13 de dezembro de 2006

 

Revista Veja ensina estranhas lições

O texto não é meu, mas concordo com ele. Está transcrito no site Observatório da Imprensa. O jornalista, editor de política do jornal DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa, Luiz Antônio Magalhães, diz em seu site “Entrelinhas” (endereço abaixo) que a revista Veja consegue se superar a cada edição. Consegue se superar em deformação e reacionarismo. Mas também na arte de editorializar uma notícia, vender gato por lebre, falsificar o produto.

O jornalista analisa o lead da matéria de Veja sobre Hugo Chávez. É uma vergonha. Como chamar Chávez de “ditador eleito”? Ora, a eleição na Venezuela foi acompanhada por 400 observadores internacionais. A revista cultiva um obsoleto e primário anticomunismo, nas matérias sobre política e também em matérias que nada têm a ver com política.

A revista Veja transformou-se num panfleto ideológico da extrema-direita. Mais cedo ou mais tarde a classe média vai perceber isso e vai cair fora. De minha parte cancelei a assinatura lá de casa, não por preconceito (acho que a direita tem direito de se manifestar), mas a pedido de minha filha que é professora universitária. A decadência começa assim...

LEIA O TEXTO ABAIXO E ME DIGA SE NÃO TENHO RAZÃO:

LIÇÕES ENVIESADAS

Veja ensina como editorializar uma reportagem

Por Luiz Antonio Magalhães em 12/12/2006

A revista Veja consegue se superar a cada edição. A capa desta semana foi para a eleição do venezuelano Hugo Chávez, reeleito para mais um mandato de 6 anos. O lide da "matéria" segue abaixo e poderia ser utilizado nas escolas de comunicação como exemplo do que jornalistas não devem fazer. Senão vejamos:

"Com o cubano Fidel Castro no leito de morte, o coronel Hugo Chávez, ditador eleito da Venezuela, está se apresentando como o novo farol da esquerda revolucionária na América Latina. `Ninguém vai me impedir agora de construir o socialismo´, disse Chávez, na semana passada, depois de reeleito para mais seis anos no poder.

Ninguém impediu Fidel. Deu no que deu. Cuba tornou-se hoje uma nação pária no mundo, com uma população faminta, despreparada para os rigores da economia globalizada e, mesmo que alfabetizada no jargão marxista, iletrada nas questões que determinam a riqueza das nações. Aparentemente, ninguém vai impedir Chávez de continuar sua tarefa de construção do socialismo na Venezuela.

Tanto em Cuba quanto na Venezuela – e de resto em todos os outros lugares onde a experiência foi testada – a construção do socialismo coincide sempre com a destruição dos países nos quais o sistema é implantado. Cubanos e venezuelanos são hoje povos com horizonte menor do que tinham antes de ser submetidos a ditaduras socialistas."

Em primeiro lugar, Veja qualifica o presidente venezuelano de "ditador eleito", o que não chega a ser uma contradição em si, pois de fato há ditadores que forjam eleições (além dos eleitos indiretamente, como os generais-presidentes brasileiros). O problema é que Chávez venceu uma eleição acompanhada de perto por mais de 400 observadores internacionais, que atestaram a legitimidade do pleito. Chávez, portanto, não pode ser qualificado de "ditador eleito".

Estudo de caso

Não bastasse isto, o lide da "reportagem" continua em um tom editorializado, fazendo a condenação do regime socialista de forma tão peremptória que o leitor ou descarta o texto de imediato, se tiver um mínimo de senso crítico, pois o contrabando ideológico é evidente; ou segue em frente, se tiver simpatia pelas idéias expressas pela revista.

A verdade é que Veja optou por se fechar cada vez mais em torno desta fórmula: um anticomunismo tosco e obsoleto que permeia praticamente todas as reportagens sobre assuntos políticos e até as que nada têm a ver com política. Há um público que gosta, acha válido o "combate" dos cruzados que se encarregam de escrever a revista contra as "forças do mal". No futuro, a revista vai ser estudada nas faculdades como um exemplo de panfleto ideológico de extrema-direita que conseguiu ser bem-sucedido e vender mais de 1 milhão de exemplares. Porque Veja hoje é exatamente isto: um panfleto e como tal deve ser tratado.

http://blogentrelinhas.blogspot.com/

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