11 de agosto de 2010

 

Tribunal de Justiça da Bahia pode salvar o Teatro Jorge Amado

Dois políticos se envolveram, nos bastidores, na operação Teatro Jorge Amado – o deputado Javier Alfaya (PCdoB) e o candidato a deputado federal Emiliano, ex-Assessor de Gabinete do governador Wagner. Do lado oficial, foi uma luta do secretário da Cultura da Bahia, Márcio Meirelles. Do lado dos artistas baianos se mobilizou o diretor teatral Fernando Guerreiro. O jornal A Tarde não cita os bastidores, mas, publica uma boa matéria informativa assinada pela jornalista Eduarda Uzeda sobre o caso. No caderno 2.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA FINALIZA NEGOCIAÇÃO
PARA ADQUIRIR PRÉDIO DO JORGE AMADO


Eduarda Uzeda

A notícia de que o Tribunal de Justiça adquiriu o prédio do UEC Pituba e vai manter o Teatro Jorge Amado funcionando caiu como uma bomba em Salvador. O Assessor da presidência do Tribunal de Justiça da Bahia, Ricardo Schmitt, afirma, entretanto, que “apesar do interesse do poder público, ainda não houve aquisição do imóvel”.

Ele salienta que “estamos em processo de negociação e só dependemos de alguns documentos que nos deverão enviar a Desenbahia para que o imóvel possa ser adquirido”.

Para Schimitt, até o final da semana, os documentos deverão ser encaminhados. Ele informou que o local será transformado em juizados especiais de defesa do consumidor.

Em Salvador, dados da Secult contabilizam 23 teatros em funcionamento, sendo oito públicos (sete administrados pelo Estado e um pela Prefeitura). Em todo o estado são 17 centros culturais, sendo cinco em Salvador que também funcionam como palco de apresentações.

Segundo Smichtt, o recuo na negociação só acontecerá se o imóvel não tiver totalmente regularizado. Mas se o assunto,por um lado, trouxe euforia para a classe artística, por outro lado ainda está sendo tratado com cautela pelos órgãos envolvidos.

A Desenbahia, que detém o imóvel, não fala sobre as negociações, pois alega que que não pode tratar das operações financeiras porque está regida pelas leis de sigilo bancário. Confirma, entretanto, que o acordo ainda não foi assinado.

Antes desse processo, por meio de nota à imprensa, o presidente da Desenbahia, Luiz Alberto Bastos Petitinga, esclareceu que o curso de inglês UEC, em 1995, contratou operações de financiamento para construção de sua sede junto ao Desenbanco.

Com a extinção do órgão, as operações de financiamento passaram à responsabilidade da Desenbahia. O financiamento contratado pelo UEC teve por garantia a hipoteca do imóvel.

“A empresa entretanto não honrou a operação de crédito, passando à condição de inadimplente desde 2002, obrigando a instituição de fomento a ajuizar ação de execução em busca da recuperação do crédito, lastreado em recursos públicos”, disse Petitinga.

Em março deste ano foi autorizada à Desenbahia, pelo juízo trabalhista a se imitir na posse do imóvel.

HIERARQUIA E APLAUSOS

A Secult também dá como certa a negociação, mas, por questões hierárquicas, prefere esperar o pronunciamento da presidência do Tribunal de Justiça do Estado.

A diretora do Teatro Jorge Amado, Fernanda Tourinho, aguarda as negociações, bem mais animada. “Os artistas em cartaz na casa, assim que souberam da notícia, comemoraram com a platéia lotada que aplaudiu vigorosamente a boa notícia”, afirmou.

“Esta notícia chegou na hora certa. E sensacional o que aconteceu, exulta o diretor Fernando Guerreiro, que também ressalta a participação fundamental da imprensa e à mobilização dos artistas no processo. “Só espero que a Secult mantenha a atual administração do teatro”, defendeu.

O ator Urias Lima acha “muito salutar que o espaço seja administrado pelo poder público. Ele não deverá olhar os projetos só pela ótica do mercado, ao contrário dos particulares”. Já o intérprete Caíca Alves ressalta ser “ótimo que o teatro permaneça e que se torne público, mas também acho fundamental que a administração ouça os artistas”.

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?