29 de janeiro de 2008
Magda Rego e as lembranças de Minas...
Sabia que Magda Rego era escritora, dona de belos textos, mas não conhecia sua verve poética. Eis que ela me envia um poema de vivências mineiras. Na Juventude, Magda Rego viveu em Teófilo Otoni, cidade mineira onde plantei raízes, morou na rua Padre Virgulino, antigamente chamada rua dos Touros, depois se mudou para o bairro Grão-Pará, onde ficava o Colégio São Francisco, das freiras holandesas, que não existe mais.
Magda Rego apaixonou-se por Vitória da Conquista, Salvador e não mais saiu da Bahia. Casada com Fernando Rego, meu professor de filosofia e de milhares de baianos, já falecido, os dois se escondiam em Arembepe, em agradável casinha à beira-mar. Também convidavam os amigos, entre eles eu, para jantares incríveis de boa mesa e conversa inteligente.
Há pouco tempo, em setembro de 2006, dedicou-se ao lançamento do livro (póstumo) de seu eterno companheiro Fernando Rego intitulado “História Noturna da Filosofia”, pela Editora Quarteto. Está me devendo um jantar. E nele devem estar Fred Fernandes, que só pensa na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Bob Fernandes, que sumiu depois que assumiu a revista eletrônica Terra Magazine, Emiliano José, sempre às voltas com a luta política, João Carlos Salles, professor de Filosofia da UFBa, amigo irmão de Fernando Rego. Um jantar pra muita conversa. Do que eu estava mesmo falando? Ah! do poema de Magda Rego...
O poema Minas é lindo de morrer. Como se segue:
Minas
Adivinho idéias e submeto-me a todos os enganos
enquanto escarpo montanhas em busca da perdida castidade
a desafiar o indecifrável signo do tempo
orgia geográfica permeada de minas
faz-me vaguear por oblíquos sonhos
que desembocam em frisados silêncios
Minas. Ah, minas de tantos gerais da minha infância
Minas, que prescinde de pergunta ou explicação...
ali, “quando podia ser onde e onde podia ser quando”
nem a ferro ou fogo me fiz
fizeram-me sôfregos presságios
fios de cabelo voando à sombra de muros
onde girassóis compunham o nome da rua
que seduzia o imaginário em flor.
Um clube de esquina em Xadrez
o comunista solitário - o blue- jeans do James Dean
...e um certo lamento árabe gemido pelos ventos!
a rua do grão-pará germinava memória
hoje me visita do alpendre deste destino em névoa.
a rua de touros sabia à pão leite ...e brandura!
hoje, sorvo este mar em vinho onde navego à deriva
há em mim o ardil da esperança
- vocação obscura por amores viscerais –
fazendo-me esquecer que verdes foram os anos
mas somente um vale de devoção permanece
findou-se o pastoreio na campina
foi-se o avô, não mais escuto bramidos de currais.
foi-se o pai, e com ele a vaga infância tomba!
- mãos em pétala na penúltima comunhão -
viragem voraz, cipoal de figuração e detalhes
mas, crespo é o pranto que me entorna a face
a mitigar aragens, fraturadas ondas
que me destinam presa de teoremas e naufrágios
Magda Rego
Ba. Julho. 2002
Magda Rego apaixonou-se por Vitória da Conquista, Salvador e não mais saiu da Bahia. Casada com Fernando Rego, meu professor de filosofia e de milhares de baianos, já falecido, os dois se escondiam em Arembepe, em agradável casinha à beira-mar. Também convidavam os amigos, entre eles eu, para jantares incríveis de boa mesa e conversa inteligente.
Há pouco tempo, em setembro de 2006, dedicou-se ao lançamento do livro (póstumo) de seu eterno companheiro Fernando Rego intitulado “História Noturna da Filosofia”, pela Editora Quarteto. Está me devendo um jantar. E nele devem estar Fred Fernandes, que só pensa na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Bob Fernandes, que sumiu depois que assumiu a revista eletrônica Terra Magazine, Emiliano José, sempre às voltas com a luta política, João Carlos Salles, professor de Filosofia da UFBa, amigo irmão de Fernando Rego. Um jantar pra muita conversa. Do que eu estava mesmo falando? Ah! do poema de Magda Rego...
O poema Minas é lindo de morrer. Como se segue:
Minas
Adivinho idéias e submeto-me a todos os enganos
enquanto escarpo montanhas em busca da perdida castidade
a desafiar o indecifrável signo do tempo
orgia geográfica permeada de minas
faz-me vaguear por oblíquos sonhos
que desembocam em frisados silêncios
Minas. Ah, minas de tantos gerais da minha infância
Minas, que prescinde de pergunta ou explicação...
ali, “quando podia ser onde e onde podia ser quando”
nem a ferro ou fogo me fiz
fizeram-me sôfregos presságios
fios de cabelo voando à sombra de muros
onde girassóis compunham o nome da rua
que seduzia o imaginário em flor.
Um clube de esquina em Xadrez
o comunista solitário - o blue- jeans do James Dean
...e um certo lamento árabe gemido pelos ventos!
a rua do grão-pará germinava memória
hoje me visita do alpendre deste destino em névoa.
a rua de touros sabia à pão leite ...e brandura!
hoje, sorvo este mar em vinho onde navego à deriva
há em mim o ardil da esperança
- vocação obscura por amores viscerais –
fazendo-me esquecer que verdes foram os anos
mas somente um vale de devoção permanece
findou-se o pastoreio na campina
foi-se o avô, não mais escuto bramidos de currais.
foi-se o pai, e com ele a vaga infância tomba!
- mãos em pétala na penúltima comunhão -
viragem voraz, cipoal de figuração e detalhes
mas, crespo é o pranto que me entorna a face
a mitigar aragens, fraturadas ondas
que me destinam presa de teoremas e naufrágios
Magda Rego
Ba. Julho. 2002
Comments:
<< Home
Infeliz e anti-patriótico o comentário do ator Carlos Vereza em Cartas dos Leitores de O Globo. Segundo ele:
"Este governo de bucaneiros não tem competência nem interesse de preservar a floresta amazônica. É urgente que se forme um tribunal internacional, que sanções sejam aplicadas, como por exemplo o boicote de importações de soja e carne para evitar a desmatação ainda maior de um dos pulmões de nosso planeta. Um patrimônio da humanidade."
Deveria haver um tribunal sim, não internacional, mas brasileiro, que execute no paredão traidores e lesas pátrias como o ator Carlos Vereza, conhecido direitista e vendido dos partidos de direita. Para quem não sabe, Vereza fez campanha para o PFL quando da candidatura de Cesar Maia para prefeito do Rio. Se pensam que ele falou das propostas de seu candidato estão enganados criticou o PT com inverdades e calúnias. Gostaria que o fascista do Vereza lesse o artigo do Ministro Mangabeira Unger sobre a floresta amazônica. E saiba quais os planos do governo para a floresta amazônica. Eles os gringos destruíram suas florestas e agora querem preservar a nossa. Interessa-nos a preservação da amazônia. Se querem preservá-la que paguem.Precisamos de dinheiro para isso.
www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/01/16/materia.20
Postar um comentário
"Este governo de bucaneiros não tem competência nem interesse de preservar a floresta amazônica. É urgente que se forme um tribunal internacional, que sanções sejam aplicadas, como por exemplo o boicote de importações de soja e carne para evitar a desmatação ainda maior de um dos pulmões de nosso planeta. Um patrimônio da humanidade."
Deveria haver um tribunal sim, não internacional, mas brasileiro, que execute no paredão traidores e lesas pátrias como o ator Carlos Vereza, conhecido direitista e vendido dos partidos de direita. Para quem não sabe, Vereza fez campanha para o PFL quando da candidatura de Cesar Maia para prefeito do Rio. Se pensam que ele falou das propostas de seu candidato estão enganados criticou o PT com inverdades e calúnias. Gostaria que o fascista do Vereza lesse o artigo do Ministro Mangabeira Unger sobre a floresta amazônica. E saiba quais os planos do governo para a floresta amazônica. Eles os gringos destruíram suas florestas e agora querem preservar a nossa. Interessa-nos a preservação da amazônia. Se querem preservá-la que paguem.Precisamos de dinheiro para isso.
www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/01/16/materia.20
<< Home