20 de novembro de 2008

 

Mesmo com presidente negro, os EUA continuam imperialistas

Não comungo do otimismo manifestado por parte do movimento negro do Brasil. Mesmo com Obama - o presidente democrata negro - em janeiro de 2009 os Estados Unidos da América (EUA) continuarão como império hegemônico e agirão como tal perante o mundo. Continuarão capitalistas e seu povo exacerbadamente individualista. Não é à-toa que Colin Powel, o general negro que defendeu a invasão do Iraque perante a ONU, apóia Obama. Que ninguém se iluda. Mesmo optando pela diplomacia multilateral, Obama vai defender os interesses dos EUA, em primeiro lugar, e em segundo lugar os interesses dos EUA e em terceiro lugar os interesses dos EUA...

A revista Carta Capital (12.11.08) lembra com propriedade que, em relação ao sistema financeiro, Obama não manifestou claramente diferença em relação aos Clinton, principais responsáveis pela desregulamentação dos anos 90. Obama “herdou de Hillary e incluiu em sua equipe um dos arquitetos da farra, Robert Rubin, que ainda em janeiro de 2008 NEGAVA qualquer risco de crise”. A questão agora é saber, na melhor hipótese, quanto tempo vai durar a plataforma política de Obama diante da realidade e da pressão do complexo industrial-militar dos EUA. Na pior hipótese, a questão é saber quando Obama será assassinado por um cubano-americano da Flórida.

Minha esperança é que diante da crise econômica, das guerras do Iraque, Afeganistão, Paquistão, Oriente Médio e da pressão da Rússia e do Irã, o presidente Obama deixe de lado a América Latina. Prioridade para a América Latina significa, para o complexo industrial-militar, armar o narco-governo de Uribe na Colômbia, que se julga no direito de invadir países vizinhos em busca de supostos terroristas. Eu entendo a tentação do movimento negro, neste 20 de novembro, por distribuir cartazes com os dizeres “Nós também podemos”. Mas, se tratando da violência com que os EUA dominam o planeta, não basta a cor negra da pele. Quem não se lembra da diplomacia fascistóide da negra Condoleeza Rice?

Não me saem da cabeça algumas reflexões do cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, professor titular (aposentado)de História da Política Exterior do Brasil na Universidade de Brasília (UnB). Numa entrevista à Agência Carta Maior ele afirma que as agências de notícia e as redes de televisão compõem o aparelho ideológico de que os EUA se valem para manter seu domínio na América Latina. O sistema demoniza todos os que se apõem aos interesses dos EUA. “E é preciso ressaltar que também a subsecretaria de Diplomacia Pública do Departamento de Estado está cooptando professores e jornalistas para que escrevam artigos e tratem de desqualificar todos os que criticam os Estados Unidos, de modo a conter o crescente anti-americanismo”.

Mesmo com Obama e mesmo com a redução do poder intervencionista dos EUA na América Latina, em virtude da crise financeira, isso não significa que a CIA deixe de operar na região ou que o Pentágono retire as bases que possui no Peru, Colômbia e Guiana.

Receio que o movimento negro do Brasil, bem cedo, se decepcione com o presidente negro dos EUA.

Comments:
Concordo inteiramente, Amigo.

Nada de ilusões, a cor da pele nunca definiu posturas progressistas, compromissos ideológicos.

VC deu dois exemplos sintomáticos de duas autoridades negras no poder estadunidense e qual o tipo e qualidade política da participação no governo bush do general negro Colin Powel, e da "da diplomacia fascistóide da negra Condoleeza Rice"

A questão, podemos dizer que é de classe, idéias.

Abraço.
 
Da maneira que foi dito no texto, ficou implícito que todo o movimento "negro" é composto de imbecis. Mesmo os mais empolgados ativistas, sabem que antes de ser um presidente "negro" Obama é um presidente dos EUA. E como tal, serve a interesses que superam suas crenças pessoais ou seus aparentes compromissos ideológicos em muito. A eleição de Obama funciona mais como um simbolo de mudança de um paradigma histórico da suposta inferioridade inata imputada aos "negros", que como uma panaceia para os problemas do mundo. Como dizem os mais velhos: vamos mais devagar com o andor...
 
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