16 de novembro de 2008

 

Revista bonitinha, mas, ordinária ataca agora a CamaPet

A Revista Metrópole está melhorando. Mudou muito a atitude do “publisher” Mário Kertész em relação ao prefeito João Henrique. Há bem pouco tempo eu o ouvi desclassificando, desmoralizando, caluniando e até difamando o prefeito. Lembro-me bem que ele o chamava ...Odete, que eu nunca fiquei entendendo bem porque. Na atualidade, é um firme apoiador. Mas não é sobre isso que desejo falar. Chamou-me a atenção uma falha na matéria intitulada “Cidade de Papelão”, assinada por Bruno Santana, na edição nº 16 – aquela que tem na capa o escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez.

Não é que a matéria “Cidade de Papelão” seja ruim. Ela é muito bem construída. Mas, falta uma coisa básica: apurar a verdade, ouvir o “outro lado”. E o “outro lado” para mim é a Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (CamaPet), citada várias vezes e até acusada por um catador de lixo como capaz de adulterar as balanças de pesagem do papelão recolhido nos lixos das casas comerciais. Aliás, sobra para todas as cooperativas. Um jornalista bem-formado numa publicação responsável trataria, por uma questão elementar de método, de ouvir o lado acusado, não é mesmo?

Eu tenho pena dessa turma nova de jornalistas que trabalham para o grupo midiático de Mário Kertész. Não há nenhum rigor jornalístico, embora eles tenham um grande potencial. No caso da matéria “Cidade de Papelão”, bastava um pequeno box ouvindo a CamaPet, uma experiência vitoriosa de cooperativa de catadores de lixo. Poderiam até checar a balança, não é? Infelizmente, reportagem de uma só fonte dá nisso...

A informação que faltou

A CamaPet foi criada em 1999, pelo Centro de Artes e Meio Ambiente (Cama), que atua na Península de Itapagipe, em Salvador, agregando 14 bairros de baixa renda. Desde então a cooperativa promove multiplicadores na área do meio-ambiente. O desafio é promover qualidade de vida por meio do aproveitamento de resíduos e gerar renda para os jovens da região entre 16 e 25 anos.

Atualmente, a Cooperativa trabalha com manejo de metais, plásticos, papéis e vidro. O grupo coleta os resíduos pelas ruas da cidade e em condomínios parceiros. A CamaPet, inclusive, recebe papel coletado pelo programa Recicla CAB. O material é separado e prensado na sede da entidade. O objetivo estratégico da CamaPet é somar esforços com outros grupos de catadores para atender o mercado e sair da mão dos atravessadores.

Outra informação que faltou

A CamaPet – acusada irresponsavelmente pela reportagem da revista Metrópole, bonitinha, mas, ordinária – é acompanhada por um agente de desenvolvimento do Projeto Brasil Local.

O Brasil Local é um projeto do Governo Lula, que apóia o desenvolvimento sustentável, por meio do fomento à organização de empreendimentos coletivos gerenciados pelos próprios trabalhadores.

O Projeto Brasil Local é coordenado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego e executado pela Universidade de Brasília. Desde 2006, o Brasil Local apoiou 687 empreendimentos, em 199 municípios, envolvendo mais de 40 mil trabalhadores.

No caso de Salvador, a CamaPet deu um salto de qualidade e resolveu criar uma coleção de jóias fabricadas com a reutilização de embalagens PET. A ação é resultado de parceria com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que ofereceu capacitação ao pessoal.

Uma coleção que fez sucesso, intitulada “Pérola Negra”, foi inspirada em personalidades negras da cultura baiana, com o objetivo de preservar o legado da mulher africana. O conjunto inclui brincos, pulseiras, colares e variados acessórios. Uma beleza. A cooperativa também produz peças como porta-retratos, luminárias e poltronas.

Os recursos obtidos com a comercialização dos produtos são somados às horas trabalhadas e o valor é distribuído entre 26 cooperados da instituição, que recebem cerca de um salário mínimo por mês.

E agora vem a Revista Metrópole, com base em UM único catador de lixo, sem ouvir o outro lado, checar a verdade, dizer que a balança da cooperativa está fraudada?

Mas eu não sou radical não. A revistinha está melhorando. O que tem então de anúncios...

Comments:
Oldack, esta foi uma grande reportagem da revista de Mário! Deu prá sentirmos a realidade de boa parte desse povo sofrido, que trabalha recolhendo papeis e catando coisas nos lixões prá sobreviver. Se a Camapet faz um bom trabalho com um certo segmento desse povo, com fabricação de peças como bijuterias, parabéns e até acredito nisso, mas daí não reconhecer que uma outra parcela desse mesmo povo miserável, sofre o cão prá tentar sobreviver, sem muito apoio ou bastante pouco caso por parte da Camapet, é tapar o sol com a peneira. É uma realidade da qual não tenho o menor orgulho de dizer que existe aqui em Salvador e em muitas outras cidades do país, infelizmente. Mas é REAL.LENA
 
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