4 de setembro de 2006

 

O estranho mundo de Veja

O semanário da editora do Senhor Civita, a revista Veja, parece que vai fechar sua jornada pré-reeleição de Lula mergulhada em um nirvana alucinógico, em órbita além lua, escolheu ficar "longe deste insensato mundo". Desde que sentiu que sua campanha raivosa e golpista contra o governo do PT não surtiu o efeito desejado (impedir que Lula continue no poder), voltou-se para si, entrou numa viagem intimista e, pelo menos nas suas capas, tem buscado esquecer a política, entorpecer-se com amenidades, elevar os temas suaves, não polêmicos, fazer as pazes com os salões de cabeleireiros e clínicas esteticistas.

Veja as capas desde 26/07/2006:



Salvo a última e pífia tentativa de envolver o ex-ministro da saúde, Humberto Costa, no esquema de superfaturamento de ambulância, na ediçaõ de 26/07/2006, a política nacional deixou de ser interessante à revista. De lá pra cá, foram tons de pele, açúcares, pastores evangélicos e botóx que, no entender dos seus editores, foram assuntos mais importantes que a alavancada de Lula para encerrar a fatura eleitoral no 1º turno e a consagradora aprovação do seu governo, demonstrada por todos os institutos de pesquisa.



A edição desta semana (06/09/2006) é mais uma pérola do momento de desolação vivido nos porões da revista: no último mês de campanha, contrasta absolutamente com as capas de todas as demais revistas semanais de notícias do país: Época, Istoé e CartaCapital destacam o presidente virtualmente reeleito, enquanto Veja faz uma "análise" das mudanças no mundo após o atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos. A manchete "o fim da privacidade", ilustrada pela imagem de uma mulher nua, parece recorrer à tese mais barata da publicidade de que a exposição do corpo feminino vende qualquer produto: cervejas, sabonetes, carros e revistas sem credibilidade. Nada mais sabor de derrota que isso.

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