9 de agosto de 2010

 

Esquerda pode eleger a maior bancada na Câmara Federal

O “Blogs em Revista” reproduz uma interessante matéria do blog “Escrevinhador”, editado por Rodrigo Vianna, que faz referência a uma reportagem sem muito destaque da Folha de S. Paulo. O título é “Esquerda pode eleger a maior bancada” na Câmara dos Deputados. E por que? Porque o PT voltou a crescer na preferência popular e os números, nos últimos 20 anos, mostram uma relação direta entre a preferência partidária e o tamanho da bancada. Vianna cita nomes em alguns estados capazes de travar o “grande debate” das idéias. Na Bahia cita Emiliano José e Nelson Pelegrino.

ESQUERDA PODE ELEGER A MAIOR BANCADA

Fonte: Blog “Escrevinhador”/Blogs em Revista/Folha de S. Paulo

De forma discreta, a “Folha” publicou reportagem mostrando que o PT pode eleger a maior bancada da história para a Câmara dos Deputados. O motivo: a legenda voltou a crescer na preferência popular. O Partido dos Trabalhadores é o preferido de 25% dos eleitores. Segundo a reportagem, assinada por Mauricio Puls (meticuloso jornalista com quem trabalhei no início dos anos 90), no caso específico do PT há uma relação direta entre preferência partidária e tamanho de bancada (é o que mostram os números dos últimos 20 anos). Isso quer dizer que o partido tem chance de eleger mais de 100 deputados na eleição de outubro.

Partidos aliados, como PCdoB, PSB e PDT, também devem crescer. O que isso quer dizer? Pela primeira vez, as legendas de centro-esquerda podem eleger cerca de 200 deputados federais. Fato inédito no Brasil.

Muita gente me escreve perguntando sobre a eleição para o Congresso, que fica escondida diante do debate presidencial. O PT adotou a estratégia (inteligente) de abrir mão de disputas para governos estaduais, a fim de centrar esforços na eleição de uma bancada grande no Senado. Sobre isso escreverei em outra oportunidade.

Mas e a eleição para a Câmara dos Deputados? Em quem votar? Quem são os nomes fortes que podem comandar esse grande bloco de centro-esquerda a partir do ano que vem?

Depois da crise do “Mensalão”, a esquerda (em especial o PT) perdeu o chamado voto de opinião”: aquele eleitorado difuso, que acaba escolhendo candidatos que não dependem de uma categoria profissional ou de uma região específica para se eleger. A esquerda, em parte, se refugiou no voto corporativo e regional – que tem seu valor e sua importância, sem dúvida!

Mas, para travar os grandes debates, é preciso eleger também congressistas com uma visão geral, que não dependam de uma categoria, ou que não foquem sua atuação em um único tema.

Sem nenhuma pretensão, esse Escrevinhador apresenta a seguir uma pequena lista (supra-partidária e absolutamente pessoal) de candidatos que podem cumprir essa função.

Começo pelos Estados que conheço mais:

SÃO PAULO

- Paulo Teixeira (PT) – ex-secretário de Marta na Prefeitura de SP, com atuação na área de Habitação, não pertence à corrente majoritária do PT; manteve a firmeza na defesa das ações mais progressistas do governo Lula, sem fugir do debate com setores conservadores; jovem ainda, mas com experiência de quase três décadas na política.

- Ivan Valente (PSOL) – saiu do PT logo após a crise do “Mensalão”; faz oposição ao governo Lula, mas sem embarcar na histeria de personagens como Heloisa Helena; é capaz, por exemplo, de defender a política externa independente adotada pelo Brasil nos ultimos anos, e tem grande compromisso com a defesa dos movimentos sociais.

Luiza Erundina (PSB) – a ex-prefeita segue a ser uma referência daqueles que votam na esquerda mas não se afinam totalmente com o governo Lula; tem dedicado esforços a um tema sensível, a comunicação, questionando os monopóios midiáticos e a política de concessões de Rádio e TV no Brasil. É uma parlamentar imporante, referência também por sua identificação com os movimentos sociais.

José Genoíno (PT) - alinhado com a ala majoritária do PT e do governo, Genoíno sofreu duro baque com a crise do “Mensalão”; parece ter cometido um erro grave ao assinar os tais contratos com o Banco Rural, mas não se beneficiou pessoalmente, sou testemunha de que segue a viver na mesma casa, com o mesmo estilo de vida; aprendeu a dura lição de que não vale a pena ser o “queridinho” da mídia, e por sua experiência segue a ser um dos quadros mais importantes da esquerda no Congresso.

RIO DE JANEIRO

Brizola Neto (PDT) - o jovem parlamentar é uma revelação, pela atuação corajosa tanto em plenário como na internet, onde mantém um dos blogs mais visitados entre os setores progressistas; é a esperança de que o legado do velho Brizola não será desperdiçado; faz a defesa aberta de uma polítca nacionalista, de recuperação do papel do Estado, e da integração latino-americana.

Chico Alencar (PSOL) – assim como Ivan Valente em São Paulo, Chico deixou o PT mas não faz politica com o fígado e é garantia de um parlamentar comprometido com a defesa de valores da esquerda. Historiador, professor, é um carioca de fala mansa, mas sério e combativo.

Antônio Carlos Biscaia (PT) – com sólidos conhecimentos jurídicos, Biscaia fez carreira como promotor, e teve atuação destacada na investigação e julgamento dos banqueiros do jogo do bicho no Rio; sem grande proximidade com a ala majoritária do PT, é considerado um dos parlamentares mais atuantes da Câmara; na últimas eleição, teve dificuldade para se eleger, ficou na suplência, mas acabou assumindo o mandato.

Carlos Eugênio Paz (PSB) – militante da ALN durante a ditadura, atuou na resistência armada, escreveu livros de memória sobre o período; reviu muita coisa, mas (ao contrário de Gabeira, por exemplo) não abriu mão de lutar com uma visão progressista; nunca teve mandato parlamentar, e se apresenta como “o candidato da esquerda” .

Jandira Feghali (PCdoB) – feminista, Jandira perdeu a eleição para o Senado para Dornelles, em 2006, graças a uma campanha preconceituosa do adversário na reta final da eleição; comprometida com a área de Cultura, foi secretária de Sérgio Cabral e já exerceu o mandato de deputada federal quatro vezes (de 90 a 2006), sempre pelo PCdoB.

RIO GRANDE DO SUL

Henrique Fontana (PT) – foi líder de Lula no Congresso, e soube fazer a defesa do governo em momentos delicados, com firmeza e sobriedade; ao contrário de outros personagens do PT, parece não se intimidar com as manchetes e a gritaria da velha mídia.

Manuela D´Ávila (PCdoB) – setores da velha imprensa tentaram estigmatizá-la, reduzindo a deputada ao papel de ”musa”; mostrou habilidade e firmeza para usar isso a seu favor, sem abrir mão do debate sério em defesa de movimentos sociais e das políticas mais avançadas do governo Lula.

PARANÁ

Ângelo Vanhoni (PT) - já foi vereador, deputado estadual e agora concorre à reeleição para deputado federal; bancário, formado em Letras, é um dos nomes mais importantes do PT no Paraná, tendo disputado três vezes a Prefeitura de Curitiba.

Doutor Rosinha (PT) - é o tuiteiro mais ativo na esquerda, mas não é nenhum garoto; militante antigo, foi trabalhador rural na juventude, antes de se formar em Medicina; entrou para o mundo sindical nos anos 70, ajudou a fundar CUT e PT, e desde 98 é deputado federal, com atuação destacada na defesa da integração latino-americana.

PERNAMBUCO

Fernando Ferro (PT) - foi o deputado que, em tabelinha com um leitor de Paulo Henrique Amorim, ajudou a cunhar a expressão PIG (Partido da Imprensa Golpista); só isso já o credencia, porque ao contrário de outros não saiu apavorado quando a direita rugiu em 2005; é experiente e brigador.

Luciana Santos (PCdoB) - ex-prefeita de Olinda, ocupou uma secretaria no governo de Eduardo Campos (o mais bem avaliado do Brasil) e agora engrossa a turma das mulheres candidatas do PCdoB; não tem experiência federal, mas carrega a bagagem de qem já admnistrou uma das cidades mais imporantes do Nordeste.

BAHIA

Emiliano José (PT) - jornalista, Emiliano foi professor de Comunicação da UFBA durante mais de vinte anos; velho adversário de ACM, no fim dos anos 80 (ainda pelo PMDB) deu apoio ao governo de Waldir Pires (detestado por ACM); depois, ajudou a enterrar o carlismo apoiando a vitória de Jaques Wagner e Lula na Bahia; é um assíduo frequentador da blogosfera.
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Nelson Pelegrino (PT)- da ala mais à esquerda do partido, atua na área de Direitos Humanos; foi fundador do PT; ocupou uma secretaria no governo de Jaques Wagner; vai tentar o quarto mandato como deputado federal.

É uma turma boa.

Sem dúvida, deixei muita gente de fora. E não quero dizer que candidatos mais alinhados com nichos específicos de eleitores (especialmente na área sindical) tenham um papel menor.

Peço ajuda dos leitores para engrossar essa lista. Nos Estados da Amazônia e nos outros Estados do Nordeste, quais são os candidatos fortes para a Câmara, com esse perfil mais “amplo”?

E em Minas?

E no DF e no Centro-Oeste?

Opinem, corrijam, acrescentem! A única regra aqui é não ser sectário.

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