18 de fevereiro de 2008
Questão estratégico nacional cede lugar a assunto rasteiro
Enquanto a baixa política toma conta do noticiário nacional (falo do golpe de mídia que tenta pela enésima vez derrubar o Lula – agora é a história dos cartões corporativos), uma questão realmente preocupante e que deveria estar no centro do debate continua como nota de pé de página da grande imprensa brasileira: o roubo de quatro laptops e dois discos rígidos com dados sigilosos da Petrobrás, sobre os poços de petróleo descobertos recentemente na Bacia de Santos.
A Petrobrás e a Polícia Federal adotaram o silêncio sobre as investigações do caso, mas o tom reservado de algumas declarações de membros do governo revela que o sumiço dos equipamentos é gravíssimo e compromete até mesmo as condições de exploração das reservas descobertas. A companhia brasileira e a PF acreditam tratar-se de espionagem industrial.
A carga valiosa viajava em containeres, em um navio que ia de Santos para o Rio de Janeiro, sob os cuidados da companhia americana Halliburton. Foi a multinacional quem revelou à companhia brasileira a violação dos lacres dos containeres e denunciou o roubo dos equipamentos.
Ainda é cedo para falar das conseqüências que trarão à Petrobrás e ao Brasil a quebra do sigilo dos dados levados no roubo. O que se sabe, entretanto, já deveria por todo o País, desde o governo e até o cidadão comum, em sinal de alerta máximo. O volume de gás natural e óleo bruto a ser explorado no poço de Tupi projeta o Brasil para ser um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. Por isso, o que está em jogo não é o futuro momentâneo de quem está no poder ou se o início da exploração dessa reserva descoberta favorece ao PT ou a Lula. É mais do que isso.
A imprensa nacional e mundial exaltaram o feito da descoberta da reserva de Tupi. Internamente, porém, houve quem torcesse o nariz para o fato de que é mais uma conquista da Petrobrás sob o governo do PT. A empresa já havia garantido a auto-suficiência em produção no ano passado. O caso do roubo das informações foi manchete somente no dia em que o fato foi revelado. Parece que isso preocupa pouco os nossos jornalistas, mais interessados no uso indevido do cartão corporativo por membros do governo federal.
Halliburton, ONGS, militares americanos e espionagem
Nenhum analista político escreveu sobre isso, mas algumas perguntas me deixam inquieto:
A Halliburton é suspeita?
A multinacional americana que tem entre seus sócios o vice-presidente americano Dick Cheney e é uma das empresas beneficiadas pelo controle do petróleo iraquiano, após a invasão do país. É fantasioso dizer que a poderosa indústria petrolífera americana tem interesse no controle e conhecimentos sobre a extensão das novas reservas brasileiras? Penso que não.
É possível associar este caso a outro acontecimento ainda carente de explicação, a explosão de foguete na base de pesquisa aero-espacial de Alcântara, no Maranhão, ocorrida em agosto de 2003?
No desastre, morreram 21 técnicos civis do Centro de Tecnologia da Aeronáutica, que comandavam o lançamento malsucedido do terceiro protótipo do VLS (Veículo Lançador de Satélite). A explosão do foguete e a morte de profissionais especializados provocaram um retrocesso nas pesquisas nacionais na área aeroespacial. Nunca foi descartada a ocorrência de sabotagem.
O governo Lula, logo ao tomar posse, pôs fim ao desejo americano de instalação de base militar em Alcântara, uma promessa feita pelo ex-presidente FHC ao governo dos EUA. Haveria na explosão do foguete brasileiro uma “vingança” à rebeldia brasileira de não se curvar ao interesse bélico ianque, tal como fizeram outros países sul-americanos?
Todas essas questões clamam por investigação e pesquisa exaustiva por profissionais competentes, a serviço do verdadeiro interesse nacional, mas por enquanto são apenas citados aqui e ali, em artigos rasos e sem a devida preocupação em aprofundamento, ou sem fazer conexões com acontecimentos aparentemente isolados.
Em matéria publicada na Gazeta Mercantil, em 29/01/2007, um relatório preparado pela GTAM (Grupo de Trabalho do Amazônia), ligado à ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), alerta para a presença ostensiva de militares e civis americanos na região amazônica. Os civis estariam associados a ONGS e igrejas estrangeiras que atuam na região a pretexto de luta pela causa indígena e exercem grande influência sobre as comunidades locais. Mesmo sob a suspeita de cometer exageros, o relatório aponta para os riscos destas organizações servirem mais aos interesses de seus países de origem do que ao Brasil.
O GTAM lançou ainda o alerta da presença militar americana cobrindo a região amazônica, ainda que não instalada em solo brasileiro. Estão na Colômbia a pretexto de combater o narcotráfico, no Peru, Bolívia, Equador e Paraguai. E o relatório aponta ainda o excesso de estrangeiros na pequena Alcântara: eram mais de 110 no dia em que os membros do GTAM visitaram a cidade. Para eles não há dúvida da existência de espiões entre esses estrangeiros. A maioria dos “turistas” eram americanos, segundo o relatório.
O Brasil caminha a passos largos para garantir seu lugar entre os grandes. O que o governo Lula fez para que isso se tornasse realidade? Talvez aos seus inimigos, nada. A Petrobrás teria descoberto Tupi sob qualquer governo. Porém, quem manteve a linha de fortalecimento do interesse nacional foi o atual governo, contra um modelo de entreguismo e subserviência adotado pela tucanalha. A Petrobrás se fortaleceu como empresa pública nacional e com isso garantiu ao País os benefícios exclusivos pela exploração das mega-reservas petrolíferas. Alcântara deve continuar sob o único domínio brasileiro. O Brasil deve investir em seu poderio bélico, o que inclui a construção do seu submarino nuclear. Quem pensa no Brasil como nação soberana não deve se iludir com a política miúda dos que desejam o retrocesso das nossas conquistas.
A Petrobrás e a Polícia Federal adotaram o silêncio sobre as investigações do caso, mas o tom reservado de algumas declarações de membros do governo revela que o sumiço dos equipamentos é gravíssimo e compromete até mesmo as condições de exploração das reservas descobertas. A companhia brasileira e a PF acreditam tratar-se de espionagem industrial.
A carga valiosa viajava em containeres, em um navio que ia de Santos para o Rio de Janeiro, sob os cuidados da companhia americana Halliburton. Foi a multinacional quem revelou à companhia brasileira a violação dos lacres dos containeres e denunciou o roubo dos equipamentos.
Ainda é cedo para falar das conseqüências que trarão à Petrobrás e ao Brasil a quebra do sigilo dos dados levados no roubo. O que se sabe, entretanto, já deveria por todo o País, desde o governo e até o cidadão comum, em sinal de alerta máximo. O volume de gás natural e óleo bruto a ser explorado no poço de Tupi projeta o Brasil para ser um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. Por isso, o que está em jogo não é o futuro momentâneo de quem está no poder ou se o início da exploração dessa reserva descoberta favorece ao PT ou a Lula. É mais do que isso.
A imprensa nacional e mundial exaltaram o feito da descoberta da reserva de Tupi. Internamente, porém, houve quem torcesse o nariz para o fato de que é mais uma conquista da Petrobrás sob o governo do PT. A empresa já havia garantido a auto-suficiência em produção no ano passado. O caso do roubo das informações foi manchete somente no dia em que o fato foi revelado. Parece que isso preocupa pouco os nossos jornalistas, mais interessados no uso indevido do cartão corporativo por membros do governo federal.
Halliburton, ONGS, militares americanos e espionagem
Nenhum analista político escreveu sobre isso, mas algumas perguntas me deixam inquieto:
A Halliburton é suspeita?
A multinacional americana que tem entre seus sócios o vice-presidente americano Dick Cheney e é uma das empresas beneficiadas pelo controle do petróleo iraquiano, após a invasão do país. É fantasioso dizer que a poderosa indústria petrolífera americana tem interesse no controle e conhecimentos sobre a extensão das novas reservas brasileiras? Penso que não.
É possível associar este caso a outro acontecimento ainda carente de explicação, a explosão de foguete na base de pesquisa aero-espacial de Alcântara, no Maranhão, ocorrida em agosto de 2003?
No desastre, morreram 21 técnicos civis do Centro de Tecnologia da Aeronáutica, que comandavam o lançamento malsucedido do terceiro protótipo do VLS (Veículo Lançador de Satélite). A explosão do foguete e a morte de profissionais especializados provocaram um retrocesso nas pesquisas nacionais na área aeroespacial. Nunca foi descartada a ocorrência de sabotagem.
O governo Lula, logo ao tomar posse, pôs fim ao desejo americano de instalação de base militar em Alcântara, uma promessa feita pelo ex-presidente FHC ao governo dos EUA. Haveria na explosão do foguete brasileiro uma “vingança” à rebeldia brasileira de não se curvar ao interesse bélico ianque, tal como fizeram outros países sul-americanos?
Todas essas questões clamam por investigação e pesquisa exaustiva por profissionais competentes, a serviço do verdadeiro interesse nacional, mas por enquanto são apenas citados aqui e ali, em artigos rasos e sem a devida preocupação em aprofundamento, ou sem fazer conexões com acontecimentos aparentemente isolados.
Em matéria publicada na Gazeta Mercantil, em 29/01/2007, um relatório preparado pela GTAM (Grupo de Trabalho do Amazônia), ligado à ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), alerta para a presença ostensiva de militares e civis americanos na região amazônica. Os civis estariam associados a ONGS e igrejas estrangeiras que atuam na região a pretexto de luta pela causa indígena e exercem grande influência sobre as comunidades locais. Mesmo sob a suspeita de cometer exageros, o relatório aponta para os riscos destas organizações servirem mais aos interesses de seus países de origem do que ao Brasil.
O GTAM lançou ainda o alerta da presença militar americana cobrindo a região amazônica, ainda que não instalada em solo brasileiro. Estão na Colômbia a pretexto de combater o narcotráfico, no Peru, Bolívia, Equador e Paraguai. E o relatório aponta ainda o excesso de estrangeiros na pequena Alcântara: eram mais de 110 no dia em que os membros do GTAM visitaram a cidade. Para eles não há dúvida da existência de espiões entre esses estrangeiros. A maioria dos “turistas” eram americanos, segundo o relatório.
O Brasil caminha a passos largos para garantir seu lugar entre os grandes. O que o governo Lula fez para que isso se tornasse realidade? Talvez aos seus inimigos, nada. A Petrobrás teria descoberto Tupi sob qualquer governo. Porém, quem manteve a linha de fortalecimento do interesse nacional foi o atual governo, contra um modelo de entreguismo e subserviência adotado pela tucanalha. A Petrobrás se fortaleceu como empresa pública nacional e com isso garantiu ao País os benefícios exclusivos pela exploração das mega-reservas petrolíferas. Alcântara deve continuar sob o único domínio brasileiro. O Brasil deve investir em seu poderio bélico, o que inclui a construção do seu submarino nuclear. Quem pensa no Brasil como nação soberana não deve se iludir com a política miúda dos que desejam o retrocesso das nossas conquistas.
Comments:
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Oldack, Everaldo, não publiquem, se não lhes convier, é só um desabafo que faço a vocês.
Excelente, Bahia de Fato, Oldack, Everaldo, excelente!
Me intriga muito, a questão do roubo, vcs tem razão, continua como nota de pé de página da grande imprensa brasileira. A miséria do PIG.
É estarrecedor o fato ocorrido com relação a petrobrás, e a prioridade que a mídia está dando na imprensa canalha quanto aos cartões coorporativos, jogando assim uma cortina de silencio e fumaça, sobre um fato gravíssimo, que foi o roubo dos quatro laptops e dois discos rígidos com dados sigilosos da Petrobrás sobre os poços de petróleo descobertos na Bacia de Santos.
A mídia alternativa, os blogues independentes e militantes, tmb estão silenciosos, em sua maioria.
Aqui ou ali se encontra uma notinha tímida coplefytada da folha, terra, etc.
E o governo, não sei se por estratégia (creio que sim)tmb está parcimonioso com o tema.
O presidente Lula falou muito rápido sobre o ocorrido hj, na Antártida, li na agência brasil.
Estou preocupada se o silêncio por parte do governo, é pertinente. O povo precisa saber, entender, por várias razões, até pq as riquezas de subsolo pertencem a nação e não diz respeito apenas a uma gestão de governo, e sim ao futuro do povo brasileiro, que tem direito a um comunicado oficial. Só mudo a minha posição política de que Lula está recuado, se isto de fato for tão grave como segredo de estado, que ele esteja estrategicamente quieto até que ABIN e PF indiquem algo de concreto. Quero crer que é isso. Não que faça diferença para o governo o que eu penso.
É o primeiro blog que trata o tema com destaque e seriedade, o Bahia de Fato.
Abraço.
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Excelente, Bahia de Fato, Oldack, Everaldo, excelente!
Me intriga muito, a questão do roubo, vcs tem razão, continua como nota de pé de página da grande imprensa brasileira. A miséria do PIG.
É estarrecedor o fato ocorrido com relação a petrobrás, e a prioridade que a mídia está dando na imprensa canalha quanto aos cartões coorporativos, jogando assim uma cortina de silencio e fumaça, sobre um fato gravíssimo, que foi o roubo dos quatro laptops e dois discos rígidos com dados sigilosos da Petrobrás sobre os poços de petróleo descobertos na Bacia de Santos.
A mídia alternativa, os blogues independentes e militantes, tmb estão silenciosos, em sua maioria.
Aqui ou ali se encontra uma notinha tímida coplefytada da folha, terra, etc.
E o governo, não sei se por estratégia (creio que sim)tmb está parcimonioso com o tema.
O presidente Lula falou muito rápido sobre o ocorrido hj, na Antártida, li na agência brasil.
Estou preocupada se o silêncio por parte do governo, é pertinente. O povo precisa saber, entender, por várias razões, até pq as riquezas de subsolo pertencem a nação e não diz respeito apenas a uma gestão de governo, e sim ao futuro do povo brasileiro, que tem direito a um comunicado oficial. Só mudo a minha posição política de que Lula está recuado, se isto de fato for tão grave como segredo de estado, que ele esteja estrategicamente quieto até que ABIN e PF indiquem algo de concreto. Quero crer que é isso. Não que faça diferença para o governo o que eu penso.
É o primeiro blog que trata o tema com destaque e seriedade, o Bahia de Fato.
Abraço.
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