26 de junho de 2007

 

Painel da Folha inventa nota

Segunda-feira, 25, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, publicou uma nota intitulada “All business”, afirmando que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, queixou-se ao Palácio do Planalto porque Zé Dirceu, quando vai à Venezuela “só quer tratar de negócios”. Ora, agora em julho vai completar um ano que o ex-ministro da Casa Civil não vai à Venezuela. É fácil conferir. Claro que é uma mentira de Renata Lo Prete. Sem falar que, evidentemente, Chávez nunca sairia de seus cuidados para esse tipo de bobagem. Como a redatora não disse que era uma piadinha de mau-gosto, na edição do dia seguinte, fica a impressão que você pode estar sempre comprando gato por lebre no Painel da Folha.

Com licença da palavra. Boa bosta o “jornalismo” da Folha.

Comments:
Amigos da Bahia e leitores

O meu amigo Oni, conseguiu um vídeo com uma conversa entre as aberrações da natureza, Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo que é imperdível. É uma perola para entrar para história como o mico do século. Não deixem de ouvir, vale a pena, atentem para o detalhe, não é montagem.

Essa é inacreditável... e MERECIDA!! VEJAM!!

http://www.blogdoonipresente.blogspot.com/










http://por1novobrasil.blogspot.com/


SEM MEDO DE SER FELIZ!


LULA 2006
 
Senhores,

Acabo de linkar o "Bahia de Fato" no "Blog do Galinho".
Abraços, bos sorte.

Paulo Galo
 
O ESPANCAMENTO DE SIRLEI
(Por Patrícia Curi Gimeno*)

“Onde estão os cidadãos indignados que tão prontamente se vestem de branco e aderem a passeatas e protestos transmitidos pelas emissoras de TV em nome da paz? Onde foi parar a indignação cega que não titubeia em solicitar prisões e endurecimento das leis à justiça brasileira? Onde estão as pessoas assustadas, que em nome dos cidadãos ‘honestos’ não temem em colocar o dedo em riste em direção aos bandidos, criminosos e marginais que, dizem, têm tornado a vida dos brasileiros tão difícil? Onde foram parar? Onde está a mídia com suas matérias especiais cheias das dores e das lágrimas que alimentam a indignação cega dos crédulos em sua imparcialidade? Onde foi parar o medo e o horror dessas pessoas?

No domingo, dia 24 de junho de 2007, uma mulher chamada Sirlei Dias Carvalho Pinto - sim, ela tem nome e sobrenome - de 32 anos, empregada doméstica, foi espancada, humilhada, xingada e roubada. Mas, não pelo sujeito negro e pobre que a consciência racista e preconceituosa de nossa sociedade esperava e, afirmo sem medo, desejava. Ela foi espancada, humilhada, xingada e roubada por cinco bandidos que a mídia conivente não tem a decência de classificar como tal. Os ‘rapazes’, como afirma o Jornal Folha de São Paulo, são estudantes universitários, certamente brancos, bem alimentados e, apesar das dúvidas que emanam do caso, foram supostamente bem-educados. Porém, ao que tudo indica, a pobreza de Sirlei, aliada ao ‘berço de ouro’ dos criminosos adormeceu qualquer possibilidade de indignação espontânea por parte da amedrontada sociedade brasileira.

Porém, eis a surpresa: Rubens Arruda, Felipe Macedo Nery Neto, Júlio Junqueira, Leonardo de Andrade e Rodrigo Bassolo são criminosos, sim. Mas, é preciso dizer; eles não estão sozinhos. A escola na qual aprenderam tamanha crueldade não foi a cadeia, mas a sociedade racista, preconceituosa, sexista e cínica na qual vivemos. As declarações dadas por Ludovico Ramalho Bruno, 46 anos, empresário do Setor Naval e pai de um dos bandidos em questão, com toda sua vileza, tornou-se o representante nomeado dessa sociedade que apodrece.

Mas, não são apenas as suas declarações. A própria reportagem editada pela Folha de São Paulo atende, tão bem quanto Ludovico, ao papel de representante de nossa podridão e cinismo. Nela, descobrimos que Sirlei cogita, junto com seu advogado Marcus Fontenele, mover uma ação contra os criminosos por danos morais, físicos, estéticos e financeiros. Um rol bastante significativo de danos. Mas, com espanto, descobrimos também o seu valor para o jornal: "Ela vai ficar sem trabalhar por um bom tempo". É esse, então, Folha de São Paulo, o pior que aconteceu e acontecerá a Sirlei? É possível mesmo que ela só tenha isso a perder? Como é possível escamotear o fato de que os cinco bandidos julgaram que ela fosse uma vagabunda, uma prostituta? Mas, como diz nosso senso comum, somos uma sociedade de memória fraca. Por isso, é importante lembrar. Mulheres podem ser confundidas com vagabundas e prostitutas, assim como índios podem ser confundidos com mendigos. É assim, então, que se consegue legitimar crimes bárbaros nessa sociedade? É assim que se limpa a consciência de um país? Quem foi que ensinou esses a esses bons ‘rapazes’ que prostitutas valem tão pouco? Quem foi que lhes disse que é legítimo espancar, roubar e humilhar prostitutas?

Mas, a matéria não pára aí. Seu responsável nos faz notar ainda que Ludovico tornou-se vítima de um tiroteio entre Policiais Militares e traficantes na Ilha do Governador enquanto negociava a rendição do filho. Pobre coitado. Afinal, é essa a parte da sociedade da qual ele quer livrar os ‘rapazes’. Ele não tem nada a ver com os crimes que ocorrem nas favelas do Rio e do resto do país. Ele é apenas mais uma vítima, não é mesmo? O cinismo de suas declarações certamente ganha um toque especial com o cinismo da reportagem. Contudo, há mais. Felipe Macedo Nery Neto, o ‘único a manter uma postura agressiva’, segundo o jornal, enquanto os outros choram e se dizem arrependidos, afirma, em sua página no Orkut, que um dos seus maiores prazeres é espancar pessoas sem que elas possam se defender. Pronto. Problema resolvido. Os outros ‘rapazes’ certamente foram apenas vítimas da mente deturpada e sádica do amigo Felipe Macedo. Eles não queriam fazer isso, não é mesmo? Eles apenas seguiam o impulso bárbaro do valentão sádico do grupo. O filho de Ludovico, e os demais, terão suas penas atenuadas - isso se houver punição - diante da descoberta de autoria do crime. A sentença, portanto, que como em outros casos precisa ser construída pela mídia na mente das pessoas, já está em curso.

Mas, eis que chegamos, enfim, às declarações vis do empresário naval: ‘Eles não são bandidos. Tem que criar outras instâncias para puni-los.’ Quer dizer que eles estão acima da lei? As que existem valem apenas para os outros? O fato de que os cinco bandidos não carregam no corpo as marcas da pobreza e da negritude é suficiente para relativizar e desculpar seus atos?

’Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram. Mas, não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalhando, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas, prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? (...) Não é justo prender cinco jovens que estudam, que trabalham, que têm pai e mãe, e juntar com bandidos que a gente não sabe de onde vieram. Imagina o sofrimento desses garotos.’ Mas, afinal, Ludovico, eles têm pais, ou não têm? É verdade, eu me esqueci, o problema não é seu, é das drogas. É da epidemia de drogas que assola o país. Sua covardia é assombrosa e reveladora. Quer dizer que o problema dos presos de quem você quer afastar seu filho, como se eles fossem portadores de alguma peste, é não terem pai e mãe? Falha minha, novamente? Eu me esqueci, são somente os pobres que sofrem de ‘problemas estruturais na família’, certo? É nisso que devo acreditar? Seu filho, com 19 anos, cometeu um ato ‘feio’? Isso, Ludovico, é o que digo à minha filha de 2 anos de idade quando ela resolve ser malcriada. Não vale para quem espanca, rouba e humilha conscientemente outra pessoa por julgar que seus atos não condizem com uma moral machista e odiosa. Seu filho e os outros, diferente do que você diz, não têm qualquer caráter.

‘Existem crimes piores. (...) Peguei a senhora que foi agredida, abracei, chorei com ela e pedi perdão. Foi a primeira coisa que fiz quando vi a moça, foi o mínimo que pude fazer’. Julgar que seu abraço e seu choro são suficientes, sinhozinho, é de tudo, o mais doloroso de suas declarações. Porque é preciso acreditar realmente, que o que foi feito a Sirlei não é grave, que ela vale pouco ou quase nada e que, portanto, o mínimo é suficiente. Pois não é. Não para mim. Quero que seu filho e os outros criminosos que agiram com ele sejam julgados com as leis que existem. Quero ver uma declaração menos cínica dos problemas que assolam esse país e que, sem dúvida, não se resumem às drogas. Quero ver os cidadãos ‘honestos’ que estão sempre prontos a criminalizar a pobreza, a pedir pena de morte, redução da maioridade penal terem coragem de defender essas bobagens agora. O problema é que talvez eu queira um outro país.”


* Patrícia Curi Gimeno, 29 anos, estudante universitária, mestranda em Antropologia pela UFBA, é branca, de classe média, bem nascida e bem-educada.
 
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