3 de dezembro de 2012

 

Vida de Marighella inspira canção de Caetano e está bombando no youtube

 A vida do militante comunista, Carlos Marighella, inspirou a faixa mais longa do novo disco de Caetano Veloso, “Abraçaço”.  A música “Um Comunista”, em forma de rap, é na definição do compositor uma “tradicional canção de protesto”. "Vida sem utopia não entendo que exista", diz o artista na música. Ele repete sempre na letra: os comunistas guardavam sonhos...

Citando livro (“Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”, de Mario Magalhães), filme (“Marighella”, de Isa Grinspum Ferraz) e música (“Mil faces de um homem leal”, dos Racionais MC's) lançados recentemente para celebrar Marighella, Caetano acredita que se chegou a um momento de olhar novamente para o personagem.

"É o tempo natural da respiração histórica a respeito da memória de Marighella. Jorge Amado passou a vida sonhando em ver um monumento a Marighella em Salvador. Pedaços desse monumento inexistente são o livro, o filme, a música dos Racionais e a minha canção, que são completamente diferentes. A dos Racionais é uma típica peça de hip hop. A minha parece uma canção de protesto da época das canções de protesto. E eu quis que fosse assim. É uma resistência da canção", afirma ele , que, na canção repete: "Os comunistas guardavam sonhos".

Apesar de não ter chegado a conhecer Marighella, Caetano estabeleceu um contato indireto com o comunista por meio de uma colega, Lourdinha, que militou com ele e também foi presa.

"Ela causou uma impressão forte no [delegado do DOPS Sérgio] Fleury, que era o torturador. Ele se refere a ela como "caso mais impressionante de resistência à tortura", recordou Caetano. Na época, Lourdinha pediu que o artista desse "apoio logístico à guerrilha de Marighella".

"Eu fiquei mais ou menos inclinado a talvez fazer isso, se me fosse possível, se soubesse como, porque
A letra da música sobre Marighella narra o episódio em que mandou um recado do exílio para o Brasil, quando soube da morte do guerrilheiro numa emboscada armada por Fleury, em 1969.

Ele e Gilberto Gil apareceram na capa de uma revista, dizendo "nós estamos mortos, ele está mais vivo do que nós". Na mesma época, enviou ao jornal "Pasquim" um texto sobre Marighella.

Caetano diz que, na época, ninguém no Brasil entendeu que a tristeza que expressava no texto não era apenas a tristeza do exílio, mas uma referência à morte de Marighella.

Talvez porque a tristeza seja uma constante em sua vida e obra, especialmente nos últimos anos. "Estou triste", a terceira faixa, soa como a mais triste de todas as canções melancólicas dos últimos anos. “Abraçaço” finaliza a série de três discos de rock de Caetano, iniciada com “Cê”, de 2006, e seguida por “Zii e Zie”, de 2009.

"É mais um negócio desse período da minha vida, mas eu conheço tristeza desde sempre", disse ele, sobre a letra que diz que "O lugar mais frio do Rio/ é o meu quarto".

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