13 de dezembro de 2006

 

Lula é um homem livre e fala o que pensa

Lula é pragmático, tem origem operária, nunca foi comunista e é um democrata. Exigir mais do que isso é neura da esquerda autoritária. Ao receber a homenagem da revista Istoé, como o Brasileiro do Ano, Lula relacionou equilíbrio político com afastamento da esquerda. Disse que seu governo é de centro. E tem sido mesmo.

A maneira sarcástica de dizer o que pensa é que feriu suscetibilidades de teóricos da esquerda e atiçou a repetitiva direita da mídia. "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ele está com problema. Se conhecer uma pessoa muito nova de direita, também está com problema. Então, quando a gente tem 60 anos, Antônio Ermírio - que estava ao lado do presidente -, é a idade do ponto de equilíbrio, em que a gente não é nem um nem outro, a gente se transforma no caminho do meio, aquele caminho que precisa ser seguido pela sociedade", disse o presidente.

A frase de Lula é uma variação de uma velha piada: se você não foi comunista até os 40 anos não foi jovem; se você ainda é comunista depois dos 40 não amadureceu. Assim como a velha piada, a versão de Lula causou risos na platéia. Lula disse também, a seu modo, que é uma evolução o político de esquerda com a maturidade ficar mais ao centro, assim como o político de direita se movimentar para o centro. Evidentemente não é uma regra geral. Mas acontece muito. Mas há respeitados líderes da esquerda que nunca arrefeceram suas convicções. Para o bem ou para o mal.

O fato é que quando os militantes políticos de esquerda assumem o poder não conseguem materializar na administração todas as idéias de igualdade e justiça social. Uma coisa é falar, outra coisa é fazer. Uma coisa é o Programa Político, outra coisa sua realização.

Acho que Lula enviou um recado para o PT. Em outros tempos, diria que esquerdismo é a doença infantil do comunismo. Mas Lênin saiu de moda até para citação. O fato é que todos os partidos de esquerda juntos não fazem maioria no Congresso. Nem de longe. Têm então que se render à realidade. Se não é possível fazer um governo de esquerda faz-se um governo de centro-esquerda E se nem isso dá, faz-se um governo de centro.

O que importa mesmo é seguir a caminhada democrática, progressista, em busca de distribuição de renda e justiça social, que está em curso.

Combati a ditadura, vivi na clandestinidade, fui preso, participei da democratização, até hoje acompanho passeata na Avenida Sete, em Salvador. Mas pregar a revolução armada que eu pregava durante a ditadura militar seria um desatino.

Tenho minhas próprias idéias, me considero no campo da esquerda, não vou patrulhar ninguém, e não me senti nem um pouco incomodado com o sarcasmo de Lula. Tô com Lula e não abro.

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