16 de fevereiro de 2013
A ponte Salvador-Itaparica é o futuro da Bahia
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês radicado em Londres,
festejado e muito lido no Brasil, onde tem mais de 30 obras publicadas pela
Zahar, comentou em seu livro “A Arte da Vida” que as pessoas de gerações mais
antigas se colocavam tanto no passado quanto no futuro, mas, que, para o jovem
contemporâneo, apenas o presente existe. Talvez seja uma pista para entender a
dificuldade da juventude de acreditar no grande saque que é a idéia de uma
ponte ligando a Ilha de Itaparica a Salvador. Na Internet, há mais piadas que
comentários minimamente conseqüentes. Pode também ser o efeito da má fase que a
imprensa baiana e brasileira passa, sempre atrás do espetáculo negativo, quase
nunca da informação de profundidade.
Paulo Henrique de Almeida, Superintendente de Planejamento Estratégico
do Estado da Bahia, em artigo publicado no jornal A Tarde (13/02/2013) com o
título “Muitos projetos em um”, lança luzes sobre a mudança radical que a ponte
Itaparica-Salvador pode provocar. Não se trata de uma “obra turística”. Nenhum
ser humano razoavelmente sensato defenderia uma obra de bilhões de dólares como
um simplório projeto viário em função do turismo. A ponte representa uma grande
oportunidade de reestruturação urbana regional, com profundos impactos na
economia e uma alavanca para o desenvolvimento do decadente Recôncavo, da Ilha
de Itaparica, do Baixo Sul, além de se constituir num poderoso vetor de
requalificação urbana do Centro Antigo, do Comércio e de toda a Cidade Baixa de
Salvador. Uma verdadeira reconfiguração urbana.
A ponte Itaparica-Salvador será mais importante que a ponte
Rio-Niterói em termos de desenvolvimento urbano e tão transformadora quanto o
projeto do trem-bala, muito mais que uma simples ligação de transporte entre
Rio e São Paulo, e sim um vetor de reconfiguração urbana de duas metrópoles,
com profundas conseqüências nas vidas e no trabalho de milhões de pessoas. Da
ponte Itaparica-Salvador surgirá uma nova metrópole, com melhor mobilidade,
menores custos ambientais e maior qualidade de vida. A ponte Itaparica-Salvador
implica em modernização do Porto de Salvador e no enriquecimento de dezenas de
municípios pobres da Ilha, do Baixo Sul e do Recôncavo Baiano. E obviamente na
dinamização de cidades encravadas ao longo das rodovias BR-242, BR-101, BR-116
e BA-001. Inclusive vai provocar redução radical da distância entre Ilhéus,
Itabuna e Salvador.
Uma obra como a ponte Itaparica-Salvador, pela revolução
urbana que pode provocar impactando as vidas de milhões de pessoas, para
melhor, justifica os impactos ambientais que fatalmente virão. É um projeto
ousado do governador Jaques Wagner, que pode avançar e se tornar realidade com
a vontade persistente do secretário do Planejamento José Sérgio Gabrielli.
Ou isso ou a pasmaceira que impede a Bahia de se tornar uma
grande potência.