - Waldir continha os arroubos de seu amigo Darcy Ribeiro, mas sempre se manteve na resistência democrática, com coragem e disposição para a resistência. Um desses homens de palavra mansa, que sabem surpreender nas horas decisivas,
Waldir soube avaliar o perigo que representava a candidatura de Collor, construída pela eficiência da propaganda e os fartos recursos dos neoliberais. Candidato a Vice-Presidência, com Ulysses, Waldir seguiu o que indicava o bom senso do centro democrático e trabalhou para que houvesse a confluência em favor da candidatura de Mário Covas. Waldir se empenhou nesse sentido, mas o açodamento dos tucanos fez erodir o projeto.
Antes disso, no Ministério da Previdência Social, para o qual fora escolhido por Tancredo, confrontou-se com os banqueiros, atuou firmemente contra os sonegadores e acabou com o rombo do sistema, tornando-o superavitário.
Homem de conciliação, Waldir continha os arroubos de Darcy Ribeiro
Na Controladoria-Geral da União, sua mão firme se fez pesada contra os ladrões do Erário.
Sem bravatas, trabalhando até horas avançadas da noite, contribuiu para o mais importante êxito do atual governo: o da ação tenaz e persistente contra os peculatários. Quase todas as investigações conduzidas pela Polícia Federal, nos últimos anos, iniciaram-se a partir de indícios levantados pela equipe que ele chefiava.
Ao assumir o Ministério da Defesa, Waldir descobriu, repentinamente, que dispunha de amplo e belo gabinete, mas de nenhum poder. Serenamente, como é de seu estilo, procurou com o presidente o apoio orçamentário e a definição de sua autoridade, e nada obteve. Não se pode culpar o ex-ministro pelas dificuldades da pasta.
Waldir não poderia suprir, no grito, a autoridade institucional que lhe era negada pela própria debilidade da lei que criarão departamento de governo. É a este homem que o novo ministro encaminha seus doestos diagonais. Os insultos mascarados não atingem o brio de quem se queria ofender, e retornam ao seu autor.
O senhor Jobim chega ao governo como o valentão das coxilhas, falando grosso. Como grande parte da classe média tem, como assinalava Mussolini, a vocação para o masoquismo, e como esta parcela del medio pello, está presente nos meios de comunicação, é provável que ele seja saudado como o condottiere necessário ao país.
Mas as Forças Armadas, nos últimos 40 anos (e este foi um saldo positivo do período), deixaram de ostentar sobrenomes ilustres, que se vinham repetindo desde Caxias. As Forças Armadas se constituem de gente de povo, cujos interesses se confundem, hoje, com os dos trabalhadores, e não com os da classe média alienada.
É bom que o ministro Jobim abaixe o tom de voz - se quer servir ao presidente e à república.
LEIA A ÍNTEGRA DO ARTIGO DE SANTAYANA:
Autoridade e autoritarismo
Fonte: Coluna Coisas da Política, Jornal do Brasil, pág. 02, dia 29/07/2007.
Por: Mauro Santayana.
CONVIRIA AO MINISTRO Nelson Jobim, homem a quem alguns creditam excelso saber, distinguir entre autoridade e autoritarismo. Ele começou mal, ao dirigir-se, de forma depreciativa, a um homem de biografia conhecida. Contra Waldir Pires não se pode imputar nada de duvidoso, e menos ainda o desrespeito à legitimidade constitucional.
Na defesa da Constituição de 1946, provavelmente a melhor da República, Waldir conheceu a perseguição e o exílio. Em Montevidéu, durante grande parte do eclipse ditatorial, sua palavra, moderada e serena, serviu para manter, entre os que ali se encontravam, a esperança de retorno a um país livre.
Em 7 Setembro de 1964, os exilados comemoraram o aniversário da independência nacional em praça pública, e o orador escolhido foi Waldir, que não havia chegado aos 40 anos.
Homem de conciliação entre as duas correntes - a liderada por Brizola e a que ouvia mais João Goulart - Waldir continha os arroubos de seu amigo Darcy Ribeiro, mas sempre se manteve na resistência democrática, com coragem e disposição para a resistência. Um desses homens de palavra mansa, que sabem surpreender nas horas decisivas,
Waldir soube avaliar o perigo que representava a candidatura de Collor, construída pela eficiência da propaganda e os fartos recursos dos neoliberais. Candidato a Vice-Presidência, com Ulysses, Waldir seguiu o que indicava o bom senso do centro democrático e trabalhou para que houvesse a confluência em favor da candidatura de Mário Covas. Waldir se empenhou nesse sentido, mas o açodamento dos tucanos fez erodir o projeto.
Antes disso, no Ministério da Previdência Social, para o qual fora escolhido por Tancredo, confrontou-se com os banqueiros, atuou firmemente contra os sonegadores e acabou com o rombo do sistema, tornando-o superavitário.
Homem de conciliação, Waldir continha os arroubos de Darcy Ribeiro
Na Controladoria-Geral da União, sua mão firme se fez pesada contra os ladrões do Erário.
Sem bravatas, trabalhando até horas avançadas da noite, contribuiu para o mais importante êxito do atual governo: o da ação tenaz e persistente contra os peculatários. Quase todas as investigações conduzidas pela Polícia Federal, nos últimos anos, iniciaram-se a partir de indícios levantados pela equipe que ele chefiava.
Ao assumir o Ministério da Defesa, Waldir descobriu, repentinamente, que dispunha de amplo e belo gabinete, mas de nenhum poder. Serenamente, como é de seu estilo, procurou com o presidente o apoio orçamentário e a definição de sua autoridade, e nada obteve. Não se pode culpar o ex-ministro pelas dificuldades da pasta.
Waldir não poderia suprir, no grito, a autoridade institucional que lhe era negada pela própria debilidade da lei que criarão departamento de governo. É a este homem que o novo ministro encaminha seus doestos diagonais. Os insultos mascarados não atingem o brio de quem se queria ofender, e retornam ao seu autor.
O senhor Jobim chega ao governo como o valentão das coxilhas, falando grosso. Como grande parte da classe média tem, como assinalava Mussolini, a vocação para o masoquismo, e como esta parcela del medio pello, está presente nos meios de comunicação, é provável que ele seja saudado como o condottiere necessário ao país.
Mas as Forças Armadas, nos últimos 40 anos (e este foi um saldo positivo do período), deixaram de ostentar sobrenomes ilustres, que se vinham repetindo desde Caxias. As Forças Armadas se constituem de gente de povo, cujos interesses se confundem, hoje, com os dos trabalhadores, e não com os da classe média alienada.
É bom que o ministro Jobim abaixe o tom de voz - se quer servir ao presidente e à república.
Movimento "Cansei" é criação da elite rica, branca e sulista
Leia abaixo texto publicado pelo jornalista Fernando Canzian na sessão Pensata (30/07/2007), do Uol, sobre o movimento "Cansei", criado por empresários e outros reacionários paulistas com apoio de alguns meios de comunicação:
OS NEOCANSADOS
Como bem observou o ex-governador paulista Claudio Lembo (DEM), deve ter soprado de Campos de Jordão, meca fria da breguice endinheirada de São Paulo, os novos ventos da campanha "Cansei", capitaneada pela camada superior da "elite branca" sulista.
Empresários e mauricinhos paulistas acostumados a restaurantes na rua Amauri e Vila Nova Conceição, com suas adegas climatizadas, contas surreais e garçons servis, finalmente se dizem cansados da "impunidade", do "descaso", das "balas perdidas".
O movimento é capitaneado pelo Comitê de Jovens Executivos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo "sr. Riquinho", o empresário João Dória Jr.
Nos últimos dias, Dória recebeu em Campos do Jordão várias eminências tucanas, entre elas Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador José Serra. "Não somos oposição. Somos pelo resgate da solidariedade. O movimento está ultrapassando fronteiras e se expandindo por toda a sociedade", disse Dória sobre o "Cansei".
De fato, nas periferias paulistanas e nos morros do Rio, não se fala de outra coisa. Tá todo mundo cansado.
Segundo noticiou o Painel, da Folha, devido à grande concentração de paulistanos endinheirados em suas fileiras, o "Cansei" já ganhou o apelido de "Movimento Oscar Freire", em referência à rua paulistana que reúne as lojas mais caras, os menores cachorros e a maior quantidade de homens com gel no cabelo na cidade.
É difícil avaliar do que essa gente está falando. Afinal, no dia a dia o Brasil não está muito diferente, nem muito melhor, ou pior, do que nos anos FHC, quando o ex-presidente se orgulhava do fato de sua empregada poder passar férias fora do Brasil.
O juro das aplicações continua gordo, o capitalismo capenga, o que permite margens gordas, e a Oscar Freire e Campos do Jordão caras o suficiente para que esse pessoal possa se sentir ainda mais rico.
É bem capaz que o "Cansei" também acabe atraindo boa parte da classe média "quero-ser-emergente" do carrão à prestação. Antes de reclamar, porém, os neocansados talvez devessem se perguntar o que têm feito para além da redoma blindada do mundo em que vivem.
Alguém já disse que a melhor maneira de se avaliar uma classe dominante é dar uma boa olhada em sua periferia, na situação de quem a serve a troco de salários e trabalho.
Para isso, não é preciso sequer sair de Campos do Jordão.
OS NEOCANSADOS
Como bem observou o ex-governador paulista Claudio Lembo (DEM), deve ter soprado de Campos de Jordão, meca fria da breguice endinheirada de São Paulo, os novos ventos da campanha "Cansei", capitaneada pela camada superior da "elite branca" sulista.
Empresários e mauricinhos paulistas acostumados a restaurantes na rua Amauri e Vila Nova Conceição, com suas adegas climatizadas, contas surreais e garçons servis, finalmente se dizem cansados da "impunidade", do "descaso", das "balas perdidas".
O movimento é capitaneado pelo Comitê de Jovens Executivos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo "sr. Riquinho", o empresário João Dória Jr.
Nos últimos dias, Dória recebeu em Campos do Jordão várias eminências tucanas, entre elas Geraldo Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador José Serra. "Não somos oposição. Somos pelo resgate da solidariedade. O movimento está ultrapassando fronteiras e se expandindo por toda a sociedade", disse Dória sobre o "Cansei".
De fato, nas periferias paulistanas e nos morros do Rio, não se fala de outra coisa. Tá todo mundo cansado.
Segundo noticiou o Painel, da Folha, devido à grande concentração de paulistanos endinheirados em suas fileiras, o "Cansei" já ganhou o apelido de "Movimento Oscar Freire", em referência à rua paulistana que reúne as lojas mais caras, os menores cachorros e a maior quantidade de homens com gel no cabelo na cidade.
É difícil avaliar do que essa gente está falando. Afinal, no dia a dia o Brasil não está muito diferente, nem muito melhor, ou pior, do que nos anos FHC, quando o ex-presidente se orgulhava do fato de sua empregada poder passar férias fora do Brasil.
O juro das aplicações continua gordo, o capitalismo capenga, o que permite margens gordas, e a Oscar Freire e Campos do Jordão caras o suficiente para que esse pessoal possa se sentir ainda mais rico.
É bem capaz que o "Cansei" também acabe atraindo boa parte da classe média "quero-ser-emergente" do carrão à prestação. Antes de reclamar, porém, os neocansados talvez devessem se perguntar o que têm feito para além da redoma blindada do mundo em que vivem.
Alguém já disse que a melhor maneira de se avaliar uma classe dominante é dar uma boa olhada em sua periferia, na situação de quem a serve a troco de salários e trabalho.
Para isso, não é preciso sequer sair de Campos do Jordão.
1 de agosto de 2007
Notícia da Rede Globo sobre aeroporto de Ilhéus prova falência da mídia
Pior para a mídia que já não leva fé junto à população.
Primeiro, a Rede Globo tentou irresponsavelmente culpar o presidente Lula pelo acidente da TAM. O golpe furou quando a caixa-preta provou que foi um trágico erro do piloto.
Agora, com a matéria sensacionalista do Fantástico, domingo, 29, afirmando que o Aeroporto Jorge Amado seria o segundo mais perigoso do Brasil, a Rede Globo acabou de se desmoralizar.
O Aeroporto Jorge Amado funciona como campo de aviação há 69 anos, e como aeroporto moderno há 40 anos. Nunca houve uma ocorrência sequer de qualquer tipo de acidente. Pelo contrário, já serviu de pouso de emergência para grandes aeronaves em pane.
A matéria da Rede Globo não bate com a realidade.
NOTA CONTRA A TV GLOBO
Continua repercutindo a nota emitida por 37 entidades da Costa do Cacau contra a matéria em que um "piloto" anônimo aparece afirmando que o aeroporto Jorge Amado é o segundo mais perigoso do país.
A nota pública contesta a informação fajuta. A pista do Aeroporto Jorge Amado (1.577 metros) é 250 metros maior que a do Aeroporto Santos Dumont, do Rio de Janeiro (1.323 metros), que recebe tráfego internacional.
Não é apenas um equívoco da Rede Globo. Há muita má fé, que vem se repetindo na rotina da Rede Globo e da mídia brasileira.
As críticas são extensivas à TV Santa Cruz, que caiu no efeito-manada, repetindo a matéria no jornal local.
NOTA DA INFRAERO
Sem dúvida, este episódio sórdido deve servir de exemplo para a mídia da Bahia.
O aeroporto de Ilhéus sempre foi considerado seguro, por apresentar aspectos favoráveis de altitude, temperatura, velocidade e direção dos ventos, que permitem decolagens, pousos e frenagens em boas condições.
A Rede Globo mente. O fantástico é realmente fantástico. Em 2006 o Aeroporto Jorge Amado recebeu 301.000 passageiros e tem capacidade para receber 600.000. A reportagem é tão safada que o piloto que “denuncia” fala no anonimato. É mais uma farsa da Rede Globo.
Da mesma forma que a Rede Globo queria prejudicar o presidente Lula culpando-o irresponsavelmente pela tragédia da TAM em Congonhas, a molecada da Globo quer prejudicar a Costa do Cacau. Só pode ter muito dinheiro envolvido nesta trapaça midiática.
Se fosse a revista Veja diria que tem uma célula do PT organizando um atentado. A Folha diria que o ministro da Defesa é o culpado. O Jornal do Brasil iria fotografar um buraco na pista. O Estadão descobriria influências comunistas na manutenção do aeroporto.
A mídia está falida. Ninguém acredita em TV e jornal. Lula-lá.
Primeiro, a Rede Globo tentou irresponsavelmente culpar o presidente Lula pelo acidente da TAM. O golpe furou quando a caixa-preta provou que foi um trágico erro do piloto.
Agora, com a matéria sensacionalista do Fantástico, domingo, 29, afirmando que o Aeroporto Jorge Amado seria o segundo mais perigoso do Brasil, a Rede Globo acabou de se desmoralizar.
O Aeroporto Jorge Amado funciona como campo de aviação há 69 anos, e como aeroporto moderno há 40 anos. Nunca houve uma ocorrência sequer de qualquer tipo de acidente. Pelo contrário, já serviu de pouso de emergência para grandes aeronaves em pane.
A matéria da Rede Globo não bate com a realidade.
NOTA CONTRA A TV GLOBO
Continua repercutindo a nota emitida por 37 entidades da Costa do Cacau contra a matéria em que um "piloto" anônimo aparece afirmando que o aeroporto Jorge Amado é o segundo mais perigoso do país.
A nota pública contesta a informação fajuta. A pista do Aeroporto Jorge Amado (1.577 metros) é 250 metros maior que a do Aeroporto Santos Dumont, do Rio de Janeiro (1.323 metros), que recebe tráfego internacional.
Não é apenas um equívoco da Rede Globo. Há muita má fé, que vem se repetindo na rotina da Rede Globo e da mídia brasileira.
As críticas são extensivas à TV Santa Cruz, que caiu no efeito-manada, repetindo a matéria no jornal local.
NOTA DA INFRAERO
Sem dúvida, este episódio sórdido deve servir de exemplo para a mídia da Bahia.
O aeroporto de Ilhéus sempre foi considerado seguro, por apresentar aspectos favoráveis de altitude, temperatura, velocidade e direção dos ventos, que permitem decolagens, pousos e frenagens em boas condições.
A Rede Globo mente. O fantástico é realmente fantástico. Em 2006 o Aeroporto Jorge Amado recebeu 301.000 passageiros e tem capacidade para receber 600.000. A reportagem é tão safada que o piloto que “denuncia” fala no anonimato. É mais uma farsa da Rede Globo.
Da mesma forma que a Rede Globo queria prejudicar o presidente Lula culpando-o irresponsavelmente pela tragédia da TAM em Congonhas, a molecada da Globo quer prejudicar a Costa do Cacau. Só pode ter muito dinheiro envolvido nesta trapaça midiática.
Se fosse a revista Veja diria que tem uma célula do PT organizando um atentado. A Folha diria que o ministro da Defesa é o culpado. O Jornal do Brasil iria fotografar um buraco na pista. O Estadão descobriria influências comunistas na manutenção do aeroporto.
A mídia está falida. Ninguém acredita em TV e jornal. Lula-lá.
Descanse em paz, Bahia!
Por Duarte Pacheco Pereira.
Fonte: Site Revista Caros Amigos - 299ª edição (25 de julho de 2007)
Incluo-me entre os baianos e brasileiros em geral que, conhecendo o papel antidemocrático e truculento desempenhado pelo político e empresário Antônio Carlos Magalhães na Bahia e no plano nacional, antes, durante e depois do golpe militar de 1964, não lamentam sua morte.
Quanto mais rápido o país se desvencilhar de políticos como ele, mais fortalecidas ficarão as liberdades democráticas de seu povo, arduamente reconquistadas em 1984.
Nas várias vezes em que ocupou a prefeitura de Salvador e o governo da Bahia, nomeado ou eleito, Antônio Carlos Magalhães realizou uma administração paradigmática dos tempos do regime ditatorial tecnocrático-militar.
Favoreceu os interesses do capital nacional ou estrangeiro em detrimento dos interesses dos trabalhadores, sufocados por elevadas taxas de desemprego e subemprego e por deprimidos salários.
Estimulou a modernização de alguns setores da agricultura, mas também a concentração da propriedade territorial; ergueu obras vistosas nos centros urbanos, principalmente de Salvador, relegando as periferias ao abandono e os serviços públicos de saúde, educação e transporte coletivo à degradação.
Cortejou alguns setores de intelectuais e artistas, mas cerceou, quanto pôde, a participação popular crítica e independente na vida política; e, posando de generoso e benfeitor, não hesitou em cometer as arbitrariedades mais mesquinhas contra seus adversários.
O denominado “carlismo” é uma criação típica da atmosfera rarefeita da época ditatorial, preservado, entre outros fatores, pelo apoio da Rede Globo. É um estilo de dominação oligárquica e um tipo de cultura política nefastos, que precisam ser erradicados completamente do solo baiano.
Pessoalmente, guardo a imagem do então deputado federal Antônio Carlos Magalhães celebrando a vitória dos golpistas em pronunciamento raivoso e vingativo na TV Itapoã na noite de 1º de abril de 1964, contra a cena de fundo da sede da UNE em chamas.
Eu era, então, vice-presidente da UNE. Vindo de Feira de Santana, onde um grupo de democratas mais combativos tentou organizar uma resistência improvisada e malograda ao golpe, e já obrigado a meu primeiro período de vida e atuação clandestinas, assisti em Salvador a essa transmissão e a conservo na memória como uma representação simbólica do golpe que, entre outros resultados negativos, abriu caminho para a ascensão política e empresarial de Antônio Carlos Magalhães, até então uma figura de segundo plano na Bahia e no Brasil.
* Duarte Pacheco Pereira é jornalista e escritor. Baiano de Santo Amaro da Purificação, formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, era vice-presidente de Assuntos Educacionais e Culturais da União Nacional dos Estudantes por ocasião do golpe militar de 1964. Foi militante e dirigente da organização revolucionária Ação Popular de 1962 a 1973.
Fonte: Site Revista Caros Amigos - 299ª edição (25 de julho de 2007)
Incluo-me entre os baianos e brasileiros em geral que, conhecendo o papel antidemocrático e truculento desempenhado pelo político e empresário Antônio Carlos Magalhães na Bahia e no plano nacional, antes, durante e depois do golpe militar de 1964, não lamentam sua morte.
Quanto mais rápido o país se desvencilhar de políticos como ele, mais fortalecidas ficarão as liberdades democráticas de seu povo, arduamente reconquistadas em 1984.
Nas várias vezes em que ocupou a prefeitura de Salvador e o governo da Bahia, nomeado ou eleito, Antônio Carlos Magalhães realizou uma administração paradigmática dos tempos do regime ditatorial tecnocrático-militar.
Favoreceu os interesses do capital nacional ou estrangeiro em detrimento dos interesses dos trabalhadores, sufocados por elevadas taxas de desemprego e subemprego e por deprimidos salários.
Estimulou a modernização de alguns setores da agricultura, mas também a concentração da propriedade territorial; ergueu obras vistosas nos centros urbanos, principalmente de Salvador, relegando as periferias ao abandono e os serviços públicos de saúde, educação e transporte coletivo à degradação.
Cortejou alguns setores de intelectuais e artistas, mas cerceou, quanto pôde, a participação popular crítica e independente na vida política; e, posando de generoso e benfeitor, não hesitou em cometer as arbitrariedades mais mesquinhas contra seus adversários.
O denominado “carlismo” é uma criação típica da atmosfera rarefeita da época ditatorial, preservado, entre outros fatores, pelo apoio da Rede Globo. É um estilo de dominação oligárquica e um tipo de cultura política nefastos, que precisam ser erradicados completamente do solo baiano.
Pessoalmente, guardo a imagem do então deputado federal Antônio Carlos Magalhães celebrando a vitória dos golpistas em pronunciamento raivoso e vingativo na TV Itapoã na noite de 1º de abril de 1964, contra a cena de fundo da sede da UNE em chamas.
Eu era, então, vice-presidente da UNE. Vindo de Feira de Santana, onde um grupo de democratas mais combativos tentou organizar uma resistência improvisada e malograda ao golpe, e já obrigado a meu primeiro período de vida e atuação clandestinas, assisti em Salvador a essa transmissão e a conservo na memória como uma representação simbólica do golpe que, entre outros resultados negativos, abriu caminho para a ascensão política e empresarial de Antônio Carlos Magalhães, até então uma figura de segundo plano na Bahia e no Brasil.
* Duarte Pacheco Pereira é jornalista e escritor. Baiano de Santo Amaro da Purificação, formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, era vice-presidente de Assuntos Educacionais e Culturais da União Nacional dos Estudantes por ocasião do golpe militar de 1964. Foi militante e dirigente da organização revolucionária Ação Popular de 1962 a 1973.
Economia Solidária já tem 20 mil empreendimentos
A guerreira Jussara Seixas, editora
do blog Por um Novo Brasil (http://por1novobrasil.blogspot.com/)
foi quem me chamou atenção para os números da Economia Solidária.
A mídia não bombardeia a Economia Solidária - como bombardeia o Bolsa Família - porque ainda não se deu conta de seu potencial transformador. O mapeamento do Sistema Nacional da Economia Solidária (Sies), com base nos dados gerados desde 2004, demonstrou um crescimento significativo (85%) da Economia Solidária.
Foram identificados 15 mil empreendimentos e, para agosto, a previsão chega a 20 mil empreendimentos, com participação de 1,5 milhão de trabalhadores.
O Sistema Nacional da Economia Solidária (Sies) é uma ferramenta fundamental para dar visibilidade à Economia Solidária e facilitar a formulação de políticas públicas de fomento adequadas à realidade desses empreendimentos.
Os empreendimentos identificados são cooperativas, associações, empresas autogestionárias, grupos de produção ou clubes de trocas, em que os participantes são trabalhadores que exercem coletivamente a gestão das atividades.
No endereço www.sies.mte.gov.br estão disponíveis os dados do Sies.
Com informações do Portal do Governo Brasileiro (www.brasil.gov.br/emquestao)
do blog Por um Novo Brasil (http://por1novobrasil.blogspot.com/)
foi quem me chamou atenção para os números da Economia Solidária.
A mídia não bombardeia a Economia Solidária - como bombardeia o Bolsa Família - porque ainda não se deu conta de seu potencial transformador. O mapeamento do Sistema Nacional da Economia Solidária (Sies), com base nos dados gerados desde 2004, demonstrou um crescimento significativo (85%) da Economia Solidária.
Foram identificados 15 mil empreendimentos e, para agosto, a previsão chega a 20 mil empreendimentos, com participação de 1,5 milhão de trabalhadores.
O Sistema Nacional da Economia Solidária (Sies) é uma ferramenta fundamental para dar visibilidade à Economia Solidária e facilitar a formulação de políticas públicas de fomento adequadas à realidade desses empreendimentos.
Os empreendimentos identificados são cooperativas, associações, empresas autogestionárias, grupos de produção ou clubes de trocas, em que os participantes são trabalhadores que exercem coletivamente a gestão das atividades.
No endereço www.sies.mte.gov.br estão disponíveis os dados do Sies.
Com informações do Portal do Governo Brasileiro (www.brasil.gov.br/emquestao)
Me deixem cheirar minha cocaína em paz. Cansei.
A elite branca “cansou”. Resolveu, em sinal de protesto, fazer barulho e demonstrar toda sua indignação. Presidente operário? Cansei. Bolsa-Família? Cansei. Petistas em cargos estratégicos? Cansei. Governo pagar faculdade para pobre? Cansei. Cotas para negros? Cansei. Gastar dinheiro com universidade pública? Cansei. Branco doutor chacoalhando algemas? Cansei. Eu quero cheirar minha cocaína em paz, ler a revista Veja, me informar com a Folha de S. Paulo. Me deixem à vontade. Cansei. Onde está meu Rolex? Vou para a avenida...
LEIA ARTIGO NA ÍNTEGRA:
O porquê do cansaço da elite branca
Autor: Lula Miranda – Publicado no Jornal de Debates e Carta Maior
A elite branca “cansou”. Resolveu, em sinal de protesto, fazer barulho e demonstrar toda sua indignação. Pode-se vê-los, mais uma vez, devidamente “enquadrados” numa charge do Angeli, onde se vê, como que numa coreografia mais ou menos ensaiada, esses singulares membros da nossa sociedade com os braços para cima a chacoalhar suas jóias e Rolex num veemente e ruidoso protesto. Indubitavelmente bastante ruidoso e veemente... Risível, decerto.
A elite branca, em definitivo, cansou de conviver com um operário na Presidência da República. Um presidente “monoglota” e sem curso superior é duro de agüentar. E os familiares do presidente então!? Todos de uma pobreza lastimável. Onde foi parar o “glamour” da Presidência da República?
A elite branca cansou desse romantismo ignaro e pobre do proletariado no poder. Esse negócio do Partido dos Trabalhadores “lotear” a máquina pública colocando sindicalistas e outros “desqualificados” em cargos estratégicos da administração federal, é duro de engolir.
Esses cargos, você há de se recordar, eram antes todos de livre provimento das elites brancas. Claro! Pois só eles sabem governar, só a eles, e aos seus, devem ser reservados os melhores empregos, escolas, faculdades, casas e hospitais.
Esse negócio de pagar faculdade para pobre também é algo que a elite branca já não suporta mais. Cotas para negros e pobres nas Universidades Públicas, então, é algo intolerável. O que é pior: essa história de investimentos em um sistema universal de saúde à custa do rico dinheirinho dos impostos não pagos pela elite branca, é para acabar.
A elite branca cansou de carga tributária extorsiva para financiar essa tal bolsa-esmola. Cansou de ver os seus iguais “enquadrados”, não pelas charges inteligentes do cartunista Angeli, mas pela Polícia Federal mesmo, em horário nobre da TV. Tem “madame” e “doutor” chacoalhando as algemas e fazendo test-drive em camburão zero quilômetro, modelo 2007/2008.
A elite branca quer cheirar sua cocaína em paz e harmonia. A mesma cocaína que desce os morros e favelas para abastecer as festas, e mancha de sangue a alvura de sua hipocrisia branca; não quer a Força Nacional, e o que sobrou da polícia digna e cidadã do Rio de Janeiro, causando contratempos ao bom andamento dos “negócios” no complexo de favelas do Alemão. A elite branca, empalidecida, não admite que o governo da Venezuela não renove a concessão da RCTV, pois temem que um dia a “sua casa”, a sua Rede Globo de Televisão, encontre o mesmo destino.
À elite branca não interessa que nesse mesmo governo, que lhes causa indignação e cansaço, o emprego formal bate recorde após recorde: só no primeiro semestre desse ano de 2007, foram criados cerca de 1,096 milhão de empregos com carteira assinada.
A elite branca tem verdadeira ojeriza a pobres e desempregados – e também pelos pobres que mofam nas filas em busca de emprego. A elite branca vetou o projeto de FGTS para empregados domésticos – não gastaria o valor de um jantar para pagar a parcela mensal do FGTS da criadagem. Como nos evidencia os nossos vexatórios índices sociais, a nossa elite branca é por demais benevolente e generosa.
Portanto, deixe a elite branca reclamar, e clamar aos quatro ventos o seu cansaço. Afinal, o Veuvet Clicquot nunca esteve tão barato: virou “carne de vaca”, “todo mundo” hoje está bebendo. Viajar ao exterior então! E esse tal “caos aéreo” é, em grande parte, culpa das passagens muito baratas e dessa “gentalha” que deixou de viajar de ônibus (ou de pau-de-arara) e passou a viajar de avião, enchendo assim os aeroportos e aviões com sua pobreza e maus modos. Um horror! Viajar de avião antes era exclusividade dos bem-nascidos.
A elite branca detesta o governo Lula. A elite branca detesta pobre. A elite branca adora as revistas Caras e Veja, os jornais Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo e a rede Globo. A elite branca enxerga o país como uma jazida a ser explorada até a exaustão, apenas isso. E o povo brasileiro, os escravos de sempre que aí estão para servi-la. Apenas isso e não mais que isso.
* Artigo originalmente publicado no site Carta Maior.
LEIA ARTIGO NA ÍNTEGRA:
O porquê do cansaço da elite branca
Autor: Lula Miranda – Publicado no Jornal de Debates e Carta Maior
A elite branca “cansou”. Resolveu, em sinal de protesto, fazer barulho e demonstrar toda sua indignação. Pode-se vê-los, mais uma vez, devidamente “enquadrados” numa charge do Angeli, onde se vê, como que numa coreografia mais ou menos ensaiada, esses singulares membros da nossa sociedade com os braços para cima a chacoalhar suas jóias e Rolex num veemente e ruidoso protesto. Indubitavelmente bastante ruidoso e veemente... Risível, decerto.
A elite branca, em definitivo, cansou de conviver com um operário na Presidência da República. Um presidente “monoglota” e sem curso superior é duro de agüentar. E os familiares do presidente então!? Todos de uma pobreza lastimável. Onde foi parar o “glamour” da Presidência da República?
A elite branca cansou desse romantismo ignaro e pobre do proletariado no poder. Esse negócio do Partido dos Trabalhadores “lotear” a máquina pública colocando sindicalistas e outros “desqualificados” em cargos estratégicos da administração federal, é duro de engolir.
Esses cargos, você há de se recordar, eram antes todos de livre provimento das elites brancas. Claro! Pois só eles sabem governar, só a eles, e aos seus, devem ser reservados os melhores empregos, escolas, faculdades, casas e hospitais.
Esse negócio de pagar faculdade para pobre também é algo que a elite branca já não suporta mais. Cotas para negros e pobres nas Universidades Públicas, então, é algo intolerável. O que é pior: essa história de investimentos em um sistema universal de saúde à custa do rico dinheirinho dos impostos não pagos pela elite branca, é para acabar.
A elite branca cansou de carga tributária extorsiva para financiar essa tal bolsa-esmola. Cansou de ver os seus iguais “enquadrados”, não pelas charges inteligentes do cartunista Angeli, mas pela Polícia Federal mesmo, em horário nobre da TV. Tem “madame” e “doutor” chacoalhando as algemas e fazendo test-drive em camburão zero quilômetro, modelo 2007/2008.
A elite branca quer cheirar sua cocaína em paz e harmonia. A mesma cocaína que desce os morros e favelas para abastecer as festas, e mancha de sangue a alvura de sua hipocrisia branca; não quer a Força Nacional, e o que sobrou da polícia digna e cidadã do Rio de Janeiro, causando contratempos ao bom andamento dos “negócios” no complexo de favelas do Alemão. A elite branca, empalidecida, não admite que o governo da Venezuela não renove a concessão da RCTV, pois temem que um dia a “sua casa”, a sua Rede Globo de Televisão, encontre o mesmo destino.
À elite branca não interessa que nesse mesmo governo, que lhes causa indignação e cansaço, o emprego formal bate recorde após recorde: só no primeiro semestre desse ano de 2007, foram criados cerca de 1,096 milhão de empregos com carteira assinada.
A elite branca tem verdadeira ojeriza a pobres e desempregados – e também pelos pobres que mofam nas filas em busca de emprego. A elite branca vetou o projeto de FGTS para empregados domésticos – não gastaria o valor de um jantar para pagar a parcela mensal do FGTS da criadagem. Como nos evidencia os nossos vexatórios índices sociais, a nossa elite branca é por demais benevolente e generosa.
Portanto, deixe a elite branca reclamar, e clamar aos quatro ventos o seu cansaço. Afinal, o Veuvet Clicquot nunca esteve tão barato: virou “carne de vaca”, “todo mundo” hoje está bebendo. Viajar ao exterior então! E esse tal “caos aéreo” é, em grande parte, culpa das passagens muito baratas e dessa “gentalha” que deixou de viajar de ônibus (ou de pau-de-arara) e passou a viajar de avião, enchendo assim os aeroportos e aviões com sua pobreza e maus modos. Um horror! Viajar de avião antes era exclusividade dos bem-nascidos.
A elite branca detesta o governo Lula. A elite branca detesta pobre. A elite branca adora as revistas Caras e Veja, os jornais Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo e a rede Globo. A elite branca enxerga o país como uma jazida a ser explorada até a exaustão, apenas isso. E o povo brasileiro, os escravos de sempre que aí estão para servi-la. Apenas isso e não mais que isso.
* Artigo originalmente publicado no site Carta Maior.
31 de julho de 2007
Exposição multimídia sobre a vida de Apolonio de Carvalho
O revolucionário Apolonio de Carvalho foi uma figura ímpar no cenário da vida política brasileira e no exterior. Lutou ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola, lutou na resistência francesa e combateu a ditadura militar no Brasil. Assinou a ficha número 1 de filiação ao Partido dos Trabalhadores.
Sua trajetória política e vida familiar serão o foco de uma exposição multimídia nesta quarta-feira (1º de agosto) no Rio de Janeiro, às 19h, no Arquivo Nacional, Praça da República.
A abertura da exposição “Apolonio de Carvalho – A Trajetória de um Revolucionário”, que é realizada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), terá a presença do ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi e da esposa de Apolonio, Renné de Carvalho, além de artistas, intelectuais e militantes da época da ditadura.
A exposição exibirá 52 painéis com fotografias – de arquivos públicos do Brasil, França e Espanha e acervos pessoais -, divididos com monitores de vídeo mostrando a trajetória de Apolonio, além de exibição do documentário “Vale à Pena Sonhar”, produzido por Stela Grisotti e Rudi Böhm, também curadores do evento. A mostra fotográfica encerra-se no dia 31 de agosto.
Nascido em Mato Grosso do Sul, Apolônio de Carvalho desde a década de 30 participou das principais lutas políticas do século passado no Brasil e no Exterior. Comunista, teve uma trajetória marcada pela luta pelas causas sociais, na consolidação de um projeto democrático e socialista para o país.
Serviu ao Exército no Brasil, foi voluntário nas Brigadas Internacionais da Guerra Civil Espanhola, combatendo o fascismo entre 1937 e 1939, e, na França, foi coronel da Resistência na luta contra o nazismo na 2ª Guerra Mundial. Aos 93 anos de idade, faleceu no dia 23 de setembro de 2005, vitima de pneumonia.
Sua trajetória política e vida familiar serão o foco de uma exposição multimídia nesta quarta-feira (1º de agosto) no Rio de Janeiro, às 19h, no Arquivo Nacional, Praça da República.
A abertura da exposição “Apolonio de Carvalho – A Trajetória de um Revolucionário”, que é realizada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), terá a presença do ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi e da esposa de Apolonio, Renné de Carvalho, além de artistas, intelectuais e militantes da época da ditadura.
A exposição exibirá 52 painéis com fotografias – de arquivos públicos do Brasil, França e Espanha e acervos pessoais -, divididos com monitores de vídeo mostrando a trajetória de Apolonio, além de exibição do documentário “Vale à Pena Sonhar”, produzido por Stela Grisotti e Rudi Böhm, também curadores do evento. A mostra fotográfica encerra-se no dia 31 de agosto.
Nascido em Mato Grosso do Sul, Apolônio de Carvalho desde a década de 30 participou das principais lutas políticas do século passado no Brasil e no Exterior. Comunista, teve uma trajetória marcada pela luta pelas causas sociais, na consolidação de um projeto democrático e socialista para o país.
Serviu ao Exército no Brasil, foi voluntário nas Brigadas Internacionais da Guerra Civil Espanhola, combatendo o fascismo entre 1937 e 1939, e, na França, foi coronel da Resistência na luta contra o nazismo na 2ª Guerra Mundial. Aos 93 anos de idade, faleceu no dia 23 de setembro de 2005, vitima de pneumonia.
Alberto Dines desmascara a Veja e com razão desanca Di Gênio
No Jornal de Debates do Observatório da Imprensa (31/07/2007) o mestre Alberto Dines afirma que a revista Veja apelou e enganou seus leitores com “furos fabricados”. E o que é pior, os jornais repercutem a mentira, num verdadeiro efeito-manada.
A revista Veja mentiu quando acusou o governo federal simplesmente por acusar e mentiu novamente ao afirmar que teve acesso ao conteúdo das caixas-pretas do avião da TAM. Depois de responsabilizar irresponsavelmente o presidente Lula, os jornalistas aloprados da Veja passaram a culpar os pilotos mortos. Top. top, top.
De reportagem em reportagem, a revista Veja vai chegando cada vez mais ao fundo do poço. A Veja não descobriu nada, apenas requentou matéria publicada dias antes no jornal Estado de S. Paulo. “Como se fabricam os furos” é o título do texto de Dines.
Mais desmoralizante ainda é a crítica ao empresário Carlos Alberto Di Gênio que publicou artigo irresponsável com o inacreditável e delirante título “O presidente é o responsável”. Para quem se diz doutor em comunicação, master em jornalismo e vive “treinando” jornalistas de jornais do Nordeste isso é um grande vexame.
O jornal O Globo que sempre reproduz artigos do Di Gênio escapou da desmoralização e publicou outro assunto.
LEIA A CRÍTICA AO ARTIGO IRRESPONSÁVEL DE DI GENIO
“O presidente é o responsável”
Alberto Dines – 31/07/2007
Com este título irresponsável, delirante – e, como sempre, pessimamente escrito –, o papa da Opus Dei para assuntos jornalísticos, Carlos Alberto Di Franco, ofereceu na página 2 do Estado de S.Paulo (segunda-feira, 30/7) a sua contribuição mensal. O presidente no caso é o da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Este tipo de cruzada não fica bem para o diretor do Master em Jornalismo, doutor em Comunicação da Universidade de Navarra e seu representante no Brasil. Os editores brasileiros que passam por seu programa de treinamento merecem um paradigma melhor.
E os leitores do Estado de S.Paulo merecem algo mais edificante do que esta histeria em letra de forma.
O Globo, que costuma reproduzir os textos assinados por Di Franco, desta vez escapou do vexame. Tinha um bom artigo na gaveta.
A revista Veja mentiu quando acusou o governo federal simplesmente por acusar e mentiu novamente ao afirmar que teve acesso ao conteúdo das caixas-pretas do avião da TAM. Depois de responsabilizar irresponsavelmente o presidente Lula, os jornalistas aloprados da Veja passaram a culpar os pilotos mortos. Top. top, top.
De reportagem em reportagem, a revista Veja vai chegando cada vez mais ao fundo do poço. A Veja não descobriu nada, apenas requentou matéria publicada dias antes no jornal Estado de S. Paulo. “Como se fabricam os furos” é o título do texto de Dines.
Mais desmoralizante ainda é a crítica ao empresário Carlos Alberto Di Gênio que publicou artigo irresponsável com o inacreditável e delirante título “O presidente é o responsável”. Para quem se diz doutor em comunicação, master em jornalismo e vive “treinando” jornalistas de jornais do Nordeste isso é um grande vexame.
O jornal O Globo que sempre reproduz artigos do Di Gênio escapou da desmoralização e publicou outro assunto.
LEIA A CRÍTICA AO ARTIGO IRRESPONSÁVEL DE DI GENIO
“O presidente é o responsável”
Alberto Dines – 31/07/2007
Com este título irresponsável, delirante – e, como sempre, pessimamente escrito –, o papa da Opus Dei para assuntos jornalísticos, Carlos Alberto Di Franco, ofereceu na página 2 do Estado de S.Paulo (segunda-feira, 30/7) a sua contribuição mensal. O presidente no caso é o da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Este tipo de cruzada não fica bem para o diretor do Master em Jornalismo, doutor em Comunicação da Universidade de Navarra e seu representante no Brasil. Os editores brasileiros que passam por seu programa de treinamento merecem um paradigma melhor.
E os leitores do Estado de S.Paulo merecem algo mais edificante do que esta histeria em letra de forma.
O Globo, que costuma reproduzir os textos assinados por Di Franco, desta vez escapou do vexame. Tinha um bom artigo na gaveta.
A mídia absolveu ACM, o povo escolheu outro caminho
Ninguém deve celebrar a morte. E ninguém deve desrespeitar a dor de quem perde um ente querido. Trata-se aqui da análise dos fatos, afirma o jornalista e escritor Emiliano José (www.emilianojose.com.br). Politicamente, a rigor, a derrota de ACM já havia acontecido. É estranha essa submissão da mídia, da recusa aos fatos indiscutíveis. A população, no entanto, já havia dito o que pensava dessa fase. Na Bahia e no Brasil. A mídia, tanto quanto absolve uns, condena outros, sem qualquer critério, salvo o dos interesses de classes. Lula venceu contra a mídia. Wagner, também. Por isso, a absolvição é da mídia. Não do povo, que já disse que pretende um outro tipo de liderança.
LEIA ARTIGO NA ÍNTEGRA:
Mídia, morte, absolvição
Emiliano José*
Pode a morte absolver? Há uma estranha tradição a indicar que sim. As pessoas podem ser autoritárias, discricionárias, violentas, acostumadas a serem senhores de baraço e cutelo, e quando chega o momento final parece que tudo se apaga, e o que era em vida pecado torna-se, na morte, virtude. Os meios de comunicação, quase em uníssono, cantam loas nessas ocasiões.
O morto, o que se foi, pudesse olhar, e talvez desse um sorriso irônico, ou uma gargalhada, quem sabe, com tanto elogio e até tanta deformação. Ele próprio, pudesse contemplar o espetáculo, poderia dizer: não foi tanto assim, menos, menos. Embora o fizesse baixinho, sussurrando, pra quem ninguém pudesse ouvir.
Mas nem pode mais alterar o rumo das coisas. E aqui estivesse, o morto, e não gostaria de alterar. No entanto, olhando mais de perto, com mais cuidado, vamos observar que esse comportamento da mídia, no caso, não é tão acidental ou singular.
Em vida, os mortos ilustres, inclusive os que se valeram das benesses da ditadura, tornaram-se fontes fundamentais dos meios de comunicação, uma espécie de regra ainda difícil de entender. Tornaram-se o que chamei em um estudo meu de fontes oraculares, menos por seus méritos e mais pela bajulação, submissão da mídia. Mesmo que eventualmente fosse maltratada por este ou aquele morto, em vida.
Nelson Rodrigues, tão cruel, venenoso com as mulheres, talvez pudesse analisar essa síndrome da mídia brasileira. Apanha, é maltratada, ao menos os repórteres, e corre atrás de seus algozes, como se eles, sempre eles, fossem os oráculos, os que podem revelar a verdade, embora a mídia saiba que entre o que ela divulga e a verdade há uma distância abissal. Aliás, nem sei se sabe, ou se pensa que, de fato, o que revela é verdade. De tanto mentir, de tanto deturpar, de tanto tomar partido ao lado das classes dominantes brasileiras, quem sabe, pensa que mentira se torna verdade.
É impressionante como os oligarcas, os coronéis de antanho, os que se foram e os que sobrevivem, continuam a ser oráculos da mídia brasileira, ocupam laudas e laudas de texto, revelam e recriam o mundo ao seu redor pela pena de seus escrevinhadores.
Confesso: é um fenômeno que me intriga, este, o da absolvição pela morte.
Absolvição pela mídia. Os que objetarem que em vida havia críticas ao morto, ou aos mortos, estarão só parcialmente certos. Porque mais do que críticas, havia admiração. É como se a mídia gostasse do autoritarismo, e volto a Nelson Rodrigues.
Eu lia recentemente o livro A fabricação do rei, sobre Luiz XIV, o Rei Sol, o do Estado sou eu, o da autoglorificação permanente em vida, e pensava nessas coisas. Como as coisas mudaram e como continuam iguais, de alguma forma.
O morto, que em vida se autoglorificou o quanto pôde - e se não fazia medalhas ou estátuas a granel, como Luiz XIV, podia valer-se de seus poderosos meios de comunicação para dizer-se espécie de Rei Sol das terras ressequidas e miseráveis da Bahia enquanto pôde dominar - o morto às vezes sofria críticas, mas de modo geral era aplaudido, e não só pelos meios de comunicação que controlava. Pelos demais também, salvo as raras exceções, e vamos lembrar CartaCapital, Caros Amigos, e alguns poucos colunistas independentes, Bob Fernandes entre eles.
Ninguém deve celebrar a morte. E ninguém deve desrespeitar a dor de quem perde um ente querido. Trata-se aqui da análise dos fatos. Politicamente, a rigor, a derrota já havia acontecido. Não tem nada a ver com o fim da vida, destino de todos. O que se trata aqui é dessa estranha mania da submissão da mídia, do não apego à verdade histórica, da recusa aos fatos indiscutíveis.
A população, no entanto, apesar de tanta tinta gasta, de tantas horas de tevê, já havia dito o que pensava dessa fase. Na Bahia e no Brasil. A mídia, tanto quanto absolve uns, condena outros, sem qualquer critério, salvo o dos interesses de classes. Lula venceu contra a mídia. Wagner, também.
Por isso, a absolvição é da mídia. Não do povo, que já disse que pretende um outro tipo de liderança - democrática, transparente, capaz de dialogar, de resolver os problemas pelos caminhos da negociação, nunca pela imposição, como foi a característica dos anos de ditadura e de domínio oligárquico na Bahia. A Bahia já escolheu um outro caminho.
LEIA ARTIGO NA ÍNTEGRA:
Mídia, morte, absolvição
Emiliano José*
Pode a morte absolver? Há uma estranha tradição a indicar que sim. As pessoas podem ser autoritárias, discricionárias, violentas, acostumadas a serem senhores de baraço e cutelo, e quando chega o momento final parece que tudo se apaga, e o que era em vida pecado torna-se, na morte, virtude. Os meios de comunicação, quase em uníssono, cantam loas nessas ocasiões.
O morto, o que se foi, pudesse olhar, e talvez desse um sorriso irônico, ou uma gargalhada, quem sabe, com tanto elogio e até tanta deformação. Ele próprio, pudesse contemplar o espetáculo, poderia dizer: não foi tanto assim, menos, menos. Embora o fizesse baixinho, sussurrando, pra quem ninguém pudesse ouvir.
Mas nem pode mais alterar o rumo das coisas. E aqui estivesse, o morto, e não gostaria de alterar. No entanto, olhando mais de perto, com mais cuidado, vamos observar que esse comportamento da mídia, no caso, não é tão acidental ou singular.
Em vida, os mortos ilustres, inclusive os que se valeram das benesses da ditadura, tornaram-se fontes fundamentais dos meios de comunicação, uma espécie de regra ainda difícil de entender. Tornaram-se o que chamei em um estudo meu de fontes oraculares, menos por seus méritos e mais pela bajulação, submissão da mídia. Mesmo que eventualmente fosse maltratada por este ou aquele morto, em vida.
Nelson Rodrigues, tão cruel, venenoso com as mulheres, talvez pudesse analisar essa síndrome da mídia brasileira. Apanha, é maltratada, ao menos os repórteres, e corre atrás de seus algozes, como se eles, sempre eles, fossem os oráculos, os que podem revelar a verdade, embora a mídia saiba que entre o que ela divulga e a verdade há uma distância abissal. Aliás, nem sei se sabe, ou se pensa que, de fato, o que revela é verdade. De tanto mentir, de tanto deturpar, de tanto tomar partido ao lado das classes dominantes brasileiras, quem sabe, pensa que mentira se torna verdade.
É impressionante como os oligarcas, os coronéis de antanho, os que se foram e os que sobrevivem, continuam a ser oráculos da mídia brasileira, ocupam laudas e laudas de texto, revelam e recriam o mundo ao seu redor pela pena de seus escrevinhadores.
Confesso: é um fenômeno que me intriga, este, o da absolvição pela morte.
Absolvição pela mídia. Os que objetarem que em vida havia críticas ao morto, ou aos mortos, estarão só parcialmente certos. Porque mais do que críticas, havia admiração. É como se a mídia gostasse do autoritarismo, e volto a Nelson Rodrigues.
Eu lia recentemente o livro A fabricação do rei, sobre Luiz XIV, o Rei Sol, o do Estado sou eu, o da autoglorificação permanente em vida, e pensava nessas coisas. Como as coisas mudaram e como continuam iguais, de alguma forma.
O morto, que em vida se autoglorificou o quanto pôde - e se não fazia medalhas ou estátuas a granel, como Luiz XIV, podia valer-se de seus poderosos meios de comunicação para dizer-se espécie de Rei Sol das terras ressequidas e miseráveis da Bahia enquanto pôde dominar - o morto às vezes sofria críticas, mas de modo geral era aplaudido, e não só pelos meios de comunicação que controlava. Pelos demais também, salvo as raras exceções, e vamos lembrar CartaCapital, Caros Amigos, e alguns poucos colunistas independentes, Bob Fernandes entre eles.
Ninguém deve celebrar a morte. E ninguém deve desrespeitar a dor de quem perde um ente querido. Trata-se aqui da análise dos fatos. Politicamente, a rigor, a derrota já havia acontecido. Não tem nada a ver com o fim da vida, destino de todos. O que se trata aqui é dessa estranha mania da submissão da mídia, do não apego à verdade histórica, da recusa aos fatos indiscutíveis.
A população, no entanto, apesar de tanta tinta gasta, de tantas horas de tevê, já havia dito o que pensava dessa fase. Na Bahia e no Brasil. A mídia, tanto quanto absolve uns, condena outros, sem qualquer critério, salvo o dos interesses de classes. Lula venceu contra a mídia. Wagner, também.
Por isso, a absolvição é da mídia. Não do povo, que já disse que pretende um outro tipo de liderança - democrática, transparente, capaz de dialogar, de resolver os problemas pelos caminhos da negociação, nunca pela imposição, como foi a característica dos anos de ditadura e de domínio oligárquico na Bahia. A Bahia já escolheu um outro caminho.
30 de julho de 2007
A verdade sobre ACM nas páginas da CartaCapital
ACM foi capa da revista CartaCapital. “ACM foi para o céu” é o título. A revista estranha o sumiço da multidão prevista no funeral. Para mostrar o perfil agressivo do falecido, o texto cita a pancadaria contra o repórter Antônio Fraga, da TV Itapoan, em 1985, lembra o xingamento de “basco ladrão” contra o ex-deputado e empresário Pedro Irujo e desengaveta a perseguição contra o jornal A Tarde. Esquece, porém, o famoso xingamento de “judeu fedorento” contra o hoje radialista Mário Kertész e sequer cita a perseguição mortal aos jornais Tribuna da Bahia e Jornal da Bahia. Mas, não se pode querer tudo, não é?
O ex-deputado estadual, jornalista e escritor Emiliano José foi uma das fontes da reportagem. A mídia nacional elegeu oráculos e ACM era um deles. Mesmo jornalistas maltratados continuaram depois a bajulá-lo, numa relação de submissão. Para Emiliano José “um dos mais antigos opositores do carlismo na Bahia”, segundo a revista, “o esforço da mídia em transformar o funeral de ACM num acontecimento histórico beirou o patético”. Era um político decadente, um filhote da ditadura, como diria Brizola.
A reportagem recupera o perfil dos negócios da família ACM. Levantamento feito em 1999, pelo citado ex-deputado estadual Emiliano José (PT) mostrou que 98% dos anúncios oficiais do governo baiano foram publicados nas páginas do Correio da Bahia, da família do senador. Um ano depois, com a mudança de orientação editorial da Tribuna da Bahia houve uma pequena divisão do bolo. A Tribuna ficou com 23% enquanto o Correio ficou com 77%. O jornal A Tarde, de maior circulação, não recebeu um centavo. Castigo típico aplicado por ACM, desde a ditadura militar, que levou à asfixia do Jornal da Bahia e à submissão da Tribuna da Bahia.
A matéria lembra o sumiço de R$ 101 milhões da Bahiatursa, dos quais R$ 48 milhões foram para a Propeg, no governo Paulo Souto. Lembra que a Ebal/Cesta do Povo deixou um rombo de R$ 240 milhões. Ainda assim os bajuladores da imprensa repetem sem cessar o caráter “modernizante” do carlismo. O crescimento da economia “moderna” da Bahia gerou graves distorções sociais. Apenas na Bahia o Bolsa Família acode 1,2 milhão de pessoas na miséria. Faltou gente no funeral. Onde estavam os artistas baianos que mamaram sempre nas tetas da Ebal/Cesta do Povo?
Está imperdível a reportagem intitulada “A assunção de malvadeza”.
O ex-deputado estadual, jornalista e escritor Emiliano José foi uma das fontes da reportagem. A mídia nacional elegeu oráculos e ACM era um deles. Mesmo jornalistas maltratados continuaram depois a bajulá-lo, numa relação de submissão. Para Emiliano José “um dos mais antigos opositores do carlismo na Bahia”, segundo a revista, “o esforço da mídia em transformar o funeral de ACM num acontecimento histórico beirou o patético”. Era um político decadente, um filhote da ditadura, como diria Brizola.
A reportagem recupera o perfil dos negócios da família ACM. Levantamento feito em 1999, pelo citado ex-deputado estadual Emiliano José (PT) mostrou que 98% dos anúncios oficiais do governo baiano foram publicados nas páginas do Correio da Bahia, da família do senador. Um ano depois, com a mudança de orientação editorial da Tribuna da Bahia houve uma pequena divisão do bolo. A Tribuna ficou com 23% enquanto o Correio ficou com 77%. O jornal A Tarde, de maior circulação, não recebeu um centavo. Castigo típico aplicado por ACM, desde a ditadura militar, que levou à asfixia do Jornal da Bahia e à submissão da Tribuna da Bahia.
A matéria lembra o sumiço de R$ 101 milhões da Bahiatursa, dos quais R$ 48 milhões foram para a Propeg, no governo Paulo Souto. Lembra que a Ebal/Cesta do Povo deixou um rombo de R$ 240 milhões. Ainda assim os bajuladores da imprensa repetem sem cessar o caráter “modernizante” do carlismo. O crescimento da economia “moderna” da Bahia gerou graves distorções sociais. Apenas na Bahia o Bolsa Família acode 1,2 milhão de pessoas na miséria. Faltou gente no funeral. Onde estavam os artistas baianos que mamaram sempre nas tetas da Ebal/Cesta do Povo?
Está imperdível a reportagem intitulada “A assunção de malvadeza”.
29 de julho de 2007
Começa a farsa: "fora Lula" domina passeata do "Cansei" com bandeiras do PSDB
Começou a farsa: "Fora Lula" domina passeata do "Cansei" com bandeiras do PSDB e copinhos de água com dinheiro público
A farsa do movimento “Cansei”, organizado pela tucanada paulista, foi desmascarada na primeira tentativa de levar a conservadora classe média às ruas. A idéia é aproveitar o clima emocional criado com o acidente da TAM, segundo a revista Veja, causado por um erro do piloto. Era para ser uma passeata “apartidária”, mas logo apareceram rapazes brancos com bandeiras do PSDB. Água mineral foi distribuída gratuitamente pela Sabesp. Os gritos de “fora Lula” predominaram em todo o trajeto. A marcha da família com Deus pelo golpe militar já está nas ruas. Esse pessoal tucano não deve estar se lembrando de Carlos Lacerda, o golpista que foi engolido pelo golpe engendrado nos quartéis.
LEIA O RELATO DA REPORTAGEM DE TERRA MAGAZINE.
Felipe Corazza Barreto
Era para ter sido uma passeata apartidária. A OAB-SP, pela palavra de seu presidente Luiz Flávio D'Urso, um dos fundadores do movimento "Cansei", disse que a campanha não teria viés político. Os demais criadores do "Cansei", também ouvidos por Terra Magazine, seguiram o tom: "é apartidário".
Neste domingo, quando o "Cria (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante)" e o "Cansei" juntaram forças em uma passeata na zona sul de São Paulo, no entanto, o tom político e partidário surgiu em pouco tempo. Antes mesmo do começo da caminhada, militantes do PSDB foram expulsos do protesto.
Líder do Cria e um dos organizadores da marcha, Márcio Neubauer começou a caminhada puxando a palavra de ordem: "RES-PEI-TO". Mais adiante, já fora do trio elétrico, entrou no coro partidário que dominou grande parte da marcha: "Fora Lula".
Familiares das vítimas da tragédia do vôo 3054, empresários, advogados, estudantes, médicos legistas, entre outros, participaram da manifestação. O trajeto: do Parque do Ibirapuera até o aeroporto de Congonhas.
A MARCHA
Domingo, oito e meia da manhã, oito graus no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Pouco mais de 100 pessoas se concentram para a passeata convocada pelo movimento "Cansei" e pelo "Cria (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante) Brasil". O trio elétrico estacionado em frente ao Monumento às Bandeiras leva faixas pretas com os dizeres "Respeito" e "Chega de Passividade".
O protesto, - "apartidário e pacífico", como não cansam de repetir os oradores que se alternam ao microfone - é contra "o descaso", "a incompetência" e por "respeito".
O empresário Márcio Neubauer, líder do CRIA e um dos organizadores da marcha que seguirá para o aeroporto de Congonhas puxa a palavra de ordem: RES-PEI-TO, RES-PEI-TO. No começo, tem pouca resposta. Mais pessoas chegam, com casacos, jaquetas e echarpes variados, e o coro começa a engrossar.
Os comandantes do Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros - o "Cansei" - estão na passeata. O publicitário Marcus Hadade e Ronaldo Koloszuk, do Conselho de Jovens Empresários da Fiesp, são anunciados pelo trio elétrico. O trio, aliás, cercado por guardas particulares da empresa Santo Segurança.
"SEM BANDEIRA, SEM BANDEIRA"
Passa das 9h, horário previsto para a saída da passeata, e chegam 5 rapazes carregando bandeiras do PSDB. No início, são desfraldadas sem embaraço. Em poucos minutos, no entanto, começa um murmúrio que se transforma em gritaria: "Sem bandeira, sem bandeira". O líder dos militantes tucanos, que se identifica como Fernando, bate-boca com os manifestantes.
Mais pessoas se juntam ao protesto contra as bandeiras do partido na marcha. Os gritos ficam mais agressivos - "O PSDB também é culpado!", "Vagabundos, oportunistas", "Traidor da consciência do povo". Fernando discute com alguns manifestantes e, pouco antes das vias de fato, a polícia intervém.
O tucano berra também com os PMs, "Partido é sociedade civil, isso aqui é democrático!". Um policial consegue tirá-lo do protesto e com ele vão os outros 4 rapazes. Um deles, Rafael, responde com um seco e sonoro "Não" quando perguntado se é filiado ao PSDB. Perguntado sobre os outros, responde agressivo: "Eu não tenho que falar nada pra você não, truta".
Em frente ao trio elétrico, uma homenagem aos Bombeiros, à Defesa Civil e à Polícia Civil. As palmas para os primeiros duram quase dois minutos. Passadas as homenagens, uma salva de palmas para Jesus, outra para Deus. E começa a marcha.
O músico Seu Jorge aparece no carro de som. É um dos poucos negros presentes à passeata. Diante de um público formado, em grande parte, pelas classes média e alta, ele puxa o assunto para outras tragédias além da aérea: "Aqueles que sofrem o cotidiano dos ônibus, dos trens lotados, dos bairros sem esgoto, sem escola. A comoção dos desastres aéreos é justa e grande, mas pior é a nossa passividade diante das tragédias cotidianas". Aplausos.
Já no fim da avenida Pedro Álvares Cabral, os manifestantes começam a cantar, timidamente, "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré. Imediatamente após a música, hino dos estudantes contra a ditadura militar, surgem os primeiros gritos de "Fora Lula". O coro entra bem mais forte do que Vandré.
Do trio elétrico, os organizadores abafam com gritos de "RES-PEI-TO" os gritos contra o presidente. Funciona, mas por pouco tempo. O número de participantes da marcha já chega a 2 mil, segundo um guarda civil metropolitano. Márcio Neubauer, ao microfone, comemora 5 mil. Como de costume em manifestações, diferença razoável entre as estimativas da polícia e dos organizadores.
AVIÃO, NÃO: "COMPREI UM HONDA NOVO"
Aos poucos, o sol aparece e aplaca um pouco o frio que ainda faz o senhor de Rondônia esfregar as mãos enquanto anda. Ele vem a São Paulo para tratamento com freqüência. Mas não mais de avião. "Depois de 2 anos sofrendo em aeroporto, desisti. Comprei um Honda novo e venho de carro. Mas, não vai adiantar muito, porque agora minha filha está indo pros Estados Unidos".
Carro, por sinal, é o que Délcio lamenta não ter naquele momento. Vendedor ambulante, morador de São Miguel Paulista, lamenta ter levado só capas de chuva e amendoins para o protesto. "Se tivesse um carro, ia buscar água. Com esse sol, agora, água ia vender. Até chapéu de palha, se eu tivesse, vendia". Mas Délcio, sem carro, ainda teria que correr para sair do protesto e ir até o estádio do Morumbi, para vender mais amendoim e capa de chuva. "Hoje o Corinthians joga lá".
A marcha segue rumo ao prédio da TAM Express, em frente a Congonhas, destruído pela batida do Airbus A320 da própria empresa. No caminho, 3 hospitais, diante dos quais o trio elétrico passa amplificando os berros: "RES-PEI-TO". O locutor da vez anuncia um novo protesto para o dia 18 de agosto. Desta vez, além da passeata, propõe um "Dia do Pé no Chão", um dia sem avião.
Outro manifesto é anunciado, este para o dia 4 de agosto. É a "Grande Vaia" contra Lula. Aplausos efusivos e mais gritos de "Fora Lula". Márcio Neubauer já está fora do trio elétrico. Distribui narizes de palhaço aos manifestantes no asfalto da Avenida 23 de Maio, interditada para o protesto.
"Isso não pode parar aqui, tem que continuar", pede aos companheiros de marcha. Às 11h25, quase duas horas e meia depois do começo do protesto "apartidário e pacifíco", sai da boca de Márcio o primeiro "Fora Lula". Daí em diante, ele puxa coros variados contra o presidente. "Corrupto", "Omisso", "Ladrão". E encerra desabafando com uma colega de manifestação: "A gente pode votar em qualquer um, mas eles têm que trabalhar pra gente, não pra eles!".
ÁGUA: GRATUITA. PROMOCIONAL. DA SABESP.
O trajeto de pouco mais de 5 quilômetros até Congonhas vai chegando ao fim e caixas com água mineral surgem na pista. "Tem água de graça aí", anuncia o trio elétrico. Os copinhos d'água têm um símbolo da Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - e os dizeres "Distribuição gratuita. Material promocional". Raro em manifestações.
Além da distribuição gratuita da água "promocional" da Sabesp, outras novidades na passeata do "Cansei" foram, basicamente, as pessoas que dela participaram. Muitas sem qualquer experiência em passeatas. Ao celular, uma senhora usando casaco de pele tinha dificuldade para explicar a alguém onde estava: "Eu tou na passeata. É, passeata. Pas-se-a-ta".
ORAÇÃO, HINO E TURBINAS
Finalmente, a marcha chega aos escombros do prédio da TAM Express em Congonhas. Os parentes de vítimas do acidente tomam definitivamente a frente do protesto. Alguns se abraçam e choram. Outros, gritam e gesticulam: "Acorda, Brasil", "Chega". Um Boeing da Gol passa sobre o protesto, pousando.
Findo o barulho das turbinas do Boeing, flores começam a ser jogadas na direção do prédio. Um Pai-Nosso rezado. Um minuto de silêncio. Seu Jorge puxa o Hino Nacional. Ao fundo, um A320 da TAM começa a taxiar. O barulho das turbinas quando a aeronave toma velocidade quase abafa o hino. Quase.
A farsa do movimento “Cansei”, organizado pela tucanada paulista, foi desmascarada na primeira tentativa de levar a conservadora classe média às ruas. A idéia é aproveitar o clima emocional criado com o acidente da TAM, segundo a revista Veja, causado por um erro do piloto. Era para ser uma passeata “apartidária”, mas logo apareceram rapazes brancos com bandeiras do PSDB. Água mineral foi distribuída gratuitamente pela Sabesp. Os gritos de “fora Lula” predominaram em todo o trajeto. A marcha da família com Deus pelo golpe militar já está nas ruas. Esse pessoal tucano não deve estar se lembrando de Carlos Lacerda, o golpista que foi engolido pelo golpe engendrado nos quartéis.
LEIA O RELATO DA REPORTAGEM DE TERRA MAGAZINE.
Felipe Corazza Barreto
Era para ter sido uma passeata apartidária. A OAB-SP, pela palavra de seu presidente Luiz Flávio D'Urso, um dos fundadores do movimento "Cansei", disse que a campanha não teria viés político. Os demais criadores do "Cansei", também ouvidos por Terra Magazine, seguiram o tom: "é apartidário".
Neste domingo, quando o "Cria (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante)" e o "Cansei" juntaram forças em uma passeata na zona sul de São Paulo, no entanto, o tom político e partidário surgiu em pouco tempo. Antes mesmo do começo da caminhada, militantes do PSDB foram expulsos do protesto.
Líder do Cria e um dos organizadores da marcha, Márcio Neubauer começou a caminhada puxando a palavra de ordem: "RES-PEI-TO". Mais adiante, já fora do trio elétrico, entrou no coro partidário que dominou grande parte da marcha: "Fora Lula".
Familiares das vítimas da tragédia do vôo 3054, empresários, advogados, estudantes, médicos legistas, entre outros, participaram da manifestação. O trajeto: do Parque do Ibirapuera até o aeroporto de Congonhas.
A MARCHA
Domingo, oito e meia da manhã, oito graus no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Pouco mais de 100 pessoas se concentram para a passeata convocada pelo movimento "Cansei" e pelo "Cria (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante) Brasil". O trio elétrico estacionado em frente ao Monumento às Bandeiras leva faixas pretas com os dizeres "Respeito" e "Chega de Passividade".
O protesto, - "apartidário e pacífico", como não cansam de repetir os oradores que se alternam ao microfone - é contra "o descaso", "a incompetência" e por "respeito".
O empresário Márcio Neubauer, líder do CRIA e um dos organizadores da marcha que seguirá para o aeroporto de Congonhas puxa a palavra de ordem: RES-PEI-TO, RES-PEI-TO. No começo, tem pouca resposta. Mais pessoas chegam, com casacos, jaquetas e echarpes variados, e o coro começa a engrossar.
Os comandantes do Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros - o "Cansei" - estão na passeata. O publicitário Marcus Hadade e Ronaldo Koloszuk, do Conselho de Jovens Empresários da Fiesp, são anunciados pelo trio elétrico. O trio, aliás, cercado por guardas particulares da empresa Santo Segurança.
"SEM BANDEIRA, SEM BANDEIRA"
Passa das 9h, horário previsto para a saída da passeata, e chegam 5 rapazes carregando bandeiras do PSDB. No início, são desfraldadas sem embaraço. Em poucos minutos, no entanto, começa um murmúrio que se transforma em gritaria: "Sem bandeira, sem bandeira". O líder dos militantes tucanos, que se identifica como Fernando, bate-boca com os manifestantes.
Mais pessoas se juntam ao protesto contra as bandeiras do partido na marcha. Os gritos ficam mais agressivos - "O PSDB também é culpado!", "Vagabundos, oportunistas", "Traidor da consciência do povo". Fernando discute com alguns manifestantes e, pouco antes das vias de fato, a polícia intervém.
O tucano berra também com os PMs, "Partido é sociedade civil, isso aqui é democrático!". Um policial consegue tirá-lo do protesto e com ele vão os outros 4 rapazes. Um deles, Rafael, responde com um seco e sonoro "Não" quando perguntado se é filiado ao PSDB. Perguntado sobre os outros, responde agressivo: "Eu não tenho que falar nada pra você não, truta".
Em frente ao trio elétrico, uma homenagem aos Bombeiros, à Defesa Civil e à Polícia Civil. As palmas para os primeiros duram quase dois minutos. Passadas as homenagens, uma salva de palmas para Jesus, outra para Deus. E começa a marcha.
O músico Seu Jorge aparece no carro de som. É um dos poucos negros presentes à passeata. Diante de um público formado, em grande parte, pelas classes média e alta, ele puxa o assunto para outras tragédias além da aérea: "Aqueles que sofrem o cotidiano dos ônibus, dos trens lotados, dos bairros sem esgoto, sem escola. A comoção dos desastres aéreos é justa e grande, mas pior é a nossa passividade diante das tragédias cotidianas". Aplausos.
Já no fim da avenida Pedro Álvares Cabral, os manifestantes começam a cantar, timidamente, "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré. Imediatamente após a música, hino dos estudantes contra a ditadura militar, surgem os primeiros gritos de "Fora Lula". O coro entra bem mais forte do que Vandré.
Do trio elétrico, os organizadores abafam com gritos de "RES-PEI-TO" os gritos contra o presidente. Funciona, mas por pouco tempo. O número de participantes da marcha já chega a 2 mil, segundo um guarda civil metropolitano. Márcio Neubauer, ao microfone, comemora 5 mil. Como de costume em manifestações, diferença razoável entre as estimativas da polícia e dos organizadores.
AVIÃO, NÃO: "COMPREI UM HONDA NOVO"
Aos poucos, o sol aparece e aplaca um pouco o frio que ainda faz o senhor de Rondônia esfregar as mãos enquanto anda. Ele vem a São Paulo para tratamento com freqüência. Mas não mais de avião. "Depois de 2 anos sofrendo em aeroporto, desisti. Comprei um Honda novo e venho de carro. Mas, não vai adiantar muito, porque agora minha filha está indo pros Estados Unidos".
Carro, por sinal, é o que Délcio lamenta não ter naquele momento. Vendedor ambulante, morador de São Miguel Paulista, lamenta ter levado só capas de chuva e amendoins para o protesto. "Se tivesse um carro, ia buscar água. Com esse sol, agora, água ia vender. Até chapéu de palha, se eu tivesse, vendia". Mas Délcio, sem carro, ainda teria que correr para sair do protesto e ir até o estádio do Morumbi, para vender mais amendoim e capa de chuva. "Hoje o Corinthians joga lá".
A marcha segue rumo ao prédio da TAM Express, em frente a Congonhas, destruído pela batida do Airbus A320 da própria empresa. No caminho, 3 hospitais, diante dos quais o trio elétrico passa amplificando os berros: "RES-PEI-TO". O locutor da vez anuncia um novo protesto para o dia 18 de agosto. Desta vez, além da passeata, propõe um "Dia do Pé no Chão", um dia sem avião.
Outro manifesto é anunciado, este para o dia 4 de agosto. É a "Grande Vaia" contra Lula. Aplausos efusivos e mais gritos de "Fora Lula". Márcio Neubauer já está fora do trio elétrico. Distribui narizes de palhaço aos manifestantes no asfalto da Avenida 23 de Maio, interditada para o protesto.
"Isso não pode parar aqui, tem que continuar", pede aos companheiros de marcha. Às 11h25, quase duas horas e meia depois do começo do protesto "apartidário e pacifíco", sai da boca de Márcio o primeiro "Fora Lula". Daí em diante, ele puxa coros variados contra o presidente. "Corrupto", "Omisso", "Ladrão". E encerra desabafando com uma colega de manifestação: "A gente pode votar em qualquer um, mas eles têm que trabalhar pra gente, não pra eles!".
ÁGUA: GRATUITA. PROMOCIONAL. DA SABESP.
O trajeto de pouco mais de 5 quilômetros até Congonhas vai chegando ao fim e caixas com água mineral surgem na pista. "Tem água de graça aí", anuncia o trio elétrico. Os copinhos d'água têm um símbolo da Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - e os dizeres "Distribuição gratuita. Material promocional". Raro em manifestações.
Além da distribuição gratuita da água "promocional" da Sabesp, outras novidades na passeata do "Cansei" foram, basicamente, as pessoas que dela participaram. Muitas sem qualquer experiência em passeatas. Ao celular, uma senhora usando casaco de pele tinha dificuldade para explicar a alguém onde estava: "Eu tou na passeata. É, passeata. Pas-se-a-ta".
ORAÇÃO, HINO E TURBINAS
Finalmente, a marcha chega aos escombros do prédio da TAM Express em Congonhas. Os parentes de vítimas do acidente tomam definitivamente a frente do protesto. Alguns se abraçam e choram. Outros, gritam e gesticulam: "Acorda, Brasil", "Chega". Um Boeing da Gol passa sobre o protesto, pousando.
Findo o barulho das turbinas do Boeing, flores começam a ser jogadas na direção do prédio. Um Pai-Nosso rezado. Um minuto de silêncio. Seu Jorge puxa o Hino Nacional. Ao fundo, um A320 da TAM começa a taxiar. O barulho das turbinas quando a aeronave toma velocidade quase abafa o hino. Quase.
Mídia orquestra nova onda golpista
Fonte: http://www.vermelho.org.br/
Por Altamiro Borges – 28/07/07
Como alerta o jornalista Eduardo Guimarães em seu blog CIDADANIA, "que ninguém se iluda, o golpe está em gestação". Na mesma toada, Luiz Carlos Azenha, que preferiu deixar a poderosa TV Globo para escrever livremente no seu blog VI O MUNDO, ataca a manipulação na cobertura da tragédia de Congonhas: "Os objetivos da mídia a gente já sabe: enfraquecer o Lula de olho nas eleições de 2008. É a única explicação razoável para tanto exagero, distorção, omissão e mentira". Já o irreverente Paulo Henrique Amorim, no blog CONVERSA AFIADA, também garante que uma nova onda golpista da mídia está em curso - e "só o governo Lula parece que não vê".
Estas e outras poucas vozes críticas e independentes, num país sob o violento cerco da ditadura midiática, têm razões de sobra para os seus temores. Fragorosamente derrotada nas eleições de outubro passado, a mídia burguesa está novamente excitada e ouriçada. Na prática, ela ocupa o papel, descrito pelo intelectual italiano Antonio Gramsci, de "partido da direita", substituindo o PFL (travestido de Demo) e o PSDB, que foram rechaçados nas urnas e estão divididos e sem rumo.
Desde sua posse, o presidente Lula não teve um minuto sequer de folga. A cada dia surge uma nova denúncia midiática para fustigar, desgastar e paralisar o seu governo.
QUATRO INVESTIDAS RASTEIRAS
A onda denuncista, sem provas ou escrúpulos, é brutal. O jornalismo, de fato, sucumbiu diante da sanha golpista da mídia.
Não há qualquer preocupação com a investigação séria, o espaço para as opiniões contrárias sumiu, os adjetivos grosseiros substituíram o substantivo, as vidas humanas tornaram-se o palanque do jogo sujo e politiqueiro. A neutralidade e a imparcialidade, presentes nos cursos de jornalismo e nos ridículos manuais de redação das empresas, viraram letra morta. Colunistas regiamente pagos e com livre acesso entre os magnatas do dinheiro e do poder tornaram-se porta-vozes do preconceito e da mentira, serviçais da residual elite nativa.
Até agora já foram quatro investidas. Como não dá para espinafrar diretamente o presidente Lula, que goza de enorme popularidade e conta com os bons ventos - sempre aparentes - da economia, os ataques covardes ocorrem pelos francos. Primeiro foi o alarde contra o irmão do presidente, o desconhecido Vavá, que ocupou dezenas de manchetes nos jornais e farto espaço nas TVs. Como não houve qualquer prova contra o governo, Vavá sumiu do noticiário e voltou ao anonimato, sem que a mídia desse qualquer explicação ou desculpas. Mais uma vez valeu a "presunção da culpa", num afronta à Constituição, que garante a "presunção da inocência".
RENAN E AS VAIAS DO PAN
Na seqüência, o presidente do Senado, Renan Calheiros, que sempre freqüentou os corredores do poder e nunca foi incomodado, virou o alvo preferencial. O mote foi um caso extraconjugal. Mas, como ironizou o governador Roberto Requião, a mesma mídia nunca falou nada sobre o romance do ex-presidente FHC com a repórter Miriam Dutra, da TV Globo, que também gerou um filho bastardo. O ataque a Renan Calheiros, independentemente do seu passado, foi mais uma abjeta manobra para enfraquecer um importante aliado do atual governo, para paralisar as suas ações e, se possível, para levar à presidência do Congresso um senador direitista.
Com o recesso parlamentar, a nova orquestração se deu na abertura dos jogos Pan-Americanos. Uma vaia bem ensaiada, como retratou um vídeo no Youtube, num estádio lotado por uma elite capaz de pagar R$ 250,00 pelo ingresso, intimidou e "entristeceu" o presidente Lula. O prefeito Cesar Maia, um marqueteiro de quinta-categoria e um dos expoentes fascistas do Demo, nem escondeu seu golpe rasteiro, que alimentou as manchetes dos jornais. Ele acaba de anunciar no seu ex-blog a venda pela internet de camisetas com os dizeres "Eu vaiei o Lula no Pan".
URUBUS NA TRAGÉDIA AÉREA
A investida mais sinistra e desumana, porém, deu-se com o triste acidente do Airbus A-320 da TAM. Antes mesmo da confirmação dos 200 corpos carbonizados, a mídia sensacionalista já havia achado o culpado pela tragédia - o presidente Lula.
Num flagrante desrespeito às vítimas e suas famílias, ela tentou dramatizar ao máximo as chocantes cenas para tirar proveito político do acidente. A Folha de S.Paulo estampou na capa artigo afirmando que "Lula assassinou 200 pessoas". Edições normais e extraordinárias da TV Globo bombardearam seus telespectadores com informações parciais sobre a crise aérea e a falta das ranhuras no aeroporto de Congonhas.
A cobertura da tragédia foi totalmente unilateral e manipulada.
O Estado de S.Paulo chegou a omitir de seus leitores um documento, obtido na mesma noite do acidente, que comprova que o Airbus operava sem o reverso, um freio indispensável na chuva. A mídia também escondeu os dois "incidentes" com a mesma aeronave poucos dias antes da tragédia e não deu destaque ao parecer do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) que atestava as condições técnicas da pista do Aeroporto de Congonhas. Talvez devido aos fartos recursos publicitários da TAM, a mídia venal também não alardeou o primeiro mandamento desta empresa: "Nada substitui o lucro".
GOLPE MIDIÁTICO EM GESTAÇÃO
Toda esta onda desprezível de manipulação tem objetivos nítidos. Visa pautar a agenda política do país, paralisando e ofuscando as ações do governo (o PAC sumiu do noticiário), e desgastar o presidente Lula, numa intensa campanha de linchamento.
Recente pesquisa do Instituto Vox Populi já revela os efeitos desta operação golpista. Lula se mantém com alta popularidade entre os trabalhadores e as camadas mais pobres, mas cresce a sua rejeição entre os setores médios e ricos - num típico processo de "venezuelização" da sociedade. Uma rápida ida aos aeroportos corrobora a pesquisa, com executivos e madames hidrófobos contra "este peão na presidência".
Com este caldo de cultura, a nova ofensiva da ditadura midiática poderá estimular protestos da "sociedade civil", reeditando as "marchas da família, com Deus e pela liberdade", que criaram o clima indispensável ao golpe de 1964. Um ministro do Superior Tribunal Militar, Olympio Pereira, o mesmo que solicitou prisão preventiva do operário Lula durante a ditadura, inclusive já ousou pregar abertamente golpe. Há boatos de que o príncipe das trevas, FHC, está em plena atividade conspirativa. E, agora, ricos empresários e notórios tucanos, a partir de um bunker de mansões em Campos do Jordão, resolveram investir fortunas na campanha intitulada "cansei".
"ACORDA LULA, CHAMA O TEU POVO"
Não dá para ficar passivo diante desta nova orquestração. Os movimentos sociais, preservando sua autonomia e reforçando a pressão pelo avanço nas mudanças, precisam entrar em estado de alerta para evitar surpresas desagradáveis. A direita golpista, bafejada pela ditadura midiática, já escolheu as suas armas e suas bandeiras. Há um discurso unificado, reproduzido a exaustão, contra a "incompetência administrativa" do governo Lula. Nem a indicação de Nelson Jobim, um político de centro e ex-ministro de FHC, intimidará a oposição neoliberal. Ela não tem mais retorno. Ou derruba o presidente ou o sangra ao máximo com vistas às próximas eleições.
O mesmo alerta serve ao governo Lula, que insiste no beco sem saída da conciliação e alimenta as cobras. Não dá para alisar esta elite preconceituosa e golpista. Não é possível fazer omelete sem quebrar ovos. É preciso maior ousadia no enfrentamento dos graves problemas estruturais do país, contrapondo-se aos interesses mesquinhos desta elite predadora e autoritária; é urgente conclamar o povo, num esforço pedagógico, para evitar o retrocesso e avançar nas mudanças.
O veterano jornalista Mino Carta, que conhece bem a postura antidemocrática desta gente, não vacila em afirmar que está em curso um novo golpe no Brasil. "Estamos às vésperas do retorno da Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade... Acorda Lula, chama o teu povo".
Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro Venezuela - Originalidade e Ousadia (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição)
Por Altamiro Borges – 28/07/07
Como alerta o jornalista Eduardo Guimarães em seu blog CIDADANIA, "que ninguém se iluda, o golpe está em gestação". Na mesma toada, Luiz Carlos Azenha, que preferiu deixar a poderosa TV Globo para escrever livremente no seu blog VI O MUNDO, ataca a manipulação na cobertura da tragédia de Congonhas: "Os objetivos da mídia a gente já sabe: enfraquecer o Lula de olho nas eleições de 2008. É a única explicação razoável para tanto exagero, distorção, omissão e mentira". Já o irreverente Paulo Henrique Amorim, no blog CONVERSA AFIADA, também garante que uma nova onda golpista da mídia está em curso - e "só o governo Lula parece que não vê".
Estas e outras poucas vozes críticas e independentes, num país sob o violento cerco da ditadura midiática, têm razões de sobra para os seus temores. Fragorosamente derrotada nas eleições de outubro passado, a mídia burguesa está novamente excitada e ouriçada. Na prática, ela ocupa o papel, descrito pelo intelectual italiano Antonio Gramsci, de "partido da direita", substituindo o PFL (travestido de Demo) e o PSDB, que foram rechaçados nas urnas e estão divididos e sem rumo.
Desde sua posse, o presidente Lula não teve um minuto sequer de folga. A cada dia surge uma nova denúncia midiática para fustigar, desgastar e paralisar o seu governo.
QUATRO INVESTIDAS RASTEIRAS
A onda denuncista, sem provas ou escrúpulos, é brutal. O jornalismo, de fato, sucumbiu diante da sanha golpista da mídia.
Não há qualquer preocupação com a investigação séria, o espaço para as opiniões contrárias sumiu, os adjetivos grosseiros substituíram o substantivo, as vidas humanas tornaram-se o palanque do jogo sujo e politiqueiro. A neutralidade e a imparcialidade, presentes nos cursos de jornalismo e nos ridículos manuais de redação das empresas, viraram letra morta. Colunistas regiamente pagos e com livre acesso entre os magnatas do dinheiro e do poder tornaram-se porta-vozes do preconceito e da mentira, serviçais da residual elite nativa.
Até agora já foram quatro investidas. Como não dá para espinafrar diretamente o presidente Lula, que goza de enorme popularidade e conta com os bons ventos - sempre aparentes - da economia, os ataques covardes ocorrem pelos francos. Primeiro foi o alarde contra o irmão do presidente, o desconhecido Vavá, que ocupou dezenas de manchetes nos jornais e farto espaço nas TVs. Como não houve qualquer prova contra o governo, Vavá sumiu do noticiário e voltou ao anonimato, sem que a mídia desse qualquer explicação ou desculpas. Mais uma vez valeu a "presunção da culpa", num afronta à Constituição, que garante a "presunção da inocência".
RENAN E AS VAIAS DO PAN
Na seqüência, o presidente do Senado, Renan Calheiros, que sempre freqüentou os corredores do poder e nunca foi incomodado, virou o alvo preferencial. O mote foi um caso extraconjugal. Mas, como ironizou o governador Roberto Requião, a mesma mídia nunca falou nada sobre o romance do ex-presidente FHC com a repórter Miriam Dutra, da TV Globo, que também gerou um filho bastardo. O ataque a Renan Calheiros, independentemente do seu passado, foi mais uma abjeta manobra para enfraquecer um importante aliado do atual governo, para paralisar as suas ações e, se possível, para levar à presidência do Congresso um senador direitista.
Com o recesso parlamentar, a nova orquestração se deu na abertura dos jogos Pan-Americanos. Uma vaia bem ensaiada, como retratou um vídeo no Youtube, num estádio lotado por uma elite capaz de pagar R$ 250,00 pelo ingresso, intimidou e "entristeceu" o presidente Lula. O prefeito Cesar Maia, um marqueteiro de quinta-categoria e um dos expoentes fascistas do Demo, nem escondeu seu golpe rasteiro, que alimentou as manchetes dos jornais. Ele acaba de anunciar no seu ex-blog a venda pela internet de camisetas com os dizeres "Eu vaiei o Lula no Pan".
URUBUS NA TRAGÉDIA AÉREA
A investida mais sinistra e desumana, porém, deu-se com o triste acidente do Airbus A-320 da TAM. Antes mesmo da confirmação dos 200 corpos carbonizados, a mídia sensacionalista já havia achado o culpado pela tragédia - o presidente Lula.
Num flagrante desrespeito às vítimas e suas famílias, ela tentou dramatizar ao máximo as chocantes cenas para tirar proveito político do acidente. A Folha de S.Paulo estampou na capa artigo afirmando que "Lula assassinou 200 pessoas". Edições normais e extraordinárias da TV Globo bombardearam seus telespectadores com informações parciais sobre a crise aérea e a falta das ranhuras no aeroporto de Congonhas.
A cobertura da tragédia foi totalmente unilateral e manipulada.
O Estado de S.Paulo chegou a omitir de seus leitores um documento, obtido na mesma noite do acidente, que comprova que o Airbus operava sem o reverso, um freio indispensável na chuva. A mídia também escondeu os dois "incidentes" com a mesma aeronave poucos dias antes da tragédia e não deu destaque ao parecer do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) que atestava as condições técnicas da pista do Aeroporto de Congonhas. Talvez devido aos fartos recursos publicitários da TAM, a mídia venal também não alardeou o primeiro mandamento desta empresa: "Nada substitui o lucro".
GOLPE MIDIÁTICO EM GESTAÇÃO
Toda esta onda desprezível de manipulação tem objetivos nítidos. Visa pautar a agenda política do país, paralisando e ofuscando as ações do governo (o PAC sumiu do noticiário), e desgastar o presidente Lula, numa intensa campanha de linchamento.
Recente pesquisa do Instituto Vox Populi já revela os efeitos desta operação golpista. Lula se mantém com alta popularidade entre os trabalhadores e as camadas mais pobres, mas cresce a sua rejeição entre os setores médios e ricos - num típico processo de "venezuelização" da sociedade. Uma rápida ida aos aeroportos corrobora a pesquisa, com executivos e madames hidrófobos contra "este peão na presidência".
Com este caldo de cultura, a nova ofensiva da ditadura midiática poderá estimular protestos da "sociedade civil", reeditando as "marchas da família, com Deus e pela liberdade", que criaram o clima indispensável ao golpe de 1964. Um ministro do Superior Tribunal Militar, Olympio Pereira, o mesmo que solicitou prisão preventiva do operário Lula durante a ditadura, inclusive já ousou pregar abertamente golpe. Há boatos de que o príncipe das trevas, FHC, está em plena atividade conspirativa. E, agora, ricos empresários e notórios tucanos, a partir de um bunker de mansões em Campos do Jordão, resolveram investir fortunas na campanha intitulada "cansei".
"ACORDA LULA, CHAMA O TEU POVO"
Não dá para ficar passivo diante desta nova orquestração. Os movimentos sociais, preservando sua autonomia e reforçando a pressão pelo avanço nas mudanças, precisam entrar em estado de alerta para evitar surpresas desagradáveis. A direita golpista, bafejada pela ditadura midiática, já escolheu as suas armas e suas bandeiras. Há um discurso unificado, reproduzido a exaustão, contra a "incompetência administrativa" do governo Lula. Nem a indicação de Nelson Jobim, um político de centro e ex-ministro de FHC, intimidará a oposição neoliberal. Ela não tem mais retorno. Ou derruba o presidente ou o sangra ao máximo com vistas às próximas eleições.
O mesmo alerta serve ao governo Lula, que insiste no beco sem saída da conciliação e alimenta as cobras. Não dá para alisar esta elite preconceituosa e golpista. Não é possível fazer omelete sem quebrar ovos. É preciso maior ousadia no enfrentamento dos graves problemas estruturais do país, contrapondo-se aos interesses mesquinhos desta elite predadora e autoritária; é urgente conclamar o povo, num esforço pedagógico, para evitar o retrocesso e avançar nas mudanças.
O veterano jornalista Mino Carta, que conhece bem a postura antidemocrática desta gente, não vacila em afirmar que está em curso um novo golpe no Brasil. "Estamos às vésperas do retorno da Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade... Acorda Lula, chama o teu povo".
Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro Venezuela - Originalidade e Ousadia (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição)
Ditadura de Bush viola direitos de ir e vir dos norte-americanos
A notícia é da Agência Reuter e vem de Búfalo, EUA. Um grupo de 60 cidadãos norte-americanos atravessou, neste sábado, 28, a fronteira vindo do Canadá, depois de ter feito uma viagem de turismo a Cuba, violando assim o embargo econômico dos EUA contra a ilha comandada por Fidel Castro. Eles pertencem ao movimento “Venceremos Brigade”. Não foram presos, mas estão sujeitos a uma multa de US$ 7.500.
Os EUA são uma ditadura disfarçada de democracia. O embargo é um muro da vergonha.
Os cidadãos norte-americanos vindos de Cuba atravessaram a ponte que liga o Canadá ao Estado de Nova York. Os viajantes norte-americanos que desejam visitar Cuba geralmente saem do Canadá, país que tem vôos regulares para a Ilha socialista.
"O governo diz que não temos o direito de viajar, e nós achamos que temos, então estamos prontos para batalhar legalmente com o nosso governo", disse Kathe Karlson, membro da organização.
O protesto aconteceu após a polêmica visita do cineasta Michael Moore a Cuba para fazer seu novo documentário, "Sicko", no qual critica o sistema de saúde dos EUA.
Autoridades dos EUA têm investigado a viagem de Moore como uma potencial violação do embargo.
Norte-americanos que viajam a Cuba sem permissão geralmente não são presos ao voltar, mas podem receber uma multa de 7.500 dólares por gastar dinheiro na ilha sem permissão. (Por Cameron French).
Os EUA são uma ditadura disfarçada de democracia. O embargo é um muro da vergonha.
Os cidadãos norte-americanos vindos de Cuba atravessaram a ponte que liga o Canadá ao Estado de Nova York. Os viajantes norte-americanos que desejam visitar Cuba geralmente saem do Canadá, país que tem vôos regulares para a Ilha socialista.
"O governo diz que não temos o direito de viajar, e nós achamos que temos, então estamos prontos para batalhar legalmente com o nosso governo", disse Kathe Karlson, membro da organização.
O protesto aconteceu após a polêmica visita do cineasta Michael Moore a Cuba para fazer seu novo documentário, "Sicko", no qual critica o sistema de saúde dos EUA.
Autoridades dos EUA têm investigado a viagem de Moore como uma potencial violação do embargo.
Norte-americanos que viajam a Cuba sem permissão geralmente não são presos ao voltar, mas podem receber uma multa de 7.500 dólares por gastar dinheiro na ilha sem permissão. (Por Cameron French).