21 de junho de 2007
Surge uma esperança para Santo Amaro, cidade mais poluída por chumbo do mundo
Santo Amaro da Purificação, terra de Caetano Veloso e Maria Betânia, detém o título de cidade mais contaminada por chumbo de todo o planeta. Durante 33 anos a Companhia Brasileira de Chumbo – Cobrac (controlada pela francesa Peñarroya Oxyde S.A.) despejou ali 490 mil toneladas de rejeitos.
A terra contaminada foi parar nos rebocos das casas, nas vias públicas, no leito do rio Subaé e no corpo das pessoas. O chumbo provocou saturnismo em centenas de trabalhadores e suas famílias.
O saturnismo afina os braços, provoca dores, causa impotência sexual nos homens e aborto nas mulheres. Há registros de um índice elevado de nascituros sem cérebro. Há anos uma Associação das Vítimas Contaminadas por Chumbo, Cádmio, Mercúrio e Outros Elementos Químicos - AVICCA, luta por atenção dos governos.
Com excesso de metais pesados na água e no solo registram-se altos índices de anemia, câncer do pulmão, lesões renais, hipertensão arterial, doenças cérebro-vasculares e alterações psicomotoras. Santo Amaro é um eterno “case” para faculdades de Medicina de São Paulo e da Bahia.
Com o Jaques Wagner surge uma luz no fim do túnel. O Centro de Recursos Ambientais (CRA) acaba de conceder licença para implantação da fábrica Bolland do Brasil, que pretende re-processar os resíduos de metais pesados, lixo tóxico que forma duas montanhas nas franjas da cidade.
Em 2005 estive em Santo Amaro, juntamente com o então deputado estadual Emiliano José (PT). Fomos acompanhar uma equipe de jornalistas franceses. Eles se interessaram pelo assunto instigados pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil.
A LUTA DE SANTO AMARO É ANTIGA
Em plena ditadura militar, um grupo de jornalistas baianos editou um jornal alternativo chamado Invasão. Edição única, com tiragem de cinco mil exemplares, o tablóide saiu no dia 01 de março de 1977, com a manchete CHUMBO NELES e uma foto imensa de um operário negro com as mãos para o alto. O subtítulo completava a informação: A Companhia Brasileira de Chumbo está envenenando o sangue dos operários.
A reportagem, assinada pelos jornalistas Emiliano José, Linalva Maria de Souza, Carlos Navarro Filho, com fotos de Milton Mendes, denunciava a poluição por chumbo e cádmio causada pela fábrica da Companhia Brasileira de Chumbo - Cobrac, em Santo Amaro da Purificação, Bahia.
O texto do jornalista e escritor Emiliano José, registrado no livro “Os Baianos Que Rugem”, alertava: É na boca do forno, no interior da fábrica, que as conseqüências são mais graves, embora sempre as menos difundidas pela imprensa e até pelos técnicos e autoridades acadêmicas que têm se dedicado ao estudo da poluição pelo chumbo e pelo cádmio.
Ali se respira chumbo o dia todo, sem parar. Ali é que se contrai facilmente o saturnismo, ou intoxicação saturnina, exótico nome de uma doença que afina os braços, provoca dores agudas por todo o corpo, causa impotência sexual nos homens e aborto nas mulheres.
Em julho de 2005, na condição de deputado estadual pelo PT, Emiliano José voltou - 28 anos depois de sua reportagem - ao local da famigerada fábrica, a convite de Adailson Pereira Moura, presidente da Associação das Vítimas Contaminadas por Chumbo, Cádmio, Mercúrio e Outros Elementos Químicos - AVICCA, uma ONG local que luta até hoje para a apuração das responsabilidades, defende apoio às famílias, indenização para as vítimas ainda vivas, e se propõe a acionar programas de educação ambiental e proteger as crianças que se expõem à terra e água contaminadas pelo chumbo.
FRANCESES NA BAHIA
Dia 7 de setembro de 2005, jornalistas europeus chegaram a Santo Amaro para conhecer a tragédia humana e ecológica provocada pela empresa francesa Peñarroya que, em 1960, criou a Companhia Brasileira de Chumbo - COBRAC, que passou a se chamar Plumbum Mineração e Metalurgia, depois que foi vendida em 1989 ao Grupo Trevo.
Desativada em 1993, deixou um rastro de poluição e doença, uma herança maldita de 500 mil toneladas de escória de chumbo, o que significa dez mil toneladas do metal espalhado pela cidade e por suas imediações, inclusive a Baía de Todos os Santos, onde deságua o rio Subaé, com sua carga mortal de chumbo e cádmio, ainda nos dias atuais.
Estudos da UFBA classificam Santo Amaro como o município mais contaminado por chumbo do mundo. Apesar de novas e premiadas reportagens, ações no Ministério Público e programas do governo do Estado, a população - principalmente velhos e crianças - continua exposta à poluição por metais pesados.
O deputado Emiliano José (PT), depois da visita a Santo Amaro, onde encontrou pregadas na parede da AVICCA as páginas amareladas de sua reportagem, abordou o assunto na Assembléia Legislativa e fez uma pergunta: por que o governo da Bahia se cala?
Dirigia-se à época ao governador Paulo Souto (DEM). Agora, o governo está falando.
A terra contaminada foi parar nos rebocos das casas, nas vias públicas, no leito do rio Subaé e no corpo das pessoas. O chumbo provocou saturnismo em centenas de trabalhadores e suas famílias.
O saturnismo afina os braços, provoca dores, causa impotência sexual nos homens e aborto nas mulheres. Há registros de um índice elevado de nascituros sem cérebro. Há anos uma Associação das Vítimas Contaminadas por Chumbo, Cádmio, Mercúrio e Outros Elementos Químicos - AVICCA, luta por atenção dos governos.
Com excesso de metais pesados na água e no solo registram-se altos índices de anemia, câncer do pulmão, lesões renais, hipertensão arterial, doenças cérebro-vasculares e alterações psicomotoras. Santo Amaro é um eterno “case” para faculdades de Medicina de São Paulo e da Bahia.
Com o Jaques Wagner surge uma luz no fim do túnel. O Centro de Recursos Ambientais (CRA) acaba de conceder licença para implantação da fábrica Bolland do Brasil, que pretende re-processar os resíduos de metais pesados, lixo tóxico que forma duas montanhas nas franjas da cidade.
Em 2005 estive em Santo Amaro, juntamente com o então deputado estadual Emiliano José (PT). Fomos acompanhar uma equipe de jornalistas franceses. Eles se interessaram pelo assunto instigados pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil.
A LUTA DE SANTO AMARO É ANTIGA
Em plena ditadura militar, um grupo de jornalistas baianos editou um jornal alternativo chamado Invasão. Edição única, com tiragem de cinco mil exemplares, o tablóide saiu no dia 01 de março de 1977, com a manchete CHUMBO NELES e uma foto imensa de um operário negro com as mãos para o alto. O subtítulo completava a informação: A Companhia Brasileira de Chumbo está envenenando o sangue dos operários.
A reportagem, assinada pelos jornalistas Emiliano José, Linalva Maria de Souza, Carlos Navarro Filho, com fotos de Milton Mendes, denunciava a poluição por chumbo e cádmio causada pela fábrica da Companhia Brasileira de Chumbo - Cobrac, em Santo Amaro da Purificação, Bahia.
O texto do jornalista e escritor Emiliano José, registrado no livro “Os Baianos Que Rugem”, alertava: É na boca do forno, no interior da fábrica, que as conseqüências são mais graves, embora sempre as menos difundidas pela imprensa e até pelos técnicos e autoridades acadêmicas que têm se dedicado ao estudo da poluição pelo chumbo e pelo cádmio.
Ali se respira chumbo o dia todo, sem parar. Ali é que se contrai facilmente o saturnismo, ou intoxicação saturnina, exótico nome de uma doença que afina os braços, provoca dores agudas por todo o corpo, causa impotência sexual nos homens e aborto nas mulheres.
Em julho de 2005, na condição de deputado estadual pelo PT, Emiliano José voltou - 28 anos depois de sua reportagem - ao local da famigerada fábrica, a convite de Adailson Pereira Moura, presidente da Associação das Vítimas Contaminadas por Chumbo, Cádmio, Mercúrio e Outros Elementos Químicos - AVICCA, uma ONG local que luta até hoje para a apuração das responsabilidades, defende apoio às famílias, indenização para as vítimas ainda vivas, e se propõe a acionar programas de educação ambiental e proteger as crianças que se expõem à terra e água contaminadas pelo chumbo.
FRANCESES NA BAHIA
Dia 7 de setembro de 2005, jornalistas europeus chegaram a Santo Amaro para conhecer a tragédia humana e ecológica provocada pela empresa francesa Peñarroya que, em 1960, criou a Companhia Brasileira de Chumbo - COBRAC, que passou a se chamar Plumbum Mineração e Metalurgia, depois que foi vendida em 1989 ao Grupo Trevo.
Desativada em 1993, deixou um rastro de poluição e doença, uma herança maldita de 500 mil toneladas de escória de chumbo, o que significa dez mil toneladas do metal espalhado pela cidade e por suas imediações, inclusive a Baía de Todos os Santos, onde deságua o rio Subaé, com sua carga mortal de chumbo e cádmio, ainda nos dias atuais.
Estudos da UFBA classificam Santo Amaro como o município mais contaminado por chumbo do mundo. Apesar de novas e premiadas reportagens, ações no Ministério Público e programas do governo do Estado, a população - principalmente velhos e crianças - continua exposta à poluição por metais pesados.
O deputado Emiliano José (PT), depois da visita a Santo Amaro, onde encontrou pregadas na parede da AVICCA as páginas amareladas de sua reportagem, abordou o assunto na Assembléia Legislativa e fez uma pergunta: por que o governo da Bahia se cala?
Dirigia-se à época ao governador Paulo Souto (DEM). Agora, o governo está falando.
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Parabéns pelo blog, já morei em Sto. Amaro e sei o que sofre aquele povo. Espero que esteja próxima uma solução para este problema que se arrasta por conta da insensibilidade e irresponsabilidade dos governantes da Bahia.
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