21 de agosto de 2011

 

Ex-preso político, Gilney Viana publica poemas e cartas do cárcere

No início dos anos 1970, eu estava na Penitenciária de Linhares, perto de Juiz de Fora, cumprindo pena imposta pela Justiça Militar da ditadura terrorista. Eram três alas divididas segundo critérios arbitrados pela repressão. Ouvia falar dos companheiros da Ala C, envolvidos na luta armada, separados dos demais encarcerados. Gilney Amorim Viana estava entre eles. Entrei e saí de Linhares sem conviver com ele.

A Anistia Política libertou todos eles. Gilney Viana ficou 10 anos na prisão. Agora, aos 66 anos, decidiu publicar poemas escritos nos anos do cárcere. São poemas carregados de sentimentos originados pela violência da tortura. São cartas para amigos e companheiras. Ele não esqueceu, não temos o direito de esquecer. O livro intitulado “Poemas (quebrados) do Cárcere” está disponível na Livraria Leitura, do Conjunto Nacional (Plano Piloto), Brasília, e também pelo site da Editora Garamond www.garamond.com.br

Gilney Viana tornou-se dirigente do PT, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ambientalista. Seus textos foram escritos durante o período em que ele passou no presídio de Frei Caneca, no Rio de Janeiro, e em Linhares, Minas Gerais. “Poemas (quebrados) do Cárcere” revela como mesmo estando preso e passando pela tortura manteve o sentimento de resistência e o espírito criativo.

“[O fantasma da ditadura] continua, principalmente pra quem foi preso, torturado, quem teve seus amigos mortos ou desaparecidos, às vezes eles povoam nossos pesadelos. Agora eu acho que tanto socialmente, historicamente e politicamente, são páginas viradas, só faltou virar a página das suas sequelas, das suas consequências, tanto do ponto de vista das pessoas, quanto das instituições que ainda perduram até hoje”.

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?