29 de julho de 2011

 

João Falcão, o velho comunista, foi enterrado ao som do Hino Nacional, executado pela banda da Polícia Militar

Ontem, 28, eu e o deputado federal Emiliano José (PT-BA) fomos render nossa homenagem ao admirável jornalista, escritor, militante comunista e empresário João da Costa Falcão, que faleceu quarta-feira (27) aos 92 anos. O velho comunista, ex-segurança e motorista de Luis Carlos Prestes e autor do livro “O Partido Comunista que eu conheci” e outros seis livros foi enterrado no Cemitério do Campo Santo, em Salvador, ao som do Hino Nacional, executado pela banda da Polícia Militar. Pela multidão que acompanhou a cerimônia, ele tinha muitos amigos. Foi uma forte emoção.

O jornal A Tarde (28/07/2011) registrou: “Morre, aos 92 anos, o jornalista João Falcão”. Segue o texto: “Morreu ontem (27), aos 92 anos, de falência múltipla dos órgãos, o fundador do extinto Jornal da Bahia, o jornalista, escritor e militante político João da Costa Falcão. Ele estava internado no Hospital Português, na Barra. Seu estado de saúde piorou por causa de uma bronquite que, posteriormente, se converteu numa pneumonia.

“Sem sombra de dúvida, é uma perda inestimável para a vida política e cultural brasileira”, lamentou o jornalista e deputado federal Emiliano José, ao referir-se ao antigo chefe do Jornal da Bahia, nos anos 70. “Naquele momento, ele proporcionou um sopro de renovação para o jornalismo baiano, reunindo pessoas que compactuavam com os mesmos ideais políticos”, lembrou o parlamentar.

Para o jornalista Oldack Miranda, ex-integrante do periódico, João Falcão era uma pessoa de vanguarda, considerado muito à frente de seu tempo. “Estava sempre alinhado com as políticas de reforma gráfica e editorial do jornal, o que serviu de inspiração e atrativos para os jovens jornalistas da época, completou”.

A Tribuna da Bahia e o Correio também noticiaram o falecimento de João Falcão.

Ele era natural de Feira de Santana, nasceu em 24 de novembro de 1919. Aos 18 anos, em 1937, iniciou a vida política, clandestinamente, sob a égide do Partido Comunista do Brasil (PCB), o qual ajudou a fundar, em plena ditadura do Estado Novo, sob o regime de Getúlio Vargas. Naquela época, seguindo a orientação do PCB, fundou a revista Seiva, da qual foi editor.

Ele teve intensa atuação na vida política nos anos 1940 a 1960, militando no PCB e na imprensa baiana. Em 1945 fundou o matutino comunista “O Momento” e em 1958 o combativo Jornal da Bahia, periódico sempre lembrado pelo slogan “Não deixe essa chama se apagar”, em sua luta pela liberdade de expressão na Bahia dominada pelo mandonismo político de ACM. Autor do livro “Giocondo Dias – a vida de um revolucionário” (Editora Agir, 1993), Falcão era um combatente. Em 1954 foi eleito deputado federal pelo PTB.

Em 1943, já graduado em Direito, em plena Segunda Guerra Mundial, serviu ao Exército e foi expulso da corporação, além de ser condenado a cinco anos de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional, não chegando a cumprir a sentença, sendo depois absolvido. Em 1945, foi suplente do deputado Carlos Marighella, pela chapa do PCB. Em 1947 tornou-se segurança e motorista do então senador Luis Carlos Prestes. No mesmo ano, casou-se com Hyldeyh Ferreira.

João Falcão foi também empresário importante na Bahia. Ele fundou o Banco Baiano da Produção S/A em 1960, e a João Falcão Urbanizadora em 1977. No governo de Luiz Viana Filho, entre 1967 e 1969, foi presidente do Banco de Desenvolvimento da Bahia (Bandeb). Ele escreveu “O Partido Comunista que eu conheci” e “Não deixe essa chama se apagar - História do Jornal da Bahia”.

Em 2009, lançou o último de seus sete livros, com o título “Valeu a pena (desafios de minha vida)”. Em 2010, tornou-se membro da Academia de Letras da Bahia. Deixou sete filhos, 21 netos e 11 bisnetos.

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