8 de dezembro de 2006
Míriam Leitão, a Controladora-Geral da República
Com o debochado título acima, o jornalista Paulo Henrique Amorim em seu site http://conversa-afiada.ig.com.br/ critica o festival de besteiras patrocinado por “formadores de opinião” da Rede Globo. Uma acha que é ministra da economia, outra acha que é a titular da CGU, tem uma âncora que se imagina Ministra da Educação e ainda outra que encarna a liderança da oposição. Todas têm uma coisa em comum: vendem para o Brasil suas próprias opiniões travestidas de notícias. Gato por lebre. Segundo Paulo Henrique Amorim, esse “opinionismo” é um abuso de poder das TVs abertas que, embora operem por concessão pública, agem como se não devessem dar satisfação a ninguém.
LEIA O ARTIGO
O Bom Dia Brasil de hoje, quinta feira, dia 7 de dezembro, dedicou 13 minutos ao "caos aéreo".
Quando caiu o avião da Gol, o Jornal Nacional não noticiou. Mas, agora, a Globo parece especialmente preocupada com o "caos aéreo".
No Bom Dia de hoje, a âncora Claudia Bontempo, como sempre, desempenhou com entusiasmo o papel de vice-líder da oposição, em Brasília.
Ao entrevistar o Ministro da Educação sobre a aprovação do Fundeb (*), começou a sabatina não com o Fundeb, mas com o nível de repetência "absurdamente elevado", segundo a vice-líder da oposição.
A outra âncora, Renata Vasconcelos, também tem opiniões. E opiniões sobre o andamento da economia nacional.
Depois que a praça de São Paulo cometeu a impropriedade de levantar a remota possibilidade de, por acaso, por obra do destino ingrato, pela mão de Deus, quem sabe?, de alguns setores industriais, talvez, hipoteticamente, ganharem dinheiro em 2007, eis que Renata Vasconcelos, notória analista de sistemas macro-econômicos, teceu comentário arrasador sobre a hipótese mais provável: tudo vai dar errado, porque a maioria dos empresários, segundo Vasconcelos, não pensa como disse a precipitada repórter de São Paulo.
Chegamos à Controladora Geral da República, Miriam Leitão.
É notável a capacidade da Controladora Geral de dar opinião sobre tudo.
Hoje, a Controladora não deu opinião sobre economia, porque, em seu lugar, Renata Vasconcelos deu o rumo definitivo aos destinos do empresariado nacional.
Miriam Leitão, a Controladora, falou, com a usual veemência, sobre o "caos aéreo".Em seguida, sobre os salários do Judiciário.
Pouco importa, aqui, a múltipla opinião de Miriam Leitão, de Bontempo ou de Vasconcelos.
Elas têm a opinião que o dono da empresa considerar adequada.
O que me parece relevante a considerar é que o Brasil é único lugar do mundo – que conheço – em que a tevê aberta, um serviço público, exibe opinião sem dizer que é opinião.
Tevê aberta tem que colocar uma legenda na telinha que diga "OPINIÃO'' ou "EDITORIAL", quando o dono da empresa quiser manifestar sua opinião. Seja através do âncora, do locutor em off, ou através de "colunistas" (que podem dizer o que quiserem desde que digam o que o dono da empresa aprovar).
Por que eu, beneficiário de um serviço público, que quer saber sobre o tempo em São Paulo, ou sobre as saídas de vôos de Congonhas, tenho que me submeter à opinião de quem a Globo deu o poder ser a Controladora Geral da República?
Opinião, tenho as minhas.
Os americanos têm uma frase muito interessante sobre o que diz um leitor ou espectador, diante desse problema: "Give me the facts. I'll provide the opinion" – você, jornalista, me dá os fatos que eu entro com a opinião.
O "colunismo" ou o "opinionismo" na tevê aberta é um abuso de poder das redes de televisão, que operam por concessão.
É uma desastrosa contribuição brasileira à civilização ocidental.
Imaginem a Controladora Geral da República na BBC. Na CBS. Na CBC canadense???"Opinionismo" ou "colunismo" é coisa para a tevê paga.
O fregues vai lá, paga e vê. Gostou? Tudo bem. Continua a pagar. Não gostou? Não paga mais.
É diferente de trocar de canal na tevê aberta. Na tevê aberta, a Globo entra na minha casa – ou na sala de ginástica... - sem que eu decida (ou pague).
(E se o síndico chegar antes e ligar na Globo? Paro de malhar? E como fica o meu HDL?)
A família Marinho (através da Controladora Geral da Republica, da Claudia Bontempo, ou da Renata Vasconcelos) não tem o direito de enfiar a suas opiniões pela goela do freguês.
Fonte: http://www.grupobeatrice.blogspot.com/
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O Bom Dia Brasil de hoje, quinta feira, dia 7 de dezembro, dedicou 13 minutos ao "caos aéreo".
Quando caiu o avião da Gol, o Jornal Nacional não noticiou. Mas, agora, a Globo parece especialmente preocupada com o "caos aéreo".
No Bom Dia de hoje, a âncora Claudia Bontempo, como sempre, desempenhou com entusiasmo o papel de vice-líder da oposição, em Brasília.
Ao entrevistar o Ministro da Educação sobre a aprovação do Fundeb (*), começou a sabatina não com o Fundeb, mas com o nível de repetência "absurdamente elevado", segundo a vice-líder da oposição.
A outra âncora, Renata Vasconcelos, também tem opiniões. E opiniões sobre o andamento da economia nacional.
Depois que a praça de São Paulo cometeu a impropriedade de levantar a remota possibilidade de, por acaso, por obra do destino ingrato, pela mão de Deus, quem sabe?, de alguns setores industriais, talvez, hipoteticamente, ganharem dinheiro em 2007, eis que Renata Vasconcelos, notória analista de sistemas macro-econômicos, teceu comentário arrasador sobre a hipótese mais provável: tudo vai dar errado, porque a maioria dos empresários, segundo Vasconcelos, não pensa como disse a precipitada repórter de São Paulo.
Chegamos à Controladora Geral da República, Miriam Leitão.
É notável a capacidade da Controladora Geral de dar opinião sobre tudo.
Hoje, a Controladora não deu opinião sobre economia, porque, em seu lugar, Renata Vasconcelos deu o rumo definitivo aos destinos do empresariado nacional.
Miriam Leitão, a Controladora, falou, com a usual veemência, sobre o "caos aéreo".Em seguida, sobre os salários do Judiciário.
Pouco importa, aqui, a múltipla opinião de Miriam Leitão, de Bontempo ou de Vasconcelos.
Elas têm a opinião que o dono da empresa considerar adequada.
O que me parece relevante a considerar é que o Brasil é único lugar do mundo – que conheço – em que a tevê aberta, um serviço público, exibe opinião sem dizer que é opinião.
Tevê aberta tem que colocar uma legenda na telinha que diga "OPINIÃO'' ou "EDITORIAL", quando o dono da empresa quiser manifestar sua opinião. Seja através do âncora, do locutor em off, ou através de "colunistas" (que podem dizer o que quiserem desde que digam o que o dono da empresa aprovar).
Por que eu, beneficiário de um serviço público, que quer saber sobre o tempo em São Paulo, ou sobre as saídas de vôos de Congonhas, tenho que me submeter à opinião de quem a Globo deu o poder ser a Controladora Geral da República?
Opinião, tenho as minhas.
Os americanos têm uma frase muito interessante sobre o que diz um leitor ou espectador, diante desse problema: "Give me the facts. I'll provide the opinion" – você, jornalista, me dá os fatos que eu entro com a opinião.
O "colunismo" ou o "opinionismo" na tevê aberta é um abuso de poder das redes de televisão, que operam por concessão.
É uma desastrosa contribuição brasileira à civilização ocidental.
Imaginem a Controladora Geral da República na BBC. Na CBS. Na CBC canadense???"Opinionismo" ou "colunismo" é coisa para a tevê paga.
O fregues vai lá, paga e vê. Gostou? Tudo bem. Continua a pagar. Não gostou? Não paga mais.
É diferente de trocar de canal na tevê aberta. Na tevê aberta, a Globo entra na minha casa – ou na sala de ginástica... - sem que eu decida (ou pague).
(E se o síndico chegar antes e ligar na Globo? Paro de malhar? E como fica o meu HDL?)
A família Marinho (através da Controladora Geral da Republica, da Claudia Bontempo, ou da Renata Vasconcelos) não tem o direito de enfiar a suas opiniões pela goela do freguês.
Fonte: http://www.grupobeatrice.blogspot.com/