29 de junho de 2007
Luiz Caetano, prefeito de Camaçari, fala sobre a Operação Navalha
Entrevista concedida à Assessoria de Imprensa do PT da Bahia.
- Por que o Sr. foi preso pela Polícia Federal?
Luiz Caetano - Meu caro, sinceramente, até agora não sei por quê. A prefeitura de Camaçari não tem contrato com a Gautama, muito menos qualquer ordem de serviço. A Gautama venceu uma licitação no governo anterior, enquanto Tude era o prefeito. Eu cancelei o contrato. Por essa razão, havia muito assédio por parte de Zuleido e de seus funcionários.
- Houve excessos na Operação Navalha, especialmente na sua prisão?
Luiz Caetano - Foi uma tremenda injustiça comigo. O Teotônio Vilela (governador de Alagoas) pagou R$ 70 milhões à Gautama e não foi preso. Eu não paguei um centavo. Minha prisão foi desnecessária. Acho que foi uma armação, mas ainda não posso falar. Não tenho como provar nada.
- Se a Prefeitura de Camaçari não tem nenhum envolvimento com a Gautama, então porque o Sr. afastou o secretário de Obras, Iran Ferreira?
Luiz Caetano - Como te disse, Camaçari não tem nenhum envolvimento com esta empresa. Olha, antes é preciso dizer que acredito na inocência do meu pessoal. Agora, afastei Iran e um de seus assessores para garantir a lisura do processo de investigação e para que eles possam preparar a defesa deles. É assim na democracia. Existem indicativos de que eles foram procurados e que tiveram contato com funcionários da Gautama. Mas, até que se prove o contrário, acredito na inocência deles.
- Durante os seis dias em que o Sr. ficou detido na carceragem da PF em Brasília, passou por sua cabeça que o Sr. podia perder o mandato ou ser execrado pela opinião pública?
Luiz Caetano - Em nenhum momento me preocupei com o meu mandato. Isso realmente não passou por minha cabeça. Minha preocupação era provar minha inocência, sair da prisão. Não sabia como o povo de minha terra tinha encarado a situação. Via sempre na TV meu nome associado ao de uma quadrilha. Fiquei muito triste. Muito revoltado. Mas, o povo de Camaçari foi solidário e acredita na minha inocência.
- Como foi o seu depoimento à ministra Eliana Calmon, responsável pelos mandatos de prisão da Operação Navalha, na qual o Sr. foi enquadrado?
Luiz Caetano - De minha parte foi muito tranqüilo, agora não posso dizer o mesmo dela. Quando a ministra me perguntou: prefeito, como vai a obra lá em sua cidade? Vi uma preocupação no olhar da ministra quando respondi que não havia obra. Ela ficou com o semblante de inquietação. Ficou meio desconcertada e descobriu a injustiça que tinha cometido.
- Prefeito, o Sr. declarou ou não os 142 mil reais e os três mil dólares à Receita Federal? Sonegação de imposto não é crime?
Luiz Caetano - Antes tenho que te dizer que aquele dinheiro foi resultado de anos de economias pessoais, tanto minhas quanto de minha esposa. Também recentemente estive na Europa, portanto tive que trocar Real por Dólar, isso foi feito no Banco do Brasil. Não há crime em guardar dinheiro em casa. Tenho registro em minha carteira de trabalho como farmacêutico, trabalhei como professor de cursinho, já fui vereador. Todo dinheiro é resultado do meu suor. Mas, é verdade que eu não declarei. Assim que recebê-lo de volta farei isso.
- A Executiva Estadual do PT foi solidária ao Sr.?
Luiz Caetano - O Partido dos Trabalhadores não me abandonou. Todo mundo, inclusive o presidente do PT na Bahia, Marcelino Galo, foi solidário e acredita em minha inocência. Também tive apoio de Nelson Pelegrino, da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), dos vereadores da Camaçari, todo mundo. Foi realmente emocionante descobrir que sou benquisto por tanta gente. Olha, foi isso que me deu força pra segurar a barra.
- O Sr. acha que sofreria um processo de impeachment se não tivesse maioria na Câmara Municipal?
Luiz Caetano - Não, porque houve um engano da Polícia Federal. Minha prisão foi um equívoco, pra não falar outra coisa. Não acredito que haveria impeachment. Até porque a Câmara Municipal montou uma comissão especial mista para analisar a situação. Eles constataram que não houve nenhuma ilicitude, não houve nada de errado entre a Prefeitura de Camaçari e a Gautama. Portanto, não foi um apoio gratuito. Os vereadores me apoiaram depois de investigar exaustivamente o caso. O que eu quero é isso, que antes de me julgar, todos possam analisar a situação.
- Houve algum prejuízo político para o Sr. nesse episódio? Como reverter essa situação?
Luiz Caetano - Mas é claro que houve! Você tem alguma dúvida disso? Minha imagem foi desgastada, foi jogada na lama. A todo tempo a minha imagem foi relacionada a uma quadrilha que fraudava licitações. Lá na carceragem da PF, em Brasília, eu via pelas grades na TV a notícia de que o prefeito de Camaçari foi preso em sua casa por associação com a Gautama e a quadrilha de Zuleido. Isso foi demais! Foi muito difícil! Imagina um homem inocente ouvir isso em rede nacional? Não desejaria isso para meu pior inimigo. Aliás, para ninguém, que nem inimigo eu tenho. Sei que será necessário tempo para que todos possam entender o que realmente houve. O que eu posso fazer é isso: continuar falando com a imprensa livre de nosso Estado, continuar conversando com o povo e, principalmente, abrir as contas da prefeitura pra quem quiser ver. As contas, os documentos, está tudo aqui disponível pra quem quiser ver. Repito mais uma vez com convicção: Camaçari não tem nada a ver com a Gautama, pelo menos durante meu governo.
- Com a proximidade das eleições municipais, o Sr. pensa em reeleição?
Luiz Caetano - Sei lá! Isso tudo me deixou meio transtornado. Mas, posso lhe dizer o seguinte: tenho 35 anos de vida pública. Não posso deixar que esse episódio acabe comigo. A população de minha cidade tem um carinho especial por mim. Eles sabem o trabalho que nós temos realizado. Eles reconhecem o que Camaçari era antes e o que ela é hoje. Portanto, esse é um assunto que vou pensar com calma. Muita calma!
Assessoria de Imprensa - PT/Ba
- Por que o Sr. foi preso pela Polícia Federal?
Luiz Caetano - Meu caro, sinceramente, até agora não sei por quê. A prefeitura de Camaçari não tem contrato com a Gautama, muito menos qualquer ordem de serviço. A Gautama venceu uma licitação no governo anterior, enquanto Tude era o prefeito. Eu cancelei o contrato. Por essa razão, havia muito assédio por parte de Zuleido e de seus funcionários.
- Houve excessos na Operação Navalha, especialmente na sua prisão?
Luiz Caetano - Foi uma tremenda injustiça comigo. O Teotônio Vilela (governador de Alagoas) pagou R$ 70 milhões à Gautama e não foi preso. Eu não paguei um centavo. Minha prisão foi desnecessária. Acho que foi uma armação, mas ainda não posso falar. Não tenho como provar nada.
- Se a Prefeitura de Camaçari não tem nenhum envolvimento com a Gautama, então porque o Sr. afastou o secretário de Obras, Iran Ferreira?
Luiz Caetano - Como te disse, Camaçari não tem nenhum envolvimento com esta empresa. Olha, antes é preciso dizer que acredito na inocência do meu pessoal. Agora, afastei Iran e um de seus assessores para garantir a lisura do processo de investigação e para que eles possam preparar a defesa deles. É assim na democracia. Existem indicativos de que eles foram procurados e que tiveram contato com funcionários da Gautama. Mas, até que se prove o contrário, acredito na inocência deles.
- Durante os seis dias em que o Sr. ficou detido na carceragem da PF em Brasília, passou por sua cabeça que o Sr. podia perder o mandato ou ser execrado pela opinião pública?
Luiz Caetano - Em nenhum momento me preocupei com o meu mandato. Isso realmente não passou por minha cabeça. Minha preocupação era provar minha inocência, sair da prisão. Não sabia como o povo de minha terra tinha encarado a situação. Via sempre na TV meu nome associado ao de uma quadrilha. Fiquei muito triste. Muito revoltado. Mas, o povo de Camaçari foi solidário e acredita na minha inocência.
- Como foi o seu depoimento à ministra Eliana Calmon, responsável pelos mandatos de prisão da Operação Navalha, na qual o Sr. foi enquadrado?
Luiz Caetano - De minha parte foi muito tranqüilo, agora não posso dizer o mesmo dela. Quando a ministra me perguntou: prefeito, como vai a obra lá em sua cidade? Vi uma preocupação no olhar da ministra quando respondi que não havia obra. Ela ficou com o semblante de inquietação. Ficou meio desconcertada e descobriu a injustiça que tinha cometido.
- Prefeito, o Sr. declarou ou não os 142 mil reais e os três mil dólares à Receita Federal? Sonegação de imposto não é crime?
Luiz Caetano - Antes tenho que te dizer que aquele dinheiro foi resultado de anos de economias pessoais, tanto minhas quanto de minha esposa. Também recentemente estive na Europa, portanto tive que trocar Real por Dólar, isso foi feito no Banco do Brasil. Não há crime em guardar dinheiro em casa. Tenho registro em minha carteira de trabalho como farmacêutico, trabalhei como professor de cursinho, já fui vereador. Todo dinheiro é resultado do meu suor. Mas, é verdade que eu não declarei. Assim que recebê-lo de volta farei isso.
- A Executiva Estadual do PT foi solidária ao Sr.?
Luiz Caetano - O Partido dos Trabalhadores não me abandonou. Todo mundo, inclusive o presidente do PT na Bahia, Marcelino Galo, foi solidário e acredita em minha inocência. Também tive apoio de Nelson Pelegrino, da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), dos vereadores da Camaçari, todo mundo. Foi realmente emocionante descobrir que sou benquisto por tanta gente. Olha, foi isso que me deu força pra segurar a barra.
- O Sr. acha que sofreria um processo de impeachment se não tivesse maioria na Câmara Municipal?
Luiz Caetano - Não, porque houve um engano da Polícia Federal. Minha prisão foi um equívoco, pra não falar outra coisa. Não acredito que haveria impeachment. Até porque a Câmara Municipal montou uma comissão especial mista para analisar a situação. Eles constataram que não houve nenhuma ilicitude, não houve nada de errado entre a Prefeitura de Camaçari e a Gautama. Portanto, não foi um apoio gratuito. Os vereadores me apoiaram depois de investigar exaustivamente o caso. O que eu quero é isso, que antes de me julgar, todos possam analisar a situação.
- Houve algum prejuízo político para o Sr. nesse episódio? Como reverter essa situação?
Luiz Caetano - Mas é claro que houve! Você tem alguma dúvida disso? Minha imagem foi desgastada, foi jogada na lama. A todo tempo a minha imagem foi relacionada a uma quadrilha que fraudava licitações. Lá na carceragem da PF, em Brasília, eu via pelas grades na TV a notícia de que o prefeito de Camaçari foi preso em sua casa por associação com a Gautama e a quadrilha de Zuleido. Isso foi demais! Foi muito difícil! Imagina um homem inocente ouvir isso em rede nacional? Não desejaria isso para meu pior inimigo. Aliás, para ninguém, que nem inimigo eu tenho. Sei que será necessário tempo para que todos possam entender o que realmente houve. O que eu posso fazer é isso: continuar falando com a imprensa livre de nosso Estado, continuar conversando com o povo e, principalmente, abrir as contas da prefeitura pra quem quiser ver. As contas, os documentos, está tudo aqui disponível pra quem quiser ver. Repito mais uma vez com convicção: Camaçari não tem nada a ver com a Gautama, pelo menos durante meu governo.
- Com a proximidade das eleições municipais, o Sr. pensa em reeleição?
Luiz Caetano - Sei lá! Isso tudo me deixou meio transtornado. Mas, posso lhe dizer o seguinte: tenho 35 anos de vida pública. Não posso deixar que esse episódio acabe comigo. A população de minha cidade tem um carinho especial por mim. Eles sabem o trabalho que nós temos realizado. Eles reconhecem o que Camaçari era antes e o que ela é hoje. Portanto, esse é um assunto que vou pensar com calma. Muita calma!
Assessoria de Imprensa - PT/Ba
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SENHORES, POR FAVOR FAÇAM CHEGAR AO PREFEITO CAETANO ESTA MENSAGEM:
Senhor Prefeito,
O senhor está sabendo o que tem acontecido em Vila de Abrantes?
É do seu conhecimento que estamos abandonando nossas casas e chácaras, forçados pela falta de segurança a que estão sujeitas as nossas famílias?
Pois lhe conto que na semana passada o terror se instalou de vez no Distrito de Vila de Abrantes.
O tráfico de drogas já havia se instalado na nossa região, mas isso não era tão preocupante. A disputa entre grupos traficantes rivais também não preocupava, até porque eles se matavam mutuamente, não mexiam com a comunidade.
Mesmo quando começaram a expulsar as famílias de suas casas na Estiva, Poc, Corre Nu e outros bairros mais distantes; mesmo quando decretaram toque de recolher fechando o comércio.
Se aumentavam os assaltos a veículos, tínhamos que tomar mais cuidado. Chegava em casa através de três acessos, que alternava para não ter minha rotina conhecida.
Os assaltos a transeuntes também não era tão alarmante assim. Afinal andavam ou pedalavam sua bicicleta ao longo da Estrada do Coco, em zona urbana. Deveriam tomar mais cuidado.
Tudo ainda estava distante de nós. De representar maior risco.
De repente os marginais se entusiasmaram e montaram uma barricada na estrada do coco, assaltando a todos os veículos que passavam. Ora, fora um caso isolado.
Esta semana assaltaram a chácara vizinha à nossa, amarraram toda família e levaram tudo o que puderam. No dia seguinte, assaltaram meu outro vizinho, mas só encontraram seu caseiro. Não levaram nada, apenas deram uma surra no pobre coitado. Isto tudo depois que a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que comprara a chácara defronte da minha para esconder frutos de roubo de cargas.
Chegou ao limite, Sr Prefeito. Eu Já retirei a minha família do lugar que há sete anos escolhi para morar.
Sou geólogo da Petrobras, trabalho embarcado em plataformas e não posso deixar minha família entregue ao abandono, à total falta de segurança. Chega! Tive que abandonar a minha própria casa devido a este descaso.
Não sei se um dia poderei voltar ou se Vila de Abrantes irá se transformar numa favela perigosa. Uma terra antes não tranqüila, de um povo tão amigo, que escreveu seu nome na história deste estado e deste país.
Sinceramente espero que não seja este o último registro deste tempo.
Espero que o senhor não esqueça de nós.
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Senhor Prefeito,
O senhor está sabendo o que tem acontecido em Vila de Abrantes?
É do seu conhecimento que estamos abandonando nossas casas e chácaras, forçados pela falta de segurança a que estão sujeitas as nossas famílias?
Pois lhe conto que na semana passada o terror se instalou de vez no Distrito de Vila de Abrantes.
O tráfico de drogas já havia se instalado na nossa região, mas isso não era tão preocupante. A disputa entre grupos traficantes rivais também não preocupava, até porque eles se matavam mutuamente, não mexiam com a comunidade.
Mesmo quando começaram a expulsar as famílias de suas casas na Estiva, Poc, Corre Nu e outros bairros mais distantes; mesmo quando decretaram toque de recolher fechando o comércio.
Se aumentavam os assaltos a veículos, tínhamos que tomar mais cuidado. Chegava em casa através de três acessos, que alternava para não ter minha rotina conhecida.
Os assaltos a transeuntes também não era tão alarmante assim. Afinal andavam ou pedalavam sua bicicleta ao longo da Estrada do Coco, em zona urbana. Deveriam tomar mais cuidado.
Tudo ainda estava distante de nós. De representar maior risco.
De repente os marginais se entusiasmaram e montaram uma barricada na estrada do coco, assaltando a todos os veículos que passavam. Ora, fora um caso isolado.
Esta semana assaltaram a chácara vizinha à nossa, amarraram toda família e levaram tudo o que puderam. No dia seguinte, assaltaram meu outro vizinho, mas só encontraram seu caseiro. Não levaram nada, apenas deram uma surra no pobre coitado. Isto tudo depois que a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que comprara a chácara defronte da minha para esconder frutos de roubo de cargas.
Chegou ao limite, Sr Prefeito. Eu Já retirei a minha família do lugar que há sete anos escolhi para morar.
Sou geólogo da Petrobras, trabalho embarcado em plataformas e não posso deixar minha família entregue ao abandono, à total falta de segurança. Chega! Tive que abandonar a minha própria casa devido a este descaso.
Não sei se um dia poderei voltar ou se Vila de Abrantes irá se transformar numa favela perigosa. Uma terra antes não tranqüila, de um povo tão amigo, que escreveu seu nome na história deste estado e deste país.
Sinceramente espero que não seja este o último registro deste tempo.
Espero que o senhor não esqueça de nós.
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