30 de março de 2007
Novos tempos para deficientes visuais na Bahia
Salvador será a primeira cidade da América Latina a contar com um equipamento tecnológico para inclusão social de pessoas com deficiência visual. O carlismo vai ficando para trás. Vem aí o Centro de Referência em Tecnologias Assistivas e Acessibilidade (CERTAA), que pretende fomentar e disponibilizar capacitação, pesquisa, assessoria, produção e captação de ajudas técnicas para inclusão de pessoas com deficiência. A iniciativa é uma parceria entre o Governo Lula (Ministério da Ciência e Tecnologia) e o Governo Jaques Wagner (secretarias estaduais de Ciência e Tecnologia (SECTI), de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES).
Digo que graças a Deus o carlismo acabou porque eles não davam a mínima para os deficientes visuais. Para a turma de ACM, César Borges e Paulo Souto só interessavam negócios. O uso da Internet pelo governo soutista é um exemplo do descaso. Até o momento foram identificados nada mais nada menos que 126 sites governamentais, todos sem obedecer à lei da acessibilidade para deficientes visuais, nenhuma regulamentação, e um ridículo Portal de Governo que não chega a ridículos 800 acessos diários. Está na ordem-do-dia no Governo Wagner a acessibilidade nos sites oficiais. É um trabalho para o CERTAA.
Mais de 15% da população baiana têm algum tipo de deficiência. São 2 milhões de pessoas. Daí a importância do CERTAA. O governo já assegurou R$ 1 milhão para implantação do órgão, que vai funcionar num galpão no bairro da Ribeira. O espaço vai contar com salas de aula, laboratórios de informática, auditório, oficinas de órteses e próteses, laboratório de desenvolvimento de softwares, salas de reunião e escritórios.
É um novo tempo, O carlismo acabou.
Digo que graças a Deus o carlismo acabou porque eles não davam a mínima para os deficientes visuais. Para a turma de ACM, César Borges e Paulo Souto só interessavam negócios. O uso da Internet pelo governo soutista é um exemplo do descaso. Até o momento foram identificados nada mais nada menos que 126 sites governamentais, todos sem obedecer à lei da acessibilidade para deficientes visuais, nenhuma regulamentação, e um ridículo Portal de Governo que não chega a ridículos 800 acessos diários. Está na ordem-do-dia no Governo Wagner a acessibilidade nos sites oficiais. É um trabalho para o CERTAA.
Mais de 15% da população baiana têm algum tipo de deficiência. São 2 milhões de pessoas. Daí a importância do CERTAA. O governo já assegurou R$ 1 milhão para implantação do órgão, que vai funcionar num galpão no bairro da Ribeira. O espaço vai contar com salas de aula, laboratórios de informática, auditório, oficinas de órteses e próteses, laboratório de desenvolvimento de softwares, salas de reunião e escritórios.
É um novo tempo, O carlismo acabou.
29 de março de 2007
Mídia sonega informação sobre golpe na Venezuela
Abril está chegando. Além do golpe militar de 1964, outro tempo fatídico será lembrado. A depender de nossa mídia você nunca saberá dos detalhes do golpe fracassado de abril de 2002 e da greve patronal de 64 dias, armados para derrubar o presidente Chávez da Venezuela. O jornalista Luiz Carlos Azenha em seu blog EU VI O MUNDO (http://viomundo.globo.com/)nos faz lembrar.
Ao contrário, a mídia brasileira está ocupada em fazer campanha para salvar a pele da RCTV, a emissora venezuelana que encabeçou o golpe contra a democracia. Quero mais que a RCTV se exploda. Além de fazer campanha para salvar golpistas, a mídia brasileira sonega informações sobre as RAZÕES da ameaça de Chávez de não renovar a CONCESSÃO à emissora.
Mas como vivemos na era da Internet, quem sonega informação acaba desmascarado.
O blog EU VI O MUNDO reproduz trechos do livro The Chávez Code, Cracking US intervention in Venezuela [O Código Chávez, Desvendando a intervenção dos Estados Unidos na Venezuela].
O livro é de Eva Golinder, que obteve documentos oficiais americanos através do Freedom of Information Act, uma lei americana aprovada depois da renúncia de Nixon que dá a qualquer cidadão o direito de tentar, na Justiça, ter acesso ao papelório.
OS EUA FINANCIARAM O GOLPE
O golpe de estado da mídia venezuelana contra a democracia foi financiado pelos EUA. O dinheiro chegou à Venezuela através de ONGS que anunciavam que iriam “fortalecer a democracia” e através de um grupo privado chamado DAÍ (Development Alternatives Inc.)
É uma empresa de consultoria americana usada por empresários e pelo governo do país. Foi fundada nos anos 70 e mais recentemente tem trabalhado principalmente no Afeganistão, Iraque e Libéria, usando fundos da USAID (United States Agency for International Development).
A DAÍ apóia operações clandestinas do governo americano.
SEGUEM TRECHOS DO LIVRO:
A MÍDIA CONTRA O POVO
O projeto da DAI focalizado em comerciais de rádio e tevê foi agendado para ajudar a Fedecámaras (é a FIEB deles), a CTV ( é a central sindical pelega deles) e partidos de oposição, agora conhecidos como Coordenadora Democrática (CD), a organizar a greve geral de 2 de dezembro de 2002, que tinha o objetivo de desestabilizar a economia da Venezuela e forçar o presidente Chavéz a renunciar.
Em apoio aos objetivos da oposição, a mídia privada simbolicamente se juntou à greve suspendendo toda a programação normal e doando todo o espaço para a promoção e a cobertura da greve.
Apesar da greve não ter o apoio da maioria dos venezuelanos, muitos foram forçados a ficar em casa porque empresários e chefes fecharam lojas e companhias, impedindo os trabalhadores de cumprir suas tarefas.
SABOTAGEM NO TRANSPORTE
Por 64 dias, muitos venezuelanos sofreram os efeitos da greve dos empresários [locaute], particularmente porque os gerentes e empregados de alto escalão da indústria de petróleo cortaram a produção a níveis perigosamente baixos, forçando uma seca de petróleo e gás que tornou o transporte para qualquer lugar quase impossível.
A CD, com a ajuda das empresas de relações públicas mais importantes e da USAID, produziu alguns dos mais bem acabados comerciais anti-Chávez que os venezuelanos já viram.
Estes comerciais, transmitidos em blocos de dez, nos intervalos da cobertura de passeatas, discursos e entrevistas de gente ligada à oposição, continham mensagens variadas sobre os fracassos de Chávez, como abusos dos direitos humanos - além de falar da crise política e do estado de falência da Nação.
Alguns dos comerciais exploravam a imagem de crianças cantando e carimbando marcas de mão coloridas em vermelho, simbolizando sangue, nas paredes, com mensagens sobre "o futuro da Nação" e a necessidade de "uma nova Venezuela".
Na Venezuela, a doação de espaço publicitário pelos donos da mídia demonstrou que eles, junto com os criadores dos comerciais, essencialmente financiaram - e pretendiam se beneficiar - dos resultados da campanha.
Na Venezuela, cinco grande emissoras de tevê privadas controlam ao menos 90% do mercado e estações privadas menores controlam outros 5%. Estes 95% do mercado começaram a expressar sua oposição ao governo Chávez desde 1999, assim que ele assumiu o primeiro mandato. Os cinco canais de TV assumiram o papel de partidos políticos derrotados.
As investigações, entrevistas, reportagens e comentários da mídia de massa passaram a perseguir o mesmo objetivo: questionar a legitimidade do governo e reduzir o apoio popular do presidente.
SABOTAGEM CONTRA O POVO
O barão da mídia Gustavo Cisneros (sócios da Editora Abril e da revista Veja) deu à greve mais do que cobertura televisiva. Ele mandou fechar suas empresas de refrigerantes e alimentos, de forma que as mercadorias sumissem dos mercados.
Com o desabastecimento, os venezuelanos poderiam ficar desesperados e se juntar à campanha pela renúncia de Chávez. Na fazenda em que Cisneros produz leite, no estado de Mérida, testemunhas viram trabalhadores jogando leite nos rios em vez de preparar o produto para venda.
Milhões de venezuelanos ficaram impossibilitados de trabalhar e sem gasolina para viajar. Foram forçados a ficar em casa e se engajar na atividade gratuita ainda disponível: assistir televisão.
A MENTIRA NA TV
A mídia privada aproveitou a oportunidade para lançar a maior guerra de informação que já se viu em tempos modernos. As quatro emissoras principais suspenderam toda a programação durante 64 dias: nenhum comercial de produtos, nenhuma novela, nenhum filme, nenhum desenho animado, nenhuma série.
"Os quatro canais de tevê [sem mencionar as rádios e os jornais] se juntaram 24 horas por dia, em dezembro de 2002 e janeiro de 2003, e transmitiram 17.600 comerciais contra o governo, dedicando toda a programação, sem um segundo de descanso, a atacar o governo através de jornalismo marrom, para divulgar todo tipo de alarme e boato, para causar terror, precisamente"
Fonte: Blog Eu vi o mundo
http://viomundo.globo.com/site
Ao contrário, a mídia brasileira está ocupada em fazer campanha para salvar a pele da RCTV, a emissora venezuelana que encabeçou o golpe contra a democracia. Quero mais que a RCTV se exploda. Além de fazer campanha para salvar golpistas, a mídia brasileira sonega informações sobre as RAZÕES da ameaça de Chávez de não renovar a CONCESSÃO à emissora.
Mas como vivemos na era da Internet, quem sonega informação acaba desmascarado.
O blog EU VI O MUNDO reproduz trechos do livro The Chávez Code, Cracking US intervention in Venezuela [O Código Chávez, Desvendando a intervenção dos Estados Unidos na Venezuela].
O livro é de Eva Golinder, que obteve documentos oficiais americanos através do Freedom of Information Act, uma lei americana aprovada depois da renúncia de Nixon que dá a qualquer cidadão o direito de tentar, na Justiça, ter acesso ao papelório.
OS EUA FINANCIARAM O GOLPE
O golpe de estado da mídia venezuelana contra a democracia foi financiado pelos EUA. O dinheiro chegou à Venezuela através de ONGS que anunciavam que iriam “fortalecer a democracia” e através de um grupo privado chamado DAÍ (Development Alternatives Inc.)
É uma empresa de consultoria americana usada por empresários e pelo governo do país. Foi fundada nos anos 70 e mais recentemente tem trabalhado principalmente no Afeganistão, Iraque e Libéria, usando fundos da USAID (United States Agency for International Development).
A DAÍ apóia operações clandestinas do governo americano.
SEGUEM TRECHOS DO LIVRO:
A MÍDIA CONTRA O POVO
O projeto da DAI focalizado em comerciais de rádio e tevê foi agendado para ajudar a Fedecámaras (é a FIEB deles), a CTV ( é a central sindical pelega deles) e partidos de oposição, agora conhecidos como Coordenadora Democrática (CD), a organizar a greve geral de 2 de dezembro de 2002, que tinha o objetivo de desestabilizar a economia da Venezuela e forçar o presidente Chavéz a renunciar.
Em apoio aos objetivos da oposição, a mídia privada simbolicamente se juntou à greve suspendendo toda a programação normal e doando todo o espaço para a promoção e a cobertura da greve.
Apesar da greve não ter o apoio da maioria dos venezuelanos, muitos foram forçados a ficar em casa porque empresários e chefes fecharam lojas e companhias, impedindo os trabalhadores de cumprir suas tarefas.
SABOTAGEM NO TRANSPORTE
Por 64 dias, muitos venezuelanos sofreram os efeitos da greve dos empresários [locaute], particularmente porque os gerentes e empregados de alto escalão da indústria de petróleo cortaram a produção a níveis perigosamente baixos, forçando uma seca de petróleo e gás que tornou o transporte para qualquer lugar quase impossível.
A CD, com a ajuda das empresas de relações públicas mais importantes e da USAID, produziu alguns dos mais bem acabados comerciais anti-Chávez que os venezuelanos já viram.
Estes comerciais, transmitidos em blocos de dez, nos intervalos da cobertura de passeatas, discursos e entrevistas de gente ligada à oposição, continham mensagens variadas sobre os fracassos de Chávez, como abusos dos direitos humanos - além de falar da crise política e do estado de falência da Nação.
Alguns dos comerciais exploravam a imagem de crianças cantando e carimbando marcas de mão coloridas em vermelho, simbolizando sangue, nas paredes, com mensagens sobre "o futuro da Nação" e a necessidade de "uma nova Venezuela".
Na Venezuela, a doação de espaço publicitário pelos donos da mídia demonstrou que eles, junto com os criadores dos comerciais, essencialmente financiaram - e pretendiam se beneficiar - dos resultados da campanha.
Na Venezuela, cinco grande emissoras de tevê privadas controlam ao menos 90% do mercado e estações privadas menores controlam outros 5%. Estes 95% do mercado começaram a expressar sua oposição ao governo Chávez desde 1999, assim que ele assumiu o primeiro mandato. Os cinco canais de TV assumiram o papel de partidos políticos derrotados.
As investigações, entrevistas, reportagens e comentários da mídia de massa passaram a perseguir o mesmo objetivo: questionar a legitimidade do governo e reduzir o apoio popular do presidente.
SABOTAGEM CONTRA O POVO
O barão da mídia Gustavo Cisneros (sócios da Editora Abril e da revista Veja) deu à greve mais do que cobertura televisiva. Ele mandou fechar suas empresas de refrigerantes e alimentos, de forma que as mercadorias sumissem dos mercados.
Com o desabastecimento, os venezuelanos poderiam ficar desesperados e se juntar à campanha pela renúncia de Chávez. Na fazenda em que Cisneros produz leite, no estado de Mérida, testemunhas viram trabalhadores jogando leite nos rios em vez de preparar o produto para venda.
Milhões de venezuelanos ficaram impossibilitados de trabalhar e sem gasolina para viajar. Foram forçados a ficar em casa e se engajar na atividade gratuita ainda disponível: assistir televisão.
A MENTIRA NA TV
A mídia privada aproveitou a oportunidade para lançar a maior guerra de informação que já se viu em tempos modernos. As quatro emissoras principais suspenderam toda a programação durante 64 dias: nenhum comercial de produtos, nenhuma novela, nenhum filme, nenhum desenho animado, nenhuma série.
"Os quatro canais de tevê [sem mencionar as rádios e os jornais] se juntaram 24 horas por dia, em dezembro de 2002 e janeiro de 2003, e transmitiram 17.600 comerciais contra o governo, dedicando toda a programação, sem um segundo de descanso, a atacar o governo através de jornalismo marrom, para divulgar todo tipo de alarme e boato, para causar terror, precisamente"
Fonte: Blog Eu vi o mundo
http://viomundo.globo.com/site
28 de março de 2007
ACM predador quer acabar com vida marinha em Abrolhos
Liminar da Justiça Federal da Bahia vetou a realização de uma consulta pública para criação de uma Reserva Extrativista (Resex) na região de Caravelas, próximo ao Parque Nacional dos Abrolhos. Aí tem. Uma certa Coopex pretende instalar uma fazenda de camarão na área, forte ameaça aos estuários que servem de berçário da vida marinha na área de Abrolhos.
Digo que aí tem porque o projeto de carcinicultura da Coopex é de propriedade de um senador capixaba amigo do senador ACM. O governador Paulo Souto não estava nem aí para a vida marinha, queria mesmo é aprovar o maldito projeto. Mas o governador Jaques Wagner obviamente se opõe ao empreendimento predador.
Os ambientalistas estão em pé de guerra. O senador ACM já tentou até aprovar o projeto através de um estranho DECRETO LEGISLATIVO NO SENADO que na prática acabava com o Parque Marinho dos Abrolhos. Uma excrescência legislativa em proveito próprio. Os pescadores querem a Resex, o governo da Bahia quer a Resex, o IBAMA quer a Resex. A Bahia não quer a poluição da carcinicultura numa área de proteção ambiental.
Aí tem.
Digo que aí tem porque o projeto de carcinicultura da Coopex é de propriedade de um senador capixaba amigo do senador ACM. O governador Paulo Souto não estava nem aí para a vida marinha, queria mesmo é aprovar o maldito projeto. Mas o governador Jaques Wagner obviamente se opõe ao empreendimento predador.
Os ambientalistas estão em pé de guerra. O senador ACM já tentou até aprovar o projeto através de um estranho DECRETO LEGISLATIVO NO SENADO que na prática acabava com o Parque Marinho dos Abrolhos. Uma excrescência legislativa em proveito próprio. Os pescadores querem a Resex, o governo da Bahia quer a Resex, o IBAMA quer a Resex. A Bahia não quer a poluição da carcinicultura numa área de proteção ambiental.
Aí tem.
MAIS SABEDORIA, MENOS HISTERIA
A Revista do Brasil - http://www.revistadobrasil.net/violencia.htm - que tem o jornalista Paulo Henrique Amorim na capa, publica ensaio do ex-ministro dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Ele afirma que “alguns políticos e jornais receitam o ódio como remédio contra o crime e atacam o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas pouco ou nada fazem pelo seu efetivo cumprimento, que é onde está boa parte da verdadeira solução”.
LEIA O ARTIGO NA íNTEGRA:
MAIS SABEDORIA, MENOS HISTERIA
Por Nilmário Miranda
Em 8 de fevereiro o Brasil entrou em estado de choque. Uma gangue rouba um carro e arrasta por 15 minutos uma criança de 6 anos, João Hélio, presa ao cinto de segurança, ignorando todos os avisos. A indignação tomou conta de todos. A gangue era composta por cinco pessoas; um deles é adolescente, tem 16 anos, seu irmão de 23 era o chefe. Os pais de um dos assaltantes o denunciaram à polícia e se solidarizaram com os pais de João Hélio.
Nas semanas seguintes, jornais e rádios do Rio, emissoras de TV e vários políticos recorrem, com sensacionalismo e tom emocional, beirando a histeria, a uma verdadeira campanha pela redução da maioridade penal para 16 anos (apesar de só um dos cinco da gangue ser menor de 18 anos) e contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Como se esta questão – os crimes praticados por adolescentes – fosse a causa principal da violência.
LULA PEDE PRUDÊNCIA
No dia seguinte, 9 de fevereiro, o presidente Lula, que estava em Salvador lançando campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes durante o Carnaval, falou de improviso. Contou que ele e dona Marisa ficaram estarrecidos com a brutalidade contra João Hélio, mas pediu reflexão e prudência, alertando que a redução da maioridade penal não é a solução para a criminalidade e a violência. Dias depois reuniu os líderes de partidos aliados e recomendou-lhes evitar “legislação de pânico”. Vozes sensatas se manifestaram enriquecendo o debate sobre a violência e a criminalidade. A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Ellen Gracie, alertou: “Direcionar tudo em relação aos menores me parece uma atitude persecutória em relação à nossa infância”.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, apontou medidas concretas para reduzir a impunidade e a insegurança da sociedade com o sistema de Justiça: acelerar a tramitação dos processos criminais nos tribunais do júri, com a permissão para ouvir testemunhas de defesa e acusação numa mesma audiência; impedir adiamentos de audiências sem motivos relevantes; acabar com a figura do novo júri quando a pena exceder 20 anos. A Folha de S.Paulo foi um dos poucos jornais a recusar o fulcro do debate na punição a crianças e adolescentes e indicou também medidas concretas para reduzir a criminalidade.
Vale lembrar que um grupo de criminosos, falando de celulares de dentro dos presídios, aterrorizou e paralisou a maior cidade do país há menos de um ano. Neutralizar a criminalidade de dentro dos presídios, impedir celulares nas prisões, viabilizar a revista em advogados, acelerar os processos nos tribunais do júri são medidas necessárias.
A certeza da punição e a eficiência na aplicação da pena são mais relevantes que a sua duração. O governo está no rumo certo ao investir na integração das polícias, criar prisões federais seguras, apostar na reforma do Judiciário e colocar na agenda a reforma dos Códigos para acelerar os processos. O Senado contribuiu ao votar projeto de lei do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) agravando a pena de criminosos que usam menores nos crimes.
OPORTUNISMO
Toda vez que ocorre um crime grave envolvendo adolescentes, políticos e a mídia conservadora responsabilizam o ECA.
Por que o ódio?
Na verdade, o Estatuto é muito pouco conhecido, apesar de já ter 17 anos de vida. São 271 artigos baseados nos artigos 227, 228 e 229 da Constituição Federal. O 227 é o principal deles: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Como se vê, poucos governantes podem dormir com a consciência tranqüila do dever cumprido. O artigo 228 estabelece a responsabilidade penal aos 18 anos e uma legislação especial para as infrações cometidas pelos menores. A implementação do ECA é precária, sobretudo nos estados mais importantes. O ECA deveria fazer parte dos currículos dos cursos de Direito, Pedagogia, Serviço Social e Psicologia, mas não é o que acontece. O Estatuto não só é desconhecido como é escandalosamente descumprido sem despertar a indignação das elites e da grande mídia.
Que efeito teria a redução caso fosse aprovada?
Hoje há cerca de 15.500 adolescentes com medidas de internação. Destes, 12 mil com mais de 16 anos seriam tirados de instituições socioeducativas para as prisões superlotadas.
O país tem 190 mil vagas no sistema prisional, onde se espremem 390 mil presos. Sete em cada dez infrações cometidas por adolescentes são contra o patrimônio, furtos e roubos, e passíveis de ressocialização. Os estados não investem na liberdade assistida, na prestação de serviços à comunidade e na semiliberdade, que comprovadamente dão bem mais resultado.
POLÍTICOS LAVAM AS MÃOS
Os mesmos governantes e políticos que querem imputabilidade aos 16 anos e aumento nas durações das medidas pouco ou nada fazem para reformar instituições superlotadas, com déficit em assistência médica, educação, profissionalização, atividades esportivas. Faltam educadores, assistência psicológica e jurídica.
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) investem na instituição do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), com ênfase nas iniciativas de meio aberto, mas estabelecendo um padrão mínimo e melhor para a internação. Os adolescentes e suas famílias denunciam o uso freqüente de métodos violentos, incluindo a tortura. Dos 15.500 adolescentes internados, apenas 4% concluíram o ensino fundamental!
Mesmo em São Paulo, que insiste na falida Febem, há instituições que funcionam, como na cidade de São Carlos. Em todo o país, existem instituições adequadas e práticas criativas com a aplicação do que pede o ECA: instituições regidas por educadores, com 30 a 40 adolescentes que apresentam baixa reincidência. A delinqüência juvenil tem causas variadas e complexas, e as políticas de prevenção devem ter precedência.
RESULTADOS
De modo geral, é um fenômeno de regiões metropolitanas e de grandes cidades. Segundo a Unesco – órgão das Nações Unidas dedicado à infância – e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, há em torno de 8 milhões de adolescentes e jovens adultos que saíram da escola no ensino fundamental e não se profissionalizaram, a maioria de famílias desestruturadas.
Para esses jovens, estão rompidas as etapas naturais do ciclo juvenil: a conclusão dos estudos, a entrada no mundo do trabalho, a saída da casa paterna, a construção da própria família. Centenas de milhares desses jovens pensam o futuro na ótica do risco.
A promotora de Infância e Juventude de Belo Horizonte Maria de Lourdes Santa Gema coletou dados assustadores. Só na capital mineira, em 18 meses (janeiro de 2005 a junho de 2006), 1.074 jovens foram executados com tiros na nuca. Quase todos negros, moradores de favelas, vítimas de guerra do tráfico, por gangues rivais ou por extermínio. São imediatamente substituídos por outros.
HERANÇA DA CASA GRANDE
Direcionar o debate sobre segurança pública à punição de crianças e adolescentes revela um traço de discriminação e preconceito, que não deixa de ser uma herança da Casa Grande. A escola era proibida para os filhos dos escravos e obrigatória para os filhos dos senhores. O menino branco era considerado pequeno adulto aos 13 anos e aprendia a ter autoridade com os escravos. Era estimulado a castigar os negros desobedientes e a seduzir as negras. Oito milhões de negros e pardos, de uma população de 13 milhões em 1888, eram analfabetos sem preparo profissional para novas ocupações após a Abolição. Nas maiores cidades surgem cortiços e favelas e, naturalmente, a delinqüência.
As elites traçaram novas teorias educacionais. Entre as mais progressistas, o higienismo apregoava a salvação pela educação, disciplina e controle. Segundo teorias vigentes, os filhos da elite teriam uma tendência natural à virtude, enquanto os filhos da maioria, das “classes perigosas”, seriam propensos à vagabundagem, ao crime, ao alcoolismo, à ignorância.
As crianças tenderiam a reproduzir o comportamento dos pais. Tanta gente neste país que suspira saudosismo e lamenta a extinção dos reformatórios, internatos, do famigerado SAM. Reclamam da proibição do trabalho infantil e gostariam que os “pivetes” fossem transferidos para colônias agrícolas na Amazônia. A discriminação e o preconceito com as crianças da maioria atravessaram os séculos.
Hoje, importantes medidas de combate à exclusão vêm sendo gradativamente implantadas. O governo federal criou uma Secretaria e um Conselho Nacional de Juventude, há 700 mil jovens participando de programas como Pró-Jovem, Agente Jovem, Empreendedorismo Jovem, Escola de Fábrica, Soldado Cidadão, entre outros. O ProUni atende mais de 200 mil jovens. Escolas técnicas estão sendo expandidas.
No entanto, ainda falta um esforço nacional envolvendo municípios, estados, empresas e sociedade. Medidas sócio-educativas, comprovadamente eficazes na recuperação de menores infratores, existem em algumas regiões do país, mas ainda não predominam. Falta potencializar os investimentos em educação de qualidade para todos. “A solução para a criminalidade não vai acontecer num passe de mágica, mas por ações coordenadas”, acredita o presidente Lula.
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi um salto no rumo da inclusão, pela primeira vez na nossa história, na cidadania da nossa infância.
E AÍ? NÃO VAMOS FAZER NADA?
Fonte: Revista do Brasil On Line
LEIA O ARTIGO NA íNTEGRA:
MAIS SABEDORIA, MENOS HISTERIA
Por Nilmário Miranda
Em 8 de fevereiro o Brasil entrou em estado de choque. Uma gangue rouba um carro e arrasta por 15 minutos uma criança de 6 anos, João Hélio, presa ao cinto de segurança, ignorando todos os avisos. A indignação tomou conta de todos. A gangue era composta por cinco pessoas; um deles é adolescente, tem 16 anos, seu irmão de 23 era o chefe. Os pais de um dos assaltantes o denunciaram à polícia e se solidarizaram com os pais de João Hélio.
Nas semanas seguintes, jornais e rádios do Rio, emissoras de TV e vários políticos recorrem, com sensacionalismo e tom emocional, beirando a histeria, a uma verdadeira campanha pela redução da maioridade penal para 16 anos (apesar de só um dos cinco da gangue ser menor de 18 anos) e contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Como se esta questão – os crimes praticados por adolescentes – fosse a causa principal da violência.
LULA PEDE PRUDÊNCIA
No dia seguinte, 9 de fevereiro, o presidente Lula, que estava em Salvador lançando campanha contra a exploração sexual de crianças e adolescentes durante o Carnaval, falou de improviso. Contou que ele e dona Marisa ficaram estarrecidos com a brutalidade contra João Hélio, mas pediu reflexão e prudência, alertando que a redução da maioridade penal não é a solução para a criminalidade e a violência. Dias depois reuniu os líderes de partidos aliados e recomendou-lhes evitar “legislação de pânico”. Vozes sensatas se manifestaram enriquecendo o debate sobre a violência e a criminalidade. A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Ellen Gracie, alertou: “Direcionar tudo em relação aos menores me parece uma atitude persecutória em relação à nossa infância”.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, apontou medidas concretas para reduzir a impunidade e a insegurança da sociedade com o sistema de Justiça: acelerar a tramitação dos processos criminais nos tribunais do júri, com a permissão para ouvir testemunhas de defesa e acusação numa mesma audiência; impedir adiamentos de audiências sem motivos relevantes; acabar com a figura do novo júri quando a pena exceder 20 anos. A Folha de S.Paulo foi um dos poucos jornais a recusar o fulcro do debate na punição a crianças e adolescentes e indicou também medidas concretas para reduzir a criminalidade.
Vale lembrar que um grupo de criminosos, falando de celulares de dentro dos presídios, aterrorizou e paralisou a maior cidade do país há menos de um ano. Neutralizar a criminalidade de dentro dos presídios, impedir celulares nas prisões, viabilizar a revista em advogados, acelerar os processos nos tribunais do júri são medidas necessárias.
A certeza da punição e a eficiência na aplicação da pena são mais relevantes que a sua duração. O governo está no rumo certo ao investir na integração das polícias, criar prisões federais seguras, apostar na reforma do Judiciário e colocar na agenda a reforma dos Códigos para acelerar os processos. O Senado contribuiu ao votar projeto de lei do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) agravando a pena de criminosos que usam menores nos crimes.
OPORTUNISMO
Toda vez que ocorre um crime grave envolvendo adolescentes, políticos e a mídia conservadora responsabilizam o ECA.
Por que o ódio?
Na verdade, o Estatuto é muito pouco conhecido, apesar de já ter 17 anos de vida. São 271 artigos baseados nos artigos 227, 228 e 229 da Constituição Federal. O 227 é o principal deles: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Como se vê, poucos governantes podem dormir com a consciência tranqüila do dever cumprido. O artigo 228 estabelece a responsabilidade penal aos 18 anos e uma legislação especial para as infrações cometidas pelos menores. A implementação do ECA é precária, sobretudo nos estados mais importantes. O ECA deveria fazer parte dos currículos dos cursos de Direito, Pedagogia, Serviço Social e Psicologia, mas não é o que acontece. O Estatuto não só é desconhecido como é escandalosamente descumprido sem despertar a indignação das elites e da grande mídia.
Que efeito teria a redução caso fosse aprovada?
Hoje há cerca de 15.500 adolescentes com medidas de internação. Destes, 12 mil com mais de 16 anos seriam tirados de instituições socioeducativas para as prisões superlotadas.
O país tem 190 mil vagas no sistema prisional, onde se espremem 390 mil presos. Sete em cada dez infrações cometidas por adolescentes são contra o patrimônio, furtos e roubos, e passíveis de ressocialização. Os estados não investem na liberdade assistida, na prestação de serviços à comunidade e na semiliberdade, que comprovadamente dão bem mais resultado.
POLÍTICOS LAVAM AS MÃOS
Os mesmos governantes e políticos que querem imputabilidade aos 16 anos e aumento nas durações das medidas pouco ou nada fazem para reformar instituições superlotadas, com déficit em assistência médica, educação, profissionalização, atividades esportivas. Faltam educadores, assistência psicológica e jurídica.
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) investem na instituição do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), com ênfase nas iniciativas de meio aberto, mas estabelecendo um padrão mínimo e melhor para a internação. Os adolescentes e suas famílias denunciam o uso freqüente de métodos violentos, incluindo a tortura. Dos 15.500 adolescentes internados, apenas 4% concluíram o ensino fundamental!
Mesmo em São Paulo, que insiste na falida Febem, há instituições que funcionam, como na cidade de São Carlos. Em todo o país, existem instituições adequadas e práticas criativas com a aplicação do que pede o ECA: instituições regidas por educadores, com 30 a 40 adolescentes que apresentam baixa reincidência. A delinqüência juvenil tem causas variadas e complexas, e as políticas de prevenção devem ter precedência.
RESULTADOS
De modo geral, é um fenômeno de regiões metropolitanas e de grandes cidades. Segundo a Unesco – órgão das Nações Unidas dedicado à infância – e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, há em torno de 8 milhões de adolescentes e jovens adultos que saíram da escola no ensino fundamental e não se profissionalizaram, a maioria de famílias desestruturadas.
Para esses jovens, estão rompidas as etapas naturais do ciclo juvenil: a conclusão dos estudos, a entrada no mundo do trabalho, a saída da casa paterna, a construção da própria família. Centenas de milhares desses jovens pensam o futuro na ótica do risco.
A promotora de Infância e Juventude de Belo Horizonte Maria de Lourdes Santa Gema coletou dados assustadores. Só na capital mineira, em 18 meses (janeiro de 2005 a junho de 2006), 1.074 jovens foram executados com tiros na nuca. Quase todos negros, moradores de favelas, vítimas de guerra do tráfico, por gangues rivais ou por extermínio. São imediatamente substituídos por outros.
HERANÇA DA CASA GRANDE
Direcionar o debate sobre segurança pública à punição de crianças e adolescentes revela um traço de discriminação e preconceito, que não deixa de ser uma herança da Casa Grande. A escola era proibida para os filhos dos escravos e obrigatória para os filhos dos senhores. O menino branco era considerado pequeno adulto aos 13 anos e aprendia a ter autoridade com os escravos. Era estimulado a castigar os negros desobedientes e a seduzir as negras. Oito milhões de negros e pardos, de uma população de 13 milhões em 1888, eram analfabetos sem preparo profissional para novas ocupações após a Abolição. Nas maiores cidades surgem cortiços e favelas e, naturalmente, a delinqüência.
As elites traçaram novas teorias educacionais. Entre as mais progressistas, o higienismo apregoava a salvação pela educação, disciplina e controle. Segundo teorias vigentes, os filhos da elite teriam uma tendência natural à virtude, enquanto os filhos da maioria, das “classes perigosas”, seriam propensos à vagabundagem, ao crime, ao alcoolismo, à ignorância.
As crianças tenderiam a reproduzir o comportamento dos pais. Tanta gente neste país que suspira saudosismo e lamenta a extinção dos reformatórios, internatos, do famigerado SAM. Reclamam da proibição do trabalho infantil e gostariam que os “pivetes” fossem transferidos para colônias agrícolas na Amazônia. A discriminação e o preconceito com as crianças da maioria atravessaram os séculos.
Hoje, importantes medidas de combate à exclusão vêm sendo gradativamente implantadas. O governo federal criou uma Secretaria e um Conselho Nacional de Juventude, há 700 mil jovens participando de programas como Pró-Jovem, Agente Jovem, Empreendedorismo Jovem, Escola de Fábrica, Soldado Cidadão, entre outros. O ProUni atende mais de 200 mil jovens. Escolas técnicas estão sendo expandidas.
No entanto, ainda falta um esforço nacional envolvendo municípios, estados, empresas e sociedade. Medidas sócio-educativas, comprovadamente eficazes na recuperação de menores infratores, existem em algumas regiões do país, mas ainda não predominam. Falta potencializar os investimentos em educação de qualidade para todos. “A solução para a criminalidade não vai acontecer num passe de mágica, mas por ações coordenadas”, acredita o presidente Lula.
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi um salto no rumo da inclusão, pela primeira vez na nossa história, na cidadania da nossa infância.
E AÍ? NÃO VAMOS FAZER NADA?
Fonte: Revista do Brasil On Line
Petistas da Serra Geral firmes na luta
O ex-deputado Emiliano José foi à Serra Geral. Viu a luz chegar a Moreira, povoação rural de Candiba, pela ação política do PT. Viu a luz chegar a Anta Gorda, localidade próxima a Guanambi. Em Guanambi viu petistas envolvidos na luta movidos a sonhos e coragem e viu uma juíza comprometida com o povo. Em Matina, viu um trabalhador da cana lançar um livro de poemas. Com militantes refletiu sobre o Brasil, o Governo Lula, o Governo Wagner. Emiliano José, que retornou à Executiva Estadual do PT da Bahia (segunda, 26) voltou revigorado e feliz, contou tudo numa crônica da viagem ao sertão.
LEIA NA ÍNTEGRA SEU RELATO:
Crônica de uma viagem
ao sertão cheio de luz
Emiliano José*
Seu Dozinho teve 22 irmãos. Hoje, 18 vivos. Mora em Moreira, pequena povoação rural de Candiba, lá pros lados da Serra Geral, Bahia profunda. Dia 17 de março deste ano teve uma das grandes alegrias de sua vida: viu a luz. Foi bonito vê-lo falar em cima da carroceria do pequeno caminhão. A luz vai chegando para todos, e chegou para os de Moreira. Dozinho mora numa casa construída nos finais do século XVIII. Casa grande, espaçosa, como convinha à época da escravidão.
Escravidão de que não se guarda boa memória. A casa, reformada por Dozinho, está parecendo nova. Mas, olhando-a com cuidado, dá para viajar no tempo e sentir o que foi a vida dos senhores e dos escravos. Naquele 17 de março, viajamos no tempo. Lembramos da escravidão, do tempo sem luz, de homens que machucavam homens, um mergulho no túnel do tempo da história, mergulho tão grande que nos levou atrás mais de 200 anos e, num feixe de luz, viemos de volta.
De volta e com luz. Luz para todos, essa maravilhosa iniciativa desse nordestino Lula, que sabe das dores de seu povo, e sabe, por isso, do significado da luz na vida das pessoas. Tirou qualquer interferência, apadrinhamento, fisiologia. Basta precisar, se organizar, reivindicar e a luz se faz.
Não, nós, os que nos acostumamos com a cidade, não podemos imaginar a alegria de Dozinho e das centenas de pessoas que estavam nos ouvindo na praça improvisada, ao lado da casa centenária. É uma alegria que quase dói, que faz chorar de tão grande. É um deslumbramento receber aquela claridade depois de tantos séculos fazendo luz de lamparina, de fifó.
Essa alegria era compartilhada por nós, nunca na mesma dimensão da que os moradores de Moreira experimentavam. Talvez Waldimir e Gilson, petistas dedicados de Candiba, chegassem um pouco mais perto daquele deslumbramento. Até porque dedicam-se dia e noite às populações rurais em busca de água e de luz.
Candiba é um dos municípios que mais construíram cisternas na Bahia, graças ao trabalho do Centro de Agroecologia (Casa) – entidade voltada para o programa l milhão de cisternas no Nordeste – que, no município, caminha sob a direção de Waldimir e Gilson, que também se empenharam junto a Chesf para que a luz chegasse a Moreira, ao lado do deputado Paulo Rangel. Responsável mesmo, no entanto, foi o povo que se organizou e pediu. E foi atendido. Rui, o vereador Rui do PT de Guanambi esteve o tempo todo com o povo e conosco, feliz com tudo aquilo.
E depois da luz ligada, o povo dançou. E comeu. E bebeu. Fartou-se de comida e diversão, que alegria pouca é bobagem, Dozinho no comando de tudo, liderança respeitada que é. Poeira, muita poeira levantada por tanta gente, nesse caso abençoada poeira.
Depois veio Anta Gorda, povoado quase encostado à cidade, e que, no entanto, ainda vivia mergulhado na escuridão. Gente, muita gente, muita alegria, o mesmo deslumbramento. Ali a fala foi do líder Francisco, emocionado com aquela claridade agredindo a escuridão, mais forte até do que Moreira, quando a luz foi ligada à tarde. Em Anta Gorda, o que era breu virou luz. Luz para todos. E o bom é ver o entusiasmo de Antenor e Eliseu, dedicados funcionários da Chesf.
Em Matina, outro município ali da Serra Geral, conversamos sobre o país, governo Wagner, governo Lula. Ali desfrutamos da alegria do professor Gilvane, da seriedade militante de Eujácio, presidente do PT, da companhia do professor Filipe, agora um dos coordenadores da Direc de Guanambi, que nos acompanhou na viagem, ao lado de Ângelo, esse cristão dedicado, dirigente do programa 1 milhão de cisternas na região. Eujácio, importante lembrar, é outro militante da água – na luta para chegar ao 1 milhão de cisternas. Gilmar, desses militantes abnegados, sempre esteve conosco também – ele, petista de carteirinha, desses que não se assustam com cara feia.
É bom andar acompanhado de tanta gente boa, alma e corpo postos a serviço do nosso povo. Em Matina tive ainda a sorte de conhecer Eliezio, trabalhador, desses que arribaram para cortar cana em Sertãozinho, interior de São Paulo, e que, nas noites em que devia estar descansando, escrevia um livro de poesias, que lança nas próximas horas em Matina – milagre da criação, vitória do talento sobre o cansaço, evidência das qualidades do nosso trabalhador. Os braços arranhados pelo corte da cana não o impediram de refletir, em versos, sobre a vida, esperanças, sonhos. É impressionante vê-lo falar – parece poesia, poesia feita das coisas do dia a dia, simples como água correndo por verdes vales. Há trabalhadores que, quando voltam de Sertãozinho, compram logo uma moto – vêem realizado o sonho de tantos anos. Eliezio preferiu os versos porque sua alma é uma permanente cantoria.
Estivemos reunidos em Guanambi com companheiras e companheiros, mais mulheres que homens, na Direc. Podendo aprender com a professora Helena Amaral, com o professor Filipe, saber de seus planos, sonhos, esperanças. É bom, muito bom perceber como há pessoas empenhadas em melhorar a vida do nosso povo. No caso, como há educadores preocupados em elevar o nível dos mais simples, contribuindo para que sejam mais e mais cidadãos, cidadãs.
E estivemos com nossas militantes, nossos militantes, na sede do PT em Guanambi, onde foi possível refletir sobre os caminhos do nosso partido, do governo Lula e do governo Wagner. Há esperanças e sonhos no ar. Muita disposição para levar à frente a idéia de uma nova era política, econômica, social e cultural na nossa Bahia. Estivemos ainda em uma reunião com muitas mulheres, que levantam a necessidade de uma maior participação feminina na vida do PT, Marinalva à frente.
E, de quebra, ainda foi possível, jantar com o casal Ângelo e Márcia. De Ângelo já falei, herói das águas do sertão. De Márcia, resta dizer duas palavras. É juíza do trabalho, aplicada e cheia de doutrina, saber jurídico de ponta. E ela sabe sempre de que lado está – o da justiça, e por justiça, invariavelmente, na sociedade em que vivemos, se levada a sério, implica dizer ao lado dos trabalhadores. O macarrão, o vinho tinto nos levaram até mais tarde, em meio a conversas muito agradáveis, temperadas pela amizade que vai se firmando cada vez mais. Voltei feliz, temperado para novas lutas em favor do povo baiano. A Serra Geral faz bem à alma dos que lutam por um outro Brasil e uma outra Bahia.
Fonte: www.emilianojose.com.br
LEIA NA ÍNTEGRA SEU RELATO:
Crônica de uma viagem
ao sertão cheio de luz
Emiliano José*
Seu Dozinho teve 22 irmãos. Hoje, 18 vivos. Mora em Moreira, pequena povoação rural de Candiba, lá pros lados da Serra Geral, Bahia profunda. Dia 17 de março deste ano teve uma das grandes alegrias de sua vida: viu a luz. Foi bonito vê-lo falar em cima da carroceria do pequeno caminhão. A luz vai chegando para todos, e chegou para os de Moreira. Dozinho mora numa casa construída nos finais do século XVIII. Casa grande, espaçosa, como convinha à época da escravidão.
Escravidão de que não se guarda boa memória. A casa, reformada por Dozinho, está parecendo nova. Mas, olhando-a com cuidado, dá para viajar no tempo e sentir o que foi a vida dos senhores e dos escravos. Naquele 17 de março, viajamos no tempo. Lembramos da escravidão, do tempo sem luz, de homens que machucavam homens, um mergulho no túnel do tempo da história, mergulho tão grande que nos levou atrás mais de 200 anos e, num feixe de luz, viemos de volta.
De volta e com luz. Luz para todos, essa maravilhosa iniciativa desse nordestino Lula, que sabe das dores de seu povo, e sabe, por isso, do significado da luz na vida das pessoas. Tirou qualquer interferência, apadrinhamento, fisiologia. Basta precisar, se organizar, reivindicar e a luz se faz.
Não, nós, os que nos acostumamos com a cidade, não podemos imaginar a alegria de Dozinho e das centenas de pessoas que estavam nos ouvindo na praça improvisada, ao lado da casa centenária. É uma alegria que quase dói, que faz chorar de tão grande. É um deslumbramento receber aquela claridade depois de tantos séculos fazendo luz de lamparina, de fifó.
Essa alegria era compartilhada por nós, nunca na mesma dimensão da que os moradores de Moreira experimentavam. Talvez Waldimir e Gilson, petistas dedicados de Candiba, chegassem um pouco mais perto daquele deslumbramento. Até porque dedicam-se dia e noite às populações rurais em busca de água e de luz.
Candiba é um dos municípios que mais construíram cisternas na Bahia, graças ao trabalho do Centro de Agroecologia (Casa) – entidade voltada para o programa l milhão de cisternas no Nordeste – que, no município, caminha sob a direção de Waldimir e Gilson, que também se empenharam junto a Chesf para que a luz chegasse a Moreira, ao lado do deputado Paulo Rangel. Responsável mesmo, no entanto, foi o povo que se organizou e pediu. E foi atendido. Rui, o vereador Rui do PT de Guanambi esteve o tempo todo com o povo e conosco, feliz com tudo aquilo.
E depois da luz ligada, o povo dançou. E comeu. E bebeu. Fartou-se de comida e diversão, que alegria pouca é bobagem, Dozinho no comando de tudo, liderança respeitada que é. Poeira, muita poeira levantada por tanta gente, nesse caso abençoada poeira.
Depois veio Anta Gorda, povoado quase encostado à cidade, e que, no entanto, ainda vivia mergulhado na escuridão. Gente, muita gente, muita alegria, o mesmo deslumbramento. Ali a fala foi do líder Francisco, emocionado com aquela claridade agredindo a escuridão, mais forte até do que Moreira, quando a luz foi ligada à tarde. Em Anta Gorda, o que era breu virou luz. Luz para todos. E o bom é ver o entusiasmo de Antenor e Eliseu, dedicados funcionários da Chesf.
Em Matina, outro município ali da Serra Geral, conversamos sobre o país, governo Wagner, governo Lula. Ali desfrutamos da alegria do professor Gilvane, da seriedade militante de Eujácio, presidente do PT, da companhia do professor Filipe, agora um dos coordenadores da Direc de Guanambi, que nos acompanhou na viagem, ao lado de Ângelo, esse cristão dedicado, dirigente do programa 1 milhão de cisternas na região. Eujácio, importante lembrar, é outro militante da água – na luta para chegar ao 1 milhão de cisternas. Gilmar, desses militantes abnegados, sempre esteve conosco também – ele, petista de carteirinha, desses que não se assustam com cara feia.
É bom andar acompanhado de tanta gente boa, alma e corpo postos a serviço do nosso povo. Em Matina tive ainda a sorte de conhecer Eliezio, trabalhador, desses que arribaram para cortar cana em Sertãozinho, interior de São Paulo, e que, nas noites em que devia estar descansando, escrevia um livro de poesias, que lança nas próximas horas em Matina – milagre da criação, vitória do talento sobre o cansaço, evidência das qualidades do nosso trabalhador. Os braços arranhados pelo corte da cana não o impediram de refletir, em versos, sobre a vida, esperanças, sonhos. É impressionante vê-lo falar – parece poesia, poesia feita das coisas do dia a dia, simples como água correndo por verdes vales. Há trabalhadores que, quando voltam de Sertãozinho, compram logo uma moto – vêem realizado o sonho de tantos anos. Eliezio preferiu os versos porque sua alma é uma permanente cantoria.
Estivemos reunidos em Guanambi com companheiras e companheiros, mais mulheres que homens, na Direc. Podendo aprender com a professora Helena Amaral, com o professor Filipe, saber de seus planos, sonhos, esperanças. É bom, muito bom perceber como há pessoas empenhadas em melhorar a vida do nosso povo. No caso, como há educadores preocupados em elevar o nível dos mais simples, contribuindo para que sejam mais e mais cidadãos, cidadãs.
E estivemos com nossas militantes, nossos militantes, na sede do PT em Guanambi, onde foi possível refletir sobre os caminhos do nosso partido, do governo Lula e do governo Wagner. Há esperanças e sonhos no ar. Muita disposição para levar à frente a idéia de uma nova era política, econômica, social e cultural na nossa Bahia. Estivemos ainda em uma reunião com muitas mulheres, que levantam a necessidade de uma maior participação feminina na vida do PT, Marinalva à frente.
E, de quebra, ainda foi possível, jantar com o casal Ângelo e Márcia. De Ângelo já falei, herói das águas do sertão. De Márcia, resta dizer duas palavras. É juíza do trabalho, aplicada e cheia de doutrina, saber jurídico de ponta. E ela sabe sempre de que lado está – o da justiça, e por justiça, invariavelmente, na sociedade em que vivemos, se levada a sério, implica dizer ao lado dos trabalhadores. O macarrão, o vinho tinto nos levaram até mais tarde, em meio a conversas muito agradáveis, temperadas pela amizade que vai se firmando cada vez mais. Voltei feliz, temperado para novas lutas em favor do povo baiano. A Serra Geral faz bem à alma dos que lutam por um outro Brasil e uma outra Bahia.
Fonte: www.emilianojose.com.br
27 de março de 2007
Emiliano retorna à Executiva Estadual do PT
Emiliano José retornou à Executiva Estadual do PT da Bahia. Desde segunda-feira (26) assumiu a nova função. O ex-deputado Emiliano José também é membro do Diretório Nacional do partido e do Conselho de Redação da revista Teoria e Debate (Fundação Perseu Abramo). Voltou com todo gás, dividindo seu tempo entre suas aulas na Faculdade de Comunicação da UFBA e o PT.
Segundo Emiliano José, que já presidiu o PT da Bahia durante o processo de eleições internas, o desafio hoje é contribuir para a formulação de políticas públicas para o Governo Wagner, fortalecer o protagonismo do PT na Bahia e, ao mesmo tempo, aprofundar o mergulho do partido nos debates preparatórios ao III Congresso Nacional, em especial sobre temas centrais como o Socialismo Petista, o Brasil que Queremos e a Organização Partidária.
Segundo Emiliano José, que já presidiu o PT da Bahia durante o processo de eleições internas, o desafio hoje é contribuir para a formulação de políticas públicas para o Governo Wagner, fortalecer o protagonismo do PT na Bahia e, ao mesmo tempo, aprofundar o mergulho do partido nos debates preparatórios ao III Congresso Nacional, em especial sobre temas centrais como o Socialismo Petista, o Brasil que Queremos e a Organização Partidária.
Folha de S. Paulo manipula a manchete
Chega a ser inacreditável, mas está percorrendo a Internet que nem vírus de computador. Ao noticiar o resultado da pesquisa Datafolha o jornalão deu a manchete: 39% aprovam Serra. OPS. A manchete certa não seria: 61% rejeitam Serra? Mas aí já seria querer demais, não é?
25 de março de 2007
O que a Veja aprontou contra Lula e seus leitores?
Todo domingo fico numa ansiedade danada. É uma curiosidade mórbida. Fico imaginando o que a revista Veja aprontou contra Lula, o PT, seus próprios assinantes e contra a razão. Como sempre faço, folheio o exemplar de uma amiga (que, aliás, está recebendo duas revistas iguais todo domingo) desde que cancelei minha assinatura em protesto contra tantas e sucessivas infâmias. Por que voar virou uma tortura, é a manchete de capa da tal revista. Procurei o ataque contra a razão, contra Lula, contra o PT, primeiro nas páginas amarelas. Nada. Depois fui ao texto de Lya Luft, que de vez em quando se apequena e se presta a esse tipo de serviço de aluguel. Nada. Ela falava do medo e da violência, não colocava a culpa em Lula e no PT.
Segui adiante. Depois de descartar toneladas de inúteis publicidades pagas a preço de ouro, inclusive de algumas escolas privadas da elite de Salvador, conferi na coluna Holofote. Nada. Apenas a ritual e continuada propaganda a favor de Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais. Conferi na coluna Radar. Nada. Apenas uma ritual, previsível e continuada propaganda contra Waldir Pires.
Segui adiante. Na seção intitulada Veja Essa vi o primeiro sinal do ataque. Mas era contra Delúbio Soares, fotografado e criticado pelo novo look no cabelo, na roupa, no sorriso e na barba. Tudo bem, pensei eu. Afinal, a revista estava atirando contra a Geni (joga bosta na Geni, joga bosta na Geni, como cantava Chico Buarque). Achei deprimente o baixo nível da “informação”, mas galhardamente segui adiante.
Então veio a matéria de capa intitulada “A tortura do apagão aéreo”. Foi inacreditável. Dois jornalistas teceram uma longa e chata reportagem e, milagre, não culparam Lula e o PT pelos atrasos nos aeroportos brasileiros. Foi uma leitura dinâmica, pode me ter escapado a sutileza do ataque, mas entendi que as empresas aéreas são as responsáveis pelo descalabro nos vôos atrasados. Principalmente a TAM.
Ó paí Ó. Os exemplares anteriores diziam que os responsáveis eram Waldir Pires, Lula e o PT. Ó paí Ó. É bem verdade que na matéria seguinte a revista decreta que Aldo Rebelo, ministro clandestino da Defesa já estava em ação. E que a Infraero... a Infraero era uma instituição corrompida e ineficiente. Criada em 1972, em plena ditadura militar, seria também um acinte contra a razão e seus pobres leitores se a Veja dissesse que os culpados disso são Lula, Waldir Pires e o PT.
Segui minha jornada. A ansiedade aumentava a cada tonelada de publicidade inútil. Então veio a matéria sobre o ministério de Lula. Como sempre, um texto viciado, raivoso, sempre desqualificando as pessoas escolhidas por Lula para compor o ministério. Curiosamente, não me senti injuriado, acho que porque já esperava aquele tipo de “informação”. As bobagens sobre Collor e Lula? Não, não me afetaram. Eu me poupei da leitura dos temas internacionais, porque sempre salto essa parte, já que a revista Veja ainda vive no clima da Guerra Fria e da caça às bruxas comunistas. Não dou mais atenção.
Segui minha via crucis. A coluna social nada dizia. A matéria sobre a venda da Ipiranga era previsível demais para irritar alguém, a matéria sobre a questão do PIB? Muito óbvia. Então a ansiedade aumentou. Será que a revista Veja seria capaz de deixar passar em branco alguma edição sem caluniar, difamar ou injuriar Lula e o PT? Mais publicidade inútil, outra página, outra página...12 páginas de mais publicidade. Essa turma sabe ganhar dinheiro. Daí em diante foi uma sucessão de matérias idiotizantes. A moral dos animais, o terno que encolheu, o sonho americano do quarto separado entre casais, estágios de estudantes, comportamento e “psicologia”. Depois aquelas duas páginas assinadas pelo piradão do Reinaldo Azevedo. E minha ansiedade aumentando.
Mais bobagem, mais publicidade. Então veio a coluna difamante do Diogo Mainardi. Agora, sim, ali estariam as injúrias e difamações corriqueiras. Vocês não vão acreditar. Diogo Mainardi não disse uma linha contra Lula e o PT. Mas, como? Aqueles cadáveres que ele viu em Ipanema não são culpa do Lula e do PT? Não estava dando para entender.
Daí em diante já nem prestava atenção nos temas. Vi, mas não li, alguma coisa sobre cinema e um artista baiano. Só na última página é que descobri. Finalmente. O escalado da semana para difamar, sacanear e encher o saco dos pobres leitores da revista foi o Roberto Pompeu de Toledo. Puxa vida! Ele comentou uma enormidade de crime. O aniversário de José Dirceu onde o Delúbio Soares ousou comparecer. Aliás, duas enormidades de crimes. O encontro do senador Fernando Collor de Mello com o presidente da República. Crimes hediondos. Uau. E ainda tive que agüentar mais duas publicidades para só então jogar no lixo a papelada. Dou-lhes um conselho. Nem vale a pena conferir. Help, onde está minha CartaCapital? Você está rindo do quê?
Segui adiante. Depois de descartar toneladas de inúteis publicidades pagas a preço de ouro, inclusive de algumas escolas privadas da elite de Salvador, conferi na coluna Holofote. Nada. Apenas a ritual e continuada propaganda a favor de Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais. Conferi na coluna Radar. Nada. Apenas uma ritual, previsível e continuada propaganda contra Waldir Pires.
Segui adiante. Na seção intitulada Veja Essa vi o primeiro sinal do ataque. Mas era contra Delúbio Soares, fotografado e criticado pelo novo look no cabelo, na roupa, no sorriso e na barba. Tudo bem, pensei eu. Afinal, a revista estava atirando contra a Geni (joga bosta na Geni, joga bosta na Geni, como cantava Chico Buarque). Achei deprimente o baixo nível da “informação”, mas galhardamente segui adiante.
Então veio a matéria de capa intitulada “A tortura do apagão aéreo”. Foi inacreditável. Dois jornalistas teceram uma longa e chata reportagem e, milagre, não culparam Lula e o PT pelos atrasos nos aeroportos brasileiros. Foi uma leitura dinâmica, pode me ter escapado a sutileza do ataque, mas entendi que as empresas aéreas são as responsáveis pelo descalabro nos vôos atrasados. Principalmente a TAM.
Ó paí Ó. Os exemplares anteriores diziam que os responsáveis eram Waldir Pires, Lula e o PT. Ó paí Ó. É bem verdade que na matéria seguinte a revista decreta que Aldo Rebelo, ministro clandestino da Defesa já estava em ação. E que a Infraero... a Infraero era uma instituição corrompida e ineficiente. Criada em 1972, em plena ditadura militar, seria também um acinte contra a razão e seus pobres leitores se a Veja dissesse que os culpados disso são Lula, Waldir Pires e o PT.
Segui minha jornada. A ansiedade aumentava a cada tonelada de publicidade inútil. Então veio a matéria sobre o ministério de Lula. Como sempre, um texto viciado, raivoso, sempre desqualificando as pessoas escolhidas por Lula para compor o ministério. Curiosamente, não me senti injuriado, acho que porque já esperava aquele tipo de “informação”. As bobagens sobre Collor e Lula? Não, não me afetaram. Eu me poupei da leitura dos temas internacionais, porque sempre salto essa parte, já que a revista Veja ainda vive no clima da Guerra Fria e da caça às bruxas comunistas. Não dou mais atenção.
Segui minha via crucis. A coluna social nada dizia. A matéria sobre a venda da Ipiranga era previsível demais para irritar alguém, a matéria sobre a questão do PIB? Muito óbvia. Então a ansiedade aumentou. Será que a revista Veja seria capaz de deixar passar em branco alguma edição sem caluniar, difamar ou injuriar Lula e o PT? Mais publicidade inútil, outra página, outra página...12 páginas de mais publicidade. Essa turma sabe ganhar dinheiro. Daí em diante foi uma sucessão de matérias idiotizantes. A moral dos animais, o terno que encolheu, o sonho americano do quarto separado entre casais, estágios de estudantes, comportamento e “psicologia”. Depois aquelas duas páginas assinadas pelo piradão do Reinaldo Azevedo. E minha ansiedade aumentando.
Mais bobagem, mais publicidade. Então veio a coluna difamante do Diogo Mainardi. Agora, sim, ali estariam as injúrias e difamações corriqueiras. Vocês não vão acreditar. Diogo Mainardi não disse uma linha contra Lula e o PT. Mas, como? Aqueles cadáveres que ele viu em Ipanema não são culpa do Lula e do PT? Não estava dando para entender.
Daí em diante já nem prestava atenção nos temas. Vi, mas não li, alguma coisa sobre cinema e um artista baiano. Só na última página é que descobri. Finalmente. O escalado da semana para difamar, sacanear e encher o saco dos pobres leitores da revista foi o Roberto Pompeu de Toledo. Puxa vida! Ele comentou uma enormidade de crime. O aniversário de José Dirceu onde o Delúbio Soares ousou comparecer. Aliás, duas enormidades de crimes. O encontro do senador Fernando Collor de Mello com o presidente da República. Crimes hediondos. Uau. E ainda tive que agüentar mais duas publicidades para só então jogar no lixo a papelada. Dou-lhes um conselho. Nem vale a pena conferir. Help, onde está minha CartaCapital? Você está rindo do quê?
O erro do PT e Lula foi não construir uma imprensa trabalhista alternativa
O erro do PT e de Lula foi o de não construir uma imprensa trabalhista alternativa
Na Revista do Brasil o jornalista Paulo Henrique Amorim abre o jogo sobre a imprensa brasileira. Comenta o caráter reacionário e anti-trabalhista da Rede Globo e grandes jornais e avalia que foi um erro do PT (e de Lula) não construir uma imprensa alternativa e trabalhista. E ainda avisa: a grande imprensa quer derrubar Lula.
LEIA TRECHOS DA ENTREVISTA
(http://www.revistadobrasil.net/)
Revista do Brasil - Existe imprensa independente no Brasil?
Paulo Henrique Amorim - A imprensa escrita brasileira, com exceção da CartaCapital, trabalhou, trabalha e trabalhará para abreviar o mandato do presidente Lula. Isso eu quero dizer que é o Estadão, a Folha, o Globo, o Zero Hora, para falar dos quatro principais jornais do país. Com a eleição do presidente Lula, caiu a máscara. A imprensa conservadora brasileira tem tradição de ser anti-trabalhista, militou contra Getúlio Vargas, contra Juscelino, contra Jango. Roberto Marinho contribuiu para sujar a imagem do Rio de Janeiro com o objetivo de prejudicar os dois governos de Leonel Brizola. Essa imagem que o Rio tem hoje, de ser a capital da violência, combinação de Chicago com Medellín, é produto da Rede Globo. Agora, elegeu-se um trabalhista, e eles começaram a militar contra. Como diz a professora Marilena Chaui, a campanha do impeachment começou no dia em que Lula tomou posse. Eu criei um índice, o IVDL, o Índice Vamos Derrubar o Lula. A imprensa brasileira, sobretudo a escrita, com exceção da CartaCapital, é engajada, partidária.
Revista do Brasil - A democratização do acesso à informação pode contribuir para o jornalismo independente ou derruba de uma vez por todas o mito e cada um vai assumir sua posição publicamente?
Paulo Henrique - Quando você fala em jornalismo independente, eu penso em um jornalismo desligado dos grandes grupos. E com o mínimo de recursos, muitas vezes. Hoje, com uma câmera de celular você filma. Não esqueça que a execução de Saddam Hussein foi gravada com celular e divulgada pelo Google. As redes de televisão dos Estados Unidos estavam pensando no que fazer com o vídeo, e o Google já tinha botado no ar. A eleição para o Senado americano foi decidida com um celular. O famoso senador que chamou um indiano de macaco perdeu a eleição porque foi para o YouTube.
Revista do Brasil - Além da Internet, há outros espaços para democratização?
Paulo Henrique - Os outros espaços estão na educação. No acesso do pobre à educação, associado ao acesso ao computador.
Revista do Brasil - Uma discussão que vem sendo feita nos movimentos sociais é um plano governamental para a democratização da comunicação.
Paulo Henrique - Eu acho que o movimento sindical brasileiro, o PT e o governo Lula bobearam. Eles menosprezaram o poder da imprensa conservadora. Nenhum dos três teve peito para enfrentar a imprensa conservadora e criar uma imprensa alternativa. O Brasil é o único país razoavelmente sério do mundo que não tem um jornal trabalhista. Um La República, um El País, não tem no Brasil. Culpa do movimento trabalhista, e aí eu incluo o PT, os sindicatos e o governo Lula. O governo achou que ia chamar a Globo, encantar a família Marinho. Eles são contra Lula desde Getúlio Vargas. Quando Getúlio morreu, o povo foi para a rua e fechou o jornal O Globo. A família Mesquita é contra Lula desde o Getúlio Vargas. Outro erro que o PT cometeu, que Lula cometeu, foi achar que eles eram diferentes dos trabalhistas, Getúlio, Jango, Brizola. Para os conservadores, não tem diferença. A diferença é a seguinte: o que é o problema número um do Brasil? A carga tributária ou a distribuição da renda? Essa é a questão. É como nos Estados Unidos. George Bush é a favor de tirar imposto de rico e Clinton é a favor de distribuir a renda. Aqui no Brasil, Getúlio, Jango, Brizola e Lula querem distribuir a renda. Do outro lado, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, que pode ter todas as idéias de esquerda, mas se comporta como homem de direita. Não me interessam as idéias do Serra, me interessa a prática do Serra.
Na Revista do Brasil o jornalista Paulo Henrique Amorim abre o jogo sobre a imprensa brasileira. Comenta o caráter reacionário e anti-trabalhista da Rede Globo e grandes jornais e avalia que foi um erro do PT (e de Lula) não construir uma imprensa alternativa e trabalhista. E ainda avisa: a grande imprensa quer derrubar Lula.
LEIA TRECHOS DA ENTREVISTA
(http://www.revistadobrasil.net/)
Revista do Brasil - Existe imprensa independente no Brasil?
Paulo Henrique Amorim - A imprensa escrita brasileira, com exceção da CartaCapital, trabalhou, trabalha e trabalhará para abreviar o mandato do presidente Lula. Isso eu quero dizer que é o Estadão, a Folha, o Globo, o Zero Hora, para falar dos quatro principais jornais do país. Com a eleição do presidente Lula, caiu a máscara. A imprensa conservadora brasileira tem tradição de ser anti-trabalhista, militou contra Getúlio Vargas, contra Juscelino, contra Jango. Roberto Marinho contribuiu para sujar a imagem do Rio de Janeiro com o objetivo de prejudicar os dois governos de Leonel Brizola. Essa imagem que o Rio tem hoje, de ser a capital da violência, combinação de Chicago com Medellín, é produto da Rede Globo. Agora, elegeu-se um trabalhista, e eles começaram a militar contra. Como diz a professora Marilena Chaui, a campanha do impeachment começou no dia em que Lula tomou posse. Eu criei um índice, o IVDL, o Índice Vamos Derrubar o Lula. A imprensa brasileira, sobretudo a escrita, com exceção da CartaCapital, é engajada, partidária.
Revista do Brasil - A democratização do acesso à informação pode contribuir para o jornalismo independente ou derruba de uma vez por todas o mito e cada um vai assumir sua posição publicamente?
Paulo Henrique - Quando você fala em jornalismo independente, eu penso em um jornalismo desligado dos grandes grupos. E com o mínimo de recursos, muitas vezes. Hoje, com uma câmera de celular você filma. Não esqueça que a execução de Saddam Hussein foi gravada com celular e divulgada pelo Google. As redes de televisão dos Estados Unidos estavam pensando no que fazer com o vídeo, e o Google já tinha botado no ar. A eleição para o Senado americano foi decidida com um celular. O famoso senador que chamou um indiano de macaco perdeu a eleição porque foi para o YouTube.
Revista do Brasil - Além da Internet, há outros espaços para democratização?
Paulo Henrique - Os outros espaços estão na educação. No acesso do pobre à educação, associado ao acesso ao computador.
Revista do Brasil - Uma discussão que vem sendo feita nos movimentos sociais é um plano governamental para a democratização da comunicação.
Paulo Henrique - Eu acho que o movimento sindical brasileiro, o PT e o governo Lula bobearam. Eles menosprezaram o poder da imprensa conservadora. Nenhum dos três teve peito para enfrentar a imprensa conservadora e criar uma imprensa alternativa. O Brasil é o único país razoavelmente sério do mundo que não tem um jornal trabalhista. Um La República, um El País, não tem no Brasil. Culpa do movimento trabalhista, e aí eu incluo o PT, os sindicatos e o governo Lula. O governo achou que ia chamar a Globo, encantar a família Marinho. Eles são contra Lula desde Getúlio Vargas. Quando Getúlio morreu, o povo foi para a rua e fechou o jornal O Globo. A família Mesquita é contra Lula desde o Getúlio Vargas. Outro erro que o PT cometeu, que Lula cometeu, foi achar que eles eram diferentes dos trabalhistas, Getúlio, Jango, Brizola. Para os conservadores, não tem diferença. A diferença é a seguinte: o que é o problema número um do Brasil? A carga tributária ou a distribuição da renda? Essa é a questão. É como nos Estados Unidos. George Bush é a favor de tirar imposto de rico e Clinton é a favor de distribuir a renda. Aqui no Brasil, Getúlio, Jango, Brizola e Lula querem distribuir a renda. Do outro lado, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, que pode ter todas as idéias de esquerda, mas se comporta como homem de direita. Não me interessam as idéias do Serra, me interessa a prática do Serra.