3 de agosto de 2013
Nos Estados Unidos proliferam as “tent cities”: cidades acampamentos. Isso não tem em Cuba.
Desde a crise financeira do capitalismo (2008) surgiram
milhares de sem-teto nos Estados Unidos: 15% da população, equivalente a 46,2
milhões de pessoas, moram em cidades acampamentos – as tent cities. Eles
perderam suas casas e empregos. Há cerca de 30 tent cities nos EUA. O número é
maior, já que os prefeitos e a polícia expulsam os sem-teto das áreas públicas
e periferias. Dados oficiais apontam apenas 650 mil norte-americanos que não têm onde
morar. A Confederação dos Prefeitos dos Estados Unidos prevê aumento da fome e
anuncia necessidade de ajuda alimentar em 2013 e 2014.
O capitalismo da América abandonou os acampados, a mídia “livre”
também. A realidade é mais grave do que mostram os números
oficiais. Metade dos moradores de rua não está em acampamentos de lona
organizados.Eles moram em grupos menores com quatro a cinco pessoas. O
documentário Take Notice – em português “Olhe para Nós” – surgido em 2008 em
Ann Harbor, abrigou de 20 a 70 pessoas, entre trabalhadores desempregados e classe
média empobrecida. Em 2012 foi fechado pela polícia. Não há um perfil definido.
O sem-teto pode ser negro, branco, famílias inteiras. Há altos índices de
demência nas tent cities, causada pela rejeição, alcoolismo e stress.
Blogs e sites das tent cities mostram uma vida muito
parecida com a dos moradores de rua de São Paulo. Na Tent City 4, em King
County, Seattle, a lista de necessidades inclui comida (café, creme, leite, açúcar,
chá), além de saco de lixo, papel higiênico, meias, botas e sapatos. Surgem ONGs
para ajuda às pessoas que vivem nas ruas, sob marquises e pontes. A
solidariedade de minorias mantem as tent cities com doações individuais. Tanto
democratas quanto republicanos do paraíso capitalista se calam. A Community Organizing
National Coalition for the Homeless – Organização Comunitária de Coalizão para
os Sem-teto – denuncia violências, falta de infraestrutura como água, esgoto e
energia elétrica. O quadro lembra a obra “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck,
um clássico da literatura inspirado na Grande Depressão de 1929.
Não se tem notícia de nada parecido com isso em Cuba, o “inferno”
socialista.
A mídia brasileira evita esse tipo de noticiário. Prefere
espetacularizar a pobreza no Brasil. Na revista Caros Amigo que está nas bancas
com a manchete “A Rua Venceu” há uma boa reportagem intitulada “Crise Econômica
– Favela no Império”, assinada pela jornalista Daniela Mussi. Li por acaso,
pois estava à procura da coluna de Renato Pompeu chamada “Ideias de Botequim”,
em que comenta o livro de Emiliano José “Galeria F - lembranças do mar
cinzento. Golpe, Tortura. Verdade”.