19 de agosto de 2011

 

Biografia de Luis Carlos Prestes, assinada por Jorge Amado, volta às prateleiras

Não somente os deputados federais Emiliano José (PT-BA) e Edson Santos (PT-RJ) pretendem homenagear o líder comunista Luis Carlos Prestes. Os dois parlamentares assinaram Projeto de Emenda Constitucional (PEC) incorporando Luis Carlos Prestes ao livro “Heróis da Pátria”, depositado no Panteão da Liberdade, em Brasília. Agora, a Editora Companhia das Letras anuncia que a obra de Jorge Amado intitulada “O Cavaleiro da Esperança – Vida de Luis Carlos Prestes”, publicada em 1942, em plena ditadura Vargas, será reeditada.

Obviamente, o tom da biografia assinada por Jorge Amado é stalinista, visão hegemônica naquela época. Jorge Amado proclama “que todo o povo do Brasil (...) fez o milagre de heroísmo que é Luis Carlos Prestes, P no peito dos negros,no coração dos soldados da Coluna, luz no coração dos homens, operários. Marítimos, camponeses, poetas, sambistas, tenentes e capitães, romancistas e sábios. Luz no coração dos homens, das mulheres também, estrela da esperança. Um povo escravo precisando de seu Herói”.

Não é constrangedor o viés stalinista, era a realidade da época. Os fatos mais importantes foram a Insurreição de 1935 e a repressão violenta do Estado Novo. Mas, é impressionante a história da Coluna Prestes, que entre 1926 e 1927, durante um ano e quatro meses, mobilizou 1.500 rebeldes, no final 800 revoltosos, que percorrendo 25 mil quilômetros em armas. Quase três vezes mais que a Longa Marcha de Mao-Tsé-Tung, na China.

Jorge Amado escancara a repressão brutal e bestial, ainda sob a democracia em 1935, bem antes do Estado Novo, que sofreram Prestes, sua mulher Olga Benário, deportada grávida para morrer nas câmaras de gás dos nazistas e centenas de revolucionários.

O desafio maior na leitura da reedição da biografia de Prestes é entender as decisões políticas que ele tomou, relegando a vida pessoal ao segundo plano. Paulo Sérgio Pinheiro, pesquisador da USP, que assina resenha para o jornal O Estado de S. Paulo (13/08/2011) recomenda a comparação entre Prestes e seus antigos colegas tenentes que promoveram, de 1964 a 1985, o terrorismo de Estado e praticaram crimes contra a Humanidade durante a ditadura militar. Prestes, ao contrário, foi um digno opositor da ditadura de 1964.

Na Justificativa de sua PEC, o deputado Emiliano José escreve: “Logo que sai da prisão, Prestes se envolve profundamente na luta política pela democratização do Brasil. O PCB conquistava a sua legalidade de fato, nas ruas. Prestes participa de memoráveis comícios, como o do Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, em 23 de maio de 1945, e o do Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em 15 de julho de 1945. Os comunistas batiam-se pela Constituinte e, também, contra o golpe de direita que pretendia derrubar Vargas, o que acaba ocorrendo em 29 de outubro de 1945. Vargas é derrubado no momento em que começa a defender posições progressistas, como a liberação dos presos políticos, o fim da censura, a legalização do PCB, o reatamento de relações diplomáticas com a URSS e a convocação de eleições gerais para o Legislativo e o Executivo. Aqui, entende-se a posição do PCB em relação a Vargas, e compreende-se melhor por que Prestes dirá que os interesses da política se sobrepunham às suas dores pessoais”.

Os militares que horrorizaram o Brasil com torturas, assassinatos e desaparecimentos de corpos são os Traidores da Pátria. Prestes é o Herói da Pátria, como querem os deputados Emiliano José e Edson Santos.

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