6 de maio de 2013

 

Íntegra do Manifesto do Grupo Tortura Nunca Mais - Bahia, em solidariedade ao jornalista Emiliano José, processado pelo ex-policial e atual pastor evangélico Átila Brandão


Grupo Tortura Nunca Mais

DEFESA DA HISTÓRIA E DA VERDADE
Agressão ao exercício da função de jornalista, à liberdade de manifestação e expressão, tentativa de se recusar a responder diante das acusações de tortura e ações policialescas praticadas durante a Ditadura Militar. Estes são os significados do processo instaurado pelo ex-policial e atualmente pastor evangélico, Átila Brandão, contra o professor e jornalista Emiliano José, de reconhecida atuação na área dos Direitos Humanos e na reconstituição do passado militar.

O Grupo Tortura Nunca Mais – Bahia na condição de continuador da luta pela Anistia e membro da coordenação do CBV – Comitê Baiano pela Verdade denuncia ao povo brasileiro esta ação como mais uma das que tentam impedir a reconstituição da verdadeira história do Brasil.  Esta reconstituição é tarefa que o GTNM-Bahia sempre assumiu e que agora deverá contar com a ação da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual a ser implantada pelo governo da Bahia.
Passando aos fatos que motivaram o processo. Jornalista e pesquisador, Emiliano José publicou no jornal A Tarde (11/02/2013) matéria intitulada “A premonição de Yaiá”, na qual ela fala da tortura praticada em seu filho Renato Afonso, por equipe chefiada por Átila Brandão. Um jornalista tem direito de elaborar matérias e reportagens sobre temas relevantes. E tentar incriminá-lo por isto é ameaçar o próprio exercício do direito à informação. Jornalista experimentado e fiel às suas fontes, Emiliano não deixa de verificar cuidadosamente as informações em que se baseia.

Na análise do caso, publicou, inclusive, matéria (“Corpo amputado querendo se recompor”) no site da conceituada revista CartaCapital (08/04/2013) em que o próprio Renato Afonso confirma as agressões sofridas de parte de Átila Brandão, com o qual já havia se defrontado quando estudante na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia – UFBA. A notícia da presença da mãe no quartel teria levado à interrupção da tortura.
A malfadada ação do ex-policial exige a reação das entidades que defendem os direitos humanos e o trabalho dos jornalistas e colocar como prioritário o exame e a reconstituição da ação do acusado que ora pretende se transformar em acusador.

Quando alguém tenta “tapar o sol com a peneira” chama a atenção para si e para a força de luz que a atravessa.

Salvador, 26 de abril de 2013
Joviniano Neto
Presidente do GTNM-Bahia
Membro da Coordenação do Comitê Baiano pela Verdade

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