25 de março de 2007
O que a Veja aprontou contra Lula e seus leitores?
Todo domingo fico numa ansiedade danada. É uma curiosidade mórbida. Fico imaginando o que a revista Veja aprontou contra Lula, o PT, seus próprios assinantes e contra a razão. Como sempre faço, folheio o exemplar de uma amiga (que, aliás, está recebendo duas revistas iguais todo domingo) desde que cancelei minha assinatura em protesto contra tantas e sucessivas infâmias. Por que voar virou uma tortura, é a manchete de capa da tal revista. Procurei o ataque contra a razão, contra Lula, contra o PT, primeiro nas páginas amarelas. Nada. Depois fui ao texto de Lya Luft, que de vez em quando se apequena e se presta a esse tipo de serviço de aluguel. Nada. Ela falava do medo e da violência, não colocava a culpa em Lula e no PT.
Segui adiante. Depois de descartar toneladas de inúteis publicidades pagas a preço de ouro, inclusive de algumas escolas privadas da elite de Salvador, conferi na coluna Holofote. Nada. Apenas a ritual e continuada propaganda a favor de Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais. Conferi na coluna Radar. Nada. Apenas uma ritual, previsível e continuada propaganda contra Waldir Pires.
Segui adiante. Na seção intitulada Veja Essa vi o primeiro sinal do ataque. Mas era contra Delúbio Soares, fotografado e criticado pelo novo look no cabelo, na roupa, no sorriso e na barba. Tudo bem, pensei eu. Afinal, a revista estava atirando contra a Geni (joga bosta na Geni, joga bosta na Geni, como cantava Chico Buarque). Achei deprimente o baixo nível da “informação”, mas galhardamente segui adiante.
Então veio a matéria de capa intitulada “A tortura do apagão aéreo”. Foi inacreditável. Dois jornalistas teceram uma longa e chata reportagem e, milagre, não culparam Lula e o PT pelos atrasos nos aeroportos brasileiros. Foi uma leitura dinâmica, pode me ter escapado a sutileza do ataque, mas entendi que as empresas aéreas são as responsáveis pelo descalabro nos vôos atrasados. Principalmente a TAM.
Ó paí Ó. Os exemplares anteriores diziam que os responsáveis eram Waldir Pires, Lula e o PT. Ó paí Ó. É bem verdade que na matéria seguinte a revista decreta que Aldo Rebelo, ministro clandestino da Defesa já estava em ação. E que a Infraero... a Infraero era uma instituição corrompida e ineficiente. Criada em 1972, em plena ditadura militar, seria também um acinte contra a razão e seus pobres leitores se a Veja dissesse que os culpados disso são Lula, Waldir Pires e o PT.
Segui minha jornada. A ansiedade aumentava a cada tonelada de publicidade inútil. Então veio a matéria sobre o ministério de Lula. Como sempre, um texto viciado, raivoso, sempre desqualificando as pessoas escolhidas por Lula para compor o ministério. Curiosamente, não me senti injuriado, acho que porque já esperava aquele tipo de “informação”. As bobagens sobre Collor e Lula? Não, não me afetaram. Eu me poupei da leitura dos temas internacionais, porque sempre salto essa parte, já que a revista Veja ainda vive no clima da Guerra Fria e da caça às bruxas comunistas. Não dou mais atenção.
Segui minha via crucis. A coluna social nada dizia. A matéria sobre a venda da Ipiranga era previsível demais para irritar alguém, a matéria sobre a questão do PIB? Muito óbvia. Então a ansiedade aumentou. Será que a revista Veja seria capaz de deixar passar em branco alguma edição sem caluniar, difamar ou injuriar Lula e o PT? Mais publicidade inútil, outra página, outra página...12 páginas de mais publicidade. Essa turma sabe ganhar dinheiro. Daí em diante foi uma sucessão de matérias idiotizantes. A moral dos animais, o terno que encolheu, o sonho americano do quarto separado entre casais, estágios de estudantes, comportamento e “psicologia”. Depois aquelas duas páginas assinadas pelo piradão do Reinaldo Azevedo. E minha ansiedade aumentando.
Mais bobagem, mais publicidade. Então veio a coluna difamante do Diogo Mainardi. Agora, sim, ali estariam as injúrias e difamações corriqueiras. Vocês não vão acreditar. Diogo Mainardi não disse uma linha contra Lula e o PT. Mas, como? Aqueles cadáveres que ele viu em Ipanema não são culpa do Lula e do PT? Não estava dando para entender.
Daí em diante já nem prestava atenção nos temas. Vi, mas não li, alguma coisa sobre cinema e um artista baiano. Só na última página é que descobri. Finalmente. O escalado da semana para difamar, sacanear e encher o saco dos pobres leitores da revista foi o Roberto Pompeu de Toledo. Puxa vida! Ele comentou uma enormidade de crime. O aniversário de José Dirceu onde o Delúbio Soares ousou comparecer. Aliás, duas enormidades de crimes. O encontro do senador Fernando Collor de Mello com o presidente da República. Crimes hediondos. Uau. E ainda tive que agüentar mais duas publicidades para só então jogar no lixo a papelada. Dou-lhes um conselho. Nem vale a pena conferir. Help, onde está minha CartaCapital? Você está rindo do quê?
Segui adiante. Depois de descartar toneladas de inúteis publicidades pagas a preço de ouro, inclusive de algumas escolas privadas da elite de Salvador, conferi na coluna Holofote. Nada. Apenas a ritual e continuada propaganda a favor de Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais. Conferi na coluna Radar. Nada. Apenas uma ritual, previsível e continuada propaganda contra Waldir Pires.
Segui adiante. Na seção intitulada Veja Essa vi o primeiro sinal do ataque. Mas era contra Delúbio Soares, fotografado e criticado pelo novo look no cabelo, na roupa, no sorriso e na barba. Tudo bem, pensei eu. Afinal, a revista estava atirando contra a Geni (joga bosta na Geni, joga bosta na Geni, como cantava Chico Buarque). Achei deprimente o baixo nível da “informação”, mas galhardamente segui adiante.
Então veio a matéria de capa intitulada “A tortura do apagão aéreo”. Foi inacreditável. Dois jornalistas teceram uma longa e chata reportagem e, milagre, não culparam Lula e o PT pelos atrasos nos aeroportos brasileiros. Foi uma leitura dinâmica, pode me ter escapado a sutileza do ataque, mas entendi que as empresas aéreas são as responsáveis pelo descalabro nos vôos atrasados. Principalmente a TAM.
Ó paí Ó. Os exemplares anteriores diziam que os responsáveis eram Waldir Pires, Lula e o PT. Ó paí Ó. É bem verdade que na matéria seguinte a revista decreta que Aldo Rebelo, ministro clandestino da Defesa já estava em ação. E que a Infraero... a Infraero era uma instituição corrompida e ineficiente. Criada em 1972, em plena ditadura militar, seria também um acinte contra a razão e seus pobres leitores se a Veja dissesse que os culpados disso são Lula, Waldir Pires e o PT.
Segui minha jornada. A ansiedade aumentava a cada tonelada de publicidade inútil. Então veio a matéria sobre o ministério de Lula. Como sempre, um texto viciado, raivoso, sempre desqualificando as pessoas escolhidas por Lula para compor o ministério. Curiosamente, não me senti injuriado, acho que porque já esperava aquele tipo de “informação”. As bobagens sobre Collor e Lula? Não, não me afetaram. Eu me poupei da leitura dos temas internacionais, porque sempre salto essa parte, já que a revista Veja ainda vive no clima da Guerra Fria e da caça às bruxas comunistas. Não dou mais atenção.
Segui minha via crucis. A coluna social nada dizia. A matéria sobre a venda da Ipiranga era previsível demais para irritar alguém, a matéria sobre a questão do PIB? Muito óbvia. Então a ansiedade aumentou. Será que a revista Veja seria capaz de deixar passar em branco alguma edição sem caluniar, difamar ou injuriar Lula e o PT? Mais publicidade inútil, outra página, outra página...12 páginas de mais publicidade. Essa turma sabe ganhar dinheiro. Daí em diante foi uma sucessão de matérias idiotizantes. A moral dos animais, o terno que encolheu, o sonho americano do quarto separado entre casais, estágios de estudantes, comportamento e “psicologia”. Depois aquelas duas páginas assinadas pelo piradão do Reinaldo Azevedo. E minha ansiedade aumentando.
Mais bobagem, mais publicidade. Então veio a coluna difamante do Diogo Mainardi. Agora, sim, ali estariam as injúrias e difamações corriqueiras. Vocês não vão acreditar. Diogo Mainardi não disse uma linha contra Lula e o PT. Mas, como? Aqueles cadáveres que ele viu em Ipanema não são culpa do Lula e do PT? Não estava dando para entender.
Daí em diante já nem prestava atenção nos temas. Vi, mas não li, alguma coisa sobre cinema e um artista baiano. Só na última página é que descobri. Finalmente. O escalado da semana para difamar, sacanear e encher o saco dos pobres leitores da revista foi o Roberto Pompeu de Toledo. Puxa vida! Ele comentou uma enormidade de crime. O aniversário de José Dirceu onde o Delúbio Soares ousou comparecer. Aliás, duas enormidades de crimes. O encontro do senador Fernando Collor de Mello com o presidente da República. Crimes hediondos. Uau. E ainda tive que agüentar mais duas publicidades para só então jogar no lixo a papelada. Dou-lhes um conselho. Nem vale a pena conferir. Help, onde está minha CartaCapital? Você está rindo do quê?