22 de maio de 2011

 

Largou a Faculdade e foi combater a ditadura, um obituário

O obituário da Folha de São Paulo é a parte boa do jornalão. Na edição de 20 de maio de 2011, na seção “Mortes”, o jornalista Estevão Bertoni resgata a trajetória de vida de Nathanael de Moura Girardi (1946-2011). Como se segue:

“Na primeira tentativa, Nathanael de Moura Girardi foi reprovado em Latim. Na segunda, passou, fez alguns anos de Direito na USP e participou da vida estudantil. Abandonou as aulas em 1969 para lutar contra a ditadura.

Natural da mineira Muzambinho, ele saiu de lá criança rumo a Aguaí (SP). O pai, economista, arrumara emprego num curtume.

Aos 18, veio a São Paulo. Quando estudante, conviveu com o pessoal da ALN (Ação Libertadora Nacional). Saiu do País num avião seqüestrado e desviado para Cuba.

Lá, fez treinamento militar e participou da criação do Molipo (Movimento de Libertação Popular). De volta ao Brasil, foi ferido em 1972, num tiroteio em São Paulo.

Fugiu para a Argentina, onde trabalhou como fotógrafo e conheceu a companheira, Vera, hoje geneticista em Ribeirão Preto (SP).

A partir de 1977, viveria ainda na França e em Moçambique. Retornou ao Brasil em 1983, desencantou-se com alguns antigos companheiros e se filiou ao PDT.

Nathan, lembra a mulher, era atuante, mas discreto.

Anistiado, tentou retomar as matérias que lhe faltavam na USP. Não conseguiu, prestou vestibular de novo, foi aprovado, mas não levou adiante para trabalhar.
Traduziu livros e até quadrinhos de Robert Crumb.

Nos anos 90, virou técnico de Judiciário em Brasília, mas se aposentou em 1998 por problemas de saúde.

Em 29 de abril, morreu aos 64 anos, de câncer, em Ribeirão. A urna contendo suas cinzas será enterrada amanhã (21/05/2011) em Aguaí, como quis. Teve três filhos e um neto.”

Comments:
Estava escrevendo algumas linhas para deixar de lembrança aos meus netos e qdo estava escrevendo sobre a casa onde moravamos em 69 e me lembrando das pessoas que meu pai escondia em casa me lenbrei do Luis 2. Era a primeira vez que o escondiamos. SAIU DO PAÍS
Em 72,já morando no BRÁS. meu pai o pegou baleado, depois dele ter se lembrado do antigo contato que o havia escondido em 69 e ter telefonado para ele. Anos de horror O contato um velho companheiro de meu pai havia acabado de sair da cadeia, pegou meu pai e o levou para fazer o reconhecimento. Meu pai era contra a luta armada mas, salvou muitas vidas de jovens combatentes.
Viemos a saber que o tal LUIS 2 DE 69 era o NATANAEL DE moura GIRARDI Pelos jornais que no dia seguinte diziam que a repressao procurava o baleado. O TIRO HAVIA ENTRADO PELA VIRILHA E SAIDO PELA COXA.Sorte. Ficou uns tres meses conosco e meu pai brincava com ele chamando-o de Ultimo dos MOICANOS JÁ Que não havia mais ninguém. Conseguimos de novo . Ele sobreviveu, casou e deixou descendentes. Gosto de imaginar que onde estejam, o velho comunista e o então jovem revolucionário possam ter se abraçado de novo. Meu pai sempre o lembrava com carinho.
 
Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?