10 de dezembro de 2012
Caderno especial da Folha "esquece" apoio de Niemeyer a Lula
O caderno especial da Folha de S. Paulo (07/12/2012), na
cronologia que publicou sobre a vida de Oscar Niemeyer, lembrou que em setembro
de 2005 o arquiteto fez uma crítica a Lula. Ele esperava que Lula fizesse mais
e se mostrou decepcionado. Mas, seguindo a tradição sectária do jornalão, a
cronologia “esqueceu” que Niemeyer apoiou as candidaturas à presidência da
República de Lula em 1998 e em 2002. Ou seja, a crítica a Lula é importante,
mas os apoios em duas campanhas do candidato metalúrgico não são. É um espanto o jornalismo seletivo do PIG.
Também de acordo com sua ideologia (para a Folha, no Brasil a ditadura foi uma ditabranda) na relação de obras do arquiteto espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, o caderno especial informa as obras no Rio, Brasília, Minas e Paraná, mas sonega, ou “esquece” duas informações relativas à presença de Niemeyer na Bahia:
Também de acordo com sua ideologia (para a Folha, no Brasil a ditadura foi uma ditabranda) na relação de obras do arquiteto espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, o caderno especial informa as obras no Rio, Brasília, Minas e Paraná, mas sonega, ou “esquece” duas informações relativas à presença de Niemeyer na Bahia:
1)
A assinatura na lápide do líder comunista e
guerrilheiro Carlos Marighella, assassinado pela repressão policial-militar em
1969. A lápide, no Cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, foi
inaugurado quando os restos mortais do guerrilheiro chegaram à Bahia em 10 de
dezembro de 1979, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Na lápide, Niemeyer
traçou uma silhueta de Marighella, como punho erguido, em alusão ao gesto de
luta dos comunistas.
2)
O segundo “esquecimento” foi a Praça de Oxum,
projetada por Niemeyer logo na entrada do Terreiro de Candomblé Casa Branca –
Ilê Axé Iyá Nasso Oká – localizado na avenida Vasco da Gama e inaugurada na
década de 1980.
Talvez, quem sabe, para a anticomunista Folha de São Paulo,
fosse demais lembrar as homenagens de Niemeyer a Carlos Marighella e ao
candomblé da Bahia, já que seria
impossível sonegar a concepção da sede do Partido Comunista Francês, em Paris.
Justiça seja feita. Num caderno tão superficial como foi o
da Folha de S. Paulo, ficou bastante clara a ideologia comunista do arquiteto,
sua vinculação com o PCB, ao lado de intelectuais de grande importância como
Cândido Portinari, Caio Prado Jr, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Alvaro Moreyra
e Clóvis Graciano, como lembra Jacob Gorender em seu artigo, assim como sua
solidariedade com o líder comunista Luiz Carlos Prestes: “Eu o conheci quando
acomodei no escritório uns 15 comunistas que tinham saído da prisão. Eu o
conheci e 15 dias depois entreguei minha casa para ele e disse: “Fique com a
casa, que seu trabalho é mais importante”.