9 de fevereiro de 2007

 

Wagner diz que Zé Dirceu tem direito inalienável de querer anistia

Embora reconheça o direito inalienável de José Dirceu de querer anistia, o governador Jaques Wagner afirmou que essa, porém, não é uma agenda do PT. Ele disse que não vai assinar nenhum documento de luta interna e defendeu a busca da unidade partidária, com o reconhecimento mútuo das diferenças de opiniões políticas e ideológicas. Wagner acha que não há o que refundar, muito menos o que reconstruir, já que o PT é um partido que saiu vitorioso das urnas. Temos é que governar, afirmou Wagner.

LEIA ENTREVISTA À TERRA MAGAZINE:

Wagner diz que não assinará documento do PT

Sexta, 9 de fevereiro de 2007, 15h54

Bob Fernandes - Terra Magazine

Campo majoritário. Articulação de Esquerda. Movimento PT. Democracia Socialista. O Trabalho. Novo Rumo...

Estas são algumas entre a dezena de correntes em que se divide o PT. A partir de hoje, no hotel Othon, em Salvador, o partido se reúne. Para um seminário internacional de partidos de esquerda e para um encontro, nas próximas 48 horas, em que vai debater, basicamente, o seu futuro.

No final de semana passado o chamado "Campo Majoritário" se reuniu em São Roque, SP, e produziu um documento. Ontem, à frente de um amplo grupo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, lançou-se outro documento, "Mensagem ao Partido", - cuja versão final Terra Magazine publicou (leia aqui).

Anfitrião em um jantar que comemora hoje à noite em Salvador, com a presença do presidente Lula, os 27 anos do PT, o governador Jaques Wagner recebe os petistas também para o encontro do Diretório Nacional.

A Terra Magazine Wagner não escondeu o que pensa a respeito das polêmicas do petismo no momento:

Veja também:» A íntegra do documento dos petistas » Opine aqui sobre o documento

- Não assinei nem vou assinar documento nenhum (...) o povo nos deu um recado: "Se entendam e governem" (...) Esse documento (do Campo Majoritário) é que eu não vou assinar mesmo (...). O Zé Dirceu tem o direito inalienável de querer anistia, mas isso não é da agenda do PT. Ele tenta impor como se fosse do PT, mas não é, é agenda dele...

Terra Magazine - Governador, o senhor leu o documento "Mensagem ao Partido", que tem entre seus formuladores e signatários o ministro Tarso Genro?

Jaques Wagner - Li, mas não vou assinar...

- E leu o documento "PT: Construindo um novo Brasil"?

Li, mas esse é que não vou assinar mesmo...

- Por que?

Porque, entre outros motivos, ele é muito defensivo, até mais do que o outro. Já havia lido uma versão da "Mensagem ao Partido", mudaram algumas expressões, mas continuam conceitos tipo "reconstrução", e eu não concordo com essa tese. O partido teve problemas, os enfrentou e vem enfrentando, mas não foi destruído. Ao contrário, as urnas deram a chance de uma segunda chamada ao partido...

- Então o senhor não assinou nem vai assinar documento interno algum do PT nesse momento?

Nem assinei nem vou assinar nada, não é hora para isso. O povo nos deu um recado muito claro: "Parem de brigar, se entendam e governem". O que temos que fazer é construir a unidade. Claro que o debate é bem-vindo, alvissareiro, mas nessa hora, no meu entender, essa troca de documentos não favorece a unidade interna, que deve ser o nosso objetivo.

- Qual debate seria bem-vindo agora?

Do porque entramos nessa escalada de infra-estrutura a qualquer preço para alimentar o embate das máquinas ao contrário de termos o embate das idéias...

- Não há aí uma contradição?

Não, acho que há um problema de escolha da hora e do tema, do objetivo. Acho que agora nosso esforço deve ser para construir a unidade, mesmo mantidas as diferenças...

- Nos parece que há um fantasma a rondar o PT, às vezes até o governo, ele não está mas está, por vezes parece onipresente. Agora mesmo ressurge com a tese da anistia. Refiro-me, logicamente, ao ex-deputado José Dirceu...

A briga pela anistia é um direito inalienável dele, mas esse não é um tema da agenda do PT. É assunto, é problema, do Zé Dirceu...

- É o que o senhor diz, mas não é o que está dito, não é o que se lê e ouve...

Por isso mesmo que eu digo, e agora repito: isso não é da agenda do PT. Ele tenta impor como se fosse do PT, mas não é. Isso é da agenda do Zé Dirceu, e esse é um direto dele, mas não é tema do PT. Até porque depois da cassação dele o PT continuou aprovado nas urnas.

- O que esperar desse seminário que começa hoje em Salvador?

É alvissareiro o encontro, o debate, como disse. Todos sabemos que temos que superar os problemas, e quais são eles, para continuar representando uma força política importante no país, mas...

- ...mas?

...mas não podemos fazer o jogo que os adversários querem, não podemos ser pautados de fora para dentro e, quanto a esse assunto, é importante dizer uma coisa: hoje não tem ninguém que individualmente tenha a verdade do partido. Ninguém hoje, sozinho, representa a verdade no partido.

- Então, além da festa o PT terá na Bahia...

...um encontro e o lançamento de um processo interno de conversas, de busca de consenso, e minha expectativa é positiva.

Terra Magazine

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