9 de fevereiro de 2011

 

Revista IstoÉ entrevista ex-ativista Cesare Battisti. Finalmente alguém faz bom jornalismo.

A revista IstoÉ desta semana publica esclarecedora entrevista com o ex-ativista Cesare Battisti, preso ilegalmente no Brasil. Finalmente, alguém se lembrou de entrevistar o próprio. De modo geral, a mídia brasileira reproduz informações viciadas produzidas pelos órgãos de comunicação do mafioso Berlusconi, que governa a Itália, mas que é mais conhecido pelos sucessivos escândalos sexuais com prostitutas menores de idade. A jornalista Luiza Villaméa entrevistou Cesare Battisti. Ele fala de comunismo, guerrilha, arrependimento, autocrítica, inimigos, erros políticos, perseguições e fuga.

O ex-ativista Cesare Battisti nega com muita convicção envolvimento com os homicídios a ele atribuídos na Itália. À época dos assassinatos ele já tinha se afastado do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC), por discordar da morte do ex-ministro Aldo Moro, pelas Brigadas Vermelhas. Ele não compreende porque todo este barulho contra ele, já que há centenas de ex-militantes iguais a ele. Mas desconfia que a Itália não está absorvendo suas denúncias sobre torturas praticadas nos anos 1970. Era democracia, para no poder estavam a máfia e alguns fascistas.

Afinal, qual era seu papel no PAC? pergunta a jornalista Villaméa. E Battisti responde: “Os PAC tinham um jornal, Senza galera. Significava "sem cadeias". Cadeias no sentido mais amplo, de Michel Foucault, a favela, o gueto. Eu entrei para colaborar com este jornal. Mas comecei a fazer política ilegal muito jovem, com 15, 16 anos. Participei de todas as lutas. Na época tinha luta para o divórcio, o aborto, para a redução das tarifas de eletricidade. Tinha também a luta pela legalização da maconha. Era uma época especial”.

Cesare Battisti morou dez anos no México. Foi fundador de uma revista e de uma bienal de artes gráficas. Vivia dos direitos autorais dos livros publicados na França. Da França, onde tem muitos amigos, foi de carro para Espanha e depois Portugal. De Lisboa foi para a Ilha da madeira e de lá viajou de barco até as Ilhas Canárias, onde pegou um avião para Cabo Verde e em seguida para Fortaleza. Na França, deu cursos de escrita para presos, ajudou a montar bibliotecas em comunidades carentes.

Para ele, a luta armada na Itália foi um erro. Atualmente, está acabando de escrever seu terceiro livro. Preso, ele recebe assistência psiquiátrica e toma antidepressivos. Considera-se muito bem tratado. Não está tranqüilo porque considera desproporcional a pressão da mídia contra ele. Considera uma mentira da imprensa que Carla Bruni tenha intercedido em seu favor. Na Itália, cuja mídia é controlada por seu proprietário Berlusconi, ele é terrorista e assassino, mas, na França muitas pessoas fazem campanha a seu favor. Não se considera um inocente. Não matou ninguém, mas usou armas para cometer pequenos furtos que financiavam as PAC.

O ex-presidente Lula negou a extradição de Cesare Battisti. O governador Tarso Genro defende a libertação de Battisti.

Ao ganhar a liberdade, pretende morar no Rio de Janeiro, trazer suas filhas para o Brasil.

Dia 18 de dezembro comemorou seu aniversário na prisão. Dez amigos trouxeram o bolo com velas. Entre eles, a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenelle.

Vale a pena ler a entrevista na revista IstoÉ

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