20 de agosto de 2011

 

A história vai fazendo Justiça

Vocês já notaram? Os perseguidos da ditadura militar de 1964 são sempre homenageados. Os serviçais da ditadura nem sequer são lembrados, a não ser para execração pública. Se eu fosse parente de militar da geração de 1964, morreria de vergonha. E pelo contrário, quando identifico personalidades importantes na cena atual brasileira, que foram perseguidos pelos fascistas do golpe militar de 1964, me dá grande satisfação. Assim, sou fascinado pela presidenta Dilma, a ex-guerrilheira.

É esse meu sentimento em relação à escritora Ana Maria Machado, que tem 19 milhões de livros vendidos, muitos prêmios, , ganhadora do Nobel da literatura infantojuvenil Hans Christian Andersen, autora de centenas de livros , provavelmente lidos pelos filhos e netos dos torturadores de ontem. E se eles souberem que seus pais e avós perseguiram Ana Maria Machado nos anos de chumbo? Que vergonha!

Ana Maria Machado é filha de Mário Martins, irmã de Franklin Martins, ex-ministro da Comunicação Social do governo Lula, militante contra a ditadura militar de 1964, integrante do heróico grupo guerrilheiro que seqüestrou o embaixador americano Charles Elbrick, em 1969. Presa, ameaçada de morte, foi obrigada a embarcar num navio cargueiro, exilar-se por três anos em Paris. Na França, a jornalista Ana Maria Machado trabalhou na revista Elle, em Londres trabalhou na BBC. Voltou ao Brasil e foi trabalhar no Jornal do Brasil, na Rádio JB. Do jornalismo passou à ficção. Em 1977, ganhou o prêmio João de Barro com “História Meio ao Contrário”.

Hoje é secretária-geral da Academia Brasileira de Letras. Mas poderia ter sido mais uma “desaparecida”, se não tivesse se exilado na hora certa. Então, não teríamos a Livraria Malasartes, que ela criou e dirigiu por 18 anos, não teríamos o livro “Recado do Nome”, sobre Guimarães Rosa, ou “Tropical Sol da Liberdade”, as centenas de histórias publicadas na revista Recreio, ou “Bento que é Bento”. Sem falar no mais recente “Silenciosa Algazarra” e em seu novo romance “Infâmia”.

Ela escapou dos militares, para felicidade dos brasileiros.

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