5 de março de 2007
Um fascismozinho ordinário
É assim que Michel Foucault e Gilles Deleuze davam nome ao comportamento de certos indivíduos que detêm algum poder na relação com filhos, subordinados, pessoas de nível cultural ou econômico inferior, idosos, etc, e que se aproveitam para praticar pequenas opressões cotidianas na órbita das relações interpessoais.
Esse “fascismozinho ordinário” é muito comum se observar em nosso meio, basta parar e mirar ao redor da gente. Não tem nada a ver com os sistemas fascistas conhecidos, já que ocorrem no reduto do indivíduo, à sua revelia, num plano inconsciente, precisamente naqueles que passam por cima de considerações e princípios dos direitos humanos, do humanismo e da democracia no círculo das relações pessoais.
Mas eu vou além, acho que Foucault e Deleuze poderiam nomear de fascismozinho ordinário àquelas manifestações de uma certa mídia (que cada vez mais perde o discurso).
Me explico: outro dia o programa da rede Globo, Fantástico, apresentou uma entrevista com os pais do menino João Hélio que foi arrastado cruelmente por jovens bandidinhos no Rio de Janeiro. A entrevistadora foi a jornalista Fátima Bernardes (aquela mesmo, a ledora de teleprompter). Achei de um oportunismo odioso. Além da intenção comercial de faturarem nos altos níveis de audiência que um tema desse alcança, a Globo quer vender o "peixe" da diminuição da idade penal e outros quejandos. Simplificação atroz.
Um fascismozinho ordinário, esse. Estão usando a mãe e um pai cortados e recortados de dor para amolecer corações e mentes em favor de uma medida inócua e fascista (esta sim, francamente, sistemicamente, fascista).
No calor da emoção não surgem idéias, surgem emoções embaladas em moralidade vulgar. A idéia da Globo (e certamente continuará batendo na mesma tecla) foi de promover uma segregação generalizada de emoções, confundindo-as com pensamento. A Vênus Platinada quer que os brasileiros secretem pensamentos emocionais da mesma forma que as glândulas sudoríferas secretam suor.
David Hume há muitos séculos já deixou claro que não se pode confundir emoções morais com pensamento, com racionalidade. Mas quem liga hoje para David Hume?
Fonte:
http://diariogauche.zip.net/
Esse “fascismozinho ordinário” é muito comum se observar em nosso meio, basta parar e mirar ao redor da gente. Não tem nada a ver com os sistemas fascistas conhecidos, já que ocorrem no reduto do indivíduo, à sua revelia, num plano inconsciente, precisamente naqueles que passam por cima de considerações e princípios dos direitos humanos, do humanismo e da democracia no círculo das relações pessoais.
Mas eu vou além, acho que Foucault e Deleuze poderiam nomear de fascismozinho ordinário àquelas manifestações de uma certa mídia (que cada vez mais perde o discurso).
Me explico: outro dia o programa da rede Globo, Fantástico, apresentou uma entrevista com os pais do menino João Hélio que foi arrastado cruelmente por jovens bandidinhos no Rio de Janeiro. A entrevistadora foi a jornalista Fátima Bernardes (aquela mesmo, a ledora de teleprompter). Achei de um oportunismo odioso. Além da intenção comercial de faturarem nos altos níveis de audiência que um tema desse alcança, a Globo quer vender o "peixe" da diminuição da idade penal e outros quejandos. Simplificação atroz.
Um fascismozinho ordinário, esse. Estão usando a mãe e um pai cortados e recortados de dor para amolecer corações e mentes em favor de uma medida inócua e fascista (esta sim, francamente, sistemicamente, fascista).
No calor da emoção não surgem idéias, surgem emoções embaladas em moralidade vulgar. A idéia da Globo (e certamente continuará batendo na mesma tecla) foi de promover uma segregação generalizada de emoções, confundindo-as com pensamento. A Vênus Platinada quer que os brasileiros secretem pensamentos emocionais da mesma forma que as glândulas sudoríferas secretam suor.
David Hume há muitos séculos já deixou claro que não se pode confundir emoções morais com pensamento, com racionalidade. Mas quem liga hoje para David Hume?
Fonte:
http://diariogauche.zip.net/