20 de janeiro de 2011

 

Na Caros Amigos, Marilena Chauí fala sobre o jornalismo de campanha eleitoral

A entrevista que a filósofa Marilena Chaui deu à revista Caros Amigos me lembrou muito o tema do jornalismo de campanha pesquisado pelo professor, escritor, jornalista e agora deputado federal Emiliano José (PT-BA).

Apenas para lembrar, Emiliano lança dia 28 de janeiro, na Livraria Cultura do Shopping Salvador, na Bahia, seu novo livro intitulado “Jornalismo de campanha e a Constituição de 1988”.

Na entrevista à Caros Amigos, Marilena Chaui, sobre a cobertura da mídia nas eleições presidenciais responde:

- Eu diria que não houve cobertura. Houve a produção midiática da campanha eleitoral e das eleições. Cobertura significaria mostrar o que afetivamente estava se passando no primeiro turno com todos os candidatos e, no segundo turno, com os dois candidatos que restaram. E não foi isso o que aconteceu.

A candidata Dilma não teve em instante nenhum a sua campanha coberta pela mídia. Ela teve sua campanha ou ignorada, ou deformada ou criminalizada. E do lado do candidato serra também não houve uma cobertura da campanha dele. Se tivesse havido, o que se teria mostrado? Essa coisa extraordinária (...) de um candidato se autodestruir.

Primeiro o vice, ele não conseguiu escolher o vice (...) em seguida começou a campanha descendo a lenha no governo Lula com quase 90% de aprovação (depois muda e diz que iria fazer o que Lula estava fazendo, mas melhor. Aí quando começou a explicar o que era melhor, fazia propostas alucinadas.

Então vem o segundo turno. Vem o caso do dossiê, o famoso dossiê que foi atribuído ao PT, mas que foi Aécio Neves quem mandou fazer. Isso destruiria qualquer candidatura em qualquer tempo e lugar, mas, o servilismo da mídia foi tal que não apareceu.

Depois entra em cena o aborto. A mídia nunca disse que quem introduziu o tema foi Marina, com seu discurso conservador dos evangélicos para os evangélicos. O Serra se apropria do tema. “Ora, uma imprensa que está defendendo a liberdade de expressão, o espaço público, a opinião pública, a liberdade de pensamento, como é que ela pode embarcar num tema que pertence ao espaço privado, como o aborto?

E o caso da Dilma guerrilheira, guerrilheira, guerrilheira. Um caminho perigoso. Em 1961, no comício dos 100 mil, no Rio de Janeiro, o discurso mais radical foi o do presidente da UNE, José Serra, não foi o do Jango, nem do Brizola, nem do Julião. O núcleo do discurso do Serra foi a revolução armada. A imprensa teria que dizer isso também, mas nada.

Lendo Marilena Chaui, volto ao jornalismo de campanha pesquisado por Emiliano. Jornalismo de campanha para desconstruir a Constituição de 1988. Nas eleições, jornalismo de campanha para eleger Serra. Jornalismo de campanha para desconstruir a imagem de Lula. E agora, jornalismo de campanha para desconstruir o governo Dilma. Jornalismo de campanha de idéias fracassadas.

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