28 de março de 2007
Petistas da Serra Geral firmes na luta
O ex-deputado Emiliano José foi à Serra Geral. Viu a luz chegar a Moreira, povoação rural de Candiba, pela ação política do PT. Viu a luz chegar a Anta Gorda, localidade próxima a Guanambi. Em Guanambi viu petistas envolvidos na luta movidos a sonhos e coragem e viu uma juíza comprometida com o povo. Em Matina, viu um trabalhador da cana lançar um livro de poemas. Com militantes refletiu sobre o Brasil, o Governo Lula, o Governo Wagner. Emiliano José, que retornou à Executiva Estadual do PT da Bahia (segunda, 26) voltou revigorado e feliz, contou tudo numa crônica da viagem ao sertão.
LEIA NA ÍNTEGRA SEU RELATO:
Crônica de uma viagem
ao sertão cheio de luz
Emiliano José*
Seu Dozinho teve 22 irmãos. Hoje, 18 vivos. Mora em Moreira, pequena povoação rural de Candiba, lá pros lados da Serra Geral, Bahia profunda. Dia 17 de março deste ano teve uma das grandes alegrias de sua vida: viu a luz. Foi bonito vê-lo falar em cima da carroceria do pequeno caminhão. A luz vai chegando para todos, e chegou para os de Moreira. Dozinho mora numa casa construída nos finais do século XVIII. Casa grande, espaçosa, como convinha à época da escravidão.
Escravidão de que não se guarda boa memória. A casa, reformada por Dozinho, está parecendo nova. Mas, olhando-a com cuidado, dá para viajar no tempo e sentir o que foi a vida dos senhores e dos escravos. Naquele 17 de março, viajamos no tempo. Lembramos da escravidão, do tempo sem luz, de homens que machucavam homens, um mergulho no túnel do tempo da história, mergulho tão grande que nos levou atrás mais de 200 anos e, num feixe de luz, viemos de volta.
De volta e com luz. Luz para todos, essa maravilhosa iniciativa desse nordestino Lula, que sabe das dores de seu povo, e sabe, por isso, do significado da luz na vida das pessoas. Tirou qualquer interferência, apadrinhamento, fisiologia. Basta precisar, se organizar, reivindicar e a luz se faz.
Não, nós, os que nos acostumamos com a cidade, não podemos imaginar a alegria de Dozinho e das centenas de pessoas que estavam nos ouvindo na praça improvisada, ao lado da casa centenária. É uma alegria que quase dói, que faz chorar de tão grande. É um deslumbramento receber aquela claridade depois de tantos séculos fazendo luz de lamparina, de fifó.
Essa alegria era compartilhada por nós, nunca na mesma dimensão da que os moradores de Moreira experimentavam. Talvez Waldimir e Gilson, petistas dedicados de Candiba, chegassem um pouco mais perto daquele deslumbramento. Até porque dedicam-se dia e noite às populações rurais em busca de água e de luz.
Candiba é um dos municípios que mais construíram cisternas na Bahia, graças ao trabalho do Centro de Agroecologia (Casa) – entidade voltada para o programa l milhão de cisternas no Nordeste – que, no município, caminha sob a direção de Waldimir e Gilson, que também se empenharam junto a Chesf para que a luz chegasse a Moreira, ao lado do deputado Paulo Rangel. Responsável mesmo, no entanto, foi o povo que se organizou e pediu. E foi atendido. Rui, o vereador Rui do PT de Guanambi esteve o tempo todo com o povo e conosco, feliz com tudo aquilo.
E depois da luz ligada, o povo dançou. E comeu. E bebeu. Fartou-se de comida e diversão, que alegria pouca é bobagem, Dozinho no comando de tudo, liderança respeitada que é. Poeira, muita poeira levantada por tanta gente, nesse caso abençoada poeira.
Depois veio Anta Gorda, povoado quase encostado à cidade, e que, no entanto, ainda vivia mergulhado na escuridão. Gente, muita gente, muita alegria, o mesmo deslumbramento. Ali a fala foi do líder Francisco, emocionado com aquela claridade agredindo a escuridão, mais forte até do que Moreira, quando a luz foi ligada à tarde. Em Anta Gorda, o que era breu virou luz. Luz para todos. E o bom é ver o entusiasmo de Antenor e Eliseu, dedicados funcionários da Chesf.
Em Matina, outro município ali da Serra Geral, conversamos sobre o país, governo Wagner, governo Lula. Ali desfrutamos da alegria do professor Gilvane, da seriedade militante de Eujácio, presidente do PT, da companhia do professor Filipe, agora um dos coordenadores da Direc de Guanambi, que nos acompanhou na viagem, ao lado de Ângelo, esse cristão dedicado, dirigente do programa 1 milhão de cisternas na região. Eujácio, importante lembrar, é outro militante da água – na luta para chegar ao 1 milhão de cisternas. Gilmar, desses militantes abnegados, sempre esteve conosco também – ele, petista de carteirinha, desses que não se assustam com cara feia.
É bom andar acompanhado de tanta gente boa, alma e corpo postos a serviço do nosso povo. Em Matina tive ainda a sorte de conhecer Eliezio, trabalhador, desses que arribaram para cortar cana em Sertãozinho, interior de São Paulo, e que, nas noites em que devia estar descansando, escrevia um livro de poesias, que lança nas próximas horas em Matina – milagre da criação, vitória do talento sobre o cansaço, evidência das qualidades do nosso trabalhador. Os braços arranhados pelo corte da cana não o impediram de refletir, em versos, sobre a vida, esperanças, sonhos. É impressionante vê-lo falar – parece poesia, poesia feita das coisas do dia a dia, simples como água correndo por verdes vales. Há trabalhadores que, quando voltam de Sertãozinho, compram logo uma moto – vêem realizado o sonho de tantos anos. Eliezio preferiu os versos porque sua alma é uma permanente cantoria.
Estivemos reunidos em Guanambi com companheiras e companheiros, mais mulheres que homens, na Direc. Podendo aprender com a professora Helena Amaral, com o professor Filipe, saber de seus planos, sonhos, esperanças. É bom, muito bom perceber como há pessoas empenhadas em melhorar a vida do nosso povo. No caso, como há educadores preocupados em elevar o nível dos mais simples, contribuindo para que sejam mais e mais cidadãos, cidadãs.
E estivemos com nossas militantes, nossos militantes, na sede do PT em Guanambi, onde foi possível refletir sobre os caminhos do nosso partido, do governo Lula e do governo Wagner. Há esperanças e sonhos no ar. Muita disposição para levar à frente a idéia de uma nova era política, econômica, social e cultural na nossa Bahia. Estivemos ainda em uma reunião com muitas mulheres, que levantam a necessidade de uma maior participação feminina na vida do PT, Marinalva à frente.
E, de quebra, ainda foi possível, jantar com o casal Ângelo e Márcia. De Ângelo já falei, herói das águas do sertão. De Márcia, resta dizer duas palavras. É juíza do trabalho, aplicada e cheia de doutrina, saber jurídico de ponta. E ela sabe sempre de que lado está – o da justiça, e por justiça, invariavelmente, na sociedade em que vivemos, se levada a sério, implica dizer ao lado dos trabalhadores. O macarrão, o vinho tinto nos levaram até mais tarde, em meio a conversas muito agradáveis, temperadas pela amizade que vai se firmando cada vez mais. Voltei feliz, temperado para novas lutas em favor do povo baiano. A Serra Geral faz bem à alma dos que lutam por um outro Brasil e uma outra Bahia.
Fonte: www.emilianojose.com.br
LEIA NA ÍNTEGRA SEU RELATO:
Crônica de uma viagem
ao sertão cheio de luz
Emiliano José*
Seu Dozinho teve 22 irmãos. Hoje, 18 vivos. Mora em Moreira, pequena povoação rural de Candiba, lá pros lados da Serra Geral, Bahia profunda. Dia 17 de março deste ano teve uma das grandes alegrias de sua vida: viu a luz. Foi bonito vê-lo falar em cima da carroceria do pequeno caminhão. A luz vai chegando para todos, e chegou para os de Moreira. Dozinho mora numa casa construída nos finais do século XVIII. Casa grande, espaçosa, como convinha à época da escravidão.
Escravidão de que não se guarda boa memória. A casa, reformada por Dozinho, está parecendo nova. Mas, olhando-a com cuidado, dá para viajar no tempo e sentir o que foi a vida dos senhores e dos escravos. Naquele 17 de março, viajamos no tempo. Lembramos da escravidão, do tempo sem luz, de homens que machucavam homens, um mergulho no túnel do tempo da história, mergulho tão grande que nos levou atrás mais de 200 anos e, num feixe de luz, viemos de volta.
De volta e com luz. Luz para todos, essa maravilhosa iniciativa desse nordestino Lula, que sabe das dores de seu povo, e sabe, por isso, do significado da luz na vida das pessoas. Tirou qualquer interferência, apadrinhamento, fisiologia. Basta precisar, se organizar, reivindicar e a luz se faz.
Não, nós, os que nos acostumamos com a cidade, não podemos imaginar a alegria de Dozinho e das centenas de pessoas que estavam nos ouvindo na praça improvisada, ao lado da casa centenária. É uma alegria que quase dói, que faz chorar de tão grande. É um deslumbramento receber aquela claridade depois de tantos séculos fazendo luz de lamparina, de fifó.
Essa alegria era compartilhada por nós, nunca na mesma dimensão da que os moradores de Moreira experimentavam. Talvez Waldimir e Gilson, petistas dedicados de Candiba, chegassem um pouco mais perto daquele deslumbramento. Até porque dedicam-se dia e noite às populações rurais em busca de água e de luz.
Candiba é um dos municípios que mais construíram cisternas na Bahia, graças ao trabalho do Centro de Agroecologia (Casa) – entidade voltada para o programa l milhão de cisternas no Nordeste – que, no município, caminha sob a direção de Waldimir e Gilson, que também se empenharam junto a Chesf para que a luz chegasse a Moreira, ao lado do deputado Paulo Rangel. Responsável mesmo, no entanto, foi o povo que se organizou e pediu. E foi atendido. Rui, o vereador Rui do PT de Guanambi esteve o tempo todo com o povo e conosco, feliz com tudo aquilo.
E depois da luz ligada, o povo dançou. E comeu. E bebeu. Fartou-se de comida e diversão, que alegria pouca é bobagem, Dozinho no comando de tudo, liderança respeitada que é. Poeira, muita poeira levantada por tanta gente, nesse caso abençoada poeira.
Depois veio Anta Gorda, povoado quase encostado à cidade, e que, no entanto, ainda vivia mergulhado na escuridão. Gente, muita gente, muita alegria, o mesmo deslumbramento. Ali a fala foi do líder Francisco, emocionado com aquela claridade agredindo a escuridão, mais forte até do que Moreira, quando a luz foi ligada à tarde. Em Anta Gorda, o que era breu virou luz. Luz para todos. E o bom é ver o entusiasmo de Antenor e Eliseu, dedicados funcionários da Chesf.
Em Matina, outro município ali da Serra Geral, conversamos sobre o país, governo Wagner, governo Lula. Ali desfrutamos da alegria do professor Gilvane, da seriedade militante de Eujácio, presidente do PT, da companhia do professor Filipe, agora um dos coordenadores da Direc de Guanambi, que nos acompanhou na viagem, ao lado de Ângelo, esse cristão dedicado, dirigente do programa 1 milhão de cisternas na região. Eujácio, importante lembrar, é outro militante da água – na luta para chegar ao 1 milhão de cisternas. Gilmar, desses militantes abnegados, sempre esteve conosco também – ele, petista de carteirinha, desses que não se assustam com cara feia.
É bom andar acompanhado de tanta gente boa, alma e corpo postos a serviço do nosso povo. Em Matina tive ainda a sorte de conhecer Eliezio, trabalhador, desses que arribaram para cortar cana em Sertãozinho, interior de São Paulo, e que, nas noites em que devia estar descansando, escrevia um livro de poesias, que lança nas próximas horas em Matina – milagre da criação, vitória do talento sobre o cansaço, evidência das qualidades do nosso trabalhador. Os braços arranhados pelo corte da cana não o impediram de refletir, em versos, sobre a vida, esperanças, sonhos. É impressionante vê-lo falar – parece poesia, poesia feita das coisas do dia a dia, simples como água correndo por verdes vales. Há trabalhadores que, quando voltam de Sertãozinho, compram logo uma moto – vêem realizado o sonho de tantos anos. Eliezio preferiu os versos porque sua alma é uma permanente cantoria.
Estivemos reunidos em Guanambi com companheiras e companheiros, mais mulheres que homens, na Direc. Podendo aprender com a professora Helena Amaral, com o professor Filipe, saber de seus planos, sonhos, esperanças. É bom, muito bom perceber como há pessoas empenhadas em melhorar a vida do nosso povo. No caso, como há educadores preocupados em elevar o nível dos mais simples, contribuindo para que sejam mais e mais cidadãos, cidadãs.
E estivemos com nossas militantes, nossos militantes, na sede do PT em Guanambi, onde foi possível refletir sobre os caminhos do nosso partido, do governo Lula e do governo Wagner. Há esperanças e sonhos no ar. Muita disposição para levar à frente a idéia de uma nova era política, econômica, social e cultural na nossa Bahia. Estivemos ainda em uma reunião com muitas mulheres, que levantam a necessidade de uma maior participação feminina na vida do PT, Marinalva à frente.
E, de quebra, ainda foi possível, jantar com o casal Ângelo e Márcia. De Ângelo já falei, herói das águas do sertão. De Márcia, resta dizer duas palavras. É juíza do trabalho, aplicada e cheia de doutrina, saber jurídico de ponta. E ela sabe sempre de que lado está – o da justiça, e por justiça, invariavelmente, na sociedade em que vivemos, se levada a sério, implica dizer ao lado dos trabalhadores. O macarrão, o vinho tinto nos levaram até mais tarde, em meio a conversas muito agradáveis, temperadas pela amizade que vai se firmando cada vez mais. Voltei feliz, temperado para novas lutas em favor do povo baiano. A Serra Geral faz bem à alma dos que lutam por um outro Brasil e uma outra Bahia.
Fonte: www.emilianojose.com.br