8 de setembro de 2006
A Tarde: Marilena Chaui "quebra o barraco" da mídia
Marilena Chaui, na conferência sobre Mídia e Poder, proferida em Salvador (05/09/06), a convite do candidato a deputado federal Emiliano (PT), discorreu sobre a destruição da esfera da opinião pública e sua substituição pela simples manifestação pública de “sentimentos”, citou o surgimento do “formador de opinião”, a espetacularização da notícia, a infantilização do público nos programas de auditório, a despolitização, a produção da desinformação e a utilização dos meios de comunicação como exercício de poder, temas recorrentes na crítica à indústria cultural.
Mas, o que mais despertou a curiosidade foi o conceito de “ideologia da competência”. Segundo ela, o discurso competente determina quem tem o direito de falar e quem deve ouvir. Quem fala detém o conhecimento e os desprovidos de saber devem apenas ouvir e obedecer. Essa ideologia opera com a figura do “especialista” que nos ensina tudo, desde a fazer sexo, jardinagem, culinária, educação das crianças, como amar Jesus e ganhar o céu.
Mas o principal especialista é o “formador de opinião”, o que explica e interpreta as notícias, os acontecimentos, rebaixa e eleva entrevistados e zomba ou premia calouros. Não é sem razão que a oposição ao presidente Lula exacerba-se para colar nele a imagem de incompetente. Na cabeça deles, competência pertence à elite branca. Nesse momento, a filósofa transforma-se em militante do Partido dos Trabalhadores, sorri e se diverte com o apelido de Marilena, a “Tati Quebra Barraco da academia”, publicado na revista Veja, para delírio da platéia que explode em vaias para a revista e palmas para a professora.
LEIA A MATÉRIA DO JORNAL A TARDE:
FILÓSOFA “QUEBRA O BARRACO” DA MÍDIA
LENILDE PACHECO
pacheco@grupoatarde.com.br
A Tarde – 07/09/06
Ao apresentar a filósofa Marilena Chauí para platéia de 1.500 pessoas, anteontem, à noite, na Faculdade Visconde de Cairu, nos Barris, onde foi realizada a conferência sobre Mídia e Poder, o deputado estadual Emiliano José (PT) iniciou situando a vasta qualificação da professora titular da Universidade de São Paulo.
Em seguida, incluiu referência à forma como ela foi citada nas páginas da Revista Veja dessa semana: “Marilena é a Tati Quebra-Barraco da academia“. O público gostou, reagiu com aplausos. Nas duas horas seguintes, ela demonstrou como gosta de fazer barulho.
“O que parece anunciar-se, nas próximas eleições, é que a realidade é mais poderosa que a manipulação e a intimidação ideológicas da mídia e que a construção da democracia é possível no Brasil. Isto é, o povo é a opinião pública“, disse, em razão das pesquisas que indicam o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições gerais de outubro.
Dirigentes da Faculdade Visconde de Cairu instalaram quatro telões para distribuir o público depois que o auditório lotou. O candidato do PT ao governo do Estado, Jaques Wagner, e deputados petistas acompanharam a conferência.
As idéias defendidas por Marilena Chauí estão reunidas no seu mais recente livro: “Simulacro e Poder – Uma análise da Mídia”, da Editora Fundação Perseu Abramo. O pensamento da filósofa se desenvolve a partir da convicção de que a mídia manipula e intimida. Segundo ela, os meios de comunicação teriam feito isso ao longo de toda a crise política de 2005-06.
Para a professora, na condição de formadores de opinião, os jornalistas teriam avançado “indevidamente“ para o território da interpretação dos fatos: “Eles interpretam, opinam e afastam-se da investigação. A opinião ganha o valor de acontecimento. Nesse processo, a mídia produz o real inexistente“, sustentou.
Na opinião da filósofa, os meios de comunicação referiram-se a uma crise sem precedentes, em 2005, quando o País estava em normalidade. Ao final, preferiu não dar entrevista.
Mas, o que mais despertou a curiosidade foi o conceito de “ideologia da competência”. Segundo ela, o discurso competente determina quem tem o direito de falar e quem deve ouvir. Quem fala detém o conhecimento e os desprovidos de saber devem apenas ouvir e obedecer. Essa ideologia opera com a figura do “especialista” que nos ensina tudo, desde a fazer sexo, jardinagem, culinária, educação das crianças, como amar Jesus e ganhar o céu.
Mas o principal especialista é o “formador de opinião”, o que explica e interpreta as notícias, os acontecimentos, rebaixa e eleva entrevistados e zomba ou premia calouros. Não é sem razão que a oposição ao presidente Lula exacerba-se para colar nele a imagem de incompetente. Na cabeça deles, competência pertence à elite branca. Nesse momento, a filósofa transforma-se em militante do Partido dos Trabalhadores, sorri e se diverte com o apelido de Marilena, a “Tati Quebra Barraco da academia”, publicado na revista Veja, para delírio da platéia que explode em vaias para a revista e palmas para a professora.
LEIA A MATÉRIA DO JORNAL A TARDE:
FILÓSOFA “QUEBRA O BARRACO” DA MÍDIA
LENILDE PACHECO
pacheco@grupoatarde.com.br
A Tarde – 07/09/06
Ao apresentar a filósofa Marilena Chauí para platéia de 1.500 pessoas, anteontem, à noite, na Faculdade Visconde de Cairu, nos Barris, onde foi realizada a conferência sobre Mídia e Poder, o deputado estadual Emiliano José (PT) iniciou situando a vasta qualificação da professora titular da Universidade de São Paulo.
Em seguida, incluiu referência à forma como ela foi citada nas páginas da Revista Veja dessa semana: “Marilena é a Tati Quebra-Barraco da academia“. O público gostou, reagiu com aplausos. Nas duas horas seguintes, ela demonstrou como gosta de fazer barulho.
“O que parece anunciar-se, nas próximas eleições, é que a realidade é mais poderosa que a manipulação e a intimidação ideológicas da mídia e que a construção da democracia é possível no Brasil. Isto é, o povo é a opinião pública“, disse, em razão das pesquisas que indicam o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições gerais de outubro.
Dirigentes da Faculdade Visconde de Cairu instalaram quatro telões para distribuir o público depois que o auditório lotou. O candidato do PT ao governo do Estado, Jaques Wagner, e deputados petistas acompanharam a conferência.
As idéias defendidas por Marilena Chauí estão reunidas no seu mais recente livro: “Simulacro e Poder – Uma análise da Mídia”, da Editora Fundação Perseu Abramo. O pensamento da filósofa se desenvolve a partir da convicção de que a mídia manipula e intimida. Segundo ela, os meios de comunicação teriam feito isso ao longo de toda a crise política de 2005-06.
Para a professora, na condição de formadores de opinião, os jornalistas teriam avançado “indevidamente“ para o território da interpretação dos fatos: “Eles interpretam, opinam e afastam-se da investigação. A opinião ganha o valor de acontecimento. Nesse processo, a mídia produz o real inexistente“, sustentou.
Na opinião da filósofa, os meios de comunicação referiram-se a uma crise sem precedentes, em 2005, quando o País estava em normalidade. Ao final, preferiu não dar entrevista.